segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Aquela que eu amo é... Capitulo 09


Como prometido, vou postar toda a saga até o final do ano!


Aquela Que Eu Amo É...
Capitulo 9 - Mente despedaçada/ eu estou aqui por você
Escrito por Alain Gravel rakna@globetrotter.qc.ca
Traduzido por Souryu-san souryu@fanfictionbr.cjb.net
Revisado por Ayanami-san ayanami@fanfictionbr.cjb.net
Baseado em personagens criados e de copyright de GAINAX

http://www.geocities.com/Tokyo/Teahouse/2236/

AVISO: este capítulo contem cenas de lemon/lime.

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Capítulo 9 - Mente Despedaçada / Eu Estou Aqui Por Você.

    Sentado em um transporte a caminho de casa, eu olhei para o nada. Eu
estava preocupado com os resultados dos testes de hoje. Rei tinha
mantido a sua taxa. A minha tinha aumentado. Mas a taxa de Asuka tinha
tido uma queda. Eu notei que ela parecia lentamente estar caindo desde o
ataque do décimo quarto anjo, mas nunca havia sido assim tão ruim.
Alguns pontos mais abaixo e ela não seria capaz de inicializar o seu
EVA. E eu não podia esquecer o que tinha acontecido alguns minutos
antes...

                                * * *

    "Você deve estar alegre. Você aumentou a sua taxa. Novamente. Agora
que a pequena cadela da Asuka não pode pilotar o seu EVA, é apenas você
e a Garota Maravilha! Oh... mas você não precisa da Garota Maravilha...
você é o invencível Shinji afinal de contas! Eles não precisam de nós
garotas. Nós não precisamos fazer nada. Eles apenas precisam de Shinji!
Ele cozinha, limpa, e mata anjos! Se Shinji está aqui, tudo ficará bem!"
    Nós tínhamos estado andando no elevador, quietos por alguns momentos
agora, em nosso caminho para sair da NERV, quando Asuka repentinamente
explodiu. Isso me pegou completamente de surpresa e eu simplesmente
olhei para ela com cara de bobo. E isso apenas a tornou mais furiosa.
    "Não me olhe com essa cara de bobo que não sabe de nada, seu
babaca!"
    "Eu... eu sinto muito."
    Dura e rapidamente, ela me bateu. A surpresa e a força do golpe
foram suficientes para me fazer cair pra trás. Eu não precisei nem olhar
para saber que o meu rosto ia ficar marcado e inchado por um bom tempo.
Isso machucou demais. Quando eu levantei uma mão para tocar o lugar
aonde a sua tinha atingido a minha face, um olhar de choque e horror
passou pela garota.
    "Mein Gott! Shinji!"
    Ela se agachou e me fez encolher quando os seus dedos tocaram as
minhas bochechas.
    "Eu... eu sinto muito... eu... eu não queria... eu sinto tanto!"
    Essa foi a primeira vez que me ocorreu que algo estava muito errado
com Asuka.
    "Está bem," eu disse, tentando sorrir apesar da dor, "nem mesmo
machucou."
    "Mentiroso."
    Eu encolhi os ombros.
    Eu me levantei e dei a ela a mão para ajuda-la a se levantar quando
o elevador parou e as portas se abriram fora do elevador a tenente Ibuki
nos olhava, uma leve expressão de choque e sua face lentamente corando.
Eu nem mesmo queria saber que tipo de pensamento passava pela cabeça
dela. Asuka se levantou e ambos deixamos o elevador rapidamente.
    "Você parece chateada com alguma coisa..." eu disse sem ao menos
pensar, enquanto íamos para a saída.
    "É claro que eu estou chateada! Como você se sentiria, Shinji, se
você devotasse a sua vida inteiramente a uma coisa e isso não valesse a
pena? Eu venho treinando para ser um piloto de Eva desde os dez anos.
Dez anos, Shinji! Eu deveria ser a melhor! Eu trabalhei nisso, cacete!
Eu me dediquei! Mas em vez disso, você, que tem estado pilotando há
menos de um ano, pode ganhar de mim! E você nem ao menos está tentando!
Mas que diabos eu estou fazendo, se eu posso ser superada por um babaca
que eles pegaram na rua?!"
    Eu realmente não sabia o que fazer.
    "Asuka... eu... eu sinto muito..."
    "Não me olhe assim! A última coisa que eu quero é a sua pena,
terceira criança!"
    Dito isso, ela voou para fora...

                                * * *

    "Há algo errado, Shinji?"
    Eu pisquei, tirado do meu transe, então eu notei que Rei estava
agora sentada do meu lado. Eu tinha estado tão perdido que não tinha
notado ela?
    "Rei-chan... eu estou... estou preocupado com Asuka. Seus resultados
de hoje... e ela não parece estar no seu normal..."
    Havia um reflexo de preocupação nos olhos dela.
    "Sim. Eu notei. Sua vida sempre foi centrada em pilotar um EVA. Mas
ultimamente ela tem sentido como se o mundo escapasse dela. Em todas as
missões você a superou."
    "Isso não é verdade!"
    Ela balançou a cabeça.
    "Sim, é, e você sabe disso. A batalha contra o sexto anjo foi
vencida porque você estava dentro da Unidade-02 com ela (1). Ela não
teria conseguido sozinha. Foi ela que teve que se esforçar mais para
poder sincronizar com você para a sétima operação. Ela teria morrido na
oitava missão sem você. Embora ela tenha matado o décimo, você agarrou o
Eva dela, salvando a todos. A Unidade-01 também destruiu o décimo
terceiro e o décimo quarto depois de ela ter sido duramente vencida por
eles. E desde o décimo segundo anjo, a sua taxa de sincronização foi
lentamente aumentando e superando a dela. Seu orgulho e alegria sempre
foi ser o melhor piloto de EVA. Mas *você* é o melhor agora. Por
conseqüência, em sua mente, ela se tornou inútil."
    Asuka? Inútil? Dificilmente!
    "Mas não é verdade! Nós somos uma equipe! Quem se importa com quem é
o melhor piloto?!"
    "Ela se importa. E agora, ela precisa competir comigo por sua causa.
E por semanas, você vem adiando a decisão. Na mente dela, isso é outro
sinal de falha, mesmo que ela não tenha sido rejeitada."
    Eu me engasguei ao ouvir estas palavras.
    "Você está dizendo que é tudo minha culpa?"
    "Não. Eu estou te contando apenas o que ela provavelmente está
pensando."
    "O que você está dizendo então? Que eu devo escolher ela e fazer
você infeliz apenas pra ajudá-la?"
    "Não. Eu não iria sacrificar você pela felicidade dela."
    Havia resolução nos olhos dela. Eu sabia que ela não desistiria a
menos que eu dissesse pra ela.
    "O que eu posso fazer então?"
    A garoto de cabelos azuis sorriu.
    "Seja apenas você mesmo. O Shinji preocupado que ambas amamos."
    "... você acha que isso vai ser suficiente?" eu perguntei. Apenas
ser eu mesmo me parece uma... coisa patética pra se fazer.
    "Será suficiente. Apenas estando aqui por nós, você já tornou as
nossas vidas melhores. Tenha fé em você mesmo."
    "Mas Asuka-" ela colocou uma mão macia na minha.
    "Ela voltara. Suas emoções são fortes, mas não a controlam. Ela vai
se dar conta de que isso não é uma competição. Tudo que ela precisa é
tempo."
    "Você acha?" eu perguntei, um toque de esperança na minha voz. Ela
assentiu, um sorriso gentil ainda em seus lábios.
    "Obrigado Rei-chan..."
    Eu a abracei e ela me abraçou de volta. Eu estava feliz por ter
falado com Rei. Eu não me sentia tão preocupado depois disso.
Certamente, haveria uma maneira de consertar as coisas.
    "Pode haver uma coisa mais..."
    Isso me trouxe de volta a realidade e me deixou novamente
aborrecido.
    "O que é?"
    "Ela agiu de uma maneira estranha na noite que ela voltou do seu
apartamento, a noite... que a Major chorou. Asuka parecia chateada.
Quando eu perguntei o que estava errado, ela admitiu que se sentia
culpada por deixá-lo sozinho pra cuidar da Major. Mas... eu senti que
havia algo além disso. Havia uma estranha expressão na face dela..."
    "Uma expressão estranha?"
    "Sim, eu notei isso também alguns dias depois, quando ela recebeu
uma ligação da Alemanha."
    Alemanha?
    "Eu acredito que os sonhos começaram depois disso."
    "Os sonhos?"
    "Sim. Pesadelos, eu acredito. Ela chora algumas vezes durante o
sono. Mas ela não sabe disso."
    Asuka, chorando durante o sono... eu tinha visto ela chorar uma vez,
a noite anterior ao nosso ataque sincronizado contra o sétimo anjo. Mas
tinha sido uma única palavra. Ela também tinha chamado pela mãe durante
o sono.
    Isso podia estar relacionado com o que Rei tinha acabado de me
contar? Uma ligação da Alemanha... poderia ser... sua mãe? E sobre
Misato... poderia a forma com que eu cuidei de Misato lembrar a sua
própria mãe? Talvez ela estivesse com saudade de casa. Eu me dei conta
que eu sabia muito pouco sobre Asuka.
    Repentinamente, os alarmes de emergência criaram vida.
    "Um anjo?" Rei e eu perguntamos ao mesmo tempo.
    Para confirmar, nossos telefones tocaram.
    Deus, que dia! Tendo passado as últimas horas ensopados em LCL, nós
estávamos a ponto de voltar para mais e até mesmo nos matarmos. Que
alegria...

                                * * *

    Eu estava de saco cheio. Isso era algo estranho de se dizer, se você
considerar que estávamos no meio de uma emergência, mas era assim que eu
me sentia. Com o congelamento da Unidade-01 ainda ativo, tudo que eu
podia fazer era sentar no entry plug e ouvir a freqüência das
comunicações. Eu não estava realmente interessado em entrar em combate,
mas eu preferia ter ido com as garotas do que ficar aqui sentado e me
sentir profundamente impotente e inútil. Eu desejei que eu tivesse
trazido o meu SDAT. Se bem que, o LCL provavelmente o teria estragado,
mas pelo menos eu poderia ter alguma musica.
    Pela linha do comunicador, eu podia ouvir Misato e Asuka tendo uma
discussão sobre a missão. Misato queria que Asuka cobrisse Rei, o que
fazia sentido com a sua taxa de sincronização mais baixa, mas Asuka não
encarou a idéia muito bem. Como sempre, ela ficou brava e se posicionou
contra as ordens de Misato.
    Eu estava preocupado. Asuka estava muito despreocupada. Mas eu sabia
que se eu dissesse isso pra ela, ela ficaria ainda mais furiosa. Então
eu mantive a minha boca fechada.
    Asuka chegou à superfície e preparou a Unidade-02 para o ataque do
anjo. Então não havia nada a fazer a não ser esperar. Por um tempo, ela
reclamou em como era preguiçoso o anjo. Este anjo em particular tinha
decidido ficar em órbita em torno de Tokyo-3. Não que Asuka pudesse
fazer algo a este respeito. Então ela gritou. Bem alto. De dor. Meu
coração pulou uma batida.
    "Não! Não! Não entre na minha cabeça! Por favor! Não! Não olhe na
minha mente! Nãooooooo!!!!"
    Mas que diabos? Droga, o que estava acontecendo? O que o anjo estava
fazendo com ela? O que Rei estava fazendo? Não era pra ela supostamente
auxiliar Asuka?
    "Misato! O que está acontecendo lá fora?"
    "Agora não, Shinji!"
    Sua voz parecia realmente tensa. Isso não me acalmou nem um pouco.
Suas próximas palavras ainda menos.
    "Asuka, recue!"
    "Não!"
    Ela realmente soava como se estivesse com dor. Porque ela não
obedecia as ordens de Misato?
    "Isso é uma ordem! Asuka, eu ordeno que recue!"
    "Não, nunca! Eu prefiro morrer a recuar!"
    "Asuka!"
    Maldito orgulho! Eu sabia que pilotar era o mundo dela... mas
realmente valia a pena morrer por isso? Em um impulso eu abri um canal
com a Unidade-02, e gelei com o que eu vi. O entry plug da Unidade-02
parecia esta banhando em uma luz brilhante. Asuka estava segurando a
cabeça com ambas as mãos, obviamente com muita dor.
    "Asuka! Por favor, escute Misato... por favor... recue..."
    "Shinji?!"
    Asuka levantou levemente a sua cabeça, seus olhos procurando pela
tela de comunicação marcada 'From EVA-01.' Eu não podia ver as lágrimas,
elas se dissipavam instantaneamente no LCL, mas eu podia dizer que ela
estava chorando.
    "Asuka... você apenas está se machucando... por favor, eu te
imploro... recue... eu... eu não quero te ver sofrer... por favor..."
    "Shinji..."
    Ela parecia a ponto de concordar quando ela gritou de novo,
segurando a sua cabeça mais forte, inconscientemente puxando seus
joelhos para o seu peito.
    "Nãooo! Não me faça lembrar! Eu quero esquecer, então não mergulhe
nas minhas memórias! Eu não quero me lembrar destas coisas terríveis!
Pare! Pare!"
    Eu desliguei a conexão, incapaz de vê-la sofrer assim mais.
    "Rei! Se apresse!" eu gritei, quando eu abri a comunicação com a
Unidade-00.
    Rei parecia muito tensa pela situação. Eu provavelmente não estava
ajudando, mas tudo que eu podia pensar era que Asuka precisava de ajuda.
Rápido.
    Eu vi ela puxar o gatilho. Eu segurei minha respiração e esperei que
funcionasse.
    "Sem efeito!" eu ouvi Shigeru dizer. "Sem energia suficiente para
atravessar o AT field desta distância!"
    Droga! Maldição!
    "Misato, me deixe sair na Unidade-01!"
    Eu estava desesperado. Algo tinha de ser feito!
    "Shinji..."
    "Não."
    Esta voz. Pai.
    "Este anjo invade a mente dos pilotos", explicou o sub comandante
Fuyutsuki, "isso seria muito perigoso."
    "A Unidade-01 não pode ser contaminada por este anjo", acrescentou o
comandante.
    Eu não dava a mínima para as suas razoes. A Unidade-01 já tinha
feito milagres no passado. Ela faria novamente. Eu confiava nisso. Ela
iria salvar Asuka...
    "Eu não me importo! Eu vou sair e matar aquele anjo. Eu não serei
derrotado!"
    "Não há garantias."
    "Mas, se continuar assim, Asuka será..."
    "Não."
    Eu sabia que ele não ia mudar de idéia. O bastardo não iria...
    Droga! Droga! Droga!
    Porquê? Porquê esse homem tinha de ser meu pai? Porque ele não podia
ser mais como Kaji? Ele teria me deixado sair...
    O que teria feito Kaji no meu lugar?
    Ele não teria ouvido meu pai. Ele teria feito tudo ao seu alcance
para salvar aquela que ele ama.
    Eu tenho de ir! Eu tenho de salvar Asuka! Eu tenho de...
    A Unidade-01 já havia se ativado duas vezes sem energia. Mas da
última vez, se o que me contaram era verdade, eu quase morri...
    Eu não me importo.
    Eu tentei me lembrar do momento em que a Unidade-01 se reativou
quando eu estava lutando com o 14o anjo. Tinha havido algo... um
sentimento... uma conexão. Morna, antes da escuridão.
    Eu não podia encontrar este sentimento.
    Eu ainda podia ouvir Asuka. Ela estava agora soluçando. Sua voz
estava muito fraca.
    "Minha mente está suja. Shinji... está poluída. O que eu devo fazer?
Minha mente esta contaminada... eu... eu quero morrer..."
    "Não!"
    Eu não tinha me dado conta, mas agora eu estava chorando.
    "Asuka! Não! Não!"
    Desesperadamente, eu puxei os controles do EVA. Mas a besta
permanecia imóvel.
    "Mãe... por favor... eu preciso da sua ajuda... mãe!"
    Repentinamente, eu senti. A conexão. Sim, estava lá. Mentalmente, eu
procurei por ela. O calor. Minha mente quase se sentiu como se estivesse
sendo engolida em pura luz.
    A Unidade-01 se ativou. Eu havia sincronizado com o EVA, sem a ajuda
do centro de controle, e eu ainda estava aqui. Eu não estava berserk, eu
não tinha desmaiado e, quando eu olhei para as minhas mãos, pareceu que
eu ainda estava ali, fisicamente. Eu estava em perfeito controle.
    "Shinji! Que diabos você está fazendo?!" gritou uma agora frenética
Misato.
    "Eu vou sair e salvar Asuka! Solte a Unidade-01 ou eu vou arrebentar
tudo!"
    "Não." novamente, a voz firme do comandante. "Você vai ficar onde
você está. Rei vai cuidar da operação de resgate. Rei, vá ao Dogma e
pegue a Lança."
    "Hai."
    Eu fechei minhas mãos. Eu não acredito que ele não me levou a sério!
    "Eu disse pra me deixar ir, Pai!"
    "Você vai apenas estar no caminho. Esta operação não vai falhar."
    "Maldito!"
    Eu estava aponto de quebrar as travas do EVA, quando a tela de
comunicação de Rei apareceu.
    "Me deixe cuidar disso. Acredite em mim."
    Havia resolução nos olhos dela. Ela sabia o que estava fazendo.
Relutantemente, eu soltei os controles do EVA.
    "Certo... por favor, se apresse..."
    "Eu irei."

                                * * *

    Rei fez exatamente o que ela disse. A Unidade-00 saiu do chão,
segurando uma gigantesca lança provida de dois dentes. Ela era chamada
de Lança de Longinus, eu soube depois. Com toda a força que o seu EVA
conseguiu juntar, Rei atirou a lança. Ela literalmente rasgou através do
céu, então através do próprio AT-Field do anjo. Ele deixou de existir. O
pesadelo de Asuka estava acabado. Mas ele tinha aberto cicatrizes
profundas e esquecidas e elas machucavam muito mais que qualquer ataque
físico.

                                * * *

    Quando eu atingi a superfície, eu encontrei Asuka atrás de uma fita
amarela de quarentena, sentada no chão, pernas junto ao seu corpo,
braços envolvendo as suas canelas, e o queixo descansando no seus
joelhos. Ela estava balançado pra frente e pra trás levemente, em
silêncio. Essa visão... me preocupou. Eu me aproximei da zona de
quarentena, mas eu não me atrevi a dar um passo além da fita.
    "Eu... eu estou feliz de você estar bem... Asuka."
    Rapaz, que coisa estúpida de se dizer. Mas era tudo que veio na
minha mente naquele momento. Provavelmente porque era verdade.
    "Cale a boca! Quem você está chamando de bem? Eu... eu não pude
fazer nada... e eu fui... resgatada por ELA! Resgatada por aquela
cadela, Rei! Eu preferia morrer! Eu odeio... odeio... todos... tudo...
eu... eu odeio você..."
    Suas últimas palavras foram um pouco mais altas que um suspiro,
antes dela começar a soluçar. Eu sabia que ela não queria dizer o que
disse; não, eu esperava que ela não quisesse dizer o que disse, mas eu
estava incapaz de dar alguma importância às palavras dela. A única coisa
que importava era que Asuka estava machucada.
    A zona de quarentena se tornou irrelevante pra mim. Eu ignorei o
aviso de manter distância. Asuka estava machucada. Não fisicamente, mas
de uma forma pior. E eu nem mesmo sabia se eu poderia ajudá-la. Mas eu
tinha de tentar.
    Os soluços pararam. Eu senti uma ponta de esperança. Talvez ela
ficasse bem.
    Eu disse seu nome quando procurei por ela.
    "Vá embora."
    Ela disse essas palavras, mas não havia convicção atrás delas. Não
havia força. Nada. Apenas palavras vazias. Ela não tinha reação.
    "Asuka..."
    Nada de novo.
    "Asuka!"
    Sem reação. Parte de mim entrou em pânico. Alguma coisa estava
errada.
    Eu puxei um dos seus braços. Não houve resistência alguma.
    Eu sabia que ficar aqui era uma ma idéia. Ela precisava de ajuda. A
quarentena que fosse pro inferno!
    Eu a peguei em meus braços, de uma maneira similar que eu tinha
feito meses atrás, depois do nosso primeiro encontro. Então, eu notei
seus olhos, como eles pareciam completamente desprovidos de vida. Isso
me fez pensar em uma pequena chama, a pronto de ser apagada por uma
rajada de vento. Se eu não estava assustado, eu fiquei naquele momento.
    Eu a segurei firme em meus braços e corri em direção à próxima
entrada da NERV, sem me dar conta que eu tinha muito mais forca do que
eu sequer suspeitava. Eu parei repentinamente, quando eu notei alguma
coisa encostada perto da entrada. A garota de cabelos cinzas.
    Eu não estava no meu melhor humor, então eu surtei.
    "O que você quer comigo?!"
    Ela apenas sorriu, aquele sorriso caloroso, quando o seu olhar
vermelho entrou no meu. Apesar da situação, eu relaxei, por um tempo,
até eu sentir Asuka se mover levemente nos meus braços. Eu acordei do
que parecia quase um transe. Então, sem uma palavra, a garota saiu. Eu
me senti um pouco confuso, mas eu tinha coisas mais importantes a
tratar. Então eu continuei a minha corrida em direção à enfermaria da
NERV.

                                * * *

    "Shinji. Você devia se sentar."
    Eu olhei para Misato, surpreso. Por quanto tempo eu tinha estado
caminhando neste corredor? Com um dedo ainda dentro da luva, eu toquei a
minha cabeça. O LCL tinha secado há bastante tempo. Eu provavelmente
parecia um desastre nervoso.
    Eu tentei sentar como ela sugeriu, mas eu me encontrava de pé alguns
segundos depois.
    O que diabos estava demorando tanto! Parecia que tinham se passado
horas desde que Ritsuko entrou no quarto de Asuka!
    Quando eu senti dor, eu me dei conta que meu punho tinha acertado a
parede.
    Eu senti uma mão em meu ombro. Eu me virei para ver uma Rei
preocupada.
    "Vai haver muito tempo para você vê-la. Você devia ir se trocar."
    Eu contemplei a idéia de tirar aquele plugsuit. A enfermaria era
afinal de contas bem próxima dos vestiários; uma necessidade no caso de
um piloto se ferir. Eu estava a ponto de aceitar quando Ritsuko saiu da
sala.
    "Como está Asuka?!"
    A questão tomou a doutora de surpresa, já que ela mal tinha saído da
sala, mas ela rapidamente recuperou a sua postura profissional.
    "Ela esta exausta tanto física como mentalmente. Ela não está
machucada e seus testes não mostraram nada interferindo nos seus padrões
cerebrais. Não existe nenhum sinal de contaminação mental residual.
Contudo, o dano à sua psique é desconhecido até agora. Ela não está em
condição de nos contar nada sobre o que aconteceu a ela. Nós somente
sabemos que ela passou por uma espécie de ataque mental. Por enquanto,
eu dei a ela sedativo suficiente para mantê-la desacordada por algumas
horas. Quando ela acordar, eu sugiro levá-la pra casa.
    Não existe mais nada que nós possamos fazer aqui. Eu também
recomendo contatar os psiquiatras da NERV para tratamento futuro."
    "Eu entendo", disse Misato gravemente.
    Psiquiatras. Tratamento. Estas palavras soavam sinos de alarme no
meu cérebro.
    "Porquê?! Porquê ela precisa ver um psiquiatra?!"
    "Porque eu acho que ela foi forcada a confrontar a si mesma e o seu
passado... e perdeu", respondeu a doutora antes de sair, uma ponta de
tristeza na sua voz.
    Seu passado. Eu me lembrei das palavras de Asuka.
    'Nãooo! Não me faca lembrar! Eu quero esquecer, então não mergulhe
em minhas memórias! Eu não quero me lembrar de coisas tão terríveis!
Pare! Pare!'
    O que aconteceu a ela? O que havia de tão terrível sobre o seu
passado pra fazer ela sofrer desta forma.
    Memórias voltaram. Eu me lembrei de meu pai me abandonando.
    Mas isso nunca havia me causado tanta dor. O que era isso? O que
poderia ser tão forte que quase a destruísse?
    Misato pareceu adivinhar a minha pergunta antes de eu fazê-la.
    "Este não é o local para eu te contar, Shinji-kun. É ela quem deve
te contar."
    Provavelmente para evitar mais perguntas, Misato seguiu Ritsuko.
Parte de mim se sentiu furioso por ela me deixar desta forma. Ela não se
preocupava com Asuka?
    Sim, se preocupava. Eu sabia que sim. Mas desde o que tinha
acontecido com Kaji... ela não era mais como antes. Ela provavelmente
tinha seus próprios fantasmas para enfrentar.
    Eu e meu pai.
    Misato e seu pai. E agora Kaji.
    Aparentemente, Asuka também tinha um passado do qual ela não queria
lembrar.
    E sobre Rei? Ela era assombrada por sombras semelhantes?
    Era isso alguma maldição relacionada com o EVA? Nos era negada a
felicidade?
    "Você deve se trocar agora. Eu vou vigiar enquanto você se troca."
    Eu olhei para Rei. Pela primeira vez, eu me dei conta de que deveria
ser duro para ela me ver tão preocupado assim com sua rival.
    "Obrigado, Rei. Eu... eu sinto muito impor isso a você."
    Ela sorriu.
    "Isso não é nenhum problema. Eu entendo. Ela é minha amiga também."
    Eu podia, contudo, sentir uma ponta de tristeza na voz dela. Eu
realmente sentia por isso. Mas numa hora destas, eu não podia realmente
pensar nela quando eu sabia que Asuka estava sofrendo.

                                * * *

    "Não foi um sonho."
    Estas foram as palavras que Asuka disse quando acordou. Ela parecia
tão tranqüila durante o sono, eu tinha esperança de que ela estaria bem
quando acordasse. A esperança desapareceu quando medo e confusão
desapareceram da sua face, deixando uma expressão vazia em seu lugar.
Por alguns segundos, aqueles olhos me encararam, e naquele breve
momento, eu estou seguro de que eu vi vida naqueles olhos. Mas isso
rapidamente desapareceu e logo, ela apenas olhava para o chão.
    Eu queria dizer algo... mas eu não sabia o que dizer.
    "Porque você está aqui?" ela perguntou, removendo um pouco do peso
dos meus ombros.
    Ela não se esforçou para olhar para mim. Mas eu não me importei, eu
estava feliz em ouvir a sua voz, mesmo que ela fosse quase monótona.
    "Eu... eu... eu estava preocupado... com você... você me
assustou..."
    "Você estava preocupado..."
    Ela virou o seu olhar para mim. Eu estava sentado em um lado da
cama, então não era muito esforço pra ela.
    Eu quase quis fugir quando eu vi o olhar de raiva naqueles olhos.
    "Você estava preocupado... preocupado... então porque você não
veio?! Porque você não salvou o dia como sempre faz?! Porque você deixou
ELA me salvar?!!!"
    "Eles... eles não me deixaram ir..."
    "Oh... então eu não sou boa o suficiente para você agora, é isso?!
Souryu agora é inútil, então eles mandaram a Garota Maravilha fazer o
trabalho que ela não conseguiu, é isso?!"
    "Não, Asuka, não é isso..."
    "Cale a boca!"
    Ela tentou se levantar, provavelmente para me bater, mas eu acho que
ela ainda estava um pouco sob os efeitos do sedativo que a doutora Akagi
deu a ela e então ela simplesmente desabou na cama. Mesmo assim, ela
lutava para se por de pé.
    "Asuka..."
    "Cale a boca! Cale a boca! Cale a boca! Eu não quero ouvir você
agora! Eu não ligo para a sua pena! Você não sabe que eu preferia morrer
a ser salva por ela! Estaria bem se tivesse sido você... todos esperam
que você vença... você é a verdadeira criança prodígio aqui... mas
ela!!! Agora todos sabem que eu sou uma perda total..."
    Ela desistiu de tentar se levantar. Sua raiva desapareceu, e foi
trocada por lágrimas. Lágrimas que ela tentava reprimir, mas não
conseguia.
    "O quanto o poderoso decaiu. Olhe pra mim... estou chorando... eu
odeio chorar... apenas uma pessoa fraca chora. Eu odeia a Garota
Maravilha... ela mostrou a todos o quão patética eu sou. Eu te odeio...
você me fez chorar, agora você sabe o quanto repugnante eu sou. Eu odeio
todos... mas acima de tudo... eu me odeio..."
    "Asuka... você não é fraca. É normal chorar. Todos choram. Se você
não fizer isso, sua dor vai te devorar de dentro. E você vai se tornar
exatamente como Rei era a alguns meses atrás, completamente sem emoções.
Então está bem se você chorar Asuka..."
    "Você está certo... porque eu deveria me importar. Eu não me
importo. Eu não me importo com nada. Eu não tenho nada. Qualquer orgulho
que eu tinha se foi. Eu sei que eles vão me trocar assim que puderem.
Sem o EVA, eu não sou nada. Eu deveria ter morrido..."
    "NÃO!"
    Eu não podia suportar ouvir aquilo. Não podia. Eu me levantei, e
agarrei seus ombros, prendendo-a na cama quando eu me inclinei sobre
ela, forçando seus olhos encharcados de lágrimas a me encararem. Minha
reação a surpreendeu. Eu acho que eu também a assustei.
    "NÃO DIGA ISSO NUNCA MAIS! Não diga que você deveria ter morrido! E
não diga que você não tem mais nada! Isso NÃO É VERDADE!"
    Seus olhos se arregalaram em choque por um momento, antes de
retornar para aquela expressão de desgosto.
    "Ah, é...? Me diga o que me resta se eu não posso pilotar o EVA? Me
diga porque as pessoas se importariam comigo... ninguém se importa..."
    "Isso não é verdade! Você tem amigos que se preocupam com você!
Misato se importa com você! Hikari se importa com você! Rei se
importa... eu me importo também... e... e... e a sua família? Com
certeza eles se importam! Você recebeu uma ligação da sua mãe da
Alemanha não faz muito tempo!"
    Obviamente, isso não era algo que eu deveria ter dito, já que a sua
expressão se escureceu ainda mais.
    "Apenas a minha madrasta", ela respondeu. "Papa nunca se preocupa o
suficiente para me ligar. E Mama..." um pequeno estremecimento passou
pela sua face. "Mama está morta."
    Ouch. Ok, Shinji... da próxima vez saiba todos os fatos antes de
abrir a sua boca grande.
    Então eu me dei conta.
    'Papa nunca se incomoda em me ligar. E Mama... Mama está morta.'
    Meu deus! Como... como eu...
    "Isso não importa..." eu mal sussurrei. "Isso não importa! Nós
estamos aqui! E nós nos importamos!"
    "Porque você deveria? Eu não posso pilotar o EVA mais..."
    "E dai?! Existe mais na vida do que EVA! você... você... você é
linda. Você é brilhante! Eu digo, você se formou na faculdade... e você
pode ser bem legal quando você quer!"
    "Isso é tudo? É isso tudo que restou de Souryu Asuka Langley?"
    Eu desejei que eu pudesse dizer mais, mas meu cérebro não parecia
disposto a trabalhar direito.
    "Isso... isso é mais do que eu posso dizer de mim mesmo..."
    "Você não precisa de mais! Você é Shinji, o Herói! Você é o piloto
do estimado EVA Unidade-01 da NERV!"
    "Quem se importa se eu posso pilotar um EVA?!"
    "Eu me importo!"
    "Bem, eu não! Eu não me importo! Eu não me importo se você não puder
pilotar estas coisas malditas novamente! Eu te amo pelo que você é, não
porque você é uma piloto!!!"
    Estas palavras deixaram ambos sem saber o que falar. Eu não podia
acreditar que eu tinha dito isso. Certo, eu realmente tinha querido
dizer isso, mas isso não era da forma que eu esperava dize-las.
    Quando as palavras fizeram sentido, os olhos de Asuka ficaram cada
vez mais arregalados. Eu me senti ficando vermelho sob o olhar dela.
    "Você... você...?"
    Então seus gestos se obscureceram.
    "Não... você apenas está tentando ser legal. É apenas a sua maldita
pena..."
    Alguma coisa me acertou. Eu não estou certo o quê. Talvez fosse por
causa dela duvidar de meus sentimentos dessa forma, ou talvez porque eu
não podia mais agüentar a forma dela agir.
    "Droga Asuka! Você é surda! Eu te amo! EU! TE! AMO! É tão difícil de
entender?! É tão difícil de acreditar?! Eu te amo! Eu teria escolhido
Rei a muito tempo atrás se eu não te amasse!"
    Novamente, ela me olhou com descrédito.
    "Você...? me ama?"
    "SIM! Então pare com esta bobagem de ser inútil! Isso não é verdade!
Você significa muito pra mim! Muito! Eu me importo com você mais que
comigo mesmo!"
    As lágrimas voltaram novamente. Mas desta vez, com força total. Era
como se alguma coisa tivesse quebrado dentro dela; como se todas as
lágrimas reprimidas no passado viessem agora. Aquele olhar triste em seu
rosto. Isso trouxe lágrimas aos meus olhos também.
    "Shin... Shinji..."
    Seus lábios, bem como o resto do seu corpo, estava tremendo.
    "Shinji!"
    Eu me encontrei repentinamente sendo agarrado por uma garota
chorosa, como se sua vida dependesse disso. Eu a segurei, me sentindo
forte enquanto meus braços abarcavam seu corpo vulnerável e estremecido.
Seu rosto estava enterrado no meu peito, onde as lágrimas encharcavam a
minha camisa.
    "Está tudo bem, Asuka... deixe tudo sair... libere todas as suas
lágrimas... esta tudo bem... eu estou aqui."
    Eu senti a força do seu abraço aumentar ainda mais. Eu mantive um
braço em torno dela enquanto acariciava seu cabelo com minha mãe livre.
Ninguém tinha tomado um tempo pra limpar Asuka, então seu cabelo estava
uma bagunça devido ao LCL seco. Mas eu não me importava.
    Nós ficamos assim por um bom tempo e Asuka chorou sempre. Talvez ela
tivesse chorado até dormir. Eu nunca vou saber, já que fomos
interrompidos.
    "Shinji. Aqui estão as roupas do armário de Asuka..."
    As palavras morreram na boca de Rei quando ela nos viu, parada na
porta do quarto, uma sacola em uma mão e a outra segurando a maçaneta.
Apenas ai eu me dei conta que nada cobria o peito de Asuka, quando os
seus lençóis caíram para a sua cintura.
    "R... Rei... isso... não é o que você pensa..."
    Para a minha surpresa, Asuka lutou para se libertar de mim. Eu
também notei que ela tinha parado de chorar. Quando ela se soltou de
meus braços, ela olhou para Rei. Eu reconheci aquele olhar familiar de
ódio em seus olhos.
    "Veio para me lembrar de minha falha? Veio se regozijar com a sua
vitória sobre mim? Bem, eu não quero ver a sua cara! Saia! Saia, saia,
SAIA! Eu te odeio Garota Maravilha! EU TE ODEIO!"
    Quatro meses atrás, Rei não teria se importado com as palavras de
Asuka.
    Mas agora... Rei tinha apenas três amigos. Hotaru, Asuka e eu.
Apenas três pessoas que realmente se importavam com ela. Talvez quatro
se considerarmos Misato. Então estas palavras machucaram, eu estava
certo disso. A bolsa que ela segurava caiu no chão e ela correu pra fora
da sala.
    "Rei!"
    Eu repentinamente esqueci tudo sobre Asuka e corri atrás da garota
de cabelos azuis. Felizmente, ela não foi muito longe. Eu a encontrei
ajoelhada contra uma parede, lágrimas escorrendo por seu belo rosto.
    "Rei..."
    Como ela se manteve calada, eu me aproximei e toquei o seu ombro.
    "Ela está chateada agora. Ela não queria dizer aquilo."
    "Eu sei. Eu... eu não consigo parar as lágrimas... as palavras
machucam... eu sei que ela não queria dizer o que disse, mas mesmo assim
as palavras machucam..."
    Eu apertei a minha mão em seu ombro, não o suficiente para machuca-
la, mas o suficiente para ela saber que eu estava aqui.
    "Está tudo bem Rei."
    Ela olhou para mim e sorriu. Foi apenas um sorriso fraco, mas sem
dúvida um sorriso.
    "Ela provavelmente vai precisar de um tempo pra se ajustar. Ela
passou por uma experiência terrível."
    Eu concordei. Eu mesmo achava que Asuka não seria ela mesma por um
bom tempo.
    "Por um momento, talvez seja melhor que eu fique com Misato enquanto
você fica com ela."
    "Rei...!"
    Ela estava disposta a me deixar viver com Asuka. A sós no mesmo
apartamento...
    "Você está certa disso?"
    "Sim. Asuka é minha amiga. Ela precisa de ajuda. E eu acho que você
é o único que pode ajudá-la."
    Suas palavras eram convincentes, mas eu não deixei de perceber um
olhar preocupado em seu rosto.
    "Mas... o acordo que você tinha com ela..."
    "Isso não importa agora. Shinji... lembre-se de quando você veio
viver comigo a umas semanas atrás. Você estava sofrendo, precisava de
ajuda e conforto. Agora, é a sua vez de dar conforto. Shinji... você
precisa fazer o que for necessário para mostrar a Asuka que existe
alguém que se importa com ela, que existe uma razão para existir. Faça o
que for necessário."
    Essa tristeza em sua face...
    "Rei..."
    "Eu vou agora pegar as minhas coisas e me mudar pro apartamento da
Major. Desta forma, tudo estará pronto quando você e Asuka chegarem."
    Dito isso, ela saiu.
    Isso era idéia dela, sua sugestão. Então porque eu repentinamente
sentia como se a tivesse traindo?

                                * * *

    Quando eu entrei no quarto de Asuka, ela estava acabando de se
vestir, seu uniforme escolar, já que ela não teve tempo de se trocar
antes dos testes na NERV e do ataque do anjo que se seguiu. Eu entrei em
pânico por um momento, provavelmente me sentido super protetor em
relação a ela.
    "Asuka! Você deve ficar na cama!"
    "Eu estou bem."
    Sua voz não era exatamente monótona, mas quase. Deixou-me um pouco
preocupado, mas ao menos, quando ela olhou para mim, eu notei que ela
não estava retornando àquele estado similar ao que eu a encontrei depois
do ataque do anjo. Ela estava era tentando restaurar o máximo de
controle que ela tinha sobre ela mesma. Contudo, era provavelmente
apenas uma questão de tempo até que ela fosse dominada pelas emoções
novamente. A dor tende a fazer isso. Isso não sai facilmente.
    "Você tem certeza de que está bem?"
    "Sim. Eu estou."
    Por um momento, ela olhou a fita do seu uniforme antes de enfia-la
numa bolsa.
    "Vamos sair."
    Eu acho que não havia maneira de persuadi-la a ficar, e a doutora
Akagi tinha dito que não havia nada mais que pudesse ser feito aqui,
então eu simplesmente não tentei contrariá-la, quando ela simplesmente
passou por mim e saiu da sala.
    Primeiramente, as enfermeiras não pareciam dispostas a deixar Asuka
sair. A forma como elas reagiram sugeriu que Asuka e o pessoal da
enfermaria tiveram algumas diferenças ao longo destes meses. Não era
nenhuma surpresa, Asuka não era, afinal de contas, a mais paciente das
pessoas e pelo que eu tinha entendido no plantão, ela odiava hospitais
ainda mais que eu. Contudo, as enfermeiras rapidamente se acalmaram
quando notaram a falta de reação de Asuka. De fato, eu acredito que
algumas delas estavam até mesmo preocupadas. Finalmente, depois de
checarem com a doutora Akagi, elas deixaram Asuka sair. Não havia razão
para mantê-la aqui, como ela tinha me dito antes.
    Eu estava surpreso em ver que era cedo da manhã. Eu não tinha me
dado conta que eu tinha passado tanto tempo na enfermaria.
    A viagem para casa foi tranqüila. Asuka não disse uma palavra. Umas
poucas vezes, eu tentei dizer alguma coisa, para começar uma conversa,
mas de alguma forma, eu não conseguia pensar em nada pra falar. Então
ambos ficamos quietos, mas por diferentes razoes.
    Quando nós chegamos ao apartamento de Asuka, ela pareceu surpresa em
ver que eu estava esperando que ela abrisse a porta. Mas isso não durou.
Sem uma palavra, ela me deixou segui-la. Apenas dentro ela se deu
realmente conta da minha presença.
    "Porque você está aqui?"
    Isso era realmente uma boa pergunta. Porque eu estava aqui? Para
ajudá-la e confortá-la, Rei tinha dito. Poderia eu realmente fazer isso?
    Eu me encontrei desejando que Kaji ainda estivesse vivo. Mesmo
quando eu tomava as minhas próprias decisões, sempre foi o pensamento
confortador de que ele estava aqui, no caso das coisas não darem certo.
Eu sabia que eu sempre podia procurar o seu conselho. Mas agora não
mais...
    'Pense por você mesmo e decida por você mesmo.'
    Este foi o último conselho que ele me deu.
    Não apenas se aplicava ao EVA, mas à vida, eu me toquei. Eu tinha de
ser forte, resoluto, tomar decisões e estar seguro, não importa o que.
Pelo meu bem e mais importante, pelo bem daqueles com quem eu me
importava.
    Mas isso realmente não era fácil!
    Eu sentia muita falta de Kaji...
    "Eu vou morar aqui por um tempo."
    Ela me encarou. Finalmente, alguma expressão em sua face.
    "Para cuidar de mim? Para se assegurar que eu não faca nada
estúpido? É isso?"
    "Não... sim... eu... eu estou apenas preocupado. Eu... eu não quero
te deixar só. Eu me importo com você... e quero que você saiba disso. Se
você precisar de algo... precisar falar com alguém... eu estarei aqui."
    Por um momento, suas feições relaxaram, antes de me dar um olhar
aborrecido.
    "Típico de você, mas eu não preciso de uma babá!"
    Eu sabia que não adiantava tentar fazê-la mudar de idéia. Se eu
tentasse impor a minha presença, isso apenas a perturbaria. Mesmo assim,
eu podia tentar uma tática mais sutil, dar a ela tempo para
reconsiderar...
    "Ao menos, vou fazer algo para comer, enquanto você toma um banho.
Você deve estar mais faminta do que eu. E um banho seria bom, não seria?
Eu estou certo que você está louca pra se livrar destes restos de
LCL..."
    Ela levantou uma mão em direção ao nariz. Um olhar de nojo apareceu
em seu rosto quando ela se deu conta que o LCL estava impregnado nela.
Ela pareceu pronta pra continuar a luta por um segundo, então relaxou,
me mostrando um leve sorriso.
    "Obrigado, Shinji..."
    Então ela caminhou para o banheiro.

                                * * *

    Nós comemos em silencio. Asuka parecia mais relaxada e refrescada,
mas não estava mais falante. Eu olhei para a garota a minha frente, que
apenas olhava seu prato, seu cabelo encharcado cobrindo parte de seu
rosto, comendo sem muita convicção, apenas porque ela precisava pra
silenciar a sua fome e acalmar o seu estômago. Eu estava ficando
realmente preocupado. Se as coisas continuassem assim, ela iria entrar
em uma profunda depressão, do tipo que eu mesmo quase entrei no passado.
Pela primeira vez, Kensuke, Touji e Misato me tiraram, antes que eu
começasse a pensar em algo realmente estúpido. Da segunda vez, Rei me
ajudou. Da terceira vez, foi o conselho de Kaji. As garotas talvez não
tivessem sobrevivido se eu não o tivesse escutado. Eu era realmente
indicado pra ajudar Asuka? E como eu poderia ajudá-la? Aquela coisa... o
anjo... se eu tinha entendido corretamente o que ela me falou...o que eu
tinha ouvido, os gritos de Asuka... aquilo tinha invadido a sua mente.
De certa maneira... a tinha estuprado.
    E eu não tinha sido capaz de ajudá-la. Eu falhei em protegê-la. Rei
a salvou, mas tarde demais.
    Parte de mim gostaria de me culpar. Mas eu tinha aprendido a minha
lição pelo que Touji tinha me dito. Eram os anjos. Era sua culpa. Esta
era a última vez que alguém que eu amava ia ser machucado por um deles.
Isso, eu jurei pra mim mesmo.
    "Ela não virá, não é?" perguntou Asuka, quando ela colocou o hashi
na mesa e levantou a cabeça para me olhar.
    "Quem... de quem você fala?"
    "Rei."
    Ah... então agora ela estava pronta pra falar disso...
    "Não. Ela não acha que vai ser uma boa idéia, pela maneira que você
reagiu na enfermaria."
    "Eu entendo."
    "Suas palavras a machucaram."
    Por um breve instante, o choque apareceu em seu rosto.
    "Ah..."
    "Ela se importa muito com você, Asuka. Ela estava lá comigo, na
enfermaria, enquanto nós esperávamos que você recobrasse a consciência.
Ela estava tão preocupada quanto eu. E você sabe que não era a intenção
dela superar você. Ela apenas queria uma coisa: salvar sua vida. Nós
somos amigos e colegas... nós temos que cuidar um do outro..."
    Sua face se abaixou levemente, como se tivesse envergonhada.
    "Eu entendo... eu posso não gostar, mas eu entendo. Mas quando eu a
vi... a realidade... apenas me atacou... eu tinha falhado... e mesmo que
ela não fosse responsável por isso... ela me lembrava da minha falha..."
    "Mas você não falhou! Não havia nada que você pudesse ter feito!"
    "Eu gostaria de acreditar nisso..."
    Eu não sabia mais o que dizer. Ela ouvia, mas minhas palavras não
chegavam a ela. Porque ela não podia entender que o EVA não era
importante?
    Talvez por causa do que ela tinha dito no dia anterior. Ela tinha
treinado pra pilotar o EVA quase toda a sua vida. Era a sua vida. Então,
o que seria dela sem isso?
    "Estou cansada. Eu quero descansar um pouco."
    Lentamente, ela foi para o seu quarto. Mas antes de sair da vista,
ela me olhou novamente.
    "Você pode ir dizer a ela que eu sinto muito. Quando eu sentir que
posso encará-la novamente, eu mesma direi isso."
    Dito isso, Asuka se retirou pro seu quarto.
    Ela não tinha mudado de idéia. Eu estava relutante em deixá-la
sozinha, mas tampouco eu queria me opor aos seus desejos.
    Eu estava a ponto de deixar o apartamento, uma vez que eu tinha
limpado a mesa e os pratos, quando eu ouvi os soluços. Eu corri para o
quarto de Asuka e a encontrei a na cama, em uma bola, face enterrada em
um travesseiro. Se fosse possível, ela estava chorando ainda mais que
antes na enfermaria. Suas lágrimas pareciam não ter fim.
    "Está tudo bem, Asuka, eu estou aqui..."
    Como eu tinha feito antes, eu delicadamente a coloquei em meus
braços e a deixei chorar ali. Eu suspirei palavras de conforto até que
eu senti a sua respiração se tornar mais regular e seus soluços mais
fracos. Depois de um tempo, ela estava atirada em meus braços, e tudo
que eu podia ouvir era a sua respiração e a sua batida do coração. Ela
tinha aparentemente chorado até dormir.
    Com cuidado pra não acordá-la, eu gentilmente tirei meus braços da
cama. Por alguns segundos, eu encarei seu rosto que agora descansava no
travesseiro. Ela parecia tão frágil. Tão linda. Silenciosamente, eu sai
do lado dela e caminhei em direção a porta.
    "Não vá", ela sussurrou.
    Eu me virei pra ver aqueles olhos azuis me encarando. Eles me
mantiveram parado onde eu estava.
    "Shinji... não me deixe sozinha... por favor."
    A frágil expressão na sua face, quase à beira de um colapso. Isso
fez meu coração doer.
    "Mesmo que seja apenas uma vez... apenas uma vez... por favor...
seja meu... todo meu..."
    Cada fibra de minha alma clamava para eu realizar o desejo dela.
Seja o que for que acontecesse, qual fossem as conseqüências, nenhuma
dor causada podia ser igual à que ela sentia agora. Eu tinha tentado
evitar me machucar. Eu também tinha tentado evitar que qualquer outro se
machucasse. Mas não era possível. Eu poderia, contudo, diminuir a dor
que Asuka sentia aqui e agora.
    Eu tinha de ajudá-la de todas as formas que eu pudesse. Eu tinha.
    Porque eu não podia suportar vê-la dessa forma...
    Eu caminhei em direção dela.
    "Eu estou aqui por você, Asuka-chan..."
    Nenhuma outra palavra foi necessária, quando eu a tomei em um abraço
apertado.
    Eu não senti nenhum arrependimento quando nos tornamos um por um
breve instante. Eu sabia que isso não era uma mentira, mas sim uma meia
verdade. Ela era uma das duas coisas mais preciosas que eu tinha. E
qualquer coisa que eu poderia fazer para tornar uma delas feliz, não
poderia ser errado.

                                - - -

    'Olhe para mim Mama! Mama, por favor, não pare de ser minha mãe!'
    'Por favor, venha para o céu comigo...'
    'Mama, Mama, por favor, não me mate!'
    'Asuka querida, por favor, venha comigo...'
    'Não!'
    A adolescente acordou assustada, seu coração batendo tão forte que
por um momento ela pensou que ele fosse sair do seu peito. Então, as
memórias voltaram novamente, assim como as lágrimas, silenciosamente,
mas ainda presentes.
    "Eu... eu odeio chorar", pensou a garota enquanto se sentia mais e
mais envergonhada. Então, ela sentiu dois braços a envolvendo, e lábios
tocando a sua nuca.
    "Está tudo bem, Asuka-chan. Foi apenas um pesadelo. Você está a
salvo aqui. Eu estou aqui."
    A voz era confortadora, e os braços frágeis do garoto subitamente
ficaram mais fortes. Como poderia este garoto ser o Ikari Shinji que ela
tinha conhecido quando chegou ao Japão? Este era aquele rapaz covarde
que ela tinha prazer em humilhar?
    Em algum lugar ao longo do caminho, provavelmente enquanto ela
estava ocupada reclamando sobre isso e aquilo, ele tinha se tornado um
homem.
    E esta noite, ela tinha se tornado uma com ele. Ela podia ainda
lembrar o prazer-dor quando o seu calor e dureza tinham entrado nela, e
o êxtase ao qual ele tinha conseguido guia-la. Ela tinha se sentindo
estranhamente vazia quando ele a deixou. Ela ainda se sentia desta
forma. Mesmo assim, ela sorriu. Com uma de suas mãos, ela acariciou a
sua barriga lisa. Mesmo que agora ela pudesse sentir seu corpo contra as
suas costas, alguma coisa dele ainda estava dentro dela. Ele tinha
tentando tirar, mas ela não tinha deixado ele escapar, forçando ele a
deixar a sua essência dentro dela. Ela poderia estar até mesmo encarando
o seu filho neste momento. A sincronia era quase exata.
    Toda a sua vida, ela estava decidida a nunca ter um filho. Crianças
ficaram no caminho da sua carreira. Mas o mais importante, ela não
queria trazer a este mundo uma outra vida apenas para fazê-la sofrer o
que os seus pais a tinham feito sofrer.
    "Mas se ele estiver do meu lado..." ela pensou.
    A perspectiva não parecia sem atrativos agora. De fato, isso apenas
aumentou a vontade que ela sentia por ele desde o momento em que seus
braços enlaçaram a sua carne nua.
    Ela tentou afastar estes pensamentos da sua mente. Ele ainda amava
Rei também. Isso era pra ser um acontecimento único. Um único momento em
que ela poderia viver uma fantasia. Não era para ela ser feliz. Ao
menos, não agora.
    Mas e se ele escolhesse Rei? Poderia ela viver sem ele?
Especialmente agora que ela sabia o quanto bem ele podia fazê-la se
sentir?
    'E se ele não voltar, eu não sei o que eu farei. Eu não sei como eu
serei capaz de viver. Ele é tudo o que eu tenho.'
    Naquela vez, ela tinha chamado Rei de estúpida por pensar desta
forma. Mas agora... ela entendia o que Rei queria dizer.
    "Ele é tudo que me restou," ela se deu conta.
    Com ele, ela poderia esquecer o passado. Seguir adiante. Mas ela
poderia perdê-lo. E se fosse assim... ela estaria sozinha... sem nada. E
ai?
    Ela se virou, e o abraçou fortemente, procurando por calor e
conforto.
    "Ele está aqui agora, Asuka. Esqueça o passado, tente não pensar no
futuro, apenas aproveite o momento..."
    Quando o sono a chamou novamente, paz e alívio podiam ser vistos em
seu rosto. Desta vez, apenas sonhos prazerosos esperavam por ela. Sonhos
de um futuro hipotético com ele.



[continua...]



Da próxima vez:
Capitulo 10 - Nunca Esqueça


Omake:

    "Me diga o que me resta se eu não puder mais pilotar o EVA, me diga
porque as pessoas deviam se importar comigo..."
    A forma como Asuka tinha dito... mesmo que ela se considerasse
extremamente inútil sem o EVA, eu sabia que parte dela estava implorando
a mim que eu respondesse àquela pergunta. Eu estava certo disso.
    Existe mais na vida do que o EVA! você... você... você é linda. Você
é brilhante! Digo, você se formou no colégio... e você pode ser bem
legal quando você quer!"
    "Isso é tudo? É isso tudo que restou de Souryu Asuka Langley?"
    Eu desejei que eu pudesse dizer mais, mas meu cérebro não parecia
disposto a trabalhar direito.
    "Isso... isso é mais do que eu posso dizer de mim mesmo..."
    "Você não precisa de mais! Você é Shinji, o Herói! Você é o piloto
do estimado EVA Unidade-01 da NERV!"
    "Quem se importa se eu posso pilotar um EVA?!"
    "Eu me importo!"
    "Bem, eu não! Eu não me importo! Eu não me importo se você não puder
pilotar estas coisas malditas novamente! Eu te amo pelo que você é, não
porque você é uma piloto!!!"
    Os olhos de Asuka se arregalaram. Talvez fosse por causa da
surpresa. Ou talvez porque eu a estava estrangulando. Não é isso que
você faz com as pessoas que ama? (especialmente se eles são as únicas
pessoas vivas no mundo)



Notas do autor:

(1) Embora eu tenha usado a caracterização do mangá pro Shinji, os
eventos seguem o anime. Então, Asuka não enfrentou o sexto anjo sozinha.

O capítulo nove foi bem difícil de escrever. Este tipo de situação
(Asuka chorando nos braços de Shinji) já havia sido feita antes. Pior:
tinha sido feita por Andrew Huang em uma história pela perspectiva de
Shinji (para aqueles que não sabem, envergonhem-se, o titulo daquela
historia é "I Mustn't Run Away"). Foi difícil não repetir as mesmas
coisas. Felizmente, Andrew fez uma pequena mudança na história, enquanto
eu continuei mais ou menos com a mesma cadeia de eventos. Mesmo assim,
eu tive que tomar cuidado. Então eu mantive a cena da quarentena curta,
insistindo mais nos efeitos posteriores (mas ainda assim, eu tinha que
ser cuidadoso pra não copiar "In Other Words" também). A conversa com
Rei no inicio, mais aquela com Asuka (idéia cortesia de Darren Demaine)
ajudaram na história geral.

As palavras "eu estou aqui por você" vieram do primeiro Video Girl Ai
OVA. Eu amei os primeiros episódios da série no momento em que eu os
assisti. Aquelas palavras no fim do primeiro OVA... tiveram um grande
impacto em mim. Não sei exatamente porque... talvez porque parte de mim
é um romântico incurável e eu me sinto desesperadoramente solteiro às
vezes?

E sobre o fim? Bem, está destinado a acontecer (se não tivesse
acontecido no capitulo 6) cedo ou tarde...

E antes que alguém pergunte, não haverá lemon side story deste capítulo.
Eu quero que isso fique assim: um ato de conforto, um ato de amor, algo
totalmente inocente. As chances são de que um lemon arruinaria tudo.



Alain Gravel
rakna@globetrotter.qc.ca
16 de setembto 1999

Iniciado em 31 de agosto de 1999
Primeira versão do pre-reader finalizada em 16 de setembro de 1999
Segunda versão do pre-reader finalizada em 4 de outubro de 1999
Versão final pronta em 26 de novembro de 1999
Revisão final em 14 de março de 2000

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Aquela que eu amo é... Capitulo: 08 (alternativo)



Demorei, mas postei! Capitulo 08 alternativo, hajime!!!!
Neon Genesis Evangelion: Aquela Que Eu Amo É...
Uma estória paralela ao capitulo 8: Nescessidade

Por sterrym@one.net.au 
Retocado por Godsend777
Traduzido por Souryu-san souryu@fanfictionbr.cjb.net 
Revisado por Ayanami-san ayanami@fanfictionbr.cjb.net
Baseado em situações criadas por Alain Gravel

http://www.geocities.com/Tokyo/Teahouse/2236/

Baseado em personagens criados e de copyright da GAINAX. 

Iniciado em 7 de outubro de 1999 
Primeira versão do pre-reader finalizada em 3 de novembro de 1999
Versão final finalizada em 6 de novembro 1999

Aquela Que Eu Amo É... ESTORIA PARALELA
Necessidade
"A verdade esta com você."



Eu acordei no cinza frio do amanhecer.  O quarto ainda emerso em sombras 
profundas, escondendo a bagunça usual do lugar.  Mesmo na meia luz, a 
face de Shinji era atraente quando ele dormia.  O jovem menino-homem, 
carregado com o peso de salvar a humanidade, forcado a carregar as 
minhas esperanças e medos.  Um fardo tão pesado para alguém tão jovem.

Esperança, uma palavra estranha para estes tempos.  Medo, uma palavra 
razoável, quando o pior dos meus medos se tornou realidade nas ultimas 
vinte e quarto horas.

Shinji inspirava e expirava levemente.

Eu pensei sobre a noite passada.  Um beijo de amante, um beijo 
apaixonado.  Conforto.  Não do corpo de um homem, a masculinidade 
contida no corpo de Kaji, ou um no limiar da maioridade, mas um cheio de 
promessa.  Carinho quando nos dois nos juntamos, por um breve momento.  
Eu suspirei, algo que não podia ser mais do que isso.

Meu Shinji. Eu sorri levemente, algo prazeroso.  Meu Shinji, que tinha 
duas garotas atrás dele, meu sorriso aumentou quando Meu Shinji expirou 
profundamente.

Meu Shinji se importava comigo.  Eu nunca tinha me dado conta de 
completamente de como nossa relação era.  Eu era simplesmente uma 
guardiã?  Eu era uma, mas eu acho que eu era um pouco dos dois.  Eu era 
seu oficial comandante, mas o tempo havia mudado nosso relacionamento.  
O beijo se tivesse se tornado algo mais poderia ter destruído tudo que 
nos tínhamos construído, uma traição da confiança.

Eu sorri para mim mesma, Shinji tinha mais que o suficiente para se 
preocupar alem de mim.  Mas a noite passada, o garoto tinha se tornado 
um homem; o homem que eu senti era mais velho...  Não, eu suspirei.

Asuka e Rei sentiam o mesmo?  Asuka; sempre tão estourada e direta, um 
cometa de cabelos vermelhos explodindo no mundo de Shinji.  Asuka podia 
começar um Segundo impacto sozinha!  Rei; o oposto, uma quieta noite 
enluarada, distante e misteriosa.

Eu iria sentir novamente esta paixão que as garotas sentiam por Shinji?  
Como eu sentia por Kaji?

Onde nos éramos crianças brincando de adultos, agora eu vejo crianças 
sendo forcadas a serem adultos.  Quanto mais podia ser amontoado sobre 
Shinji, Asuka e Rei?  Poderiam eles quebrar?  Eu expirei lentamente.  
Tanto; tão pouco.  Shinji não deveria se afastar das garotas.  Estes 
arranjo deles era conveniente, mas Shinji deveria fazer uma escolha.  
Shinji deveria fazer uma escolha, mas eu realmente nunca fiz!  
Ironicamente, tento o dobro da idade do garoto e pensando em dar um 
conselho que eu nunca segui.  

Um carro passou em frente ao apartamento, rapidamente, com o barulho 
lentamente diminuindo a distancia.  Eu ouvi enquanto o som morria.  Tão 
quieto, exceto pela lenta respiração de Shinji.  Recentemente, quando 
ele voltou para nos, eu tinha deitado a minha cabeca no peito de Kaji.  
Sentindo o gentil subir e descer enquanto adormecíamos.  Eu tinha me 
sentido culpada então, sumindo, logo apos Meu Shinji ter voltado para 
mim.  Mas aquele momento foi passageiro, e agora tinha se ido para 
sempre.

Kaji, no passado fui eu quem fugi.  Eu pensei que você era como meu pai, 
mas no final, era eu que era como ele.  Eu o odiava, eu odiava você, mas 
acima de tudo eu me odiava.  Mas ontem foi o dia no qual eu não fugi.  
Um dia que eu nao usei álcool para superar.  O dia em que eu agüentei.

O cansaço e o que meu corpo tinha passado, me levaram para a beira do 
sono.

        'Eu não quero sonhar...'


Quando eu acordei novamente, o sol brilhava com dolorosa familiaridade 
no quarto.  O que a noite escondia nas sombras brilhava agora 
abertamente.  As latas de cerveja vazias, garrafas de sake e café.  
Roupas atiradas como se um furacão tivesse acertado elas.  Eu suspirei, 
a manha tinha se intrometido na doce fuga do esquecimento.  Uma dor 
estúpida ainda existia, uma lembrança do conhecimento duramente 
adquirido.

Shinji obviamente tinha saído cedo da manha, não desejando me perturbar.  
Eu sorri ironicamente sem querer, esta manha seria definitivamente 
interessante!

Eu dei uma olhada no espelho enquanto me preparava para sair do quarto, 
o espelho refletindo uma imagem de aceitação.  Não prontamente aceita 
ainda, mas um pequeno passo nesta direção.  Meus olhos se desviaram 
quando a cruz que eu carregava no pescoço pegou um raio de sol e 
refletiu no espelho.  Um símbolo de um fé que eu não mais plenamente 
acreditava.  Mas havia outras coisas para se acreditar.

Na noite passada eu tinha querido que Shinji estivesse perto de mim.  A 
minha necessidade era coisa minha, para não me sentir solitária.  Agora 
minha necessidade é por aqueles que eu quero, ter a verdade por eles.  
Exatamente agora parece difícil, a manha que nasce vai trazer depressão 
e dor.  A dor ainda vai estar aqui, mas esta necessidade de verdade, a 
parte que você me deu Kaji, vai me ajudar a seguir adiante.

Minha necessidade é por você, mas se eu não posso tê-lo, vai ser como 
você queria. Por Shinji, por Asuka, por Rei, por mim...



Notas do autor:
Bem, esta é uma historia curta, mas eu não queria ocupar paginas e 
paginas. Muito obrigado a Alain e Godsend777 que pre-lerem isso antes de 
lançar.  Agradecimentos especiais a Godsend pelos ajustes!!


segunda-feira, 12 de julho de 2010

Aquela que eu amo é... Capitulo: 08


Continuando a história! Capitulo 8, Hajime!!!

Aquela Que Eu Amo É... 
Capitulo 8 - Lagrimas / Aquelas três palavras que eu devia ter dito
Escrito por Alain Gravel
Traduzido por Souryu-san souryu@fanfictionbr.cjb.net
Revisado por Ayanami-san ayanami@fanfictionbr.cjb.net 
Baseado em personagens criados e de copyright da GAINAX

http://www.geocities.com/Tokyo/Teahouse/2236/

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Capitulo 8 - Lagrimas / Aquelas três palavras que eu devia ter dito 

    Quando ele ouviu os passos se aproximando, Kaji Ryouji sabia que a hora tinha chegado. Ele tinha se tornado uma ameaça grande demais para a SEELE e a NERV para poder viver muito. A vontade de tentar e simplesmente escapar era muito grande, mas isso não ia resolver nada. Apenas com a sua morte ele poderia proteger aqueles que ele amava e com quem se importava.
    Ele abriu seus olhos e levantou a sua cabeça, então ele poderia ver os olhos da pessoa que ia mata-lo.
    "Oi. Você esta atrasado."
    O som de um tiro ecoou na sala.
    Kaji Ryouji desabou no chão. Seu assassino saiu sem dizer uma palavra...

                                - - -

    pela terceira vez, eu tentei resolver aquele estúpido problema de matemática... e falhei. Eu olhei para as duas garotas sentadas em frente a TV, 
tendo uma espécie de disputa de vídeo game. Uma disputa bastante barulhenta. Especialmente, já que Rei estava ganhando de Asuka quase todas às vezes.
    "Tome isso! Isso! E isso! Você esta morta Garota Maravilha!!!! YES!!! 
VICTORIA!!!"
    Mas, novamente, eu achei que foi uma benção, que Rei ganhasse de 
Asuka a maioria das vezes, já que a ruiva tendia a berrar mais alto quando ela ganhava.
    Eu murmurei algo. Infelizmente, isso não passou despercebido por uma certa 
Sohryu Asuka Langley.
    "Sobre o que você esta reclamando? Ainda preso naquele estúpido problema de matemática?"
    "Eu não posso me concentrar com todo o barulhos que vocês duas fazem! Podiam ao menos abaixar o volume da TV...?"
    "Não!"
    Eu suspirei.
    "De qualquer forma, porque vocês estão jogando aqui? Vocês não tem o seu próprio apartamento?"
    "Nos não temos uma TV."
    "Comprem uma!"
    "Nos não podemos pagar."
    "Mas vocês acabaram de gastar deus sabe quanto nestes novos vestidos que compraram a dois dias atrás!"
    "Yeah, e agora estamos quebradas..."
    eu suspirei, me deixando cair na mesa, vencido. Eu tentei olhar para Rei em busca de ajuda... sem chance, ela ainda estava grudada na TV. Eu realmente desejava que Asuka não tivesse mostrado pra ela aquele jogo...
    "Bem, se você não pode estudar, ao menos tente ser útil! Eu estou morrendo de sede! Você podia ao menos tratar melhor os seus convidados, baka!"
    Convidados!?
    "Hai, hai..."
    Porque eu vivia agüentando isso? Porque eu queria que Rei se divertisse. E também porque eu realmente não  ousava aborrecer Asuka. Então, eu fiz exatamente o que me foi dito e fui pra cozinha pegar algumas bebidas. Eu acho que estava tudo bem já que eu mesmo estava com sede. Ignorando toda a cerveja do lado do refrigerador da Misato, eu optei por um suco de laranja. Eu não me sentia a fim de fazer chá e nos estávamos sem refrigerante (Asuka e Rei tinham tomado tudo dois dias atrás, então a ruiva tinha achado mais fácil devastar a nossa geladeira do que ir comprar mais).
    Quando eu voltei par a sala com uma bandeja com três copos de suco, eu notei pela expressão de Asuka que ela obviamente tinha perdido *novamente* para Rei. Eu sorri; ao menos havia alguma justiça.
    "Aqui."
    Rei pegou o copo, finalmente se dando conta da minha presenca em uma hora ao me agradecer (o que deu a Asuka a oportunidade de nocautear o personagem de Rei no jogo). Então eu passei o copo pra Asuka 
Que felizmente bebeu tudo, agora que ela tinha ganhado. Logo logo, as duas garotas voltaram para o jogo. Eu suspirei e tentei voltar para meu trabalho. 
Foi quando Misato chegou. Quando Misato entrou no apartamento, eu imediatamente senti que havia alguma coisa errada.
    "Estou de volta."
    A maneira que ela disse estas palavras... Misato geralmente tentava ser alegre, mesmo que seu dia de trabalho fosse uma droga. Mas hoje... ela parecia cansada, quase a beira de um colapso. Mas o pior de tudo... seus olhos pareciam... sem vida.
    Nem Rei ou Asuka notaram isso, estando muito ocupadas com seu jogo. Elas provavelmente nem se deram conta de que Misato tinha chegado. E o volume da TV estava tão alto que eu mal ouvia a mim mesmo.
    A Major caminhou pra geladeira, mas quando as suas mãos iam abri-la, ela parou.
    Eu estava ficando preocupado. Não importa o que havia acontecido, ela sempre engolia uma cerveja depois do trabalho.
    Então, ela olhou para o telefone e notou que o indicador de mensagem estava piscando. Eu não havia visto ate agora. Pela primeira vez desde que ela entrou, apareceu uma expressão em sua face. Mas eu não gostei do que eu vi.
    Quase desastradamente, ela foi ao telefone e apertou o botão.
    Eu acho que nem Rei ou Asuka ouviram a mensagem. Elas teriam reagido. Mas eu ouvi.
    'Katsuragi, sou eu. Eu estou certo de que você esta ouvindo esta mensagem, 
depois de eu causar tantos problemas. Desculpe. Por favor, diga a Ritchan "eu sinto muito." E tem mais uma coisa pra você se preocupar: eu tenho estado plantando... flores. Eu apreciaria se você pudesse aguá-las. Shinji-
kun sabe aonde é. Katsuragi, a verdade esta com você. Não hesite. Vá em frente! Se eu puder ver você de novo, eu vou dizer aquelas palavras que eu nao pude dizer a oito anos atrás. Tchau.'
    Eu realmente não reagi a aquelas palavras de inicio. Eu entendo o significado que havia atrás delas, mas parte de mim nem mesmo considerava a possibilidade. Mas as lagrimas caíram na mesa de madeira, 
Como os soluços que escaparam dos lábios de minha guardiã antes de seus joelhos falharem e ela cair em cima da mesa... era impossível ignorar aquilo. Ela estava... chorando de uma maneira que eu não imaginava possível para ela.  Algo havia acontecido... certamente, alguma coisa havia acontecido... 
a Kaji...
    "Misato-san..."
    Eu corri para o seu lado, Rei e Asuka finalmente se dando conta do que estava acontecendo a sua volta.
    "Mein Gott! Misato, qual o problema?"
    Asuka estava provavelmente muito surpresa para fazer algo. Rei tinha um olhar espantado na sua cara, como se ela estivesse tendo dificuldade em entender e não sabia como reagir. Afinal de contas, Ela apenas conhecia o lado confiante e despreocupado da Major, Ela não conhecia a mulher sensível que Misato podia também ser. Estranhamente, eu toquei o ombro da Major com um dedo.
    "Misato-san..."
    "Shinji! Porque? PORQUE?"
    A sua reação me pegou de surpresa. Ela agarrou a minha camisa, me puxando para o chão, antes dela mesmo cair, então se encolheu em uma posição fetal, como uma criança teria feito.
    Eu já tinha visto muitas coisas na minha vida. Eu já havia estado no calor da batalha. 
Eu tinha visto pessoas se machucarem. Eu vi pessoas morrerem. Mas a coisa que mais me doía era ver uma mulher chorando.
    Eu odiava aquilo. E cada vez mais eu me odiava por me sentir incapaz.
    Eu olhei para esta mulher adulta no chão, chorando diante de mim, e eu não sabia o que fazer. Então eu simplesmente me ajoelhei e tomei ela em meus braços,
Esperando que isso ao menos desse algum conforto.
    "Esta bem Misato-san... esta bem..."
    Eu me sentia idiota dizendo isso, por que eu não sabia exatamente o que estava errado, mas eram apenas estas as palavras que vinham a minha mente. Mas estas palavras devem ter trazido algum conforto, já que Misato começou a se acalmar um pouco.
    Era estranho segurar ela desta forma. Misato era minha guardiã, a pessoa que sempre estava aqui quando eu tinha um problema, pelo menos quando ela estava sóbria. Geralmente, era ela quem tentava confortar os outros. E também, eu nunca tinha tido nenhuma mulher adulta em meus braços, apenas adolescentes. 
Pela primeira vez, eu me dei conta, por mais bonitas que elas pudessem ser, Rei e Asuka ainda tinham muito que crescer em comparação com Misato. Como eu tinha feito.
    Eu olhei para as duas garotas, que pareciam completamente perdidas, sem saber o que fazer nesta situação. Asuka tentou se aproximar,
Mas deu um passo atrás depois de dar um adiante. Ela nos olhou, então para uma confusa Rei, então para a porta, então para seus pés, então para nos de novo.
    "Shinji, você acha que você vai..."
    "Eu vou cuidar das coisas."
    Ela parecia um pouco culpada, mesmo que aliviada.
    "Eu... Eu... eu sinto muito ser tão inútil... eu apenas..."
    "Esta bem..."
    Asuka olhou para Rei e com um gesto silencioso, indicou a porta. Com um aceno da garota de cabelos azuis, ambas estavam fora do apartamento em um segundo.
    Bem, parecia que a tarefa de tomar conta de Misato era toda minha
Agora que as garotas tinham me deixado por minha própria conta. Eu não poderia realmente culpa-la. 
Eu me sentia perdido. Eu... eu era apenas uma criança... eu não sabia o que fazer.
    "Idiota... que idiota..."
    "Misato-san..."
    Nos ficamos lá por um tempo, talvez uns poucos minutos, talvez uma hora, eu não sabia. Toda vez que eu achava que ela ia parar de chorar, as lagrimas voltavam, com força total. Quando isso acontecia, eu apenas a segurava com mais força. Quando ela se acalmou, eu deixei meus dedos gentilmente fluir ao longo daquele cabelo púrpura escuro, esperado que isso tivesse algum efeito. Ele parecia suave sob a minha mão, quase como seda. Nem o cabelo de Rei ou Asuka era assim tão macio. Talvez fosse um efeito colateral de todo aquele LCL que estávamos sempre imersos. Ou talvez Misato tivesse apenas um cabelo mais suave.
    "Misato-san... talvez você deva deitar no seu quarto..." eu tentei sugerir, uma vez que ela pareceu se acalmar.
    "Sim..." ela mal suspirou.
    Eu a ajudei a se levantar e praticamente a carreguei para lá. Ela parecia incapaz de se manter em pe com suas próprias forcas. Não havia sido fácil. Enquanto que do tamanho de uma mulher media, Misato era ainda bem maior que eu, e ela era definitivamente mais pesada que Asuka. Mas era muito pra meu pequeno corpo carregar. Mas nos conseguimos. Com um pé, minhas mãos estavam muito ocupadas segurando ela, eu abri a porta corrediça. Eu nunca tinha entrado no quarto dela, era considerado fora dos limites, e eu não pude deixar de me engasgar ao ver a bagunça que estava lá. Eu tinha dado uma olhada antes, na época que eu tinha chegado em Tokyo-3. Nesta época, era quase uma bagunca. Mas agora... eu olhei com desgosto para as latas de cerveja, lixo e roupas caídos pelos cantos. Eu imaginei, era eu que era anormal por querer dormir em um quarto arrumado?
    Naturalmente, com a minha sorte, alguma coisa ia acontecer.
    O melhor que eu pude, eu tentei carregar Misato para a sua cama sem tropeçar em alguma de suas coisas. Contudo eu não tinha planejado que Misato pisasse numa lata de cerveja, com o seu já instável balanço, e caísse na dita cama, me arrastando com ela. Para completar isso... eu tinha caído em cima de uma mulher... *novamente*! Certamente, era uma maldição! Bem, ao menos desta vez, minhas mãos estavam na cama e não... em outro lugar.
    Eu conhecia algumas pessoas que não iam classificar isso como "má sorte".
    Ambos abrimos nossos olhos. Eu olhei para aqueles olhos castanhos escuros, vermelhos e inchados de tanto chorar. Ela me olhou. Então, eu senti um braço nas minhas costas, empurrando nosso corpos para junto, e lábios tocando os meus...

                                * * *

    Eu acordei de repente, quando eu senti alguma coisa acertar o meu estomago. Meus olhos se arregalaram de ver um pe ali. Eu olhei para o dono do pé. 
Misato estava ferrada no sono. Ela agora parecia em paz. Eu quase ri quando me dei conta que ela estava babando no travesseiro.
    Cuidando pra não acordar ela, eu levantei e sai do quarto. Felizmente, 
Ela tinha soltado a mão que prendia meu braço, me segurando junto a ela.
    Quando eu olhei para o relógio para ver as horas, eu me dei conta que era cedo da manha, mas não cedo o suficiente para voltar para a cama e tentar pegar no sono. Eu logo teria que ir para a escola. Eu bocejei. Eu provavelmente mal tinha conseguido dormir uma hora, talvez duas, noite passada. Eu podia sentir isso, e o dia seria bem longo... preguiçosamente, eu caminhei em direção ao banheiro. Talvez eu me sentisse melhor depois de um bom banho. Eu tinha bastante tempo para tomar um.

                                * * *

    Eu sai do banheiro e me vi cara-a-cara com Misato. Seu cabelo estava uma bagunça e ela vestia seu robe, claramente pensando em tomar um banho. Eu me senti bastante consciente enquanto a olhava, vestindo apenas uma toalha em volta da minha cintura. Estava clara para ambos, isso era uma situação embaraçosa. Nos olhamos um para o outro. Eu não pude deixar de me lembrar no que tinha acontecido a algumas horas atrás. Ela deve ter notado o vermelho na minha face, e ela mesma corou.
    Ao menos, ela parecia se sentir um pouco melhor, parte de mim notou.
    "Eu... eu... eu vou preparar o café. Você... você pode usar o banheiro agora," eu disse, numa tentativa de por um fim nesta situação constrangedora. 
então, eu corri para o meu quarto, o mais rápido que alguém segurando uma toalha em volta da cintura poderia.

                                * * *

    Quando Misato finalmente se juntou a mim no café da manhã, ela já estava completamente vestida no seu uniforme da NERV, como toda manha. Como sempre, sua mão procurou a geladeira, para sem duvida tomar a sua cerveja, mas eu a parei colocando a minha própria mão sobre a porta.
    "Eu acho que isso aqui vai ser mais útil," eu disse quando passei pra ela uma xícara de café. Eu já tinha bebido duas, mesmo detestando o gosto.
    Ela me deu um olhar estranho, mas pegou a xícara. Embora ela parecesse melhor que na noite anterior, ela parecia um pouco incomodada. Ela provavelmente não tinha força suficiente para protestar.
    Café numa mão, ela sentou e tomou alguns goles do liquido marrom. Sem muito mais que uma palavra da minha parte, eu coloquei um prato de torradas na frente dela e peguei um pouco de geléia da geladeira.
    "Isso é tudo o que nos temos para o café da manhã?"
    "Eu não estava a fim de cozinhar."
    Misato acenou concordando. Quando eu me sentei, ela me olhou, nervosamente.
    "Shinji... sobre a noite passada... bem... eu... eu não estava pensando direito..."
    "Tudo bem, Misato-san."
    Eu sorri para ela, um sorriso amistoso. Ela pareceu um pouco surpresa pela minha reação.
    "Nenhum problema, certo?"
    Eu fiz uma pausa por alguns segundos. Eu deveria mesmo dizer isso?
    "Alem do mais... aquilo foi... agradável..."
    Eu sabia que eu estava super corado, agora. Misato me encarou, olhos arregalados, então ela mesma corou, antes de sorrir de leve. Era bom ver ela desta maneira.
    "Contanto que nos não contemos a Asuka e Rei, nos vamos poder continuar vivos," eu acrescentei, antes de eu mesmo rir um pouco.
    Nos realmente não falamos muito depois disso. Nos ainda estávamos provavelmente um pouco desconfortáveis. E eu podia dizer que Misato estava perturbada por algo mais. Quando eu notei que ela parecia olhar para o telefone, eu me preocupei que ela desabasse em mais um mar de lagrimas. Isso pelo menos,
Ate ouvirmos um "quack" vindo do lado dela.
    "Pen-Pen!"
    O cheiro da torrada deve ter acordado o agora faminto pingüim. 
Antes que eu pudesse me levantar e encontrar alguma coisa para ele comer, Misato 
Pegou ele e o segurou forte em seus braços, da mesma forma que uma garotinha seguraria um ursinho de pelúcia. Ela parecia tão triste... isso não poderia continuar assim. Alguma coisa a estava machucando e eu sentia... que ela precisava partilhar esta dor.
    Eu estava relutante em fazer a pergunta que estava na minha mente. Eu tinha uma idéia do que a estava despedaçando. Mas... eu não me atrevia a perguntar. Ignorância é uma benção. O que você não sabe não pode machuca-lo. E... e eu não queria me machucar...
    "O que... que aconteceu... Misato-san? Foi ... foi... foi Kaji?"
    Droga! Eu tinha perguntado!
    Ela estremeceu ao ouvir o nome de Kaji, o segurou o pássaro de águas mornas mais apertado. Lagrimas silenciosamente abriram caminho pelo seu rosto e caíram sobre as penas do animal.
    As próximas palavras foram muito difíceis de dizer. Bem, nao havia volta agora...
    "Então... é realmente sobre Kaji. Eu... eu ouvi a mensagem noite passada. 
Ele esta... esta... morto?"
    O choque apareceu na sua face. Ela quase derrubou Pen-Pen. Ela o colocou de volta no chão, provavelmente para evitar o risco disso acontecer novamente.
    "Shinji-kun... você... você não precisa saber..."
    Ela olhou para mim, seus olhos quase implorando.
    "Eu... eu não posso... eu não posso fugir da verdade... não para sempre".
Alem disso, eu já sei. Mas... mas se você não me contar... eu sei que parte de mim vai... apenas... tentar... evitar a verdade..."
    Ela olhou para mim, sua expressão mudando de surpresa para orgulho. 
Apesar das lagrimas que continuavam caindo, ela me deu um tímido mais caloroso sorriso, antes de se tornar mais seria. Seus lábios se entreabriram, ela tentou falar, mas falhou. Apenas da segunda vez eu ouvi um fraco, "sim. Ele esta morto."
    Ate agora, eu tinha feito um bom trabalho evitando a verdade. Era tão fácil. Kaji era um homem tão extraordinário. Ele sempre parecia calmo, no controle. Ele sempre parecia ter uma solução para cada problema. Kaji, morto? Isso não parecia fazer sentido. Ate agora, eu tinha evitado a verdade. Mas agora que Misato tinha dito estas palavras...
    "Eu entendo."
    Estas eram as únicas palavras que eu consegui dizer. Enquanto eu falava, eu me dei conta do quanto seca estava a minha garganta.
    Primeiramente, o que eu senti não era como eu esperava. Eu conhecia tristeza. Eu sabia como parecia. Mas eu não me sentia assim. Eu me sentia mais... vazio. Isso era perturbador.
    "Você esta certa?"
    Parte de mim ainda não queria acreditar. Talvez fosse por isso que eu estava me sentindo desta maneira.
    Misato balançou a cabeça. Calmamente, eu levantei a minha xícara para tomar um gole.
    "Misato... e de Kaji que nos estamos falando... ele não pode... ele não pode estar morto..."
    "Shinji. Ele esta morto. Eu sei."
    O tom da sua voz. A  inconfundível dor em sua face.
    Isso, eu não podia ignorar.
    Primeiro Mãe.
    Junto com ela, Pai.
    E agora Kaji...
    Minha xícara de café caiu na mesa, parte do liquido morno espirrando na minha camisa. Eu sentia uma dor familiar no meu peito, e lagrimas familiares correndo dos meus olhos embaçados.
    "Shinji!"
    Que estranho... agora, era ela que se levantava e me tomava em seus braços, apesar de suas próprias palavras.
    "Shinji..."
    Era uma coisa boa que Asuka estava agora vivendo com Rei. Ela provavelmente se sentiria enojada de me ver chorando assim. Ela provavelmente teria alguma coisa pra dizer tipo, "você é um homem ou o que?"
    Não, eu estava errado. Eu sabia o quanto ela gostava de Kaji. Ele tinha sido a sua primeira paixão ele também tinha sido a coisa mais próxima de um pai que ela tinha tido. Ele tinha sido a coisa mais próxima que eu tinha tido de um pai, então eu podia saber como ela se sentiria. Se ela estivesse aqui... ela ainda estaria mais machucada que eu.
    "Não vamos... não vamos contar para Asuka..." eu consegui dizer depois de uns instantes.
    "Você esta certo," concordou Misato, ainda me segurando. "Vamos apenas inventar alguma historia a respeito dele me deixar e voltar para a Alemanha. Isso vai servir... por enquanto."
    "Sim... nos podemos contar a ela... quando tudo isso estiver acabado. Com o tempo... ela não vai pensar tanto nele..."
    Misato me soltou. Ambos tentamos limpar nossas lagrimas. Ela logo teria de trabalhar e eu teria de ir para a escola. A dor e o súbito vazio em nossas vidas ainda existia, mas de alguma forma, eu acho que ambos nos sentimos um pouco melhor. Apenas um pouco.
    "Você esta bem, Misato-san?"
    "Não... mas... um dia eu estarei..."
    Houve uma longa pausa. Nenhum de nos sabia o que dizer.
    "Ele disse que se nos encontrássemos novamente, ele iria dizer aquelas palavras que ele devia ter dito a oito anos atrás. Eu me arrependo de não ter eu mesma dito elas. Shinji... se você ainda não disse... diga a Asuka e a Rei que você ama elas. Você nunca sabe... quando aqueles que você ama... não mais estarão aqui..."
    Eu concordei. Aquelas três palavras. 'Eu Te Amo'. Eu nunca tinha dito elas corretamente a nenhuma das duas.
    Eu me levantei e estava indo me trocar e pegar a minha bolsa escolar quando uma questão me ocorreu. Uma questão simples, mas de muito impacto.
    "Porque?"
    Misato olhou para mim por um tempo. Ela parecia hesitante em dizer. 
Eu penso que ela estava pensando nas palavras certas.
    "Ele era um risco de segurança."
    Ouvindo estas palavras, apenas uma conclusão veio a minha mente. Minhas mãos se fecharam em punhos.
    "Foi ELE que deu a ordem para mata-lo?"
    "A ordem veio de seu gabinete."
    "Eu entendo."
    Eu olhei para os meus punhos, quando eu comecei a notar que meus dedos estavam ficando machucados. Minhas juntas estavam brancas. Eu abri minhas mãos, assim eu não me machucava. Mas a raiva ainda estava aqui.
    "Eu não sei como, eu não sei quando, mas ele vai pagar..." eu disse em uma voz baixa que provavelmente preocupou Misato, julgando pela expressão que ela tinha.
    Ela veio ate mim e colocou uma mão em meu ombro, e a outra afagou meu cabelo. Isso teve um efeito calmante. Repentinamente, eu me dei conta de que nunca estivemos tão próximos como estávamos agora.
    "Não faca nada apressado, Shinji. Eu vou cuidar do trabalho do Kaji. Eu vou procurar a verdade. E uma vez que eu a encontre, nos veremos o que podemos fazer com ela."
    "Misato-san..."
    Eu olhei para ela. A dor tinha deixado seus olhos, sendo substituída por um propósito e resolução.
    "Prometa-me que você."
    Novamente, ela me envolveu em um abraço, um mais alegre.
    "Eu irei, Shinji-kun. Eu irei..."
                                * * *     

    "Então, qual era o problema de Misato?"
    Havia preocupação e também curiosidade na voz de Asuka. Eu não estava surpresa de que ela perguntaria. Mas eu não esperava isso tão cedo. Nos mal tínhamos deixado o complexo dos apartamentos para ir para a escola.
    "Kaji deixou ela," eu disse secamente. Rapidamente, meu cérebro começou a trabalhar em uma desculpa.
    Asuka parou mortificada em seus passos.
    "O que?!"
    "Eu acredito que ele disse que Kaji-san rompeu seu relacionamento com a Major Katsuragi."
    Asuka olhou para Rei.
    "Eu sei o que ele disse! Eu... eu apenas não consigo acreditar..."
    "Acredite. Eles não estão mais juntos. E provavelmente nunca estarão."
    Isso não era completamente verdade, mas tampouco era completamente mentira.
    "Mas... mas... eles se amam tanto! Porque?" Perguntou Asuka.
    "Parece que ele não a amava o tanto quanto nos achávamos. Assim que ele conseguiu o que ele queria... ele apenas a descartou."
    O choque apareceu no rosto de ambas as garotas quando elas registraram estas palavras. Eu me senti mal dizendo estas coisas sobre Kaji. Mas era pro bem da Asuka. Estranho. Era tão fácil mentir quando a mentira causava menos dor que a verdade.
    "Ele conseguiu... o que ele queria...?"
    Aparentemente, minha mentira não era tão convincente assim. Asuka teve problemas aceitando ela.
    "Eu acredito que ele quis dizer que Kaji-san não sente mais nada pela  
Major Katsuragi já que ele fez sexo com ela, " Rei convenientemente explicou.
    Certamente Asuka tinha entendido o que eu tinha dito. Afinal de contas, supostamente ela era mais inteligente que eu. Contudo, entender algo era uma coisa, aceitar era outra completamente diferente. Felizmente, Rei's 
As palavras de Rei tiveram muito impacto, o que fez este  "fato" mais fácil para 
Asuka aceitar.
    "Isso não pode ser..."
    Qualquer um que conhecesse Asuka saberia que suas emoções era bem intensas. Então, não foi nenhuma surpresa quando a sua expressão mudou de choque e descrédito para ódio crescente em apenas uns segundo.
    "O bastardo! Quando eu vir ele, eu vou... eu vou... eu vou despedaça-lo!
E pensar que eu achava e;le tão legal...!"
    "você não vai ver ele de novo."
    "Uh?"
    Rei olhou para mim, um olhar suspeito em sua face. Eu acho que deixa escapar coisa demais com estas ultimas palavras. Ela agora conseguia ver entre as mentiras. Mas Asuka não pareceu entender. E isso era o que importava.
    "Ele foi para a Alemanha," eu menti novamente.
    "Que covarde! Humpf!"
    Dito isso, Asuka correu em direção a escola. Eu acho que ela precisava lidar com aquela raiva.
    "Não conte a ela," eu simplesmente disse a Rei.
    Ela simplesmente acentiu concordando.
    A verdade e algo precioso. Mas também pode machucar. Às vezes é melhor sentir raiva que dor. Nem sempre, mas às vezes, é. Poucos dias depois, eu me dei conta que tinha sido uma sabia decisão esconder isso dela...

                                * * *

    Quando eu me deixei cair na cama, eu suspirei de alivio. Que dia... 
a escola tinha sido legal, e não tinham havido tantos testes na NERV hoje, mas mesmo assim, eu estava morto de cansado. Eu tinha me preocupado quando Misato pulou o jantar, mas eu me senti melhor quando ela chamou, para dizer que ela estaria trabalhando ate tarde. Ela provavelmente estava tentando se ocupar. Eu não podia culpa-la. Eu não conhecia Kaji tão bem quanto ela e a dor ainda estava aqui. eu me encontrei inconscientemente chorando algumas vezes hoje.
    Misato... ela era meu oficial superior, meu guardião. Mas ela sempre estava lá quando eu precisava dela. Eu pensei em todas as vezes que ela me deu conselhos. Todas as vezes que ela tentou me ajudar, mesmo que eu não quisesse ninguém a minha volta. Ela era como... uma mãe.
    Então eu pensei na noite anterior. O quanto vulnerável ela tinha estado. Como tinha sido segurar ela em meus braços, tão perto. Como ela tinha parecido perdida, agarrando meu pulso, implorando para não deixa-la sozinha no quarto.
    Um monte de caras provavelmente ia ficar com inveja. Ela era linda afinal de contas. Mesmo que ela fosse descuidada com a casa.
    Não apenas ela era meu superior, e a coisa mais próxima do que eu tinha de uma mãe agora, mas ela também era uma mulher, eu compreendi.
    Eu me lembrei do momento em que nos dois caímos na sua cama. 
Como ela tinha nos mantido juntos. Como nossos lábios tinham se tocado e como tinha sentido, quando eu me derreti naquele beijo...
    Eu fechei os meus olhos e tentei tirar aqueles pensamentos fora da minha cabeça. Droga! Eu já amava Rei e Asuka! Eu não podia pensar em Misato desta forma!
    Foi apenas um simples beijo, droga!!!
    Eu tentei me concentrar na figura materna que Misato era pra mim. 
Isso era tudo que eu queria, tudo que eu ansiava. Alguém que se importasse comigo... mas não da mesma forma que Rei ou Asuka.
    Mantendo esse pensamento em mente, eu lentamente emergi num sono, mostrando um sorriso de contentamento.

                                - - -

    Kaji Ryouji gemeu enquanto lutava pra se levantar. A dor em seu peito era quase insuportável. Quase. Ele enfiou o dedo no buraco da sua camisa e pode sentir a bala presa na placa de metal que ele tinha colocado ali. Isso tinha parado a bala, mas o impacto tinha provavelmente quebrado algumas costelas. Ao menos, ele estava grato de que a bala tinha sido endereçada ao seu peito e não a sua cabeça. Mesmo assim, ele lamentava não ter usado alguma coisa mais sofisticada como uma vestimenta a prova de balas.
    Dolorosamente, ele levantou. Ele não sabia quanto tempo tinha estado inconsciente, então ele tinha de agir antes que a equipe de limpeza chegasse.
    De dentro de um lugar oculto perto dali, Kaji pegou um saco de lixo meio cheio bem como o corpo de um agente de segurança da NERV que tinha previamente tentando atirar nele. O homem também era um agente infiltrado da SEELE. Era irônico que mesmo "morto" ele ainda faria um trabalho em favor de Ikari.
    Cuidadosamente, Kaji pegou a carteira do homem e trocou com a sua. 
Ele também removeu a roupa preta e os óculos escuros que a figura usava. O homem tinha uma complexão física e cabelo similar ao dele. Mas um problema continuava. Do saco de lixo, Kaji pegou uma arma equipada com silenciador. Descarregar um pente inteiro na cabeça do corpo foi o suficiente para torna-la identificável. E a bagunça que ele fez apenas ia apressar a turma de limpeza a dar um fim no corpo o quanto antes. Ele quase riu, pensando em todas as vezes que as pessoas quiseram tirar o sorriso de Kaji Ryouji da sua cara. Ele achou que eles teriam aprovado. 
    Do seu saco, Kaji tirou uma roupa preta, similar a que o homem usava. Ele colocou, bem como os óculos escuros do homem. Ele colocou a roupa suja de sangue do homem no saco, para se livrar dela na próxima lixeira. Sorrindo, o homem antes conhecido como Kaji Ryouji caminhou para longe do corpo, sabendo que agora ele poderia facilmente deixar o quartel general da NERV. Contudo, o sorriso na sua face era falso.
    "Eu sinto muito impor isso a você Katsuragi," ele pensou, "mas esta é a única forma que eu posso proteger você..."
    Ainda havia muito que fazer. Agora que ele estava morto, ele poderia tentar localizar a SEELE. Apenas uma sombra seria capaz de encontrar uma organização que reinava nas sombras. E se ele encontrasse uma maneira de eliminar a SEELE,
então Katsuragi e as crianças estaria salvas.
    "Tome cuidado, Katsuragi. Proteja esta cidade e as crianças o melhor que puder. Se eu for bem sucedido, talvez nos encontremos novamente..."



[Continua...]



Na próxima vez:
Capitulo 9 - Mente despedaçada / eu estou aqui por você.


Omake:

    "Você esta um pouco atrasado, não é?" Kaji perguntou enquanto sorria maliciosamente. Misato detestava aquele sorriso. Então ela atirou no peito dele e foi embora.
    "Isso foi por me usar." Ela disse seriamente.
    Depois que ela saiu, Kaji se levantou e tirou a roupa de Kevlar que ele estava usando. Ele cuidou do assunto, (i.e. - trocando o seu corpo com o de um agente morto, e depois ele usou o banheiro; Misato podia ser realmente assustadora) e caminhou em direção a porta mais próxima.
    "Oh, hey Hyuuga." Kaji sorriu.
    "Você nunca vai machucar a Major novamente!" Hyuuga gritou.
    *BLAM!*
    Kaji caiu no chão. Satisfeito com o seu trabalho, Hyuuga voltou para o comando da NERV. Depois que ele saiu, Kaji levantou-se, tirou seu protetor de estomago de kevlar, e saiu pela porta.
    Quando ele entrou no elevador, ele trombou com Asuka.
    "Asuka-chan! Como você esta?"
    "Isso é por me seduzir!!!"
    *BLAM!*
    Kaji se contorceu antes de cair no chão. Satisfeita como seu trabalho, Asuka saiu do elevador e foi em direção a sua casa, para a comida de Shin-chan. Vendo que ela tinha ido, Kaji levantou-se e removei seu suporte atlético de Kevlar. Ele duvidava que ele teria filhos alguma vez, depois disso.
    Depois de se esgueirar pra fora do Geofront, Kaji decidiu que uma bebidinha seria uma boa idéia. Então ele foi pro bar mais próximo.
    E ficou confortável e pediu uma cerveja. Então ele notou a companhia ao seu lado.
    "Pen-Pen?"
    "Wark!"
    *BLAM!*
    Kaji caiu no chão mais uma vez. Satisfeito, Pen-Pen acabou a sua cerveja, então a de Kaji, e saiu. Depois dele sair, Kaji se levantou e tirou as suas meias de Kevlar. Agora, Kaji não estava feliz. então ele rapidamente rumou para o aeroporto, parando apenas numa 7-11 para pegar um ho-ho e uma revista pornô.
    "Kaji-san!" Shinji exclamou.
    *BLAM!*
    Shinji desabou no chão. Melhor prevenir que remediar, Kaji pensou enquanto saia pro aeroporto.

(Meu obrigado novamente a Godsend777 por este pequeno pedaço)


Notas do autor:

Eu assustei alguns de vocês, não? Eu estou certo de alguns de vocês imaginaram se Shinji e Misato... Pervertidos! ^_^

Agora, a grande questão, quem atirou em Kaji? Tendo Misato feito o trabalho traria muito drama a este capitulo, e podia muito bem explicar a reação dela quando ele ouvia a mensagem (sem Shinji, ela provavelmente ficaria no chão da cozinha ate a manha). mas... por mais que eu tentasse explorar esta possibilidade... eu tinha problemas em arranjar uma justificativa razoável para ela fazer isso. Então, como na serie, eu deixei a questão aberta. Naturalmente, alguns de vocês podem se perguntar o que Misato 
Exatamente quis dizer por "Shinji. Ele esta morto. Eu sei."... (eu sou mau ou o que?)

Sobre o destino de Kaji... bem, eu tenho de admitir, eu peguei a idéia de uma serie de fanfics que eu realmente amo e admiro. Eu não vou dizer qual, pra não dizer um spoiler a algumas pessoas. Eu acho que é uma grande historia e a ironia de tudo se encaixava perfeitamente. E também, me deu algumas possibilidades para o caso de eu encontrar alguns problemas com o fim.



Alain Gravel
rakna@globetrotter.qc.ca
16 de Setembro de 1999

Iniciado em 20 de fevereiro de 1999
Primeira versão do pre-reader finalizada em 7 de setembro de 1999
Segunda versão do pre-reader finalizada em 16 de setembro de 1999
Versão final feita em 10 de outubro de 1999
Revisão final em 14 de marco de 2000