domingo, 27 de junho de 2010

Aquela que eu amo é... Capitulo: 03

É uma honra tê-los novamente no memorial! Prontos para mais Toili? O Capitulo 03, saindo do forno, só para vocês!

Aquela que eu Amo é... 
Capitulo 3 - Quebrando o Gelo
Escrito por Alain Gravel
Traduzido para o português por Carlos Jacobs
Revisado por Francisco M. Neto
Baseado nos personagens criados pela GAINAX

Http://www.geocities.com/Tokyo/Teahouse/2236/

(*) Veja notas de tradução para detalhes

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Capitulo 3 - Quebrando o Gelo

   Um dia havia se passado desde aquele apressado dia dos namorados. 
Mesmo não sendo ruim, o dia seguinte não tinha sido melhor. O único ponto positivo aquele dia foi uma longa e bastante lucrativa discussão com Kaji. 
Alem disso... Asuka me tratava como se eu não existisse. E graças a um bom numero de rumores, que envolviam Rei, Asuka, Hikari, e eu, a escola tinha sido um inferno. Eu odiava ser o centro das atenções; a provocação usual de Touji e Kensuke era suficiente para mim. E por causa destes malditos rumores, Touji ficou na minha cola o dia todo. Quem tinha sido o baka que tinha aparecido com este estúpido rumor que eu tinha um relacionamento secreto com Hikari de qualquer forma? E Rei? Bem... ela estava de volta ao seu normal. Para ser sincero, depois do que tinha acontecido, eu não estava seguro se isso era bom ou ruim. Isso era o que mais me assustava. Ela já tinha mostrado uma razoável explosão de emoções. Quem poderia dizer quando a próxima poderia acontecer? E o que ela poderia fazer...
    Ainda assim, eu finalmente decidi vê-la de novo, como prometido, para mostrar para ela como cuidar dos seus lençóis.
    Estava agora tudo girando na sua velha, mas aparentemente funcional, 
máquina de lavar. Por um bom tempo, nenhum de nós falou.
    "Você não veio ontem como você tinha prometido. Porque?"
    Droga! Ela estava brava. Eu não apareci, mas eu estava certo disso...
    "Bem..."
    "Você se sentia desconfortável por causa do que aconteceu?"
    Como ela fazia aquilo? Eu era tão fácil de ler?
    "Hmm... Eu... Eu acho..."
    "Porque?"
    Se fosse qualquer outra pessoa, eu teria imaginado que era uma piada. Mas no caso de Rei... havia uma inocência genuína nela, algumas coisa que pareceriam obvias para qualquer um pareciam desconhecidas para ela. Eu seguidamente tentava imaginar porque, mas de alguma maneira, eu somente podia pensar em uma resposta: Pai.
    "Bem... eu... eu acho que eu estava... com medo. Eu não estava certo sobre que tipo de reação esperar de você..."
    "Você estava com medo de mim?"
    Ela tinha mantido seu tom de voz usual mas eu podia ver em seus olhos que ela parecia de alguma forma ferida.
    "Não! Não era isso que eu queria dizer... eu... isso... isso apenas me pareceu rápido demais. Eu entendo seus sentimentos... ao menos eu acho que entendo. É que apenas... eu penso que eu não estou pronto para isso ainda. Eu não estou... nem mesmo certo sobre como eu me sinto sobre você. 
Eu gosto muito de você... mas suficientemente... você sabe... para ser  íntimo assim... 
    Droga! É tão confuso..."
    "Eu entendo."
    Ela virou a sua cabeça para longe. Ela estava brava? Talvez eu tenha dito alguma coisa que tenha ferido ela.
    "Isso não significa que eu não me importe com você. De fato... você gostaria... você gostaria de sair comigo na próxima noite de sábado?"
    Ela olhou para mim, com curiosidade em seus olhos.
    "Sair?"
    "Sim. Em um encontro."
    "Um encontro? Como é isso?"
    Ela... ela não sabia? Eu sabia que suas habilidades sociais eram... limitadas, mas tanto assim?
    "É... é uma ocasião para um rapaz e uma garota se encontrarem... estarem juntos... e fazer alguma coisa fora do comum."
    "Nós nunca lavamos roupa antes. Isso significa que estamos atualmente em um encontro?"
    Eu pisquei. Ela não estava brincando, estava?
    "Não... não realmente. Lavar roupa é muito pouco romântico..."
    O olhos de Rei pareceram se acender.
    "Então um encontro envolve romance entre um homem e uma mulher?"
    Terreno perigoso aqui.
    "Bem... nem sempre. Seguidamente, eu penso que o seu propósito é ajudar duas pessoas a descobrir se eles podem fazer um bom casal."
    Entendimento aparentemente apareceu na sua face.
    "Então ao me convidar, seu propósito é descobrir se eu posso ser uma boa companheira para você?"
    "Er... eu... eu acho que isso é uma forma de colocar isso."
    Ela sorriu. Cara, eu realmente amava aquele sorriso.
    "Então, nós devemos sair juntos no sábado a noite."
    Wow! Isso tinha sido fácil!
    "Realmente? Genial!"
    Novamente, ela parecia intrigada.
    "Isso o agrada?"
    "Bem... sim. Eu... eu tenho estado interessado em te conhecer melhor a um bom tempo."
    "Por que você não perguntou sobre mim antes?"
    Eu encolhi os ombros.
    "A ocasião nunca apareceu. Ou melhor, eu não estava pronto, eu imagino."
    "E sobre a segunda? Você vai sair com ela em um encontro também?"
    Eu congelei. Por um momento, eu pensei que meu coração realmente tinha parado de bater...
    "Eu entendo."
    Eu não sabia o que dizer. Isso era realmente embaraçosos
    Então, Rei sorriu.
    "Não importa. Eu vou vencer."

                                * * *

    Finalmente, Misato voltou do quartel general da NERV. Eu tinha estado esperando por isso o dia todo. Os planos que eu tinha armado com dependiam das noticias que ela ia me dar.
    "Então? Como é que foi?"
    Com um dedo, ela me fez sinal para esperar. Ela foi até a cozinha, agarrou uma lata de cerveja, engoliu ela, então finalmente me deu alguma atenção.
    "Muito doloroso. Pagar você significa pagar Asuka e Rei também, e seu pai não parecia excitado com a idéia de Rei ser financeiramente independente. Isso tomou um monte de argumentação. Contudo, a idéia de seus pilotos entrando em greve e contando aos oficiais da ONU que ele arriscou a suas vidas por nada 
finalmente convenceu ele de que seria melhor concordar."
    Este argumento tinha sido idéia de Kaji. Por alguma razão, ele parecia acostumado a lidar com meu Pai e era melhor ainda em prever suas reações.
    "Uma vez que seu pai tenha aceitado, não foi difícil colocar vocês três na folha de pagamento," Misato continuou. "Parabéns Shinji! Você é agora oficialmente um empregado da NERV e como piloto de Evangelion você tem um contracheque maior que o meu."
    O fato de que meu pai tinha concordado em nos pagar era surpreendente, mas isso era uma surpresa ainda maior.
    "Eu vou ser melhor pago do que você?"
    "Sim. Eu o indiquei para o maior salário que eu pude. Seis milhões de ienes por ano, mais ou menos cento e 15 mil ienes por semana. E um bônus de duzentos mil ienes toda vez que você entrar em combate e conseguir voltar sem nenhum arranhão no EVA."
    Eu ofeguei. Tanto dinheiro... e um bônus?
    "Você não está falando sério..."
    "Duzentos mil ienes não é muito comparado com os custos de reparo de um EVA..."
    "Wow..."
    Eu mal podia acreditar nisso. Eu realmente valia tanto dinheiro?
    "Cada um de vocês vai ter uma conta no banco aberta em seu nome. Seu pagamento semanal vai ser automaticamente depositado."
    "Perfeito!"
    Misato me deu um olhar curioso.
    "Se eu posso perguntar... por que você repentinamente quer ser pago? Você não se importava muito com dinheiro antes."
    "Eu não tinha que sair com duas garotas antes..."
    "Ah, eu entendo... ainda irá adiante com esta idéia?"
    Eu acenei com a cabeça.
    "Não há muito mais que eu possa fazer a menos que você queira que Asuka fique com Hikari permanentemente."
    "Ainda furiosa com você?"
    Eu balancei a cabeça novamente. Furiosa era atualmente um termo bastante leve.
    "Eu entendo... Bem, tudo o que eu posso dizer é boa sorte, eu acho."
    "Bem eu acho que eu vou precisar mesmo."
    Sim, sorte... o plano inteiro era uma loucura. Eu realmente iria precisar de alguma...

                                * * *

    Algumas vezes, eu imaginava porque eu me preocupava em ouvir os conselhos de Misato. Claro, isso soou bem naquela hora. Sair com Rei e Asuka. Bem simples. 
Exceto por um pequeno detalhe. Enquanto convidar Rei para sair tinha sido surpreendentemente fácil, o plano de Misato também envolvia convidar Asuka para um encontro estúpido, sem mencionar que eu ainda sentia que estava sendo um pouco desonesto com ambas as garotas. E desde a festa do dia dos namorados da Misato dois dias antes, Asuka não tinha trocado nem um olhar comigo, imagine palavras. O plano inteiro estava destinado a falhar...
    Afortunadamente, eu tive bastante perspicácia para falar com Hikari sobre meus planos, ou ao menos metade deles. Ela realmente não precisava saber que eu planejava sair com Rei em um encontro um dia antes de sair com Asuka.
    De qualquer forma, ela tinha sido bem receptiva às novidades e prometeu me ajudar. Desde que Asuka tinha procurado refúgio na casa dela nos últimos dois dias, ela me prometeu encontrar uma desculpa razoável para colocar Asuka para fora.
    Pareceu funcionar, porque Asuka entrou no apartamento pouco depois de eu chegar da escola.
    Ela estava, desnecessário dizer, em um tremendo mal humor.
    Nossos olhos se encontraram, mas ela rapidamente virou a sua cabeça, desgosto claro em sua face.
    Oh, deus! Isso vai ser difícil.
    Ela correu para o seu quarto, onde se entrincheirou.
    Eu bati em sua porta, mas a minha única resposta foi o silencio.
    "Asuka... Eu preciso falar com você."
    "Vai embora. Você pode falar com a sua estúpida boneca."
    Eu senti uma pontada de raiva, mas eu dei um jeito de suprimi-la. Agora não era a hora para ter aquele tipo de discussão.
    Talvez a forma mais simples seria dizer aquilo diretamente.
    "Misato nos prometeu um dia de folga domingo. Sem testes de harmônicos, sem escola... Você... Você gostaria... Você quer sair comigo?"
    Bem, eu tinha dito. Eu estava tremendo meu coração batendo em um ritmo anormal, mas eu tinha dito. Parecia que milagres aconteciam às vezes.
    Eu ouvi um barulho alto de coisa se quebrando no interior de seu quarto. Como isso não parecia o barulho de móveis sendo quebrados por uma furiosa piloto de Eva ruiva, eu me preocupei.
    "Você esta bem, Asuka?"
    Eu dei um jeito de soar preocupado. E eu estava.
    "Não, eu não estou! Eu acabei de cair no chão, seu baka!"
    Eu não me atrevia a perguntar como ela tinha conseguido aquilo ou porque.
    A sua porta se abriu e uma mão me acertou a cara. Forte. Suficiente para me atirar no chão.
    "Como VOCÊ se atreve a ME convidar para um ENCONTRO!"
    Eu tinha esperanças que ela ficaria feliz, mas ela estava claramente furiosa. Eu não podia culpá-la por isso, com o que tinha acontecido na noite da festa.
    Eu tentei me lembrar do que Kaji tinha me falado sobre ela. Se eu não me impusesse, ela nunca iria concordar. Eu não estava certo se eu estava à altura da tarefa. 
    Talvez eu devesse apenas ter escolhido Rei...
    "Talvez porque eu apenas queira passar algumas horas agradáveis com VOCÊ...", eu respondi enquanto me levantava.
    A saber... parecia que eu tinha alguma coragem afinal de conta.
    "Porque? Já ficou cansado de sua boneca?"
    Eu dei a ela um olhar mortal, mas, novamente, me mantive tranqüilo. 
Talvez a calma de Rei estivesse começando a pegar em mim.
    Eu aproveitei o tempo para cuidadosamente escolher minhas palavras, eu precisava esconder meu nervosismo. E tampouco queria mentir.
    "Eu estou certo que ela aceitaria alegremente. Mas eu não quero compartilhar este domingo com ela. Eu quero compartilhar com você..."
    Eu repentinamente tinha sido acertado pela inspiração. Droga! Kaji estava certo. Eu realmente tinha passado muito tempo com Asuka e Misato.
    Hora do golpe de misericórdia.
    "Mas eu imaginei que você não ia entender... você nunca tenta me entender... baka!"
    Enquanto eu apenas queria fazê-la se sentir culpada, quando eu falei aquelas palavras, percebi que eu realmente queria dizê-las, e a expressão de dor que apareceu na minha cara depois foi realmente genuína.
    Eu apenas sai dali e desabei em direção ao meu quarto, batendo a porta com toda a minha força.
    Repentinamente me senti drenado, desabei na minha cama e fiquei encarando o teto.
    Isto não tinha ido do modo que eu tinha planejado. Por alguma razão, eu tinha provavelmente dado um jeito de apenas me machucar.
Eu tinha começado a pensar que Asuka poderia não valer todo esse problema quando eu ouvi a minha porta abrir. Eu olhei e vi Asuka uma expressão suave na sua face.
    "Você realmente quer sair comigo?"
    Eu assenti com a cabeça.
    Por um breve instante, eu pude reconhecer muitas expressões na face dela. 
Alivio, vergonha, alegria e outros que eu não podia nem nomear. Isso, contudo, durou apenas um segundo. Quando ela falou de novo, foi com o seu usual ar arrogante.
    "Muito bem, terceira criança. Eu vou lhe dar a honra de se sair em um encontro comigo, Souryu Asuka Langley. É melhor você fazer valer a honra de sair comigo!"
    Eu dei a ela um sorriso confiante que a surpreendeu.
    "Você vai ver..."
    Asuka levantou uma sobrancelha.
    "Bem, bem... e de onde toda esta confiança veio?"
    É dito que lisonja pode conseguir qualquer coisa. Hora de conferir isso.
    "Não estarei eu em um encontro com a garota mais bonita de Tokyo-3?"
    Ela me deu seu mais bonito sorriso, antes de retornar ao seu eu arrogante. Se eu não estivesse sentado na minha cama, eu poderia ter caindo no chão. Por aquele breve momento, ela realmente era a pessoa mais bonita que eu conhecida.
    "Realmente você vai... realmente você vai..."

                                * * *

    A vida pode ser surpreendente. Dois dias atrás, Asuka tinha estado completamente furiosa comigo. Agora, ela vivia grudada em mim. Ele insistia para que caminhássemos juntos para a escola, que comêssemos nosso lanche juntos, que voltássemos para casa juntos... Ela quase veio comigo para o vestiário dos homens para trocar de roupa para a EF. Enquanto eu estivesse certo que a maioria dos caras não ia se importar, eu estava feliz por ter sido capaz de dissuadi-la daquela idéia.
    Algo estava errado com ela.
    Ela estava tentando me impedir de falar com Rei, com certeza era isso que parecia...
    Da quadra de basquete, eu olhei para a área das piscinas.
    Exatamente como ela era, Rei estava sentando em seu lugar habitual, obviamente perdida em seus pensamentos. Ela virou a sua cabeça um pouco e seu olhar se encontrou com o meu. Nossos olhos se mantiveram juntos por algum tempo, o suficiente para eu me ruborizar terrivelmente. Nós fomos interrompidos pela aparição da cabeça de uma certa ruiva alemã sobre o ombro de Rei. Ela me deu um olhar furioso.
    Isso era ruim, realmente ruim...
    Tentando salvar as coisas o melhor que eu podia, eu apenas sorri e acenei para ela. Os modos de Asuka pareceram mudar de raiva para alegria em um instante.
    "Oi, Shinji!"
    Ela começou a acenar para mim, conseguindo a atenção de todas as garotas ao seu redor e dos caras na quadra de basquete. Então, eu de repente me tornei o alvo de vários olhares.
    Não levou muito tempo para Touji e Kensuke começarem a me provocar.
    "Olha, Shinji, sua namorada esta acenando."
    "Ela não é a minha namorada!"
    "Ela me pareceu bem feliz por você estar olhando para ela, e ela não te chamou de baka toda a manhã."
    Surpreendentemente, eu me dei conta que Kensuke estava certo. Asuka tinha sido muito mais legal esta manhã que o comum.
    "E não me diga que você não gosta de olhar para ela", Touji continuou. 
"Sua pequena Asuka em trajes de banho. Olha, olha! Que pernas! Que peitos!!..."
    "Eu não estava olhando para ela! Eu estava olhando para Rei!"
    Droga! Eu realmente não gostei de ter dito aquilo...
    "Seu cachorro! Então você está se atirando para ambas?"
    De alguma maneira, eu não pude fazer nada senão sorrir.
    "Talvez eu esteja..."
    Isto calou a boca deles. Pelo menos por alguns segundos.
    "Isso não é justo! Você esta pegando todas as garotas bonitas! Eu quero pilotar um EVA, também..."
    Não era surpresa que Kensuke ainda estivesse obcecado com isso.
    "Sério, Shinji..."
    Touji tinha agora um olhar interessado.
    "Nos falamos depois. Esta noite. Esta tarde eu tenho de matar umas aulas."
    "Testes de sincronização?" perguntou Kensuke.
    "Não... Eu preciso falar com Misato."
    "Oh cara! Ele realmente tem todas as garotas!"
    Eu suspirei. Esses dois podiam ser impossíveis as vezes.
    "Bem, atualmente, eu ainda preciso convidar a Hikari..."
    "Não você não precisa!"
    Touji tentou enfatizar seus argumentos com seus punhos cerrados.
    "Qual o problema Touji? Não quer que eu pegue a sua namorada?"
    Touji começou a ficar muito vermelho.
    "Falando da Hikari, o aniversario dela não é amanhã?" Kensuke perguntou inocentemente.
    Touji ficou branco. Não pude fazer nada senão rir. Agora, esta era a sua vez de sofrer.

                                * * *

    Tomou certo tempo descobrir onde era o escritório da Misato. O quartel general da NERV era um local imenso e eu raramente visitava seu escritório. Quando eu vinha para a NERV era usualmente ou para lutar com os anjos ou para me submeter aos testes sem fim da doutora Akagi. Pessoalmente, quanto mais longe eu estivesse da NERV melhor eu me sentia.
    Que irônico, eu era agora um empregado da NERV.
    Eu finalmente encontrei o seu escritório. Felizmente, Misato estava lá, em sua escrivaninha, ou melhor, em um a pilha gigantesca de papel, murmurando alguns insultos contra as contas militares da ONU.
    "Eu preciso da sua ajuda Misato."
    Ela quase gritou, obviamente assustada. Talvez eu devesse ter batido antes?
    "Shinji! Você me assustou! Você não sabe bater numa porta?"
    "Desculpe..."
    Ela me deu o Olhar-de-Morte-da-Misato; o olhar que dizia "faça alguma coisa estúpida de novo e você está morto". Eu apenas congelei.
    "O que diabos você esta fazendo aqui? Você deveria estar na escola!"
    "Bem, eu não estou. Eu decidi seguir seu conselho então agora eu preciso da sua ajuda."
    A expressão dela rapidamente se suavizou.
    "Eu entendo. Então... como é que eu posso te ajudar?"
    Eu disse pra ela. Seus olhos se arregalaram.
    "Você quer o que? Mas que tipo de pervertido você é?"
    Mas que tipo de pensamento passou pela mente dela?
    "Ei! Eu não sou um pervertido!"
    "Então porque você precisa das medidas da Rei?"
    "Eu preciso comprar um vestido para ela."
    Novamente, ela parecia bastante surpresa.
    "O quê?"
    "Um vestido, você sabe, aquilo que as garotas usam..."
    Ela me deu AQUELE olhar de novo.
    "Eu sei o que é um vestido! O que eu quero saber é porque?"
    Eu sorri.
    "Você conhece um restaurante chamado 'Pour deux'?"
    Ela acenou com a cabeça.
    "Sim, com certeza. Lugar chique especializado em cozinha francesa e italiana. Estive lá uma vez com Ka... ahem... alguém..."
    Eu quase explodi em gargalhadas. Por que ela tentava esconder seus sentimentos por Kaji estava alem da minha compreensão.
    "Você tem a sua resposta. Lugar chique..."
    "Você não quer dizer... você quer levar Rei lá?"
    "Sim..."
    "Mas custa uma fortuna!"
    Eu dei de ombros.
    "Aquele pagamento que a gente ganha deve servir para alguma coisa..."
    "Mas você não vai ter nada até a próxima semana."
    Isso ia deixar ela chocada.
    "Kaji me emprestou um pouco de dinheiro. Um monte de dinheiro, realmente. Suficiente para pagar a comida, o vestido, alguma coisa legal para eu vestir e toda as outras coisas."
    Eu estava certo. Ela parecia aturdida. Novamente.
    "Kaji fez isso? Desde quando ele tem tanto dinheiro pra gastar?"
    "Não me pergunte..."
    Misato continuou em silêncio, obviamente perdida naquele pensamento.
    "Então? Pode me ajudar? Eu ia odiar ter de espiar as gavetas dela para descobrir o numero das roupas dela. E eu estou certo que depois de todos aqueles testes pelos quais passamos você já tem toda a informação que eu preciso."
    "Hm... isso não será um problema. Eu vou pedir pra Maya me dar as últimas medidas do plugsuit dela... Você sabe que tipo de vestido você quer comprar?"
    "Nenhuma idéia. E eu queria que fosse uma surpresa então eu não posso pedir para ela escolher..."
    Misato concordou com a cabeça.
    "Um... um garoto comprando um vestido para uma garota... isso não me parece apropriado... já sei, eu vou me encarregar disso!"
    Eu fiz uma careta.
    "Eu não sei..."
    "Confie em mim!"
    "Eu não sei..."
    Colocando suas mãos em meus ombros, ela me deu um olhar bem sério.
    "Você realmente pensa que pode lidar com isso? Eu estou certa de que você nem mesmo pensou que ela ia precisar de um par de sapatos para usar com o vestido..."
    Então um sorriso idiota cruzou a face dela.
    "... e... alguma roupa íntima para agradar seu homem enquanto estiverem naquilo..."
    "Misato!"
    Ela riu. Nada muito surpreendente, desde que eu era seu alvo de provocações favorito.
    "Somente brincando... mas eu conheço o local ideal. Seu trabalho é maravilhoso e eles não cobram muito. Eles também usam um novo tipo de tecnologia holográfica de ponta, que é perfeito para esta situação. Com nossos dados, vai ser fácil para eles fazerem um vestido perfeito sem a necessidade de um modelo vivo, e vai servir em Rei perfeitamente."
    Eu pensei um pouco. Isso soava bem.
    "Bem... OK... conquanto que você não lhe arranje alguma coisa indecente..."
    "Como você poderia pensar que eu faria alguma coisa assim?"
    "Nos vivemos no mesmo apartamento..."
    Ela me deu uma risada nervosa.
    "Não se preocupe! Eu vou fazer uma rainha da nossa pequena Rei!"
    De alguma maneira, eu não pude deixar de me preocupar...
    "Quando você vai precisar deste vestido?"
    "Sábado à noite."
    "Oh meu Deus! Sem muito tempo para perder! Eu vou dar uma ligada agora para a Maya!"
    Bem, ela parecia séria o suficiente. Talvez isso não fosse ser tão mal... eu 
esperava.

                                * * *

    É surpreendente o quanto é difícil manter um encontro em segredo. Imaginando que eu nunca ia conseguir sair do apartamento sem Asuka notar, eu fui forçado a pedir a ajuda de Touji. Poucos dias antes, ele tinha, depois de muita conversa, aceitado esconder as roupas formais que eu tinha comprado para esta ocasião. Agora, eu tinha de fingir uma visita a sua casa. Isso era altamente fora do comum, mas Asuka não fez nenhuma pergunta, e como ela não era louca por Touji, ela não insistiu em vir junto.
    "Cara! Eu vou te dizer, você esta cometendo um terrível engano..."
    "Me diga alguma coisa que eu ainda não saiba."
    Eu tinha estado tentando colocar aquela gravata estúpida corretamente fazia dez minutos. Desnecessário dizer que eu estava ficando um pouco irritado.
    "Se você sabe que isso é estupidez, então porque?"
    "Porque eu preciso para saber qual eu quero. Ambas estão me pressionando ao seu modo. Eu tenho de descobrir isso e rápido."
    Touji me deu um olhar de dúvida.
    "E você pensa que sair com ambas vai resolver seu problema."
    "Bem... eu espero que resolva..."
    Touji balançou a sua cabeça.
    "Cara... você esta desesperado..."
    "Ao menos eu estou saindo com alguém!"
    Eu imediatamente me arrependi de dizer isso.
    "Desculpe, Touji. Eu não queria dizer isso."
    "Bem, você pode ter razão..."
    Touji pegou a maldita gravata e resolveu meus problemas. Agora, ela finalmente parecia correta. De fato... eu ficava muito bem em traje formal.
    "Você sabe, você somente precisa pedir para ela..." eu disse a ele.
    "Porque eu iria querer convidar ela para sair?"
    Dessa vez fui que balancei a cabeça.
    "Nós não estamos na escola, você sabe..."
    Touji me mostrou a saída do seu apartamento.
    "Apenas vá para o seu encontro!"
    Eu concordei com a cabeça. Se ele não quisesse conversar agora, estava bem.
    "Obrigado," eu disse a ele, então eu me dei conta de algo. "se você vai me jogar na rua, pode ao menos me chamar um táxi?"
    "Baka!"

                                * * *

    Quando o meu táxi chegou no apartamento de Rei, eu encontrei Misato esperando do lado de fora. Ela tinha se oferecido para entregar o vestido para Rei e ajudar ela a se preparar para o encontro. Eu tinha sido relutante em aceitar a ajuda dela, mas quando ela disse que acreditava que Rei podia não saber como ficar apropriadamente feminina, eu realmente não pude discordar. Enquanto Rei dificilmente pareceria um garotinho, estava claro pela maneira como ela tratava as suas roupas e pelo seu cabelo desgrenhado, de que ela não se preocupava muito com a aparência. Diferente de Asuka, que algumas vezes podia monopolizar o banheiro por quase uma hora.
    "O seu acompanhante esta aqui, Rei!" Misato gritou.
    Era uma coisa boa que Rei não tivesse nenhum vizinho, de outra forma, todos teriam ouvido.
    Eu estava a ponto de censurar Misato quando de repente, Rei apareceu. As palavras simplesmente morreram em minha boca e meu coração começou a bater.
    "Kawaii..." (*)
    Eu pisquei, então esfreguei meus olhos, mas a imagem que eu tinha à frente deles não mudou.
    Ela estava maravilhosa!
    Ela usava um longo vestido azul de noite, que combinava com as curvas do corpo dela tão bem quanto o plugsuit. A parte superior, com exceção da gola, era aparentemente feita de um nylon azul claro que combinava com a cor do seu cabelo, através do qual era possível ver seus ombros, braços e uma bela vista de seu decote. A parte de baixo do seu vestido, um tom mais escuro de azul e feito de cetim, tinha uma abertura de cada lado que revelava as suas pernas.
    "Aya... Rei... você está tão bonita!"
    Suas bochechas ficaram vermelhas, fazendo ela parecer ainda mais perfeita, se possível.
    "Você mesmo está muito elegante, Ikari-kun."
    "Não, não, Rei. O que eu te disse?" disse uma visivelmente desapontada  
Misato.
    Rei balançou a cabeça.
    "Você é muito elegante, Shinji-kun."
    Eu podia ver Misato dando um tapa na sua testa em total desespero. Mas por mim estava ótimo. Shinji-kun. Eu gostava da forma como isso soava quando dito por Rei.
    Eu estendi a minha mão para ela e sorri timidamente
    "Podemos ir?"
    Rei sorriu de volta.
    "Podemos."
    Eu abri a porta do taxi e conduzi ela para dentro.
    "Você está certo que não quer que eu leve vocês para lá, Shinji?" Perguntou 
Misato quando eu fechei a porta.
    "Sim", eu respondi no caminho para o meu lado do carro. "É legal de sua parte oferecer, mas eu posso dar um jeito. Alem do mais, eu não quero que Ayanami fique doente antes do jantar."
    Eu me juntei a Rei dentro do taxi antes que Misato pudesse responder, um sorriso em minha face.
    Eu sabia que a major teria a sua vingança em breve... mas agora, eu não me importava. Eu estava agora com uma das duas garotas mais importantes do mundo, e estávamos indo a um encontro.

                                * * *

    Quando nós entramos no restaurante, eu fiquei impressionado. Mesmo não sendo realmente luxuoso, o lugar parecia chique no que parecia ser uma espécie de estilo europeu. Do lado de fora, parecia como qualquer outro prédio em Tokyo-3, feito de aço altamente resistente, mas o interior era completamente diferente. Como se uma pequena casa tivesse sido construída ali dentro. As paredes e pisos  eram todos de madeira, provavelmente carvalho ou outra madeira estrangeira. As mesas e cadeiras pareciam ser réplicas perfeitas, ao menos era o que eu pensava, de móveis europeus antigos. Havia muitas plantas verdes por todo o restaurante e mesmo dois aquários: um que continha uma boa quantidade de peixes maravilhosos, o outro contendo algumas lagostas vivas, que também estavam no menu. Todo o staff estava em roupas formais, e três músicos estavam em um palco tocando uma doce melodia de violino.
    O garçom que pediu as nossas reservas olhou duvidosamente para mim por um tempo, mas ao mostrar minha NERV ID acertamos as coisas. Rei e eu fomos graciosamente escoltados para a nossa mesa, e então recebemos os menus.
    "Então... o que você acha, Rei?"
    "Isso é... diferente."
    Eu sorri.
    "É essa toda a idéia. É uma maneira de escapar de Tokyo-3. Esta noite, não somos os pilotos Ayanami e Ikari, apenas Ayanami Rei e Ikari Shinji em um encontro. Sem Anjos. Sem Evas. Apenas nós..."
    "É insensato tentar escapar da realidade..."
    Eu quase ia me sentir mal por tê-la trazido aqui quando ela continuou, 
desta vez com um sorriso.
    "... mas isso é uma experiência interessante. E uma boa idéia ter você apenas para mim."
    Ouvindo isso, a palavra "alegria" provavelmente podia ser lida por toda a minha cara.
    Então, eu dei uma olhada no menu. Era bastante grande e protegido por uma capa de couro. Eu estava impressionado em quão detalhado ele era. Para cada refeição, podíamos ver uma apetitosa foto. Que prático!
    Meu estômago começou a roncar. Então, eu fiquei chocado ao ver a Rei dando risada.
    "Você deve estar com bastante fome."
    "Eu estou!" admiti.
    Rei pegou seu próprio menu e começou a procurar pela sua refeição.
    "Eu verifiquei antes de fazer as reservas. Eles tem uma boa variedade de refeições. Eles até mesmo tem molhos vegetarianos para as massas."
    "Eu entendo. É muito legal você ter se lembrado."
    Logo nos pedimos nossas refeições. Rei pediu um fettuccini Alfredo com uma salada Caesar enquanto eu pedi uma costela com molho de pimenta e purê.
    "Desde quando?"
    Rei me deu um olhar inquisidor.
    "Desde quando você tem estes sentimentos? Por mim?" eu timidamente perguntei.
    "Eu... eu não estou certa. Talvez desde a primeira vez. Eu sempre me senti confusa pela sua decisão de pilotar sem nenhum treinamento apenas para poupar a minha vida. Você é o único, com exceção de seu pai, que pareceu se preocupar com o meu bem estar. E desde aquele dia, você nunca parou de se preocupar..."
    Eu assenti. Eu me importava com ela. Provavelmente mais que eu me importava com a minha própria vida.
    "Isso é estranho. Mas algumas vezes eu sinto como se sempre o tivesse conhecido..." adicionou Rei, meio perdida em seus pensamentos.
    Eu entendia como ela se sentia. Eu às vezes me sentia da mesma maneira. Alguma coisa sobre ela, alguma coisa que eu não conseguia descobrir, vagamente familiar, ainda que diferente. Era um sentimento estranho.
    Logo, nossas refeições chegaram. Eu engasguei quando as vi. Eram pratos enormes, suficiente para alimentar nós dois com apenas um deles. Eu dei uma mordida no meu filé. E também era bom! Excelente! Uma grande mudança da comida da Misato, ou mesmo da minha.
    "Oh Deus!"
    Eu dei a Rei um olhar preocupado. Isso não era algo que ela usualmente diria.
    "Oishii!" (*)
    Com um olhar voraz, ela começou a literalmente inalar seu prato.
    Aquilo era estranho.
    "Eu posso... posso experimentar um pouco?"
    Eu tinha acabado de dizer as palavras quando Rei parou, seu garfo exatamente embaixo do meu nariz. Eu pisquei, então abri a minha boca, onde ela gentilmente  colocou o conteúdo do garfo. Eu tinha de concordar com ela... isso era incomum... mas verdadeiramente delicioso.
    Nós continuamos a comer por um tempo, em silêncio, quando eu finalmente encontrei a coragem para perguntar a ela uma coisa que eu estava pensando desde o dia dos namorados.
    "Me diga Rei, porque você... aquela noite... você sabe..."
    Eu sabia que eu estava corando. Isso parecia fazê-la sorrir.
    "Porque eu senti que seria certo."
    Eu dei a ela um olhar inquisidor.
    "Porque isso é verdadeiramente o que eu quero. Me tornar um com você. Corpo, mente e alma."
    Eu refleti sobre a questão um pouco.
    "Eu nunca tive este tipo de relacionamento antes... mas eu ainda acho que sexo não é suficiente para unir dois corações. De fato, não deveria ser feito quando dois coração já estivessem unidos? De outra forma, isso não seria sem sentido?"
    Rei piscou, surpresa.
    "Você... pode estar certo..."
    Então, a face de Rei escureceu de repente. Ela quase parecia triste. Eu não pude fazer nada a não ser me preocupar. Esta era primeira vez que eu via este tipo de expressão na Rei e eu sabia que eu não gostava.
    "Qual o problema, Rei?"
    "Se... se você está certo... então eu... eu não sei o que eu devo fazer para me tornar um com você..."
    "Eu mesmo não sei... mas... talvez não haja nada para fazer. Talvez seja apenas uma coisa que acontece. Você... você apenas tem que ser verdadeira consigo mesma. Seja quem você é, nada mais, e mostre isso para o mundo. Aceite seus sentimentos. Diga isso. Então... você verá.. se alguma coisa precisa acontecer, acontecerá. Se duas pessoas foram feitas uma para a outra, não irão seus corações chamar um ao outro?"
    Eu balancei a minha cabeça.
    "Eu não faço muito sentido, faço?"
    Surpreendentemente, Rei sorriu de novo.
    "Não. Você faz sentido. Eu acredito que eu e você estamos certos. Isso é o que deve ser. E isso vai acontecer. Meu coração esta procurando o seu. E o seu coração vai responder, Shinji-kun."
    "Eu gostaria de estar tão certo quanto você está..."
    "Você irá. Até lá, eu vou esperar até que você me escolha em vez de 
Souryu."
    Dito isso, Rei sorriu mais uma vez e alegremente voltou a sua atenção para a sua refeição. Tudo o que eu pude fazer foi sorrir para ela.
    Talvez ela estivesse certa. Talvez Rei e eu estivéssemos destinados a ficar juntos...

                                * * *

    'Eu apenas sonho com você '
    Eu desconfio que Kaji estava certo. Aquilo soava como um filme do tipo romântico.
    O cinema de Tokyo-3 era mais ou menos como eu me lembrava. Eu tinha vindo aqui uma vez, depois da batalha contra o Quarto Anjo. Naquela época, eu tinha estado bastante confuso e apenas queria fugir. O cinema tinha parecido um bom lugar para evitar a realidade. Não que realmente tivesse funcionado. Eu tinha sido rapidamente trazido de volta a realidade pelo som de dois adolescentes se beijando. Eu ainda me lembro de como eu me senti sozinho naquela hora. Mas agora, enquanto eu olhava para Rei, eu não me sentia mais sozinho.
    Pela primeira vez, eu me dei conta de quão grande o cinema era. E vazio. Além de Rei e eu, tinha apenas mais vinte pessoas. Isso não era surpreendente. Com os ataques dos anjos, o interesse em filmes tinha caído, bem como a população de Tokyo-3. Por um momento eu imaginei porque não tinha fechado ainda. Eu estava, contudo, feliz que ele ainda estivesse aberto.
    Eu escolhi o que eu achei que seriam bons lugares. Bem no meio, não muito perto da tela, mas não muito longe também. Justamente no lugar certo, assim não tínhamos de fazer muito esforço para levantar nossas cabeças para olhar para a tela.
    Logo, as luzes se apagaram, o que assustou Rei um pouco. Isso era, afinal de contas, a primeira vez que ela tinha posto os pés em um cinema. Eu olhei para ela e lhe dei um sorriso encorajador. Ela assentiu, então olhou para a tela que parecia criar vida.
    Primeiro, eu tinha pensando se isso tinha sido uma boa idéia. Rei estava olhando para a tela com aquele olhar distante dela eu rapidamente temi que ela estivesse ficando cheia, mas quando a relação dos personagens apareceu, ela mostrou um olhar de fascínio genuíno. Seus olhos pareciam se afogar na tela. Mesmo estando feliz por ela gostar do filme, eu estava um pouco desapontado também. Desconfio que eu esperava que ela prestasse um pouco de atenção em mim também.
    Então, ela tomou a minha mão nas delas. Seus olhos não tinham deixado a tela para fazer isso, mas eu estava bem feliz, sem dúvida.
    Eu perdi completamente o interesse no filme. Eu estava espantado com a leveza do seu toque, o calor e a suavidade da sua mão. Por um longo tempo, eu esqueci a tela e apenas olhava para ela.

                                * * *

    Enquanto eu esperava do lado de fora do cinema esperando que Rei voltasse do banheiro das mulheres, eu tentei colocar um pouco de vida no meu corpo. Assistir um filme era legal, mas duas horas confortavelmente sentados tinha a incômoda tendência de deixar todos os músculos dormentes. Felizmente, o clima estava bom, diferente da semana anterior que eu tinha levado Rei para casa. Eu fiquei vermelho com o pensamento do que tinha acontecido depois disso. Bem... o que quase tinha acontecido... eu tinha alguns arrependimentos por não ter agido de forma diferente.
    "Espero que Touji e Kensuke nunca descubram sobre isso. De outra forma, eu não verei o fim disso..."
    "Que segredo eles devem ignorar?"
    Surpreso, eu pulei para longe da fonte daquela voz. Rei! De alguma forma, 
Ela tinha dado um jeito de chegar por trás de mim, sem fazer o menor ruído.
    "Podemos ir?" ela perguntou. "É hora de ir para casa."
    Eu peguei meu celular para chamar um taxi. Adivinhando as minhas intenções, 
Rei me impediu de usá-lo.
    "Vamos caminhar."
    Eu não sabia o que pensar. Embora não fosse longe, era ao menos uma hora de caminhada do local onde estávamos até o apartamento. E pelo que eu tinha ouvido de Misato, nas poucas ocasiões em que ela foi a casamentos e eventos similares, saltos altos era supostamente desconfortáveis. Mas por outro lado, foi ela quem pediu para caminharmos. Além do que... eu poderia dizer não a ela? Quando eu olhei de novo para aquele tímido sorriso angelical, eu me dei conta que eu não podia.
    Timidamente, eu ofereci a ela a minha mão. Eu não sabia se ela ia aceitá-la.
    "Vamos..."
    Rei me surpreendeu tomando a minha mão nas delas. Novamente, eu estava espantado pela forma como eu sentia as suas mãos. Pela primeira vez, eu notei que elas eram menores que as minhas e que seus dedos pareciam mais delicados.
    Ambos ruborizando, fomos sem direção ao seu apartamento em silêncio. Nós realmente não precisávamos trocar qualquer palavra. A presença do outro era tudo o que nos precisávamos.

                                * * *

    Quando nós finalmente chegamos no apartamento dela, Rei me convidou para entrar, antes que eu fosse para o meu apartamento. Eu não queria entrar, 
mas eu não queria dar a ela a impressão de que eu não estava confortável com a idéia. Alem disso, desde aquela noite, nada tinha acontecido nas poucas vezes que eu a tinha visitado.
    Mesmo assim...
    Ela parecia muito sexy naquele vestido...
    "Talvez seja eu que deva ter medo..." eu pensei, me dando conta do tipo de pensamento que passava pela minha mente.
    Tinham se passado alguns dias desde a minha ultima visita, mas o apartamento ainda estava imaculado. Aparentemente, Rei tinha pego uma febre por limpeza. Eu somente esperava que ela fizesse isso por ela e não por mim.
    Como não tinha nenhuma cadeira no seu pequeno apartamento, ambos nos sentamos na cama. Rei começou a me encarar. Por um tempo eu tentei evitar o seu olhar, mas meus olhos teimavam em encontrar o caminho de volta aos dela. Me dando conta que eu devia quebrar o silêncio que nos mantinha presos naquela intimidade silenciosa, eu disse a primeira coisa que venho à minha mente.
    "Você... você gostou do filme?"
    Isso teve o efeito desejado, embora eu pense que vi rapidamente passar pela sua face uma expressão de dor antes dela voltar a seu usual semblante impenetrável. Mas então, ela sorriu e seus olhos pareceram subitamente queimar com uma paixão que eu raramente veria nela.

    "Sim." Sua voz parecia mais suave que o habitual. "Mas tem uma coisa que eu não entendo."
    "O que é?" Eu perguntei, esperando ajuda.
    Sem me dar chance para reagir, ela colocou seu corpo contra o meu.
    "Isso..." ela suspirou, me tomou em seus braços e colocou seus lábios contra os meus.
    Primeiro, eu apenas congelei, olhos completamente abertos, não realmente entendendo o que estava se passando. Então, rapidamente, meu cérebro começou a perceber o que se passava enquanto eu lentamente me derretia no abraço quente de Rei. Eu a abracei de volta forte e retornei o beijo o melhor que eu podia.
    "Eu acho que eu entendo agora."
    "Você está certa disso, Rei-chan?"
    Novamente, nossos lábios se encontraram, desta vez com mais paixão, quando nós dois nos deitamos na cama. Eu me surpreendi ao me dar conta que as minhas mãos vagavam por ela toda, mesmo em lugares onde eu nem me atreveria a ir se eu estivesse em meu estado normal. Eu fui recompensado por um pequeno gemido da parte de Rei e um beijo mais profundo.
    Eu não estou bem certo se as coisas poderiam ter ido mais longe aquela noite. Talvez. Mas eu nunca tive a chance de descobrir.
    Eu não sei porque, mas eu repentinamente pensei em Asuka.
    Eu parei o beijo.
    Rei me deu um olhar assustado.
    "Qual o problema, Shinji-kun?"
    Eu tentei sorrir.
    "Nada, Rei-chan," eu menti, "apenas quero me assegurar de que as coisas não vão muito rápido..."
    Essa foi um péssima desculpa, mas isso pareceu satisfazer Rei. Na verdade, ela corou um pouco. Eu imagino que ela mesmo imagina o quanto longe isso poderia ter ido.
    Silenciosamente, eu amaldiçoei Asuka. Maldita! Porque que ela tinha de existir?
    Então, eu fiz uma escolha. Amanhã seria a sua única chance. Eu a levaria num encontro, me asseguraria que ela se divertiria e explicaria a ela que nos poderíamos ser bons amigos e nada mais.
    Por que, em meu coração, eu sabia que ela já tinha perdido...
    Eu tinha acabado de me apaixonar por Rei.



[continua...]



Próxima vez:

Aquela Que eu Amo é...
Capitulo 4 - Não brinque com fogo



Omake:

    "O que ela está fazendo?" eu me perguntei.
    Contudo, na verdade, eu sabia o que ela estava fazendo. Ela estava olhando para baixo, para o campo de basquete. Aquela cadela estava olhando para o meu Shinji, eu estava certa disso! Sem hesitar eu olhei por sobre meus ombros para confirmar minhas dúvidas. Exatamente como eu pensava! Ela estava olhando para o  Shinji...
    Mas espere um minuto...
    Ele... ele estava olhando para ela! Meu Shinji!
    O babaca! Como ele se atreve! Como ele se atreve a me convidar e então olhar para ela ! Ela! Aquela boneca! O que ele poderia ver nela? Ela não era nada comparada a mim! Meus seios eram maiores! Meu rosto mais bonito! Eu era cem vezes mais interessante do que ela!
    Baka! Baka Shinji!
    Eu estava a ponto de gritar quando ele me viu. Então ele sorriu e começou a acenar para mim. Eu não sabia porque, mas eu senti a urgência de acenar de volta.
    "Oi! Shinji!" Eu disse, na minha voz mais meiga.
    Eu não sabia porque, mas algumas vezes, algumas raras vezes, aquele baka parecia fazer meu coração correr. Isso era louco. Ele era um fracote. Um idiota estúpido e covarde. Mesmo assim, tinha alguma nele...
    E ele era meu!
    Eu olhei para baixo, para a primeira criança. A estúpida garota nem mesmo se deu conta. Mas eu tinha vencido. Eu era aquela que ele tinha convidado. Não ela.
    "Você verá, primeira criança." Eu pensei. "Eu vou te mostrar. Eu vou me assegurar que você vai ter um infarto de inveja. Não importa o que você tente, eu vou te vencer! Eu não posso perder. Você é apenas uma boneca estúpida."
    Eu peguei um dos pulsos dela, e a atirei na piscina. Sem chance que eu ia deixar ela olhar para o meu Shinji nem mais um pouco.
    "Não fique ai, garota maravilha! Chegue antes de mim se ousar!"
    Ayanami Rei. Eu nunca vou perder para você!



Notas do autor:

Esta história acontece num futuro hipotético, mais de 16 anos a partir de agora. Então, quando chega a hora de falar de dinheiro, eu apenas peguei os mesmos números de hoje. Dificilmente, eu diria que um milhão de ienes (nesta historia) 
seria o equivalente a dez mil dólares americanos no ano de 1999. Então Shinji é pago quase que o equivalente a $60,000 na América de 1999. Meu chute é de que o pagamento de Misato seria em torno de $40,000 US.

Se algum dos leitores souberem a respeito de algum dos valores dos pagamentos do universo de NGE, sinta-se livre para me contar. Eu vou ajustar os valores se for necessário.

O nome do restaurante que Shinji levou Rei, "Pour Deux" (significando 
"para dois" em francês), foi pega de alguns fics de Ranma do Jeffrey 
"Oneshot" Wong. Por mais que eu tentasse pensar em um nome em francês, 
isso apenas acabava indo e voltando na minha mente. Eu finalmente decidi desistir...


---


Notas da tradução:

Kawaii : meigo, bonitinho

Oishii! : deliciosos! (no caso de Rei, pense em Lina Inverse no primeiro filme de Slayers)



Alain Gravel
Rakna@globetrotter.qc.ca
23 de Março 1999

Iniciado no dia 20 de fevereiro 1999
Primeira versão do pré-leitor finalizada em 11 de março de 1999
Segunda versão do pré-leitor finalizada em 23 de março de 1999
Versão final dia 27 de março 1999
Revisado dia 10 de maio 1999
Revisão final dia 10 de maio de 2000




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