terça-feira, 29 de junho de 2010

Aquela que eu amo é... Capitulo: 05



Capitulo 5, pronto para a leitura! Avançar, leitores! Avante!

Aquela que eu amo é...
Capítulo 5 - Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as
mesmas
Escrito por Alain Gravel
Traduzido para o português por Francisco M. Neto
Revisado por Carlos Jacobs
Baseado em personagens criados pela GAINAX.

http://www.geocities.com/Tokyo/Teahouse/2236/

(*) Ver notas de tradução para detalhes

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Capítulo 5 - Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as
mesmas

Parte 1: Mudanças


Projeto E
Relatório de Observação da Terceira Criança
26 de fevereiro de 2016


     [Shinji já não deixa o seu quarto há quatro dias, saindo apenas
para os testes de harmônico e de sincronização, e mesmo assim sem dizer uma só
palavra, desde aquela noite quando ele se perdeu fora de Tokyo-3 com
Asuka. Estou começando a me preocupar, tanto como sua guardiã quanto
como oficial da NERV. Ele apenas come à noite, quando acha que
todos já estão dormindo. Seu temperamento parece mais fechado que o
usual, e sua taxa de sincronização caiu cerca de 20%. Mesmo com a
vigilância aumentada em torno do apartamento, eu temo que ele possa fugir
de novo.
     Eu tentei perguntar a Asuka o que estava acontecendo, mas ela se
negou a responder. Embora parecesse tão perturbada quanto Shinji
quando Kaji os trouxe para casa naquela noite, ela parece ter retomado
a vida normal, embora esteja aparentemente muito preocupada com
Shinji. Eu também notei que ela está ainda mais agressiva com relação
à Rei. Eu posso adivinhar o porquê, mas sem saber o que aconteceu
entre ela e Shinji, eu não posso ter certeza. O exame médico que eu
pedi a Ritsuko não revelou nada anormal, exceto pelos machucados em
seus pés, que estarão bons logo. Ela já pôde ir à escola hoje. Eu não
sei por que eu pedi aquele exame. Eu realmente acredito que Shinji
poderia ter feito alguma coisa para machucá-la?
     Eu estou realmente envergonhada de mim mesma. Eu deveria ter
confiado em Shinji mais do que isso. Mas é o meu trabalho. Eu preciso
tomar precauções contra qualquer ameaça à minha equipe.]

                                - - -

     Eu acordei aquela manhã com uma resolução. Era hora de encarar a
realidade de novo.
     Desde aquela noite na floresta, eu tinha fugido dos outros. Com
tudo que tinha acontecido, eu não poderia encarar Asuka e Rei. Eu
amava ambas. Eu tinha beijado ambas.
     Isso era loucura. Era realmente possível amar duas garotas ao
mesmo tempo?
     Eu não sabia. Eu tinha gasto muitas horas pensando nisso, sem
encontrar outra resposta senão o fato de que os meus sentimentos por
elas eram genuínos.
     Eu amava Rei. Eu amava Asuka. E eu precisava de ambas.
     Mas eu não era um idiota. Eu sabia que não era justo com elas. Eu
precisava escolher uma delas. Mas eu não conseguia me decidir a fazer
isso. Não ainda, pelo menos. No entanto, eu sabia que eu não poderia
esperar para sempre. Porque, se eu fizesse isso, todos iriam se
machucar. Eu, principalmente.
     O que eu podia fazer agora era ter certeza de que ninguém
interferiria. Eu tinha gasto os últimos quatro dias pensando nisso. As
palavras de Kaji ainda estavam frescas em minha mente.
     'Se você se apaixonasse por Asuka, você perderia interesse em
Rei. Desse modo, seu pai teria controle completo sobre ela, novamente.'
     Pai... não! Comandante Ikari.
     Eu poderia aceitar o fato dele me usar. Mas não Rei e Asuka.
     Eu peguei algumas roupas jogadas pelo chão, me vesti, e saí da
escuridão do meu quarto para entrar no mundo real.

                                * * *

     Conforme eu me dirigia ao escritório do Comandante, eu recebi
vários olhares bem estranhos. Para qualquer um, ir ao escritório do
Comandante sem ser anunciado era provavelmente algo muito
irregular. Eu não estava surpreso com aqueles olhares. Qualquer um na
NERV tinha medo de Ikari Gendou. Eu, mais que qualquer um. Mas eu
consegui dominar o medo e mantê-lo de lado. Eu tinha gasto muito
tempo me preparando para o que eu estava prestes a fazer. Eu não
deixaria um pequeno detalhe como o medo estragar os meus planos. Se
necessário, eu poderia sempre me comportar como o homem que eu mais
odiava. Então, quando eu entrei em seu escritório, minha face se
tornou a mesma máscara sem expressão que costumava ser o cartão de
visitas de Rei.
     Se a minha visita era altamente irregular, o Comandante não
parecia se importar, de modo que ele esperou que eu chegasse até sua
mesa antes de falar.
     "O que você está fazendo aqui?"
     Ele tinha o seu tom usualmente gélido. Por causa da pouca luz na
sala, eu mal podia ver seus olhos por trás dos óculos
escuros. Definitivamente, isso era uma boa coisa.
     Eu tentei responder, mas estava quase subjugado pelo medo que eu
sempre sentia quando me encontrava com ele. Levou alguns segundos para
juntar a pouca coragem que eu ainda tinha e conseguir levar alguns
pensamentos à minha boca.
     "Eu não quero que você interfira com as vidas delas nunca mais."
     O Comandante levantou uma sobrancelha. Bem, bem, a julgar por essa
reação, ele estava provavelmente muito surpreso. Era, finalmente, a
primeira expressão que eu podia ver em sua face que não fosse uma
careta. Essa reação espantou parte do medo que ameaçava embaçar minha
mente a qualquer momento.
     "Isso é uma ameaça?" ele perguntou.
     "Pode vir a ser."
     Novamente, o Comandante levantou uma sobrancelha. Por alguma razão,
eu pensei em um jogo de pôquer. Nós dois estávamos mantendo uma face
neutra, tentando esconder as nossas cartas, tentando ver se o outro
estava blefando. Eu percebi que isso não era tão difícil, eu apenas
tinha que impedir que minha raiva tomasse o controle.
     "Você pensa que você pode me ameaçar?"
     "É claro que sim. Eu sou o único piloto da Unidade 01. Você
precisa de mim para salvar a sua vida. Você sabe tão bem quanto eu que
você não tem pilotos de sobra. E você também sabe que Rei e Asuka não
serão capazes de lutar sozinhas por muito tempo. Quer dizer, se eu não
convencê-las de não lutar mais por você de uma vez. Sob essas
circunstâncias... você é o único inútil aqui."
     O Comandante piscou, obviamente chocado. Eu também estava. Eu
tinha pensado em dizer aquelas palavras por um longo tempo, mas eu
nunca tinha imaginado que eu as diria com tanta convicção. Mas,
novamente, era a verdade.
     "Você está dizendo que você se negará a pilotar?"
     "Sim."
     "E o que o faz pensar que eu atenderia as suas exigências?"
     "Você não tem escolha, a não ser que você queira ser reduzido a
uma mancha de sangue na mão de um EVA."
     Eu esperava que o Comandante reagisse a essas últimas palavras. Que
a sua face mostrasse surpresa ou medo. Isso não aconteceu. Ao invés
disso, ele pareceu se divertir com isso, ao que apareceu novamente
aquela maldita careta em sua face.
     "Você acha que pode ameaçar me matar?"
     "O que você poderia fazer para me parar? Você precisa de mim. Mas
não se preocupe, eu não pretendo me tornar um bastardo como você. Você
estará seguro."
     Eu apenas o ignorei e me virei de costas. Embora eu tivesse sido
franco, eu estava começando a entrar em pânico. Eu não poderia manter
a aparente ausência de emoção por muito mais tempo.
     "Se você não pilotar, você estará condenando a humanidade à
morte."
     Eu esperava por isso.
     "Você acha que isso me importa?" eu repliquei. E aquilo não
importava. O que diabos a humanidade tinha feito por mim?
     "Se você não pilotar, você estará condenando Rei e Souryu à
morte."
     Droga! Aquilo doía! Eu estava esperando por aquilo e sabia que
era onde ele queria chegar, mas mesmo assim doía ao ouvir aquilo. Eu
mantive o controle, exceto por uma pequena contração na minha
face. Esperançosamente ele estava longe demais para ter visto.
     "É melhor todos morrerem vivendo suas próprias vidas do que viver
e serem bonecas para você ou qualquer outra pessoa", eu respondi. E eu
realmente acreditava naquelas palavras.
     O Comandante ficou em silêncio. Bem, se ele não sabia o que dizer,
eu com certeza sabia.
     "Mais uma coisa: o apartamento designado para Rei-chan é
detestável. Eu espero que ela se mude para o apartamento vizinho ao
nosso."
     "Rei ficará onde ela está."
     Eu me virei e olhei em seus olhos, e sorri.
     "Ou ela se torna minha vizinha ou então ela viverá comigo. É claro
que não temos camas suficientes, então ela terá que dormir comigo. Eu
acho que ela não vai se importar, já que a idéia foi dela desde o início..."
     Eu me virei antes que ele pudesse reagir.
     "De qualquer forma, você perde. Você é quem decide a maneira pela
qual você vai perder. Mas entenda uma coisa: nenhum de nós é mais sua
boneca, e isso inclui Rei."
     "Você deveria esquecer essa idéia de ter um relacionamento com
Rei. Nunca poderá funcionar."
     Eu congelei.
     "E o que você sabe? Você deve saber a esta altura que está indo
tudo muito bem."
     "Está? Rei lhe contou o segredo dela?"
     Novamente, eu me virei para enfrentá-lo.
     "Segredo?"
     "Então isso significa que você não sabe. Eu imaginei..."
     "Imaginou o quê?"
     O Comandante ignorou a minha pergunta.
     "Esqueça-a. Esse relacionamento está destinado a falhar."
     "Cale-se!"
     "Você está apenas fugindo da realidade novamente."
     "De qual realidade? Da sua?"
     "Sim."
     Maldito bastardo.
     "Chega dessa insanidade! Eu lhe disse o que queria, e você sabe as
conseqüências de se negar a aceitar. E isso é o que importa."
     Dito isso, eu me retirei.
     Eu quase colapsei assim que passei pela porta. Meu coração estava
batendo numa taxa muito alta, e eu tinha problemas para respirar. Eu
tinha feito. Tinha enfrentado o homem que costumava ser o meu pai, e
tinha vencido. Eu mal podia acreditar, mas estava certo disso.
     "Rei... Asuka... obrigado..." eu suspirei.
     Sem elas, isso não teria sido possível. Se elas achavam que valia
a pena me amar, então talvez eu fosse mais do que eu pensava...
     No entanto, eu não pude deixar de pensar no que o Comandante tinha
dito. Estaria Rei realmente tentando esconder algo de mim? Porque ela
parecia tão importante para ele?
     Eu tentei jogar essas idéias de lado. Ela eram apenas resultado
dos esforços do Comandante para me manipular de novo. Eu não iria
ceder a isso.
     Quando eu finalmente fui para casa, eu tinha um sorriso enorme na face.

                                * * *

     Ainda faltavam algumas horas para que Asuka e Misato voltassem da
escola e do trabalho, então eu tinha o apartamento inteiro para mim
por algum tempo. Bem, quase. Eu percebi que Pen-pen estava lá para me fazer
companhia, porque ele estava de pé na minha frente, com um
olhar faminto nos olhos. Pobre Pen-pen... quem poderia imaginar com o que Misato
tinha tentado alimentá-lo?
     "Desculpe, Pen-pen", eu disse quando lhe dei alguma coisa rápida e comestível.
     Vendo o pingüim obviamente aliviado, eu decidi tomar um
banho. Isso iria me ajudar a pensar no que fazer quando as duas
chegassem... especialmente Asuka.
     Eu realmente não tinha sido bom para elas nos últimos dias.
     Eu precisava encontrar um jeito de me desculpar.

                                * * *

     Eu percebi o barulho de alguém entrando no apartamento. Eu não
tinha percebido que o tempo tinha passado tão depressa. Eu saí da
cozinha, ainda vestindo o avental, para encontrar Asuka na entrada. Quando
ela me viu, de repente ela congelou onde estava.
     Por um longo tempo, nós olhamos um nos olhos do outro. Eu tive dificuldade em descobrir o que ela estava pensando, além de surpresa.
     Eu sorri.
     "Bem-vinda de volta, Asuka-chan."
     Me pareceu a única coisa a dizer. Vê-la me fez me sentir muito
melhor. Mesmo quando nós nos encontrávamos nos testes de harmônicos,
eu já não tinha sentido aquilo a que eu estava acostumado. Nós não
tínhamos trocado palavras. Perdido em pensamentos, eu mal tinha
percebido a presença delas. Eu não queria. Mas agora eu podia. Meus
problemas não estavam resolvidos, mas eu tinha entendido que
esconder-me deles não os faria desaparecer. Era um grande passo na
direção de uma resposta.
     "Shin... Shinji... Shinji!"
     A sua bolsa de escola caiu no chão. Logo depois, eu estava
espremido por um forte abraço.
     "Shinji..."
     "Asuka..."
     Eu me senti bem estranho tendo-a novamente em meu ombro. Eu
realmente não tinha me sentido assim naquela noite, quando ela caiu no sono
em meus braços, por causa da situação nada comum em que nos
encontrávamos. Mas agora... estando desse jeito, em casa, num dia como
outro qualquer... isso realmente era bom.
Logo eu estava abraçando-a de volta o melhor que podia, já que
meus braços estavam presos pela sua força.
     "Eu cheguei a pensar que você não queria mais falar comigo, que
você queria me evitar..."
     Isso soou quase como se ela estivesse chorando. Eu realmente me
senti mal naquela hora. Eu não deveria tê-las tirado da minha vida
como tinha feito.
     "Me desculpe. Eu apenas precisava de algum tempo para pensar. Mas
eu não te evitei por querer..."
     "Shinji..."
     Então, pela segunda vez, a porta se abriu.
     "Chegu..."
     As palavras morreram na boca da Major no instante que ela nos
viu... e o modo como estávamos nos abraçando. Instintivamente, eu
soltei meus braços de Asuka. A cabeça-vermelha pareceu ter o mesmo
reflexo que eu.
     "Misato, não é o que você está..."
Minhas desculpas foram interrompidas por um tapa.
"Seu pervertido! Não ouse me abraçar desse jeito de novo!"
Dito isso, Asuka saiu batendo os pés até seu quarto. Eu fiquei ali, completamente confuso. Num instante, ela estava me abraçando, e no outro me chamando de pervertido. Porque as garotas eram tão difíceis de entender?
     Pelo menos, ela não tinha batido tão forte. Ou eu estava me
acostumando a levar tapas ou então aquilo realmente não tinha sido para
machucar.
     "Então... você está de volta, pelo que vejo", disse Misato, se
recuperando do choque inicial.
"Sim. Você voltou cedo."
"Bem, eu queria ver se os rumores eram verdade. Alguma coisa sobre
o piloto do Evangelion Unidade 01 visitando o Comandante sem ser
anunciado..."
     "Ah..."
     Misato me deu um olhar curioso.
     "Entendo. Sobre o que vocês falaram?"
     "Eu disse a ele para nunca mais interferir na minha vida, bem como
na de Asuka e Rei."
     Novamente, Misato pareceu surpresa.
     "Você... você disse isso... para ele?"
     Eu assenti.
     "Se você não se importa, eu preferiria não falar sobre isso
agora."
     "Eu entendo, Shinji-kun."
     "Bom. Você sabe, Misato-san, pra me desculpar pelo meu
comportamento nos últimos dias, eu preparei o jantar. Nada
instantâneo; apenas uma boa comida caseira."
      A porta de Asuka de repente abriu-se para revelar a Segunda
Criança, com um olhar faminto na cara.
     "Você fez o jantar? Gott sei Dank! (*) Comida! Comida de verdade!
Eu honestamente pensei que iria morrer de fome se você continuasse
trancado no seu quarto."
      Eu assenti. Um segundo depois, Asuka já estava na cozinha.
      "Humph... se ela não gosta da minha comida, ela pode cozinhar da
próxima vez que você não fizer isso..."
      Eu percebi que a voz de Misato parecia um pouco irritada.
      "Ela apenas não sabe como apreciar a sua comida..."  eu disse,
tentando levantar o seu ânimo.
      A face de Misato mostrou um grande sorriso.
      "Sim, você está certo... agora, vamos! Hora de comer! Já faz um
tempo que esta família não come junta."
      Eu fui pego desprevenido por aquelas palavras. Família. Sim, Asuka
e Misato eram minha família. Rei também... e agora estávamos juntos
novamente... essa era a minha família. Esse era o meu lar.

                                * * *

      Nós mal tínhamos acabado de comer quando uma batida na porta
interrompeu a nossa pequena reunião privada.
      "Quem poderia ser? Vocês chamaram alguém?"
      Asuka e eu balançamos a cabeça negativamente.
      Vendo que nenhuma das duas ia atender à porta, eu me levantei  e
fui ver quem tinha batido. Eu fiquei um pouco surpreso quando a porta,
ao se abrir, revelou Rei. A garota de cabelos azuis pareceu igualmente
surpresa. Por um pequeno tempo, nós ficamos ali, olhando dentro dos
olhos um do outro, a nossas faces corando cada vez mais a cada instante.
      "Rei-chan..."
      "Shinji-kun..."
      Eu realmente não sei o que houve comigo, mas eu a tomei em meus
braços, como Asuka tinha feito comigo mais cedo.
      "É tão bom ver você, Rei-chan..."
      "É bom ver que você se sente melhor, Shinji-kun..."
      Então, da cozinha, nós ouvimos a voz de Misato.
      "Quem é, Shinji?"
      Temendo que a Major, ou pior, Asuka, pudesse vir e ver por si
mesma, eu soltei Rei.
      "É a Rei-chan, Misato-san."
      "QUEM?"
      Num instante, Asuka estava bem diante de mim, um olhar assassino
nos olhos.
      "O que VOCÊ está fazendo AQUI?"
      Rei permaneceu indiferente ao tom de voz obviamente irritado de
Asuka. De fato, ela parecia mal perceber a presença de Asuka.
      "Eu estou aqui para ver a Major Katsuragi."
      A dita Major apareceu, tendo provavelmente concluído que os riscos
de dano à propriedade já não eram tão grandes agora.
      "O que eu posso fazer por você, Rei?"
"Eu devo lhe informar que a minha moradia foi realocada."
Eu quase não consegui não ficar surpreso. Isso tinha sido mais rápido que eu tinha esperado.
"Que bom! Já era tempo de você se mudar daquele buraco. Então, onde você vai viver agora?"
"Aqui ao lado. O Comandante decidiu que seria mais conveniente desse modo."
Que típico do Comandante tentar levar o crédito pela idéia...
"O QUÊ?!" gritou Asuka. "Você ainda não invadiu a minha vida o suficiente? Eu te vejo na escola, eu te vejo no trabalho... não me diga que eu vou te ver aqui também?"
Misato pôs sua mão no ombro de Asuka.
"Ela não estará aqui, Asuka. Estará na porta seguinte..."
"Mas eu sei que ela vai ficar aqui o tempo todo, tentando seduzir o meu Shinji!"
"Ai, ai..."
Isso era ruim. Melhor tentar mudar o assunto.
"Você se importaria de nos mostrar o seu novo apartamento, Rei-chan?" eu perguntei.
"Sim! Grande idéia Shinji! Vamos dar uma olhada!"
Eu não gostei da repentina explosão de entusiasmo de Misato. Ela estava escondendo alguma coisa. Eu podia perceber que o seu cérebro estava trabalhando, preparado para acionar algum tipo de esquema meticuloso.
"Sigam-me", disse Rei, ao nos convidar para ir com ela.

                                * * *

"Este lugar é maior que o nosso! Como pode?" perguntou com surpresa Asuka.
"Na verdade, eu acho que é do mesmo tamanho do nosso", eu corrigi, "exceto que este está bem menos atopetado com pessoas e coisas."
O apartamento de Rei parecia igual ao nosso. Mas ele estava quase vazio, e a grossa camada de poeira indicava que ele não tinha sido ocupado por um longo tempo. De fato, segundo eu me lembrava, ninguém havia morado ali.
"Eu acho que o nosso apartamento parecia este quando eu cheguei aqui pela primeira vez. Eu lembro que eu tive que comprar alguns móveis extras. Parece que foi há eras atrás", explicou Misato.
A mobília era, sem dúvida, muito pouca. Uma mesa baixa e um sofá simples na sala. Duas cadeiras e uma mesa na cozinha, com a geladeira e o fogão. Se Rei não vivesse sozinha, isso mal seria suficiente.
"Isso não é justo! A gente tem que brigar por causa do chuveiro e a Garota Maravilha vai ter um só pra ela!"
"Eu poderia dar um jeito de você dividir este apartamento com Rei, se você preferir", sugeriu Misato, com um sorriso maquiavélico na face.
Então esse era o plano dela! Ela queria que Asuka viesse morar com Rei. Era uma idéia tentadora. E depois, o nosso apartamento era um pouco pequeno para nós três. Quatro, se contássemos Pen-pen. No entanto, eu duvidei que Asuka fosse aceitar isso. E além disso, mesmo que ela estivesse ali do lado, eu ia sentir falta da sua presença irritante.
"O quê?! De jeito nenhum eu vou dividir um apartamento com ela!"
"Shinji-kun poderia dividir este apartamento comigo", propôs Rei.
Por alguns segundos, um silêncio mortal preencheu a sala, seguido de uma explosão logo depois.
"O QUÊ?! O que você disse?"
"Shinji-kun poderia dividir este apartamento comigo."
"Sem chance! Nunca! Só sobre o meu cadáver! Eu preferiria viver aqui do que deixar ele ficar sob o mesmo teto que você!"
"Então temos um acordo!", concluiu Misato.
"O quê?", gritou a cabeça-vermelha.
Ela estava obviamente mais surpresa do que eu. Rei permaneceu indiferente. Misato tinha um sorriso gigantesco na face.
"Você não está falando sério, está?"
"Seria uma grande oportunidade de vocês aprenderem a trabalhar como uma equipe. Como você fez com o Shinji."
Eu, pessoalmente, não tinha certeza de que isso era uma boa idéia. Conforme eu me lembrava do nosso treinamento de sincronização, eu também podia lembrar como estivemos perto de um desastre na primeira semana. Considerando os sentimentos de Asuka em relação a Rei... as chances estavam todas contra elas. Elas jamais poderiam se tornar boas companheiras de quarto.
"Mas... mas... de jeito nenhum eu vou viver com ela! E você não ouse me dar esse tipo de ordem!"
"Eu não faria isso. Que pena, teria sido uma oportunidade de ouro..."
"Pra você me pôr pra fora? Apenas admita, você não quer que eu viva com vocês."
"Não, não, não, Asuka", disse Misato com um sorriso de segurança. "Você é quem sempre reclama do tamanho do nosso apartamento. Eu apenas lhe ofereci a oportunidade de viver em um apartamento com mais... espaço, só isso. Eu jamais te poria pra fora. Eu me importo demais pra fazer isso."
"Mesmo?" perguntou Asuka, com um misto e surpresa e alegria.
"Mesmo."
A Major então virou sua atenção para Rei.
"Diga, Rei? Você vai precisar de ajuda pra trazer as suas coisas?"
"Não, tudo já está aqui."
"Já aqui?"
Rei apontou duas caixas num canto, uma pequena caixa branca e uma maior, marrom. Eu podia adivinhar o que tinha nelas. A maior com certeza continha suas roupas: meias, calcinhas, sutiãs, uma roupa de banho, e cinco uniformes de escola, todos iguais. Talvez um par de sapatos. A outra caixa provavelmente continha o vestido que eu lhe tinha comprado. Eu sorri ao pensar no quanto ela parecia valorizar aquilo, já que ela o tinha posto numa caixa separada.
"Isso é tudo que você tem?"
"Sim."
Eu assenti, confirmando isso.
"Hmm... sabe, Rei, você tem um salário agora. Talvez você gostaria de gastar um pouquinho dele..."
Rei pareceu um pouco confusa.
"Gastar?"
"Você sabe... ir às compras... comprar uma coisa ou outra... talvez algo pra você usar além daqueles uniformes escolares. Já sei! Amanhã é sábado, e eu vou ficar no turno da noite. Vamos às compras juntas!"
Rei olhou para mim. Eu mostrei a minha aprovação à idéia, embora eu achasse a idéia meio temerosa. Misato ajudando Rei a escolher o que vestir... no entanto, ela tinha feito um bom trabalho quando escolheu o vestido de noite.
"Muito bem então, nós podemos ir."
"Ótimo! Eu não tenho uma oportunidade de sair às compras há eras! Mas é claro, não vou ser eu quem vai estar comprando..."
"Você nunca me chama pra ir às compras com você!" disse Asuka, obviamente sentindo-se rejeitada.
"Você não precisaria da minha ajuda."
A cabeça-vermelha pareceu iluminada.
"Sim... sim! Você está certa! Eu sou madura o suficiente para fazer minhas compras sozinha sem uma babá por perto!"
Isso não pareceu incomodar Rei em nada.
"Sinta-se à vontade para se juntar a nós, se quiser."
"Eu? Ir às compras com ela? Sem chance. Eu vou ficar aqui com o meu querido Shinji."
De alguma forma, o pensamento de gastar uma tarde inteira sozinho com Asuka me pareceu temeroso. Além disso, eu já tinha os meus próprios planos.
"Na verdade, eu iria na casa do Touji..."
"Eu disse que você vai ficar aqui comigo, Terceira Criança! Não se esqueça que você ainda me deve aquele 'dia perfeito' sobre o qual você falou."
Eu não ousei discordar. Eu ainda me sentia culpado sobre como o nosso encontro tinha acabado.
"Tudo bem... eu vou ligar para o Touji..."
"Então está decidido", concluiu Misato. "Amanhã, eu te pego na escola (1). Tudo bem para você, Rei?"
"Está bem."
"Misato-san, você... você não vai dirigir... vai?" eu perguntei, temendo o pior.
"Claro que vou. Porquê?"
Eu me assustei com o pensamento.
"Rei, você deveria reconsiderar... eu não quero que você fique doente... ou pior... você sabe que ela não dirige muito bem e..."
"Cale a boca, Shinji!"
Misato me deu o Olhar. Rapidamente, eu tentei achar alguma coisa para dizer que chamasse a sua atenção pra longe de mim.
"Diga, Rei, você ainda não jantou, não é?
"Não. Eu ainda não tive tempo de comer."
"Eu ainda tenho algum macarrão instantâneo, e uns bolinhos de arroz."
"Seria bom. Obrigada, Shinji-kun."
Claramente, Asuka não perdeu a oportunidade de expressar a sua opinião a respeito da nova situação de Rei.
"Veja! Veja! Eu te disse que ela iria se impor sobre nós! Agora nós temos que alimentá-la!"
Eu olhei Asuka, bastante irritado.
"Eu paguei pela comida, lembra? E fui eu que convidei. E depois, você sabe que eu faria o mesmo por você."
"Você faria?"
Eu assenti.
"Então, eu acho que está bem... mas depois disso, você vai pra casa, Garota Maravilha!"
"Muito bem."
"Ótimo!" concordou Asuka, com um olhar triunfante em sua face.

                                * * *

Assim como disse, Rei voltou ao seu apartamento assim que terminou a sua refeição. Sem ter nada melhor para fazer, eu decidi me debruçar um pouco sobre a minha lição de casa durante uma grande parte da noite, até me sentir realmente muito cansado e ir para cama. Eu caí no sono rapidamente. Naquela noite, alguma coisa me acordou. Meus olhos abriram-se ao máximo e o meu coração estava batendo como louco. Seria um pesadelo? Eu achava que não. Alguma coisa estava errada. Eu podia senti-la. Então eu percebi que alguma coisa atrás de mim estava se movendo. Eu estava para me virar, quando eu fui de repente seguro por um braço. Estarrecido, eu me virei e empurrei o intruso para fora da minha cama.
Então, o intruso ficou de pé. Eu tive uma surpresa ao perceber que eu estava olhando para Rei.
Uma Rei completamente nua. Que tinha estado na minha cama alguns segundos antes...
"Rei... Rei-chan..."
Eu tentei não ficar olhando demais, mas meus olhos sempre acabavam voltando ao seu corpo. Alguma parte da minha mente notou que o seu cabelo era naturalmente azul, um fato que eu não tinha percebido da primeira vez que tínhamos estado numa posição semelhante...
A minha cara estava provavelmente totalmente vermelha a essa altura.
"Isso te causa embaraço?"
Eu tentei responder, mas vendo que a minha boca não queria colaborar, eu assenti violentamente.
Ela pegou uma camisa que eu tinha deixado caída no chão, já que ela deveria ser lavada de qualquer jeito, e rapidamente a colocou.
"Assim está melhor?"
Suas belas pernas ainda estavam à mostra, mas a camisa cobria a maior parte de seu corpo. No entanto, do jeito que ela a tinha colocado, ainda aparecia alguma coisa. Eu não pude deixar de olhar para um ponto logo abaixo de seus seios onde ela tinha esquecido de abotoar e que mostrava sua pele branca.
"Com certeza parece melhor em você do que em mim..."
Eu me surpreendi ao vê-la corar. Isso era estranho, considerando que ela não tinha problemas quanto a entrar no quarto de um garoto completamente nua.
"O que... o que você quer?"
"Eu quero dormir com você."
Eu engoli seco. Muito seco.
Vendo minha reação, ela riu. Eu ainda não estava acostumado a ver esse tipo de reação dela.
"Você é um garoto inocente, Shinji-kun. Eu disse 'dormir', não 'fazer amor'.
"Bem.."
Ela me silenciou com um dedo.
"Eu sei..."
Eu só consegui me sentir mais seguro.
"Por quê?"
"Eu não pude dormir", Rei respondeu rapidamente.
"Você não pôde dormir?"
Ela balançou a cabeça afirmativamente.
"É estranho viver aqui. Eu me sinto deslocada... e sozinha."
Eu podia entender como ela se sentia. Eu costumava me sentir do mesmo jeito das primeiras vezes que dormi debaixo desse teto. Mas agora ele não era mais estranho. Era como um lar. E agora eu até gostava dessa vista. E eu esperava que Rei pudesse sentir o mesmo, no tempo certo.
"Um teto desconhecido. Mas você está errada, Rei-chan. Você não está sozinha..." eu disse ao arrumar espaço de um lado da minha cama, e convidei-a a deitar-se.
Eu não sabia se era uma boa idéia ou não, mas eu sabia que eu não poderia simplesmente negar isso a ela. Quaisquer medos que eu tivesse foram varridos para longe pelo sorriso de alívio na sua face.
Quaisquer que fossem as conseqüências, eu lidaria com elas mais tarde.
Novamente, Rei deitou-se ao meu lado. Com o tamanho da cama, nós tivemos que ficar bem juntos um do outro. Nós dividimos o mesmo travesseiro, nossas faces a centímetros uma da outra. Realmente não foi surpresa nenhuma que nós eventualmente estivéssemos num abraço caloroso, trocando beijos profundos. E nós não fomos mais longe que aquilo. Eu nem sequer pensei nisso. Eu me sentia tão bem nos braços de Rei; tão quente, tão confortável. Eu não precisava de mais nada. Eu rapidamente caí num sono profundo e pacífico...

                                * * *

"Baka! Acorde! Eu estou com fome!"
Vagarosamente, as batidas na minha porta me tiraram da minha ressonância pacífica. Um por um, meus sentidos voltaram à vida. Conforme os segundos passavam, eu fiquei ciente de algumas coisas. O meu braço direito estava completamente preso e estava debaixo de alguma coisa pesada. O meu braço esquerdo estava segurando alguma coisa. Alguma coisa grande. Parecia, de fato, que eu estava segurando alguém. Forte. Isso foi confirmado quando eu percebi que podia sentir a leve sensação de alguém respirando na minha pele, bem como alguma coisa quente e molhada na minha nuca. A partir daquele ponto, meus olhos se abriram completamente. Assim que eu pude focar em alguma coisa, eu percebi que estava olhando para uma garota de cabelos azuis.
Rei?
Por alguns segundos, eu entrei em pânico. Então eu me lembrei do que tinha acontecido naquela noite. Rei tinha dormido comigo. E, aparentemente, ela ainda estava dormindo. Era incrível que todo aquele barulho que Asuka estava fazendo não a tinha acordado. Mas também, o seu antigo apartamento era tão barulhento, então...
Espere. Asuka. Batendo na minha porta.
"Vamos! Eu quero café da manhã! AGORA!"
Novamente eu entrei em pânico, mas desta vez, era justificável. Asuka estava quase estourando para dentro do meu quarto, eu tinha acabado de ver. E se ela nos encontrasse assim...
"Sou um cara morto", eu pensei.
Minha adivinhação provou estar correta, quando Asuka finalmente se cansou de esperar e abriu a porta. Eu sabia que era tarde demais, mas mesmo assim tentei esconder Rei debaixo de um cobertor. No entanto, a julgar pela expressão perturbada de Asuka, ela tinha visto mais do que esperava.
Para minha surpresa, alguns segundos se passaram e eu ainda estava vivo. Asuka não tinha se movido um centímetro. Se eu tivesse tido um pouco de sorte, as coisas poderiam não estar tão ruins assim. Não era o caso, porque Rei escolheu justamente aquele momento para finalmente acordar.
"Bom dia, Shinji."
Os olhos de Asuka se abriram ainda mais. Eu próprio estava surpreso. Era a primeira vez que Rei me chamava só de Shinji...
Então eu fui apertado por um forte abraço da garota de cabelos azuis e, antes que eu percebesse, ela estava me dando um beijo muito profundo. Se eu não estivesse paralisado de medo, eu com certeza teria adorado. Mas os meus olhos estavam presos em Asuka que agora realmente parecia pronta para matar. Rei rapidamente percebeu que alguma coisa estava errada. No entanto, ela não pareceu nem um pouco perturbada pela visão de Asuka.
"Você. Você deveria sair. Você está claramente perturbando o Shinji."
A partir daquele momento, Asuka perdeu totalmente o controle sobre si mesma.
"O que ELA está fazendo AQUI na sua CAMA!"
"Isso... isso não é o que você está pensando!"
Eu me choquei ao ver Asuka se jogar contra Rei. Ela pegou o cabelo de Rei e a arrastou para fora da cama e para o chão, ignorando completamente os seus gritos de dor. Eu tentei dizer alguma coisa, mas eu não podia falar.
"Não é o que eu estou pensando? Olhe o que ela está vestindo! Ela está pelada debaixo daquela camisa! Uma das SUAS camisas!"
"Ela não podia dormir. Ela se sentiu perdida e sozinha... ela apenas dormiu aqui, nada mais!" eu finalmente consegui dizer enquanto tentava me levantar.
Asuka respondeu me esbofeteando. E de novo.
"Não se atreva a mentir para mim! Eu não sou estúpida! Seu maldito bastardo! Você disse..."
Asuka não teve a chance de terminar o que estava dizendo. Ela caiu duro no chão, totalmente sem fôlego. Rei tinha acabado de dar-lhe um soco no estômago. A garota de cabelos azuis olhou para ela, com raiva na face.
"Você não vai nunca mais me machucar ou ao Shinji novamente! Eu não quero brigar com você. Mas se eu for forçada a isso, você vai se arrepender."
Caída no chão, Asuka murmurou alguma coisa totalmente incoerente. Rei não prestou atenção. Seus olhos estavam focalizados na vermelhidão em minha face. Muito gentilmente, ela a tocou.
"Dói?"
"Está tudo bem", eu menti. A minha reação ao seu toque convenceu-a do contrário.
Vagarosamente, Rei veio sobre mim e beijou a minha face machucada.
"Estará melhor logo. Vamos comer agora."
Eu não pude deixar de olhar para Asuka no chão. Rei percebeu.
"Não há dano permanente. Ela irá se recuperar logo. Nós podemos deixá-la aqui."
Acreditando nela, eu a segui até a cozinha. Misato estava esperando lá, com um olhar preocupado na cara, que mudou para surpresa quando viu Rei. A Major revistou Rei com o olhar dos pés à cabeça, então decidiu que precisava de outra cerveja.
"Então, já imagino porque esteve tão barulhento agora há pouco", disse ela ao pegar uma nova lata da geladeira.
Alguns segundos depois, a lata estava vazia.
"Desculpe", eu disse.
"Eu posso perguntar porque você está vestida desse jeito?" perguntou a Major.
"Shinji não se sentia confortável comigo dormindo nua."
Misato pareceu ainda mais surpresa do que alguns minutos antes. Mas ela voltou ao seu comportamento alegre.
"Era de se esperar, já que ele reclamava tanto do jeito como eu andava pelo apartamento. Você está definitivamente mais indecente do que eu jamais estive", ela disse com um sorriso.
"Eu entendo", disse Rei, aparentemente inconsciente do seu estado de nudez.
Pessoalmente, eu estava me sentindo realmente embaraçado e sentia a necessidade de dar algumas explicações a Misato.
"Rei não podia dormir em seu novo apartamento. Nós apenas dormimos no mesmo quarto. Nada mais."
Silenciosamente, eu rezei que Rei não mencionasse que nós tínhamos dividido a cama. E com muita sorte, Asuka não iria nem falar a esse respeito.
"Hmm... bem, eu acho que nó vamos ter que incluir na nossa lista de compras um pijama ou alguma coisa do gênero pra você usar quando vier dormir aqui. Mesmo assim, seria preferível que você se acostumasse ao seu novo apartamento. Já tivemos problemas suficientes até agora."
"Eu concordo."
"Ótimo! Agora que estamos resolvidos... Shinji? Onde está o café da manhã?"
Misato me deu o Olhar. Eu engoli seco. Alguns segundos depois, eu tinha colocado o avental e estava arrumando alguma coisa rápida. Eventualmente, Asuka apareceu. Ela estava claramente com muita raiva ainda, mas não disse uma palavra. Eu não pude deixar de ter medo. Se ela se mantivesse sob controle agora, isso significava que ela ia começar a berrar comigo tão logo Misato e Rei saíssem.
Que dia... e estava apenas começando...

                                * * *

Para minha surpresa, o dia não foi como eu esperava. Asuka conseguiu se acalmar bastante depois que Rei deixou o nosso apartamento para se preparar para o seu dia. Na hora de sair para as aulas de sábado (1), Asuka estava mais ou menos de volta ao seu temperamento usual, embora parecesse não querer falar comigo por enquanto. Felizmente, Misato decidiu ir ver Rei para que as duas tivessem uma conversa sobre o que tinha acontecido na noite anterior, então nós fomos para a escola sem a nossa vizinha. Estávamos no meio do caminho para a escola quando eu finalmente decidi clarear as coisas.
"Sabe... eu não estava mentindo... nada aconteceu..."
Asuka parou. Percebendo que ela não estava mais ao meu lado, eu me virei e olhei para ela. Eu esperava que ela estivesse nervosa de novo, mas ela não estava. Na verdade, ela parecia estranhamente calma.
"Eu sei. Eu ouvi o que você disse para a Misato. Eu acho que deveria ter confiado mais em você."
"Bem, as aparências não eram boas..."
"É verdade. Mas mesmo assim... me desculpe."
Eu simplesmente não pude acreditar. Souryu Asuka Langley. Pedindo desculpas?
"Está tudo bem..." foi tudo que eu consegui dizer.
Isso foi suficiente para fazê-la sorrir. Ela olhou para o seu relógio e percebeu que nós poderíamos estar atrasados, então ela pegou o meu braço e me arrastou o resto do caminho até a escola em alta velocidade.

                                * * *

Nós almoçamos a sós, já que Misato tinha pego Rei na escola. Depois do almoço, Asuka me arrastou até a frente da TV, onde ela me apresentou um novo sistema de vídeo game que ela tinha aparentemente comprado durante o meu período de reclusão. Sem ter nada melhor para fazer, ela me deu um controle e começou a virtualmente me espancar em algum jogo de luta. Eu imaginei que ela ainda estava um pouco brava sobre a noite anterior, porque ela continuou me matando de maneiras que pareciam bastante sangrentas e dolorosas. Quando ela finalmente se cansou de me matar, nós saímos um pouco, indo a um parque próximo, sem realmente ter nada melhor para fazer. Nós voltamos por volta de duas e meia da tarde e para perceber que Misato ainda não tinha voltado, o que não era muita surpresa, já que àquela hora ainda não teria dado tempo de Misato e Rei fazerem compras. Além do mais, garotas sempre pareceram precisar de várias horas para esse tipo de coisa. Sem muitas opções, nós relutantemente fomos para nossas lições de casa. Uma hora mais tarde, eu ensinei kanji para Asuka. Nós estávamos nisso havia algum tempo quando a nossa sessão de estudo foi subitamente interrompida pela entrada de Misato. Ela tinha aquele sorriso malicioso na cara. Eu sabia que ela ia pedir a minha ajuda.
"Olá vocês dois. Tiveram um bom dia?"
"Ah, sim! Um ótimo dia!"
Asuka soou um pouco entusiasmada. Talvez ela não quisesse admitir que nós teríamos preferido sair com Misato às compras. Ela tinha mencionado isso algumas vezes. Bem, era culpa dela. Misato tinha perguntado se ela queria ir junto.
"Diga Shinji, você pode nos fazer um favor? Nós deixamos alguns pacotes no carro. Você poderia levá-los até o apartamento da Rei? Eu estarei lá com ela, arrumando tudo..."
Mesmo que eu quisesse dizer não, eu não teria como. Então eu apenas assenti e peguei a chave do carro, que ela me oferecia. Logo, estávamos todos fora do apartamento; Misato indo ao apartamento da Rei e Asuka estranhamente me seguindo.
"Por que você está me seguindo?"
"Ué, para te ajudar, claro!"
Isso era estranho. Asuka, querendo me ajudar? Ela nunca ajudou em casa. Ela só me ajudava de tempos em tempos com Física e Matemática porque ela precisava da minha ajuda com os kanjis que ela não sabia.
"Você... você está se sentindo bem?"
"Claro! Por que você pergunta?"
"Bem, de repente você está sendo legal e prestativa..."
"O quê? Você tem que saber que eu posso ser legal às vezes, Terceira Criança! Eu sou uma pessoa muito legal e prestativa! Mas se você não quiser a minha ajuda..."
Ela estava quase indo quando eu segurei o seu pulso.
"Obrigado, Asuka."
O seu temperamento de repente aliviou e ela estava agora um pouco corada.
Quando chegamos ao carro, eu percebi que era uma bênção que Asuka tivesse decidido me ajudar. Eu não podia acreditar em quantas caixas e sacolas Misato tinha conseguido enfiar naquele carro. Sozinho, eu nunca poderia carregar tudo isso.
"Mein Gott! Elas compraram o shopping inteiro?"
Exatamente o que eu estava pensando. Eu tive medo disso. Misato provavelmente tinha gasto todo o salário de Rei. E o nosso próximo pagamento não estava nem próximo... eu teria que ter uma conversa com Rei sobre dinheiro e como usá-lo mais sabiamente.
Eu tentei dar o que parecia mais leve a Asuka, e então peguei o resto. Era uma tarefa realmente difícil levar tudo até o apartamento de Rei. Por sorte, a maior parte das coisas pareciam ser roupas, então se alguma delas caísse não teria muito problema. Pelo menos, era isso que eu esperava. Mas eu dei um jeito de conseguir levar tudo até em cima sem deixar cair nada.
Ao entrar no apartamento de Rei, eu logo percebi Asuka em estado de choque. Ao ver o que tinha causado tal reação, deixei cair tudo no chão.
Rei estava de pé na sala, com um olhar intrigado na face, provavelmente imaginando qual era o problema de Asuka. Ela estava vestida com uma combinação simples de um conjunto preto bem apertado, coberto com um suéter também preto. Ela também estava usando uma longa corrente que ia quase até a sua cintura, com uma cruz prateada pendurada nela, provavelmente inspirada na que Misato usava. Em outras palavras, nós tínhamos ali uma Rei estonteantemente vestida com simples roupas casuais.
Já tendo visto Rei vestida de modo ainda mais fora do comum, pelo menos para ela, eu não demorei muito para me recuperar do choque inicial. Além disso, eu agora estava me acostumando a ser surpreendido por Rei. Asuka, no entanto, ainda estava fora deste mundo.
"Fica bem em você, Rei-chan. Eu gostei muito", eu cumprimentei-a.
Rei corou, enquanto Misato sorriu com alegria e orgulho.
"Viu Rei! Eu falei que ele ia gostar! Você realmente fica bonita vestida assim."
"Muito bonita", eu concordei.
Isso provou ser um erro ao ter sido justo quando Asuka voltou ao normal.
"Bonita? Você acha ela bonita?"
Eu congelei debaixo daquele olhar congelante. Eu apenas consegui assentir.
"Misato! Como você pôde? Você está tentando fazer a minha vida mais difícil?"
Misato quis responder, mas foi interrompida pelas palavras de Rei.
"Por que você está com ciúmes?"
"Ciúmes?! Eu nunca ficaria com ciúmes de você!"
"Mas você está. Você está com ciúmes da minha relação com Shinji."
"Não mesmo! Porque eu me importaria com esse babaca estúpido?"
Eu apenas me senti machucado por aquelas palavras. Afinal, Asuka tinha me dado a impressão de que ela se importava. Era isso apenas a minha imaginação, algum pensamento desejoso?
"Então você não pode ter objeção a respeito do nosso relacionamento. Não há razão pela qual ele não poderia vir a ser meu namorado."
"Nunca! Eu estarei morta quando isso acontecer!"
"Então você se importa."
"Não!"
Asuka olhou para Rei, depois para mim, com uma expressão confusa na sua face.
"Se você não pode ser honesta com ele ou consigo mesma, você não merece mais atenção que ele daria a uma simples amiga. Eu o amo, e eu disse isso a ele. Você fez o mesmo?"
"Claro que não!"
"Então você não tem direito. Eu estou certa de que Shinji vai apreciar se você não interferir mais conosco."
Asuka simplesmente ficou ali, sem palavras. Ela olhou para mim. Seus olhos pareciam torturados, como se uma grande batalha estivesse sendo travada dentro dela. Ela tentou dizer alguma coisa, mas seus lábios pararam e logo em seguida ela estava fora do apartamento de Rei. Eu ainda estava olhando para a porta quando Rei chegou perto de mim e me abraçou por trás. Sua cabeça descansou em meu ombro.
"Você não precisa se preocupar com ela. Se ela nem mesmo consegue dizer que te ama, então ela não pode ser mais que uma amiga."
O que Rei disse fazia sentido. E resolveria meus problemas. Mas por que eu não estava feliz com isso? Por que eu me sentia machucado? Não eram as palavras de amor de Rei suficientes para mim?
Como se ela tivesse lido a minha mente, ela me apertou ainda mais num abraço quente e reconfortante.
Talvez fosse melhor não pensar nisso agora.
"Eu acho que nós deveríamos pedir alguma coisa fora. Não seria uma boa idéia ir comer no ali do lado hoje", eu disse.
"Então isso quer dizer que eu tenho que cozinhar esta noite..." reclamou Misato ao deixar o apartamento.
Pobre Asuka. Parecia que as coisas iam ficar ainda piores para ela.

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Capítulo 5 - Quanto mais as coisas mudam, mais elas permanecem as mesmas

Parte 2: Adentrando a Escuridão

Projeto E
Relatório de Observação da Terceira Criança
29 de fevereiro de 2016

[É interessante ver como os últimos acontecimentos mudaram Shinji. Obviamente, ela agora é mais auto-confiante, graças principalmente ao seu confronto com o Comandante e à sua relação com Asuka e Rei. Mesmo ainda sendo do tipo introvertido, é perceptível nele um certo ar de confiança. E isso teve resultados impressionantes nos seus resultados dos testes de harmônicos de hoje. Eles literalmente decolaram como foguetes, atingindo 10 pontos acima do nível de Asuka.
Eu tive as minhas dúvidas no começo, mas agora acredito que esta situação pode ser benéfica para ele. Se Asuka e Rei pudessem aprender a agir como um time... infelizmente, Asuka parece ter trocado de papel com Shinji. Ela foi obviamente muito abalada pelo fato de Shinji ter quebrado o seu recorde. E a sua guerra contra Rei não está ajudando.
Eu realmente gostaria que Shinji fizesse sua escolha por uma delas. E, mesmo sendo egoísta, tenho que admitir que eu espero que seja Asuka...]

                                - - -

"Vamos, Asuka... você não pode ainda estar brava por causa disso. Eu não bati o seu recorde por querer..."
"É exatamente esse o problema! Você nem mesmo tentou! Você simplesmente fez isso como se fosse a coisa mais natural do mundo!"
Eu tinha tido a esperança de que uma boa noite de sono pudesse acalmar Asuka. Obviamente, não era esse o caso.
"Foi apenas sorte. Eu vou provavelmente estar mais baixo da próxima vez."
"Eu não quero que você tente me animar!"
"Então não aja assim", disse Rei de repente. "De fato, você foi vencida. Agora é sua tarefa recuperar o que você perdeu."
Com toda a discussão, tanto Asuka quanto eu tínhamos nos esquecido de Rei. Ela tinha estado em silêncio até agora. Por um momento, eu quase acreditei que ela nem estivesse ouvindo, que ela simplesmente tinha se sentado ali e comido o café da manhã como se estivesse sozinha na cozinha.
"Você sabe que Rei-chan está certa", eu disse, percebendo que Rei tinha pego o ponto certo. "Você era a nossa melhor piloto até agora. Com certeza, tudo que você precisa é um pouco de treino e você me vencerá logo. Você é, afinal de contas, a melhor piloto que temos."
Eu percebi uma rápida distorção na face de Rei, mas ela desapareceu tão rapidamente quanto tinha aparecido. Ela apenas ficou comendo o seu arroz e torrada sem uma palavra. Eu sabia que ela não concordava totalmente com o que eu tinha dito, mas a Dra. Akagi tinha me dito uma vez que a nossa taxa de sincronia dependia de nossa vontade e mente somente, que era tudo mental e psicológico. Então, se Asuka realmente acreditasse que era sem dúvida a melhor piloto e treinasse duro para reconquistar a sua posição, ela teria sucesso.
"Talvez você esteja certo... eu sou a melhor afinal."
Ela não parecia muito convencida disso. Aquelas últimas palavras careciam da força usual que ela costumava usar.
"Você deveria comer antes que esfrie", eu disse a ela, apontando para a pilha de panquecas que nem sequer tinham sido tocadas na frente dela, tentando distrair a sua mente com alguma outra coisa.
Sem muita vontade, Asuka cortou um, pedaço de panqueca e colocou-o em sua boca. Então seus olhos se iluminaram e ela pegou mais um pedaço.
"Isto está bom! Você realmente se superou hoje, Shinji! Isto está bem melhor que o normal!"
A cabeça-vermelha do nada começou a engolir toda a sua refeição.
"Na verdade, eu não as fiz, foi a Rei. Eu a ensinei como fazê-las hoje de manhã. Mas você está certa. Elas estão deliciosas!"
"Obrigada", disse Rei, levemente corada.
"Asuka quase vomitou no seu último pedaço.
"O quê? A Garota Maravilha que fez? E você disse que você ensinou ela a fazer panquecas hoje de manhã?"
Eu assenti. De repente eu imaginei se eu deveria ter ficado calado a respeito do café da manhã.
"Porquê ensiná-la a cozinhar? Ela nem mesmo está comendo as suas malditas panquecas!"
"Bem, eu pensei que seria bom se ela soubesse cozinhar outras coisas além de comida instantânea... e... bem... ela me pediu."
"Te pediu?"
"Sim. Como noiva dele, é natural que eu deva saber como cozinhar as comidas que o Shinji gosta."
"Noiva?" gritamos Asuka e eu em perfeita sincronia.
"Sim. Deve ser questão de tempo até o compromisso."
Isso era uma coisa que eu não esperava. Eu ainda nem tinha escolhido uma delas e rei já estava assumindo que eu lhe pediria para se casar comigo... e do jeito que Asuka estava olhando para mim... eu provavelmente estava tão branco quando um fantasma."
Então, o telefone tocou. Perfeito! Rapidamente, eu escapei daquela situação horrível para atender. Eu quase me arrependi. Rei entendeu apenas por ver a expressão preocupada em minha face.
"Um Anjo..."

                                * * *

De dentro do entry plug do EVA, eu podia ouvir Misato através do sistema de comunicação.
"Asuka, Shinji, Rei, vocês podem me ouvir?"
Nós respondemos em coro.
"Eu mandei para vocês todos os dados sobre o alvo. Até agora, é só isso que temos. Aproximem-se com cuidado, observem a sua reação, e, se possível, tentem leva-lo para fora da área urbana."
"Entendido, Major", Asuka disse, feliz. "Mas você não acha que o Shinji deveria tomar a posição de ataque?"
"Hã?"
Isso era algo ímpar. Asuka estava renunciando da oportunidade de nos liderar?
"Bem, é que é natural que nós deveríamos ser liderados pelo atual recordista de sincronização, não acha? Ou você não tem confiança, Shinji?"
Dessa vez eu podia sentir a provocação em sua voz. Eu pensei em responder, mas desisti no último segundo. Não era necessário fazer o seu já levemente depressivo ânimo ainda pior.
"Tudo bem. Asuka, rei, me cubram."
"O que...?" gritou Asuka.
"Isso foi idéia sua. Tarde demais agora."
"Droga! A Unidade 02 vai cobri-lo."
"A Unidade 00 vai cobri-lo também."

                                * * *

Definitivamente era um Anjo. E um bem esquisito. Somente uma esfera preta e branca flutuando sobre Tokyo-3. Da minha posição eu tinha um tiro certeiro. Eu não poderia errar de jeito nenhum.
"Rei, Asuka, vocês já estão em posição?"
"Não ainda", era a suave resposta de Rei através do sistema de comunicação.
"Baka! Você sabe que um EVA não pode se mover tão rápido!"
Droga! Eu realmente não gostava disso. Eu não podia deixar de pensar em quando enfrentamos o Quinto. Aquele também tinha sido uma forma simples flutuando sobre Tokyo-3. E ele tinha quase matado eu e depois Rei. Quem poderia dizer quando este de agora iria atacar?
"Já chegaram?" eu perguntei mais para mim mesmo do que para elas.
Meu dedo estava coçando nervosamente no gatilho na arma da Unidade 01, alguma coisa que poderia ser descrita como uma pistola gigante. Eu não gostava disso. Realmente não gostava...
"Talvez eu devesse tentar matá-lo por mim mesmo..."
Movendo o EVA de leve do seu esconderijo, eu apontei a arma contra o Anjo. No entanto, eu não podia me decidir a atirar sem a ordem de Misato.
"Droga..."
Se Asuka estivesse no meu lugar, aquela coisa estaria provavelmente morta agora... como ela conseguia tomar decisões tão radicais?
Eu estava para atirar quando o alvo simplesmente... desapareceu. Então eu ouvi Hyuga através do sistema de comunicação.
"Padrão Azul. O Anjo foi detectado bem debaixo da Unidade 01."
"O quê?"
Eu olhei para baixo para ver um círculo negro aparecer na rua bem debaixo da Unidade 01.
"Uma... uma sombra?"
Então eu quase congelei de medo quando eu senti o EVA vagarosamente afundar pra dentro daquela coisa.
"Ah! O que é isso? O que diabos está acontecendo? Meu Deus! Eu... eu estou afundando!"
Em pânico, eu esvaziei o cartucho da minha arma no alvo. O EVA continuava afundando. Eu tentei sair daquela armadilha, mas as pernas do EVA não se moviam nem um centímetro. O que quer que fosse aquilo em que eu estava afundando, era denso demais para eu me mover...
Eu podia ouvir Misato e as garotas gritando desesperadamente pelo comunicador.
"Shinji-kun, corra! Shinji-kun!"
"Shinji!"
"Baka! O que você está fazendo?"
Eu não podia responder. Eu não podia nem pensar direito. Eu estava em pânico, gritando por socorro. Agora eu já não podia mover os braços do EVA também. Logo, a cabeça também teria desaparecido. Então... o que aconteceria comigo?
"Ejete o plug! Envie o sinal!"
"Inútil. Sem resposta."
"Misato-san! Misato-san!"
Era isso? Eu iria... morrer?
Com medo, fechei meus olhos. Eu só os abri novamente quando pude perceber que o EVA não estava mais afundando, nem ouvir nada além de estática no comunicador. Do lado de fora, a única coisa que eu podia ver era uma luz branca, quase cegante, que me forçou a desligar as câmeras externas. Nenhum dos monitores tinha detectado nada. Era como se eu estivesse flutuando no nada.
"Eu estou morto?"
A minha única resposta veio do monitor da bateria de emergência. O EVA tinha perdido toda a força externa. Novamente, eu entrei em pânico. Mas desta vez, eu consegui pensar no treinamento. Depois de perder preciosos quinze segundos de força, mudei para o modo de suporte vital. Tudo ficou repentinamente escuro e silencioso. Agora não havia mais nada aqui além de mim.
Eu não tinha certeza se eu tinha feito a coisa certa. Eu passei por momentos difíceis tentando suportar a vontade de ligar tudo de novo. O modo de suporte vital implicava em ficar vulnerável, já que a Unidade 01 não estava mais protegida pelo seu Campo AT, sem mencionar que eu não detectaria nenhum adversário que estivesse se aproximando. Se tivesse alguma coisa ali fora, eu estava à sua mercê. No entanto, não havia dúvida de que, se tivesse alguma coisa lá fora, ela já teria me atacado.
"Eu realmente estou com problemas desta vez..."

* * *

Dentro do EVA, eu esperei. Era a única coisa que eu podia fazer. Esperar. Mas o que eu estava esperando? Ser resgatado, ou a minha morte inevitável?
"Eu nunca pensei que não fazer nada pudesse ser tão exaustante."
Eu sabia, é claro, que ninguém iria me ouvir, mas eu precisava ouvir uma voz, mesmo se fosse só a minha.
Rapidamente, eu ativei os monitores do EVA. Nada. Nem mesmo barulho. Sem qualquer resposta do radar e do sonar. Eu estava tentado a acionar as câmeras externas, mas eu sabia que só veria luz branca.
Já tinham se passado doze horas desde que eu tinha mudado para o modo de suporte vital. O que significava que eu tinha apenas mais quatro ou cinco horas de força. Depois disso... minha vida acabaria.
Meu estômago roncou. Que irônico. Eu estava quase morrendo e tudo o que aquele corpo estúpido podia pensar era em comida. Como se já não fosse tortura o bastante.
"Isso realmente é um saco..."

                                * * *

Eu acordei de súbito. Talvez tivesse sido apenas um pesadelo. De qualquer modo, eu imediatamente entrei em pânico. A qualidade do LCL estava se deteriorando, provavelmente devido a um decréscimo da capacidade de purificação. A respiração estava mais difícil. Mas o pior era o cheiro. Sangue. O cheiro de sangue. Eu quase vomitei ao pensar que esse líquido estava preenchendo meus pulmões.
"Isso aqui está cheirando mal! Sangue, cheira como sangue! Eu... eu odeio esse lugar!"
Com medo, eu tentei abrir a saída de emergência do entry plug. Mas obviamente eu não consegui, porque ele ainda estava dentro do EVA.
"Porque eu não posso abrir essa fechadura?! Abra! Deixe-me sair! Misato-san! Misato-san! Asuka! Rei!"
Eu estava chorando agora. Eu simplesmente não podia evitar. Eu estava se ajuda nenhuma.
"Ritsuko-san... pai... por favor, me ajudem..."
Implorando pela ajuda do meu pai. Depois de tudo que ele tinha feito, de tudo que ele tinha tentado fazer. Eu não queria, mas não podia parar. Eu estava com tanto medo, tão sozinho...
Às vezes eu me detesto.
Eu finalmente me acalmei, aceitando meu destino, sem mais nenhuma força.
"Eu vou morrer..."

                                * * *

Eu devo ter caído no sono de novo. Com certeza, eu devo ter caído no sono, porque, mesmo depois de anos pensando naquele momento, essa é a única conclusão a que eu pude chegar. Eu estou quase certo de que foi um sonho. Tem que ter sido um sonho. Ou isso ou eu estive a ponto de enlouquecer.
Eu não estava mais no entry plug. Eu estava num vagão, indo para algum destino desconhecido. De frente para mim, eu podia ver um garoto, com provavelmente uns cinco anos. As sombras escondiam a sua face de mim.
"Quem? Quem é você?"
O jovem garoto se levantou em minha direção. Eu reconheci os olhos azuis. Eles eram meus. Mas estranhamente, eu não estava assustado. Mais uma razão para pensar que isso foi apenas um sonho.
'Eu sou você'
"Eu?"
'Sim, você. Eu sou suas esperanças e sonhos.'
"Esperanças? Sonhos? Eu esqueci o que essas palavras significam há muito tempo."
'Porque o papai nos abandonou? Isso é razão suficiente para perder as esperanças?'
"Eu sou mau. Ele nunca me amou. Para ele, eu sou apenas uma ferramenta para ser usada. Eu tenho certeza de que ele nunca quis que eu existisse. Ninguém nunca quis!"
'Mamãe nos amava.'
"A mãe se foi!"
'Mesmo assim, você está errado. Há pessoas que se importam conosco.'
Rapidamente, as faces de Rei, Asuka, Misato e Kaji apareceram na minha mente. Depois as de Touji, Kensuke e Hikari.
'Nossa família e amigos.'
"Eles somente se importam porque não têm mais ninguém por perto. Eles só precisam de um piloto! Cedo ou tarde, eles vão achar alguém melhor e me deixar para trás como o pai fez!"
'Você está apenas enganando a si mesmo."
Rapidamente, eu ouvi algumas palavras na minha mente.
*Você fez algo admirável hoje. Você deve se orgulhar de si mesmo.*
Misato tinha dito isso depois da minha primeira batalha dentro do EVA.
*Bom trabalho, Shinji.*
O pai tinha me elogiado depois do Décimo.
*Você cresceu, Ikari Shinji.*
Palavras ditas por Kaji depois do meu encontro fracassado com Asuka.
'Porque essas pessoas pensariam que nós temos valor se nós fôssemos inúteis como você acredita?'
"..."
'E quanto a Rei-chan e Asuka-chan? Elas gostam de nós. Elas nos desejam.'
*Ikari. Você quer se tornar um comigo?*
*Você gostaria de fazer sexo comigo?*
Eu não sabia o que pensar.
"Eu só vou machucá-las..."
*ME DEIXE EM PAZ!*
Eu ainda podia ver as lágrimas de Asuka na minha mente. Quanto tempo levaria até eu fazer Rei chorar também?
"Eu apenas as estou usando como o pai faz com todo mundo na NERV! Eu não sou melhor que ele!"
*Percebi. Então você vai brincar por aí conosco até se decidir, é isso?*
Asuka estava certa. Eu era um canalha.
'Mas elas se importam conosco. Elas te amam.'
*O Shinji me pertence!*
*Eu ainda não estou certa do que é o amor. Mas eu acredito que amo o Ikari-kun.*
'E nós as amamos.'
Sim. Era verdade. Eu as amava.
'Elas têm pleno conhecimento de nossos sentimentos. E mesmo assim, elas não parecem se importar se elas vão se machucar ou não pelas nossas decisões. O prazer não pode existir sem a dor, assim como a luz não pode existir sem as trevas.'
*Se você não pilotar, você condenará Rei e Souryu à morte.*
Imagens de Rei e Asuka sem vida caídas numa piscina de sangue explodiram em minha mente.
'Você as machucaria ainda mais deixando-as do que ficando ao lado delas.'
Imagens de Rei e Asuka, em lágrimas.
'Você quer que elas sofram tanto quanto nós?'
Imagens do pai me deixando quando eu era apenas um garotinho.
"Não!"
'O que você deseja então?'
"Eu não quero morrer..."
Eu mal sussurrei as palavras. Mas assim que elas saíram de minha boca, eu engasguei com o seu sentido completo e entendi que era isso que eu realmente queria.
"Eu não quero morrer."
Quando eu cheguei pela primeira vez à NERV, eu estava no caminho da auto-destruição. Eu não me importava com a minha vida. Eu tinha várias vezes pensado na morte, mas nunca realmente tinha ido em frente porque eu não tinha coragem para tanto. Ou pelo menos era isso que eu pensava naquela época. Eu percebi que o que realmente necessita de coragem não é morrer, é viver, realmente viver.
"Eu não quero morrer!"
Eu não queria morrer sozinho neste lugar vazio.
"Eu não quero morrer!"
Se eu pudesse pelo menos segurar Asuka e Rei por mais uma vez em meus braços...
"EU NÃO QUERO MORRER!"
"EU QUERO VIVER!"
'Então, assim será.'
Por um breve momento, eu me senti envolvido por um calor confortável e um sentimento estranho. Uma sensação... como... o amor?
Então eu senti uma breve presença. Familiar.
Eu não posso lembrar de mais nada depois daquele ponto.

                                * * *

Eu acho que acordei com o som do entry plug sendo aberto. Não tenho certeza. As minhas memórias daqueles acontecimentos ainda estão meio confusas. Quando eu abri meus olhos, vi uma forma familiar.
Mãe?
"Shinji-kun, Shinji-kun, Shinji-kun!"
Quando consegui algum foco, percebi que era Misato. Ela estava em prantos.
"Shinji-kun, você está bem? Shinji-kun!"
"Eu só queria... vê-las... mais uma vez..."
Misato me abraçou fortemente. Eu acho, eu devo ter desfalecido ali.

                                * * *

Quando eu acordei pela segunda vez, eu estava num lugar completamente diferente. Um que estava começando a ser familiar. A enfermaria da NERV.
"Eu realmente odeio esse teto..."
Assim que eu sussurrei essas palavras, eu percebi que o meu peito estava pesado. Então eu percebi que Rei estava ali. Ela tinha caído no sono.
"Quanto tempo você esteve aí?" eu perguntei, sem esperar resposta, ao deixar meus dedos seguirem livremente pelo seu suave cabelo azul.
Isso a acordou. Primeiro, ela me deu um olhar confuso, depois percebendo onde ela estava, ela me abraçou e me beijou desesperadamente. Isso foi tão inesperado que eu mal reagi. Então, ela caiu em prantos. Eu estava chocado; era a primeira vez que eu a via chorar. Eu não sabia o que fazer. Quase instintivamente, eu a segurei forte.
"Está tudo bem, Rei-chan. Está tudo bem..."
"Shinji! Eu estava tão preocupada! Eu pensei que tivesse te perdido!"
Eu lembrei do sonho, visão o que quer que eu tenha passado dentro do EVA. Então era verdade. Elas precisavam de mim. Rei realmente me amava.
"Está tudo bem, Rei-chan. Eu estou aqui. Você está em meus braços agora. Eu não irei embora. Eu prometo."
Isso pareceu acalmá-la, porque seus soluços pararam.
"Você promete?"
Eu assenti.
Quando ela deixou meus braços, eu não pude deixar de notar que ela parecia ainda mais bonita com uma expressão como aquela em sua face. Então eu percebi algo estranho. Havia uma cicatriz na sua bochecha esquerda. Ela tinha se machucado na luta contra o Anjo?
"Quem... quem matou o Anjo?"
Ela me olhou confusa.
"Você."
"Eu?"
"Sim. O seu EVA saiu do controle de novo."
Isso provavelmente explicava porque eu não me lembrava de nada.
"Eu vou deixar você descansar agora..."
Ela estava quase saindo quando eu falei.
"Obrigado Rei-chan, por ficar ao meu lado."
Ela sorriu, e então abriu a porta, para revelar uma Asuka que obviamente tinha estado espiando. As duas garotas trocaram um olhar negro por um momento, até que Rei estivesse fora do quarto. Então Asuka olhou para mim e corou.
"Desculpe..."
A primeira coisa que eu percebi foi o seu olho roxo e um grande corte no lábio. Então eu entendi.
"Vocês duas brigaram, não?"
A face de Asuka ficou branca.
"Eu vou entender como um sim."
"Nós duas estávamos preocupadas, e eu disse coisas que eu não deveria, e..."
"Está tudo bem."
Asuka pareceu surpresa ao ouvir aquilo.
"Está?"
"Se for a última vez que vocês brigam, eu acho que posso perdoá-las. Agora, por que você não vem aqui e me dá um abraço?" eu disse com um grande sorriso.
"Vai sonhando!"
"Tudo bem então. Vá embora, assim eu posso voltar a dormir de uma vez. Não quero perder esse sonho."
Asuka me deu um olhar curioso.
"Você tem certeza que esse Anjo não mexeu com a sua cabeça?"
"Acho que não."
"Bem... eu não posso deixar a Primeira ter vantagem sobre mim..."
Meio sem jeito, Asuka veio até perto da minha cama. Nós fitamos um ao outro por um longo minuto. Então ela me pegou em seus braços.
"Estou feliz que você esteja vivo!"
"Acredite, eu também..."

                                * * *

Levou as usuais vinte e quatro horas antes que eu fosse considerado pronto para deixar a enfermaria. Eu realmente estava ficando cheio de todos aqueles testes.
Quando eu voltei para casa, Misato queria dar outra de suas festas para celebrar o meu retorno e a vitória sobre o Décimo-Segundo. Eu polidamente recusei. Eu só queria alguma paz. Asuka pareceu entender, já que ela quase não gritou comigo. Eu fiquei surpreso como os seus ferimentos se curaram em um dia.
Eu fui para a cama cedo. Como eu disse, é incrível como não fazer nada pode te deixar cansado.
Pela segunda vez em menos de uma semana, eu fui acordado no meio da noite por alguém deslizando para a minha cama.
"Rei-chan?" eu rosnei, ainda meio dormindo.
"Garota errada, baka."
Isso foi suficiente para me acordar completamente. Com a devida certeza, assim que meus olhos se ajustaram à pouca luminosidade do quarto, eu pude ver dois olhos azuis rodeados por um comprido cabelo vermelho bem na frente do meu nariz.
"A... Asuka!"
Por um segundo, eu entrei em pânico e quase tentei fugir, mas Asuka pareceu antecipar o meu movimento segurando-me forte no lugar.
"Não tenha medo. Eu não vou morder. A não ser que você me peça..."
Eu não tinha certeza se gostava do jeito voraz daquele sorriso na sua cara.
"O que você está fazendo aqui? Não me diga... não me diga que você não pôde dormir..."
"Eu não tenho uma desculpa tão conveniente. Eu só queria saber como é que é..."
Ela me abraçou forte, juntando nossos corpos. Eu podia sentir claramente os seus seios contra o meu peito e a pele suave de suas pernas contra as minhas. Não teve jeito de evitar a reação da região de baixo. Ou Asuka não percebeu ou simplesmente não se importava.
"É quente..." ela sussurrou em meu ouvido.
Seus lábios encontraram os meus. Naquele ponto, a única coisa que eu pude fazer foi derreter em seu abraço. Nós trocamos um beijo muito longo. Então ela sussurrou uma outra coisa para mim.
"Sabe, Ayanami está errada. Eu... eu... eu gosto de você, Shinji."
Eu não sabia o que dizer. Eu nem sabia o que pensar. Então Asuka gostava de mim afinal... mas o que aquilo realmente significava? Ela gostava de mim como um amigo? Ou ela me amava? Mas, se ela não me amava, o que ela estaria fazendo aqui?"
Meus pensamentos foram interrompidos pelo som leve de um ronco vindo da garota. Ora, veja só, ela tinha caído no sono.
Cuidadosamente, eu tentei me livrar de seu abraço. Eu realmente não queria gastar a noite inteira tão perto dela. Então eu olhei para ela. Ela era tão bonita. Vendo essa garota dormindo assim, tão em paz, não daria nem pra imaginar que ela poderia realmente ser realmente insuportável às vezes. Eu me lembrei da primeira vez que eu estive numa posição similar. Eu quase a beijei. Desta vez, eu não parei. Apenas um beijo bem de leve, não suficiente para acordá-la. Inesperadamente, segundos depois, ela murmurou meu nome. Eu não posso descrever quão bem eu me senti com aquilo.
Eu fechei meus olhos e tentei dormir também, mas sem nenhum resultado. Eu simplesmente não podia dormir sabendo que essa garota estava na mesma cama que eu. Eu podia ter sido um imprestável, mas eu era ainda um garoto. Não tinha como deixar de ter idéias ao ver os seus seios semi-expostos, para não mencionar o seu corpo contra o meu. Apenas o seu cheiro já era intoxicante.
Estranho que eu não tenha tido esses pensamentos noites antes, junto com Rei.
Eu suspirei e olhei para o teto. Essa seria uma noite bem longa...



[Continua...]




Da próxima vez:

Aquela que eu amo é...
Capítulo 6 - Amigos


-- nota de tradução: pequeno Shinji falando "papai" e "mamãe".


Omake


- Cena 1 -

Então, o telefone tocou. Perfeito! Rapidamente, eu escapei daquela situação horrível para atender. Eu quase me arrependi. Rei entendeu apenas por ver a expressão preocupada em minha face.
"Um Anjo..."
Eu balancei a cabeça.
"Não. Godzilla. Ele voltou!"


Godzilla VS Evangelion
Breve num cinema perto de você.


- Cena 2 -

Eu fui para a cama cedo. Como eu disse, é incrível como não fazer nada pode te deixar cansado.
Pela segunda vez em menos de uma semana, eu fui acordado no meio da noite por alguém deslizando para a minha cama.
"Rei-chan?" eu rosnei, ainda meio dormindo.
"Não chegou nem perto."
Isso foi suficiente para me acordar completamente. Com a devida certeza, assim que meus olhos se ajustaram à pouca luminosidade do quarto, eu pude ver dois olhos marrons complementados por um cabelo loiro que ia até os ombros bem na frente do meu nariz.
"R... Ritsuko-san!"

(Deixo o resto por conta da sua imaginação)


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Notas do Autor:


(1) Eu fui informado de que no Japão existem aulas de meio período aos sábados. Como na série as Crianças não parecem fazer nada nessas horas, eu pensei que isso se encaixaria. Mais uma razão para Asuka odiar as aulas de domingo.

Primeiro: o título deste capítulo foi inspirado pelo título de um fanfic de Ranma "The more things change..." Você deveria lê-lo, é um ótimo fic!

"The more things change..." - http://www.uh.edu/~rpm/tmtc/

Agora, eu gostaria de agradecer a Axel Terizaki, Darren Demaine e R. Alexander Spoerer pela sua ajuda neste capítulo, principalmente com o confronto entre Gendou e Shinji e o pequeno omake (eu estava sem idéias). De fato, algumas pequenas partes deste capítulo e os omakes foram escritos por Darren e R. Alexander. Pode não parecer muito, mas essa ajuda foi inestimável na construção da Parte 2.

Finalmente, sobre a história em si. Você provavelmente notou que a Parte 2 é sobre o ataque do Décimo-Segundo Anjo. Embora a idéia geral tenha permanecido a mesma (alguns diálogos permaneceram intocados), ainda assim ela é bem diferente do Episódio 16. "Por quê?" você pode perguntar. É bem simples na verdade. Você provavelmente percebeu que a vida de Shinji mudou muito até agora, bem como ele próprio. Sob tais circunstâncias, eu não achei que os acontecimentos originais, especialmente a introspecção de Shinji enquanto ele estava no Mar de Dirac, fossem consistentes com o novo Shinji. Então eu tive que mudar as coisas um pouco. Assim, isso também evitou simplesmente "copiar e colar" o que aconteceu naquele episódio.

A cena introspectiva de Shinji foi principalmente influenciada pelos episódios 25-26, End of Evangelion (especialmente o despertar de Asuka) e, é claro, a linha da história de TOILI (pegou várias linhas dos meus capítulos anteriores).

Alguns de vocês podem pensar que a cena com Gendou pode ser meio FP (Fora do Personagem). Eu não posso culpá-los, eu também pensava assim. Mas de qualquer jeito, eu fui em frente. É mais ou menos como a cena depois do incidente com a Unidade 03, mas desta vez Shinji enfrentou seu pai por sua livre e espontânea vontade e ele teve tempo para se preparar para essa tarefa colossal. Gendou pode parecer não reagir muito. Provavelmente é porque ele acha que as reivindicações de Shinji ameacem seus planos. Enquanto ele puder manipular Rei, não há problema. Se isso significa deixá-la ter alguma diversão com seu filho, então que seja. Isso pode até mesmo lhe dar meios adicionais de controlá-la. Sem mencionar que Gendou certamente já tinha antecipado a possibilidade de um despertar emocional em Rei.


Nota do Tradutor:

No diálogo de Shinji com ele mesmo, o pequeno Shinji se refere a Gendou e Yui como "papai" e "mamãe". Adotei essa "nomenclatura" por achar perfeitamente natural que um garoto de 5 anos dirija-se e/ou fale de seus pais dessa forma, diferentemente dos garotos de 14/15 anos (como Shinji), que já preferem usar simplesmente "pai" e "mãe". É claro que, no Japão, acredito que, de certa forma, isso poderia ser equivalente à diferença entre "otoo-chan" e "otoo-san", bem como entre "okaa-chan" e "okaa-san".


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Notas de tradução:

Gott sei Dank! : Graças a Deus!



Alain Gravel
rakna@globetrotter.qc.ca
28 de Abril de 1999

Iniciado em 9 de Março de 1999
Primeira versão do pré-leitor terminada em 38 de Abril de 1999
Segunda versão do pré-leitor terminada em 5 de Maio de 1999
Terceira versão do pré-leitor terminada em 8 de Maio de 1999
Versão final terminada em 20 de Maio de 1999
Revisões finais em 8 de Março de 2000