terça-feira, 29 de junho de 2010

Aquela que eu amo é... Capitulo: 04

Uepa! Capitulo 04, HAJIME!!!!!

Aquela que eu Amo é... 
Capitulo 4 - Não Brinque com Fogo
Escrito por Alain Gravel
Traduzido para o português por Francisco M. Neto
Revisado por Carlos Jacobs
Baseado nos personagens criados pela GAINAX

http://www.geocities.com/Tokyo/Teahouse/2236/

(*) Veja notas de tradução para detalhes

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Capitulo 4 - Não Brinque com Fogo

    Já passavam das duas da manhã quando eu voltei do apartamento de Rei. Embora eu duvidasse que alguém pudesse estar acordado, como a parca iluminação do apartamento sugeria, eu tirei a gravata e o paletó antes de entrar. Não seria de espantar se eu topasse com uma Asuka sonâmbula. 
    Tentando fazer o mínimo barulho possível, fui direto para o meu quarto. 
    "Shin... Shinji?" 
    Eu congelei. Asuka. 
    Eu me virei e percebi que ela estava deitada em algumas almofadas. O modo como seus olhos estavam entreabertos dizia que eu tinha acabado de acordá-la. Droga! Eu corri para o meu quarto, joguei a gravata e o paletó para dentro, e fui ver o que ela queria. 
    "O que você estava fazendo dormindo na sala?" eu perguntei, vendo que ela ainda não tinha voltado a dormir. 
    "Esperando por você, claro! O que você pensa que estava fazendo, voltando tão tarde? Que horas são, afinal?" 
    "Mais ou menos duas da manhã..." 
    "Mein Gott! Duas da manhã! Onde você esteve toda a noite?" 
    Eu realmente não queria ter essa conversa agora. De fato, eu nem mesmo queria ter essa conversa. 
    "Na casa do Touji, claro! Porque você pergunta? Você não é minha guardiã!" 
    Asuka pareceu assustada pelo meu estouro repentino. Depois, seu próprio temperamento emergiu. 
    "Anta baka?! Nós temos um encontro amanhã, se você ainda não esqueceu, imbecil! Então eu tinha todo o direito de estar preocupada mesmo que você não pareça se importar!" 
    Agora, era minha vez de estar surpreso. Ela tinha tentado ficar acordada toda a noite porque estava preocupada com nosso encontro. Ela tinha esperado por mim... Essa não era a Asuka egocêntrica que eu conhecia. Provavelmente aliens tivessem vindo e abduzido-a, e colocado uma falsa no lugar. Muito incomum. Mesmo assim, apenas pude amolecer, mesmo que eu não quisesse nada além de ficar bravo com ela. 
    "Desculpe ter feito você se preocupar. Eu vou tentar preparar tudo para amanhã." 
    Baka! Que diabos eu estava fazendo? Não teria sido melhor para todo mundo simplesmente deixá-la brava comigo? Ela poderia até mesmo ter cancelado aquele estúpido encontro. 
    Asuka parecia estar se acalmando. De fato, ela estava sorrindo de leve. Então aquele sorriso se transformou em malícia. 
    "Eu vou ter certeza que sim, Ikari." 
    Ela me lançou um olhar predador. Eu não pude fazer nada senão tremer de medo. 
    "Então, quais são seus planos, Terceira Criança?" 
    Dessa vez, era minha vez de criar o suspense. "É segredo. Te vejo amanhã de manhã..." 
    Rapidamente, eu fugi dali, enquanto Asuka explodia de novo. 
    "Segredo? Segredo! Seu... seu... BAKA!!!" 

    Eu gemi quando ouvi o despertador. Eu teria provavelmente tentado lançá-lo contra a parede, se eu tivesse sido capaz de achá-lo. Eventualmente, me levantei e fui para a cozinha. Ainda não totalmente acordado, eu bati em alguma coisa. O fato de que a minha cara estava agora rodeada por alguma coisa redonda e macia foi suficiente para disparar uma centena de alarmes dentro da minha cabeça. De repente, eu estava totalmente acordado e percebi que tinha enterrado minha cara nos peitos da Misato. 
    Eu devo ter desmaiado, porque a última coisa que eu vi foi uma imagem borrada da cara da Misato e depois eu estava deitado no chão. 
    "Você não bebeu nada do lado errado da geladeira, bebeu, Shinji?" 
    Eu me levantei. 
    "Não, apenas não dormi bem. Desculpe..." 
    Misato sorriu. 
    "Está tudo bem. Então, como é que foi?" 
    Ela provavelmente já tinha lido a resposta escrita na minha cara antes que eu falasse. 
    "Perfeito, quase como que tivesse sido um sonho." 
    "Bem, bem, deve ter sido bonito... Então, pronto para o segundo round?" 
    "Eu acho..." 
    Eu não parecia muito animado. Misato sem dúvida percebeu isso. 
    "Já escolheu?" 
    Eu sorri. 
    "É quase certo." 
    Ela assentiu. 
    "Entendo. Mesmo assim, divirta-se!" 
    "Eu vou fazer o melhor." Eu respondi, ainda não muito convencido. 
    Mas eu só podia pensar naquele encontro como um obstáculo que tinha que ser transposto. 




    Eu já tinha tudo pronto quando Asuka finalmente decidiu aparecer no mundo dos vivos. 
    "Guten Morgen!"  
    "Bom dia, Asuka." 
    "Então, me diga o que eu deveria usar para o nosso encontro." 
    Embora eu não parecesse muito disposto a respeito desse dia, Asuka parecia bem feliz agora. 
    "Alguma coisa simples. De preferência, confortável. Talvez, um dos seus uniformes de escola, ou então aquele seu bonito vestido de sol, amarelo. Tenha certeza de estar com bons sapatos." 
    "Meu uniforme de escola? Sapatos? Em que tipo de encontro estúpido você está planejando me levar?" 
    "Um pique-nique no melhor lugar que tem por aqui. Fica a algumas horas de caminhada daqui, no entanto..." 
    "Um pique-nique? É patético!" 
    "Quê, você preferiria ficar fechada dentro dessas paredes de metal? Você nunca saiu de Tokyo-3, a não ser naquela operação do vulcão. Você não acha que é hora de tomar algum ar fresco? Ou quem sabe você está com medo de não conseguir agüentar uma pequena caminhada..." 
    Isso teve o efeito desejado. Nada como usar aquele orgulho alemão dela para conseguir o que você quer. 
    "Com medo? Eu? Fique você sabendo que eu não sou tão patética quanto essas outras garotas. Você estaria morto de exaustão e eu ainda poderia continuar indo e indo, e indo..." 
    "Então, você vai provar que eu estou errado?" eu disse, dando a ela a cesta. 
    "Pode apostar!" 
    Eu só pude sorrir. 
    "Ótimo! Fique pronta logo então, estaremos saindo em vinte minutos!" 
    "Vinte minutos! Eu não posso ficar pronta em vinte minutos! Eu tenho que me vestir, comer, tomar um banho..." 
    "Meia-hora, então!" 
    "Você quer que o seu encontro cheire mal?" 
    Eu suspirei. 
    "Tudo bem, tudo bem... uma hora então. Mas não reclame se a gente almoçar tarde..." 
    "Eu estarei pronta antes de você perceber." 
    De alguma forma, eu duvidei. Porque ela não poderia ser mais como a Rei?" 
    "E não espie enquanto eu estiver no banho!" 



    "Já estamos chegando?" 
    "Logo." 
    Nós estávamos andando já havia algumas horas. Alto no céu, o sol estava brilhando forte. Era um dia maravilhoso. Perfeito para um pique-nique. E talvez algumas outras coisas. Agora eu já me sentia bem quanto a esse encontro. Ele poderia ser agradável afinal. 
    Talvez eu levasse Rei em um encontro igual mais tarde. 
    "Ei, Shinji! Você ainda não me contou. A comida provavelmente está toda nesta cesta, certo? Então o que tem aí?" 
    Asuka estava apontando para a minha mochila. 
    "Apenas algumas coisas..." 
    "Algumas coisas! Não me dê esse tipo de resposta, baka! Eu sei que tem coisas aí dentro. O que eu quero saber é o que são essas coisas!" 
    Eu sorri. 
    "Você vai descobrir." 
    "O que você...!" 
    "Chegamos. Olhe!" 
    Com um dedo, eu apontei um pequeno lago não muito longe, perto da beirada de uma floresta. 



    "Shinji! É tão bonito! Como você descobriu esse lugar?" 
    "Eu tive alguns problemas uma vez... depois da batalha contra o Quarto Anjo..." 
    Asuka assentiu. Eu sabia que ela tinha lido tudo a meu respeito antes de nosso primeiro encontro naquele porta-aviões. 
    "Eu fugi e vaguei por Tokyo-3 e pelo Geofront por algum tempo. Aí, eu acabei achando este lugar. Eu não pude fazer nada na época senão ficar fascinado por ele. Eu precisei de algum tempo para encontrá-lo de novo, mas eu consegui fazer isso algumas semanas atrás. Não tinha muito pra se fazer nos fins-de-semana antes de você chegar." 
    Um grande sorriso de orgulho apareceu na sua face. 
    "Então, a minha chegada mudou a sua vida?" 
    "Sim... agora eu tenho o dobro de roupas pra lavar, e lixo pra colocar pra fora..." 
    "Baka!" 
    Asuka me bateu na cabeça, mas não com a força que ela geralmente usava. Ela estrava sorrindo e eu só pude sorrir de volta. 
    Levou só mais alguns minutos para alcançarmos o lago. Eu fiquei contemplando-o por algum tempo. Este era realmente o lugar mais bonito que eu conhecia. 
    "Que tempo bom! E um lago tão bonito! Você deveria ter me contado, eu teria trazido minha roupa de banho." 
    Por alguns segundos, eu procurei por alguma coisa dentro da minha mochila e tirei a sua roupa de banho. 
    "Essa é a minha... Ei, espera aí... o quê você está fazendo com isso?" 
    "Bem... eu não queria estragar a surpresa... Desculpe, desculpe..." 
    Ela me mostrou seu punho cerrado no meu nariz. 
    "Não foi isso que eu quis dizer! Seu pervertido! Você olhou nas minhas roupas!" 
    Eu dei alguns passos para trás. 
    "Eu não, juro! Eu pedi pra Misato! Ela é uma garota, você é uma garota... está tudo bem... não?" 
    Isso pareceu satisfazê-la... um pouco. Por algum tempo, eu imaginei se eu deveria adicionar aos meus argumentos o fato de que era eu que lavava as roupas de casa. Portanto, eu já tinha visto as roupas dela antes. Mesmo as impublicáveis. Mas, como ela já tinha se acalmado, eu decidi não fazer isso. Depois, isso não parecia lá muito sábio de se dizer. Eu poderia acabar com algumas cicatrizes. Ainda que isso me poupasse algum trabalho no futuro. 
    "Talvez..." 
    Então ela pareceu perceber alguma coisa. 
    "Onde eu deveria me trocar?" 
    Ela me deu um olhar mortal. 
    "Então era isso o que você tinha planejado! Você me traria aqui, num lugar isolado, só pra que você pudesse ver eu me trocar bem debaixo do seu nariz! Seu pervertido! Qual é a próxima, tentar se aproveitar do meu jovem e belo corpo?" 
    Eu não tinha pensado naquilo, mas agora que ela tinha mencionado... não! Eu tentei ignorar esses últimos pensamentos. Mas Asuka percebeu a vermelhidão crescente na minha face. 
    "Você... você... não me diga que eu estou certa? Você é mesmo um pervertido!" 
    Eu balancei minha cabeça. Ela que tinha posto essa idéia na minha cabeça! 
    "Não! Eu juro!" Eu mostrei uma ponta da floresta próxima. "Você pode ir até lá e se trocar! Eu nunca pensei em fazer nada a você!" 
    Asuka de repente pareceu desapontada. 
    "Eu deveria saber..." 
    Droga! Ela realmente esperava que eu pensasse nela desse modo? Ela realmente queria que eu pensasse nela daquele modo? 
    Isso era quase uma situação desastrosa. Mesmo assim eu consegui sorrir. Isso provavelmente ia doer, mas se isso fosse fazê-la feliz... 
    "É claro que eu não me importaria se você se trocasse aqui..." 
    "Baka!" 
    De novo, Asuka me bateu na cabeça, dessa vez com toda a força, mas com um sorriso na sua face. Então ela correu para a floresta 
    Rapidamente ela estava de volta, usando somente os sapatos e o biquíni. Eu passei por momentos realmente difíceis tentando não olhar para ela. Ela podia ter só quatorze, mas ela já tinha um corpo bem desenvolvido. 
    "Você gosta do que vê?" 
    Eu assenti. Ela sorriu e jogou as roupas na minha cara. 
    "Não fique olhando com essa cara, seu pervertido! E agora tire já essas roupas!" 
    "O quê?!" 
    "Eu tinha esperado por isso, então eu já estava com o meu calção de banho debaixo das roupas, mas isso não queria dizer que eu não poderia brincar um pouco com ela... 
    "Você me ouviu! Tire já essas roupas! Você realmente não pensa que eu vou nadar sozinha, pensa? Desculpe se eu acabei com os seus planos, mas você não vai ficar aí toda a tarde apenas me admirando!" 
    Eu dobrei as roupas dela do jeito certo, e então comecei a desabotoar a minha camisa. 
    "Eu não me importo. Mas eu não estou usando roupa de baixo, então eu espero que você não se incomode de me ver pelado." 
    Os olhos dela ficaram realmente grandes. 
    "Mein Gott! Pare já com isso! Eu mudei de idéia! Apenas... apenas fique aí onde você está seu... seu... pervertido!" 
    Eu sofri para não rir. 
    Eu continuei a tirar as minhas roupas devagar. Asuka agora tinha os seus olhos fechados e estava murmurando alguma coisa sobre os garotos serem todos pervertidos. 
    "Bem, isso é o que você queria, então vá em frente, pode olhar!" 
    "Porquê eu ia querer ver você pelado! Você é apenas um garotinho! Touji talvez, ele tem um corpo melhor que o seu... o Kaji com certeza... anta baka!!! Olhe o que você está me fazendo falar!" 
   Àquela altura, seus olhos já estavam completamente abertos. 
    "Olha quem é o pervertido." 
    A face de Asuka queimou de embaraço, depois com raiva. 
    "Seu pequeno..." 
    "Isso é por você sempre me chamar de 'baka'." 
    A boca de Asuka congelou, com as palavras pedidas em algum lugar. Então a sua face se suavizou. 
    "Eu não sei porquê, mas você mudou de alguma forma, Shinji. Você não é mais aquele imbecil de antes. Eu gosto disso." 
    Então ela me agarrou e com um sinal me disse para segui-la até o lago. 



    Por quase uma hora, nós agimos como se fôssemos duas crianças, sem nos preocuparmos com EVAs ou Anjos, brincando no lago e jogando água um no outro. Asuka até mesmo tentou me ensinar a nadar... não com muito sucesso (1). Eu devo admitir, foram momentos realmente bons. E eu estava surpreso ao perceber que eu nem sequer tinha pensado na Rei. 
    Quando nós voltamos à terra, eu peguei duas toalhas da mochila e nós nos secamos. Então, eu me vesti, enquanto Asuka decidiu aproveitar a oportunidade para tomar sol. 
    "Com fome?" eu perguntei, tirando uma tupperware da cesta. 
    "Pode apostar!" ela respondeu, tomando-a da minha mão com um olhar faminto. 
    Ela começou a engolir o conteúdo da tupperware . Então, ela esticou a mão. 
    "Bebida." 
    Eu dei-lhe uma garrafa de suco. Ela bebeu metade dela num só gole, depois voltou para a caixa. Eu mal tinha começado a comer quando ela terminou. Então, ela se deitou. 
    "Nada mal. Você não é o melhor cozinheiro que há, mas isso é definitivamente mais comestível que a comida da Misato... se é que nós podemos chamar aquilo de comida. 
    "Obrigado... eu acho. É a primeira vez que você fala da minha comida." 
    "Bem, como eu disse, não é nada maravilhoso, mas eu gosto." 
    Eu tinha que ficar vermelho. 
    "Nossa, realmente não precisa de muita coisa pra te deixar encabulado..." 
    "Desculpe." 
    "Desculpe pelo quê? Você é mesmo um idiota..." 
    "Desculpe." 
    Ela me deu aquele olhar mortal, mas desistiu e simplesmente se deitou, fechou seus olhos e voltou ao seu banho de sol. Eu terminei o meu lanche, depois coloquei tudo de volta na cesta e na mochila. Não tendo nada melhor pra fazer, eu fiz o mesmo que ela. Ela quase parecia estar dormindo. Sua face parecia relaxada e eu podia ver a sua respiração pelo modo como seu tronco subia e descia. Não era algo realmente novo, mas eu tinha que admitir que ela era realmente bonita. Uma grande adversária para a Rei, pra dizer a verdade. 
    "Não é legal ficar olhando, você sabe." 
    "Desculpe." 
    Eu rapidamente virei a minha cabeça para o outro lado. 
    "Bem, eu não posso te culpar. Você é um garoto e é claro que você está fascinado pela minha beleza", disse Asuka, levantando-se, e deitando de novo de modo que meus olhos ficaram bem de frente ao seu tronco. "Então, o que você prefere? Meus peitos? Minhas pernas perfeitas? Meu traseiro?" 
    Àquela altura eu estava vermelho como um tomate. 
    "Você é tão fácil de embaraçar, quase não tem graça...!" disse ela finalmente, sentando-se. 
    Então, a malícia apareceu na sua face. 
    "Ei Shinji, quer me beijar?" 
    "O quê?!" 
    Eu tive que lutar contra a vontade de sair correndo. Isso não era bom. Isso não era nada bom... 
    "Você ouviu... eu posso ver pelo modo como você está ficando envergonhado." 
    Droga! 
    "Mas... mas... mas... porquê?" 
    "Isso aqui está tão monótono..." 
    Monótono? Mas ela parecia estar adorando até agora... 
    "Não se beija porque as coisas estão monótonas!" 
    Ela apenas me deu um olhar de estranheza. 
    "Então vai ver é só uma desculpa. Vai ver eu apenas quero. Mas você está certo. Quem iria querer beijar um babaca como você?" 
    "Eu não sou um babaca!" 
    "Então me mostre!" 
    "Eu vou te mostrar, então!" 
    Uma semana atrás, esse poderia ter sido um momento realmente embaraçoso e incômodo. Mas a minha experiência com Rei tinha mudado isso. Eu sabia o que fazer. 
    Eu realmente não parei para pensar no que eu ia fazer. Eu apenas estava cansado de ser xingado e queria calar a boca dela de uma vez por todas. Então antes que eu percebesse eu estava com meu braço em volta dela e meus lábios nos dela. 
    Eu tenho que admitir, foi bem diferente da Rei. Afinal, dessa vez, era eu quem tinha começado o beijo. Eu acho que isso a surpreendeu, porque no momento em que nossos lábios se encontraram, todos os músculos da boca dela ficaram rígidos. Asuka não reagiu por alguns segundos. Não fosse pelo repentino aumento do seu ritmo cardíaco, eu poderia ter pensado que ela estava morta. Então ela ficou completamente mole e seus lábios finalmente aceitaram o beijo. 
    Eu deveria ter parado naquele ponto. Parte de mim estava se sentindo miserável. Eu estava, afinal, traindo meus sentimentos por Rei. No entanto, a culpa se silenciou pelo prazer que eu senti na crescente intimidade do beijo e na sensação de seu corpo mal coberto em minhas mãos. 
    Então, sem avisar, Asuka parou tudo, se libertou do meu abraço e rapidamente ficou de pé. Sua face mostrava choque e surpresa, e vagarosamente sua expressão mudou para a raiva. 
    "Como... como... como você ousa!" 
    Eu fiquei de pé, sentindo de repente um surto de raiva parecido com o dela. 
    "Você ME pediu para TE beijar!" 
    "Mas não era pra você fazer isso! Você é um babaquinha, pequeno Shinji! Você não beija garotas!" 
    "Provavelmente você não me conheça tão bem quanto pensa!" 
    Asuka balançou sua cabeça furiosamente. 
    "Não, não, não... é outra coisa... tem que ser outra coisa..." 
    Asuka de repente congelou, quando percebeu alguma coisa. 
    "Você... você... você sabia! Você sabia exatamente o que estava fazendo... como... como se você já tivesse feito isso antes. Mas não é possível... não é possível... a não ser... ah, aquela galinha! Você beijou aquela boneca!!!" 
    Minha raiva aumentou tanto quanto a dela. Dessa vez, ela tinha ido longe demais! 
    "Rei não é uma boneca, e muito menos uma galinha! Não ouse dizer nada assim de novo! E o que eu faço com ela... não te interessa!" 
    Sua face ficou branca. Totalmente branca. Por alguns segundos, seus olhos pareceram totalmente sem vida. Então as lágrimas vieram, e com elas, uma aparência triste e vulnerável que quase cortou meu coração ao meio. O que eu senti naquele momento foi mais doloroso do que o tapa que eu recebi. 
    "Seu bastardo!" 
    Então, ela correu. Eu fiquei ali, sem saber o que fazer, massageando a face que ela tinha acabado de bater. 
    Ela estava quase fora do alcance da minha visão quando eu finalmente decidi ir atrás dela. Eu não poderia deixá-la sozinha, não daquele jeito. Eu tinha que reparar o erro que eu tinha cometido. Eu tinha. Não somente por ela, mas por mim também. Porque eu percebi que a sua dor era grande demais. 
    Eu corri o mais rápido que pude. 



    Nós corremos por um longo tempo. Por várias vezes, eu quase a perdi. Asuka claramente estava fisicamente melhor que eu, e por isso eu tive problemas em acompanhar o seu ritmo. De fato, por vezes eu só fui capaz de achá-la por sorte. Mesmo assim, eu consegui segui-la até que ela parasse. Nós estávamos em algum lugar bem profundo dentro da floresta e eu percebi que estávamos, quase com certeza, perdidos. Eu duvidei que fosse capaz de encontrar o caminho de volta para o lago, e estava certo de que Asuka não tinha nem tentado lembrar o caminho que ela tinha feito. 
    Eu estava quase exausto quando eu cheguei perto dela. Ela estava sentada debaixo de uma árvore, cansada. Seu cabelo estava uma bagunça e eu notei que ela tinha vários cortes e cicatrizes nos pés. Ela não se moveu até que eu tentei me aproximar. 
    "Vá embora..." 
    Sua voz foi pouco mais alta que um sussurro. E foi continuamente aumentando, enquanto eu fingia não estar ouvindo e continuava a me aproximar. 
    "Vá embora!" 
    Eu continuei a ignorá-la. 
    "Você está machucada, Asuka..." 
    "ME DEIXE EM PAZ!" 
    O que me parou foi a expressão em seu rosto, mais que as palavras. Eu tinha visto a raiva dela antes. Eu já a tinha visto maluca antes. Eu já tinha visto ela triste antes. Mas isso... era um olhar de puro rancor. 

    "Eu não preciso de você! Eu não preciso de ninguém! Vá embora!" 
    Dito isso, ela puxou suas pernas contra seu tronco, apoiou sua cabeça nos joelhos e fechou os olhos. 
    "Me deixe em paz... apenas... me deixe em paz..." 
    Dessa vez, ela disse essas palavras entre soluços. 
    Eu não sabia o que fazer. Eu queria ajudá-la, mas eu não sabia como. Eu queria me desculpar, mas eu não ousava falar. Então eu fiz a única coisa em que eu pude pensar: sentei debaixo de outra árvore. 
    Eu iria esperar. 
    Pelo menos eu não tinha fugido. 



    "Alguém! Ajude!" 
    Sem resposta. Eu não estava surpreso. Tinham se passado várias horas desde que eu tinha pedido socorro pela primeira vez. De algum modo, parecia que na nossa corrida tínhamos perdido não só o caminho de volta mas também os agentes de segurança da NERV. Eu costumava achá-los irritantes por estarem sempre nos seguindo. Agora, tudo que eu queria era que eles estivessem aqui. O sol já tinha quase desaparecido e com ele as minhas chances de encontrar o caminho de casa. Mas eu não conseguia deixar Asuka sozinha. E eu duvidava que eu conseguiria convencê-la a vir junto. 
    Então eu fiz a única coisa que eu podia fazer. 
    Sentei e esperei mais. 



    "Frio." 
    Mesmo não tendo sido lá muito alto, essa única palavra me chamou a atenção. Era a primeira que Asuka soltava em horas. 
    "Estou com frio e com sede e com fome..." 
    Se a situação não fosse tão ruim, eu estaria feliz de ouvir a sua voz de novo. Mas agora eu sabia o que ela queria dizer. Eu mesmo estava com fome, o suficiente para o meu estômago chegar a doer, com minha última refeição tendo sido várias horas atrás, e com sede também. E eu tinha que admitir que, sem uma blusa, não era realmente quente aqui fora de noite. Considerando o fato de que Asuka estava vestindo apenas um biquíni... 
    Não havia muito que eu pudesse fazer a respeito da fome. Mas pelo menos eu poderia ajudá-la quanto ao frio. 
    Eu me levantei e comecei a tirar a minha camisa. Isso realmente atraiu um olhar curioso de Asuka. Eu não estava certo de que ela me deixaria chegar perto, então eu fiz uma bola com a camisa e a joguei para ela, de modo que a camisa caiu a seus pés. Eu senti um pouco mais de frio usando apenas uma camiseta mas não era realmente nada que eu não pudesse agüentar. Embora eu não pudesse garantir que eu não fosse pegar um resfriado. 
    "Você não espera que eu use isso, espera?" 
    Eu assenti. 
    "Pegue de volta. Eu não quero a sua ajuda." 
    "Se você não puser eu vou aí e coloco à força." 
    A cabeça vermelha me olhou desgostosa. 
    "Você não ousaria tentar." 
    Isso não era realmente uma surpresa. A tensão tinha crescido por algumas horas agora. 
    Antes que qualquer um de nós percebesse, eu estava segurando um dos seus braços e forçando através da manga da camisa. Asuka começou a lutar contra mas de alguma maneira eu consegui manter o controle, provavelmente porque ela estava sentada enquanto eu estava de pé e poderia usar toda a força que eu tinha. 
    Levou algum tempo, mas eu consegui colocá-la dentro da camisa. Então, ela tentou tirá-la, mas eu a impedi, tomando-a em meus braços o mais forte possível. 
    "Me deixa!" 
    "Não até que você tenha de acalmado!" 
    Asuka começou a se agitar ainda mais. Eu mal consegui contê-la. 
    "Tire suas mãos sujas de mim!" 
    "Eu não vou tirar. Não até que você pare de agir como criança..." 
    Isso aparentemente apenas a fez ficar ainda mais nervosa. 
    "Eu não estou agindo como criança!" 
    "Sim., você está. Senão, eu não teria precisado usar a força para fazer você usar isso. Você teria percebido que estava fria e teria posto você mesma." 
    "É sua!" 
    Eu balancei a cabeça. 
    "É só uma camisa, Asuka. Nada mais." 
    "Eu não quero a sua ajuda!" 
    Ela estava gritando agora. 
    "Não importa." 
    "Importa para mim! Eu não quero a sua ajuda! Eu não quero a ajuda de ninguém! Eu posso cuidar de mim mesma! Eu sempre pude, e sempre vou poder! Por quê você ainda está aqui? Por quê você simplesmente não me deixa em paz?" 
    Eu não estava certo do que dizer. Eu não estava certo de mim mesmo. Não, não era verdade. Eu sabia o porquê. Eu só não queria admitir, porque, se eu admitisse, isso só complicaria ainda mais a minha vida. 
    "Porque eu me importo com você. Eu não posso deixar você assim, ainda mais quando a culpa é minha." 
    Eu estava surpreso por ter dito aquilo. E eu me senti culpado quando eu de repente pensei em Rei. Mas era a verdade. Eu me importava com ambas. 
    "Você não se importa! Se você se importasse, você não teria beijado ela!" 
    "Eu só beijei a Rei porque eu gosto dela tanto quanto eu gosto de você, Asuka." 
    Não somente eu gostava de ambas, mas eu também tinha percebido agora que eu precisava de ambas. 
    "Sem essa... você não se importa comigo... ninguém se importa..." 
    "É mentira..." 
    Eu a soltei de meu abraço. Seria o único jeito dela confiar em mim. 
    "É verdade. Se você olhar nos meus olhos, você vai ver que é verdade..." 
    Percebendo que estava livre, Asuka se jogou para a frente e ficou de pé. Eu estava com medo de que ela corresse de novo quando ela se virou e olhou dentro de meus olhos como eu havia pedido. 
    "Eu gosto de você, Asuka." 
    Ela apenas ficou de pé por alguns segundos. Então lágrimas começaram a rolar de seus olhos através de sua face. 
    Eu pude apenas sorrir. 
    "Venha. Vamos ver se conseguimos manter você aquecida..." 
    Eu a convidei a sentar-se entre as minhas pernas. Em qualquer outra situação, isso teria parecido íntimo demais para conforto. Mas não era esse o caso. Asuka pareceu pensar um pouco a esse respeito, então uma rajada de vento passou por ela. Logo ela estava em meus braços, dividindo seu calor corporal comigo, sua cabeça descansando em meu ombro. 
    "Desculpe, Asuka. Eu não queria que isso acontecesse. Eu não queria te machucar. Eu queria que esse dia fosse perfeito. Eu queria que nós nos divertíssemos como amigos." 
    "Apenas como amigos?" 
    Eu não respondi na hora. Mas eu sabia que eu não queria mentir para ela. As mentiras já tinham machucado demais. 
    "Apenas como amigos. Eu queria que você se divertisse para que você entendesse que nós poderíamos ser amigos, mesmo se eu viesse a ser o namorado da Rei... eu não posso agüentar ver você sofrer. E eu não quero machucar a Rei, também. Eu acho que eu posso esquecer essa história de ser o namorado que alguém por agora. Você pode dizer... eu sei que sou um idiota..." 
    "Você com certeza é..." 
    Por alguns momentos nós não falamos. Apenas ficamos daquele jeito, próximos um ao outro. 
    "Você a ama?" 
    Asuka estava obviamente muito cansada. Sua voz não estava como geralmente era. Ela pareceu um pouco com a da Rei. 
    "Eu acho que sim." 
    "Ela sabia sobre o nosso encontro?" 
    "Sim, ela sabe, mas ela não se importa. Ela está incrivelmente confiante de que eu vou escolhê-la." 
    "Você fez sexo com ela?" 
    Eu não pude evitar a vermelhidão na minha face. 
    "Não! Er... nós quase fizemos... mas não fizemos... eu não poderia... não até ter certeza de amar mais ela do que você." 
    "Você vai fazer sexo comigo?" 
    "Não, a não ser que as coisas mudem." 
    "Você gostaria de fazer sexo comigo?" 
    Se possível, fiquei ainda mais vermelho. Que diabos ela queria com aquelas perguntas? 
    "Eu acho... eu gostaria. Mas não posso." 
    "Percebi. Então você vai brincar por aí conosco até se decidir, é isso?" 
    "Me desculpe. Eu gostaria que houvesse outro modo." 
    Era verdade. Eu não queria que nenhum de nós se envolvesse naquela bagunça. Mas não deu pra evitar. 
    "Você não deveria brincar com fogo, senão você pode se queimar." 
    "Eu sei. Desde o começo eu sabia que sair com vocês duas era uma idéia idiota. Mesmo assim eu segui em frente." 
    "Sabe, você arruinou meu primeiro beijo." 
    Eu engasguei, chocado. 
    "O que você quer dizer, seu primeiro beijo?" 
    "Exatamente o que eu disse." 
    "Mas... mas... não é possível! Quer dizer... uma garota linda como você... com certeza vários rapazes dariam tudo por um encontro com você!" 
    "Apenas um monte de garotinhos patéticos..." 
    De repente eu comecei a me sentir realmente mal. 
    "Desculpe..." 
    Então eu percebi uma coisa. 
    "Mas foi você que pediu! E foi você que quebrou o beijo! Do meu ponto de vista, estava muito bom antes disso..." 
    "Melhor que com ela?" 
    Eu hesitei com o pensamento que passou pela minha mente. 
    "É difícil dizer. Você não nos deu a oportunidade de ir em frente." 
    "É, justo o que você queria!" 
    "Com certeza." 
    Asuka de repente de mexeu em meus braços, de modo que ela pudesse olhar nos meus olhos. Ela parecia estranhamente calma. 
    "Você realmente acha que eu deixaria você me beijar sabendo que você ama outra garota além de mim?" 
    "Eu entenderia se você não quisesse. Mas eu espero que sim." 
    Ela ergueu seu olhar. 
    "O que aconteceu ao meu Shinji?" 
    "Eu acho que ele se foi por esta noite." 
    "Então, se você não é o Shinji..." 
    Sua cabeça ficou mais próxima da minha. Um segundo depois, estávamos dividindo um beijo apaixonado. 



    "Veja só que belo casal. Diga Shinji, cheguei muito tarde ou muito cedo?" 
    Eu vagarosamente abri meus olhos. Primeiro, eu achei que estava sonhando. Kaji? 
    "É mesmo você, Kaji?" 
    "O próprio." 
    Eu tentei me controlar. Não queria acordar Asuka. Por outro lado, ela dormia tão profundamente em meus braços que eu imaginei se acordá-la fosse mesmo possível. 
    "O que você está fazendo aqui?" 
    "Procurando por vocês, claro. Misato estava preocupada com vocês, sabe. E, como nós tínhamos discutido seus planos de encontros, ela naturalmente veio me pedir ajuda." 
    Eu quase esqueci que Asuka estava dormindo. Se não, ela teria sabido que haviam pessoas que se importavam com ela. 
    "Como você nos achou?" 
    "Muito simples. Eu perguntei aos meus contatos na Seção 2. Demorou um pouco, mas eu finalmente descobri a sua localização." 
    "O quê?! Eles sabiam que nós estávamos aqui?!" 
    Eu percebi que tinha gritado. Asuka pareceu murmurar alguma coisa sobre garotos serem barulhentos, mas não pareceu acordar. 
    "Sim. E eu tenho certeza de que eles estão nos vigiando agora mesmo." 
    "Aqueles canalhas! Por quê eles não vieram quando eu pedi socorro?" 
    "Teria sido contra as ordens deles." 
    Eu ergui meus olhos. Como eu ainda estava nervoso, mandei para Kaji um olhar inquisitivo. 
    "Ordens?" 
    "Sim. Eles não podem interferir de modo algum, a não ser que as suas vidas estejam correndo perigo. Eles estão lá apenas para observar." 
    "Quem deu essa ordem?" 
    Eu já sabia a resposta para aquela pergunta. Eu só conhecia um homem que poderia manipular as pessoas desse jeito. O que eu não conseguia saber era o porquê. 
    "O Comandante Ikari." 
    "Por quê?" 
    "Eu posso apenas especular. A razão mais lógica seria assegurar que a relação entre você e Asuka tivesse uma chance de se desenvolver; e, a julgar pelo jeito como você a está segurando, eu acho que o plano dele está funcionando. Se você se apaixonasse pela Asuka, então você perderia interesse na Rei. Desse modo, seu pai poderia voltar a ter controle total sobre ela como antes." 
    " Bastardo maldito!" 
    Toda a minha vida eu tinha odiado o homem que era meu pai por me abandonar. Mesmo assim, eu nunca tinha decidido odiá-lo completamente. Uma parte de mim sempre teve a esperança de que nós poderíamos ficar juntos, aprender um sobre o outro e voltar a ser uma família. Aquela parte de mim morreu naquela noite. Agora, Ikari Gendou tinha ido longe demais. Eu poderia aceitar ser manipulado por ele. Eu realmente não me importava. Desse modo, eu não tinha que escolher por mim mesmo o que seria da minha vida. Eu apenas tinha que vivê-la. Era fácil. Mas o que ele tinha feito agora, tentar manipular Rei e Asuka, tentar controlar as duas pessoas que mais me importavam... eu não poderia perdoar. Eu não iria perdoar. 
    Me assegurando de ter Asuka com cuidado em meus braços, eu me levantei. 



    "Nós estamos cansados, Kaji. Você pode nos levar para casa?" 
    "Kaji me olhou preocupado. 
    "Você tem certeza que pode carregá-la assim? Eu tenho um jipe aqui perto, mas são uns bons quinze minutos de caminhada..." 
    "Ela é pesada, mas não é um fardo. Eu não sei... eu não me sinto tão fraco como eu costumava ser. Eu vou ficar bem. Eu preciso mostrar a ela que eu realmente me importo com ela." 
    Kaji sorriu. 
    "Você cresceu, Ikari Shinji." 
    "Não, eu ainda sou um garoto. Eu apenas decidi não fugir mais." 
    "É o que eu disse. Você é definitivamente um homem agora." 
    Eu era? Eu não achava. Eu ainda não podia escolher entre Rei e Asuka. E eu ainda tinha que enfrentar o Comandante. 
  
  
[Continua...] 
  
  
Da próxima vez: 
Aquela que Eu Amo É... 
Capítulo 5- Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas. 
  

Omake: 
    "Ah, não! Sem filmes novos esta semana! Isso enche o saco!", disse Kensuke. 
    "Bem, nós ainda não vimos aquele..." respondeu Touji com um sorriso de malícia na cara apontando para um título na lista de filmes sendo exibidos no Cinema de Tokyo-3. 
    "É um pornô!" 
    "Eu sei!" 
    O sorriso de Touji ficou ainda maior. Kensuke começou a desenvolveu uma enorme gota de suor. 
    "É um filme estrangeiro! Nem está em japonês!" 
    "E daí? Eu não estou interessado na história..." 
    Kensuke teve que reprimir um sangramento no nariz. 
    "Eles não vão deixar a gente entrar, nós somos jovens demais, de qualquer jeito..." 
    "Droga! Você está certo..." 
    Kensuke sorriu, triunfante. 
    "Touji, você é realmente um pervertido..." 
    "Cala a boca!" 
    De repente, a inspiração tomou conta do garoto mais alto. 
    "Já sei, vamos ver o Ikari" Com alguma sorte, a Misato vai estar lá..." 
    Touji começou a se animar com esse pensamento. 
    "Vamos Touji, será que você só pensa NAQUILO?" 
    "Apenas tente dizer que você não sonha com ela à noite!" 
    "Eu achava que você sonhava com a Hikari!" 
    Kensuke sorriu enquanto Touji ficou branco. 
    "Se minhas fontes estão certas, eu fiquei sabendo que você ficou na casa dela depois da festa de aniversário..." 
    "Ei! A gente só assistiu um filme!" 
    "Um bem romântico, claro. E aí, o que você fez? Você partiu pra cima dela? Você beijou ela? Ou vocês dois fizeram amor apaixonadamente no sofá em frente à TV?" 
    "Kensuke!" 
    Kensuke teria provavelmente rido, se um punho não tivesse quase quebrado alguns de seus dentes. 
    "Cala a boca e vamos embora! O Ikari - e a Misato - estão esperando por nós!" 
    "O Shinji-kun não está em casa. Você não vai achá-lo lá." 
    Isso espantou os dois garotos. Se virando, eles perceberam, que Rei tinha acabado de sair do cinema. 
    "Ayanami!" eles disseram, em uníssono. 
    "Ele está num encontro com Souryu agora." 
    Touji bateu na testa. 
    "Droga! Eu tinha me esquecido!" 
    "O quê?" disse Kensuke, visivelmente chocado. "O Shinji está se encontrando com o Demônio e você nem me contou? Pior, você sabia e não impediu ele?" 
    Touji simplesmente assoou, e encarou Rei. 
    "Então... você sabe. Como você se sente a respeito disso?" 
    "Eu não sinto nada. Eu não estou preocupada. Ele vai me escolher ao invés dela." 
    "O quê? Isso quer dizer que ele sai com ela, TAMBÉM?" 
    Touji assentiu. 
    "Meu Deus! As minhas fontes estão realmente ficando preguiçosas! Como eu não soube disso?" 
    "O Shinji não queria que o Demônio descobrisse..." explicou Touji. 
    "Ah..." 
    Os dois garotos assentiram. Eles podiam entender o desejo de Shinji de manter segredo quanto a isso. Se Souryu descobrisse... 
    "Então, Ayanami, que filme você veio ver?" perguntou Kensuke. 
    "Aquele." 
    Com o dedo, Rei apontou um título. Touji e Kensuke engasgaram quando viram do que se tratava. 
    "Você assistiu AQUELE filme?" 
    "Como... como você conseguiu entrar?" 
    Do bolso, Rei tirou a sua identidade da NERV. 
    "Ah, meu Deus! Eu também quero ser da NERV. Eles têm as armas, os EVAs, as identidades legais e as garotas!" 
    "Você pode tentar conseguir alguma coisa. No entanto, eles vão te por pra fora, porque você ainda não acabou o colegial." 
    Kensuke pareceu quase explodir em lágrimas. 
    "Por que você assistiu aquele filme?" perguntou Touji, obviamente curioso por saber porquê uma garota iria querer assistir um filme adulto. 
    "Para aprender como ser uma boa parceira para o Shinji-kun." 
    Kensuke e Touji engasgaram de novo. Eles estavam quase fazendo a Rei uma centena de perguntas quanto à sua relação com o seu amigo quando eles perceberam que ela já estava alguns metros longe. 
    "Aquela garota é estranha." finalmente disse Kensuke depois que Rei estava fora de vista. 
    "É... eu invejo o Ikari. Pense só nas coisas que eles vão fazer juntos..." 
    Touji estava se "animando" de novo. 
    "Anda, vamos pra casa do Ikari!" disse Touji enquanto arrastava Kensuke junto com ele. 
    "Mas ele não está lá!" 
    "Como podemos ter certeza se nós não perguntarmos à Misato?" 
    Kensuke entendeu a intenção de Touji.



Notas do Autor:

(1) No episódio 16, é mencionado que Shinji não pode nadar, quando ele "conversa" com ele mesmo enquanto que preso no Oceano de Dirac : 

Outro Shinji : "Por exemplo, você não pode nadar."
Shinji : "Humanos não foram feitos para flutuar."

Naturalmente, Shinji sentia capaz de dar um mergulhinho na água, conquanto que ele não fosse muito longe das ondas da praia. Contudo, seria bem característico de Asuka tentar "consertar" este pequeno problema que Shinji tem com água.

Sobre segurança... muitas fics mostram as crianças constantemente sob a vigilância da segurança, ou se você prefere, NERV Intelligence. Isso é razoável se você considerar que as Crianças são afinal de contas vitais para a sobrevivência de humanidade. Um comentário feito por Ritsuko no episódio 23 dá suporte a esta tese. Como Shinji deu um jeito de fugir deles no episódio 4, se ele realmente fugiu deles, eu não tenho nenhuma idéia.

E pelo beijo ser o primeiro de Asuka... bem, honestamente, você pensa que 
Asuka teria encontrado alguém, fora Kaji, merecedor disso? Eu duvido. Talvez ela tenha saído com alguns garotos no tempo do colégio, mas eu duvido que algum tenha durado e eu duvido que ela tenha deixado alguém colocar seus lábios sujos nos dela. O fato de que ela corta o ar de Shinji no episódio 15 também dá uma pista disso.


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Notas de tradução:

Anta baka? : "Você é idiota?" ou "Você é estúpido?". Uma das marcas registradas de Asuka.

Guten Morgen! : Bom dia (Boa manhã)!

Mein Gott! : Meu Deus!



Alain Gravel
rakna@globetrotter.qc.ca
13 Maio 1999

Começado em 9 de Março de 1999
Primeira versão de pré-leitor terminada no dia 18 de Março de 1999 
Segunda versão de pré-leitor terminada no dia 24 de Março de 1999 
Versão final terminada dia 10 de abril de 1999
Revisada dia 13 de maio de 1999
Correções adicionais dia 13 de junho 1999
Revisão final dia 7 de março de 2000

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