quinta-feira, 24 de março de 2011

Aquela que eu amo é... Epilogo Alternativo




Aquela Que Eu Amo É...
Epilogo Alternativo - Para aquela que eu amo
Escrito por Alain Gravel
Traduzido para o português por Folken Souryu em 31/12/2001
Revisão da tradução por Nabeshin Ayanami em 11/02/2002
Baseado nos caracteres criados e pertencentes à GAINAX
http://www.geocities.com/Tokyo/Teahouse/2236/
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Epilogo Alternativo - Para aquela que eu amo
"Senhor. O horário de visitas já acabou."
Lentamente, o homem olhou para a enfermeira. Ela era jovem, talvez dezoito ou dezenove anos, não era mais uma criança, mas se mostra uma mulher madura. Ela tinha um belo sorriso e um rosto inocente. O homem a teria achado atraente em um passado quase esquecido.
A enfermeira, uma garota chamada Lily, tentando não estremecer enquanto o homem olhava fixamente para ela, antes ajeitando seus óculos sobre seu nariz. Ela não poderia realmente explicar, mas o homem lhe dava medo. Ele era bonito. Não muito velho, no máximo trinta anos. Um rosto agradável. Seu cabelo escuro estava preso atrás em um pequeno rebo-de-cavalo e parecia que ele não havia se barbeado nos últimos dias, que na verdade o deixava mais atraente. Contudo, havia algo obscuro a respeito dele, e não era apenas o uniforme preto da NERV. Se fosse possível olhar cuidadosamente através das lentes tintas dos óculos que ele usava, seria possível ver assombrados olhos escuros.
"Entendo. Eu não percebi que era tão tarde."
Lily deu um pequeno suspiro de alívio enquanto o homem se virava para olhar a mulher deitada na cama. Apesar do fato de ela parecer um pouco magra e estar bastante pálida por causa dos anos de internação, ela tinha que admitir que aquela mulher era muito bonita. Ela só estava trabalhando nesta clínica a uma semana e essa paciente já havia se tornado sua favorita. Talvez fosse seu longo cabelo vermelho que a lembrava tanto de sua ex-namorada.
O homem inclinou-se sobre a mulher que dormia e lhe deu um leve beijo nos lábios. Ele então olhou para ela e a enfermeira se surpreendeu ao ver que o homem na verdade estava sorrindo.
"Breve, Asuka-chan. Muito em breve. Apenas seja paciente um pouco mais."
O homem então pegou um sobretudo preto e caminho para fora do quarto.
"Que homem estranho," pensou a enfermeira.
Este pensamento não a abandonou por algumas horas e ela explicou isso para sua colega, Tanya. Ela gostava muito de Tanya e sempre compartilhava seus pensamentos com ela. Tanya tem sido uma grande ajuda para se acostumar com o lugar. Pena que ela já tivesse namorado...
"Você vai se acostumar com isso," respondeu Tanya, calmamente reclamando do copo de café. "Eu tenho trabalhado aqui por quase dez anos e não me lembro de um único dia que este homem não visitou a paciente do quarto quarenta e dois. Eu acho que ele era noivo dela ou coisa assim."
Dez anos. Talvez mais de dez anos. Ele a tem visitado todos os dias. Subitamente, a opinião de Lily a respeito do homem se tornou muito mais positiva. Um homem tão apaixonado assim não pode ser mau...
* * *
O Supremo Comandante de NERV de pé na platavorma encarando o Evangelion e olhando fixamente os olhos amarelos da Unidade-01. Breve, as coisas renderiam frutos e sua meta estaria a seu alcance. Adão e Lilith não existiam mais, mas a Unidade-01, filha de Lilith, ainda existia, assim como os outros Evangelions.
"Comandante."
O comandante ajeitou seus óculos sobre o nariz e olhou para a pessoa que chegava, uma mulher em seus quarenta anos, com cabelos loiros e usando um jaleco.
"Doutora Ibuki."
"Eu deixei os relatórios de hoje em sua mesa."
"Entendo. As notícias não mencionam uma catastrofe na China, então eu presumo que os testes de ativação da Unidade Beta-02 foram um sucesso."
"Sim, senhor. Embora a taxa de sincronização com o plug de Inteligencia Artificial não tenha sido maior que dez porcento, a unidade ativou-se com sucesso, como esperado."
O comandante acenou afirmativamente com a cabeça.
"Bom. Um fiasco como a tentativa de ativação em Paris teria sido doloroso. Eu não posso me dar ao luxo de ter outra unidade destruida. Nós já sofremos atrasos inaceitáveis. Nós tivemos sorte que a destruição de Paris na explosão tenha limpado todos os indícios do experimento. Eu não gosto de depender da sorte."
Houve um longo momento de silêncio, emquanto dois rostos sem emoções se encaravam.
"Como foi o experimento de hoje com o dummy plug?" o comandante finalmente perguntou.
"Outra falha. Como na tentativa anterior, o clone perdeu a coesão e se dissolveu no LCL. Eu pude determinar contudo que o nosso LCL sintético é a causa do problema."
O comandante ergueu a sombrancelha. Esta não foi uma boa notícia.
"Alguma solução para esse problema?"
"Eu vou precisar recalcular a fórmula do LCL."
"Entendo. Então você quer fazer um outro reseqüenciamento genético com Rei."
"Sim."
"Ela quase morreu na última tentativa. Ela irá sobreviver a esta operação?"
"Eu acredito que sim. Contudo, eu duvido que ela seja capaz de viver por sí só após o procedimento, muito menos pensar por ela mesma."
"Irrelevante. Você deve prosseguir."
"Você é tão frio, Shinji."
"Não mais que você, Maya."
"Você já a amou."
Shinji suspirou. Maya sempre foi uma tola sentimental.
"Eu amei. Mas isso tudo está no passado."
"Então porque você não pode esquecer Asuka?"
"Porque você não pode esquecer Ritsuko?"
A doutora olhou para baixo. Aquele nome sempre tinha o efeito desejado nela.
"Breve seus planos renderão frutos, e tudo estará bem. Quando nós concluirmos a Instrumentalidade, você poderá estar com ela uma vez mais e Asuka e eu estaremos juntos."
A doutora olhou para ele, olhos cheios de esperença.
"Sim..."
"Eu verei você hoje à noite em seu apartamento."
"Sim senhor."
O comandante saiu. Ainda havia muito o que fazer, muito daquilo que o impedia de alcançar seu objetivo que era se reunir com a mulher que ele amou. Contudo, todos os obstáculos deveriam estar de acordo, e em breve... eles poderiam estar juntos novamente.
[FIM]
Alain Gravel
rakna@globetrotter.qc.ca
14 de fevereiro de 2000
Iniciado em 28 de janeiro de 2000
Primeira revisão do rascunho foi feita em 14 de fevereiro de 2000
Revisão final em 21 de março de 2000

Aquela que eu amo é... Epilogo


Aquela Que Eu Amo é... 
Epílogo - E eles viveram felizes para sempre... ou ao menos tentaram 
Escrito por Alain Gravel  
Estória baseada em personagens criados e de copyright da GAINAX 
Traduzido para o português por Carlos Jacobs souryu@fanfictionbr.net 
Revisado por Francisco M. Neto ayanami@fanfictionbr.net 
http://www.geocities.com/Tokyo/Teahouse/2236/ 
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Epílogo - E eles viveram felizes para sempre... ou ao menos tentaram 
"Eu não posso fugir... eu não posso fugir..." 
"Cara, você realmente parece patético, sabia disso?" 
Eu quase pulei da minha cadeira. Virei-me, meu coração batendo como se fosse explodir, para ver Touji se encostando à moldura da porta, um sorriso sarcástico estampado no rosto. 
"O que você esta tentando fazer, me matar?!" 
Touji suspirou e caminhou em minha direção, dando um tapinha nas minhas costas. 
"Você está tão tenso que o ar à sua volta chega a parecer rígido. Tente relaxar, cara..." 
Eu não sei se foram as suas palavras ou a sua presença, mas eu me senti menos nervoso. Apenas um pouquinho menos. 
"Sabe, você quase fica bem nisso", eu provoquei Touji, falando sobre o smoking que ele estava usando. 
Na verdade, ele parecia muito bem naquilo. Isso era radicalmente diferente das tradicionais calças e jaqueta que ele usava quase sempre nos tempos de escola. Provavelmente influência de Hikari. Eu notei que ele também usava luvas pretas. Eu estava grato por aquilo. Mesmo que os avanços da bio-robótica tivessem sido espantosos nos últimos anos, eles ainda não tinham feito membros artificiais que se parecessem como os humanos. Touji sabia que a visão do seu braço artificial me fazia me sentir muito mal. Eu tinha superado a culpa... apenas não podia olhar para aquilo... 
"Bem, naturalmente! Contudo, este maldito colarinho é tão apertado..." respondeu meu amigo enquanto puxava o dito colarinho. "Você mesmo me parece bem." 
"Espero que sim... se eu fizer alguma coisa estúpida hoje, ela provavelmente vai me matar." 
"É... cara, eu não acredito que você esta casando com ela! Você é realmente masoquista, sabia? De qualquer maneira, como você conseguiu isso? Eu pensei que ela nem mesmo queria ouvir a palavra 'casamento'? Ela se cansou de dizer 'não' depois de ouvir você implorar por isso por quase quatro anos?" 
"Bem... coisas aconteceram..." 
Touji começou a sorrir. Eu sabia que estava corando. Nunca consegui me livrar deste hábito estúpido. 
"Coisas aconteceram... como o que? Vamos lá, me conte toda a sujeira!" 
"Bem... você sabe... Asuka está... Asuka está grávida." 
O sorriso de Touji foi substituído pelo choque. 
"O quê?! A demônio esta grávida?" 
Eu concordei. Embora fosse algo com o que eu e Asuka estivéssemos felizes agora, isso era de alguma forma embaraçoso. Suficiente para me fazer esquecer de pedir para Touji não chamar Asuka de 'Demônio'. 
Touji então começou a rir. 
"Oh cara... é assim que se faz seu cachorro sortudo! Você é o cara! Não pensei que você fosse safado a ponto de engravidá-la para que ela se casasse com você!" 
"Ei! Isso não foi de propósito!" 
"Vamos lá Shinji... um de vocês deve ter 'esquecido' sobre... você sabe... proteção." 
"Nós nunca usamos nada." 
"Uh? E como você disse que não foi de propósito?" 
"Nós nunca pensamos que precisaria de alguma." 
Touji notou o quão sério eu tinha ficado e me olhou de forma atordoada. 
"Depois daquele dia... os doutores... eles disseram que ela nunca mais poderia ter filhos." 
"Oh..." 
Por ter no hospital de Tokyo-2 conosco, Touji era provavelmente o melhor informado da seriedade dos ferimentos de Asuka, exceto por Misato, a própria Asuka e eu. 
"Inicialmente Asuka se sentiu aliviada, mas... era tudo uma mentira. Era apenas mais um ataque contra sua feminilidade. Ela pensou que nunca iria querer ter filhos, mas quando os médicos contaram a ela... eu acho que eles esqueceram o quanto cabeça dura Asuka pode ser..." 
"É, quando o assunto é orgulho, ninguém ganha de Sohryu Asuka Langley. Ou melhor Ikari Asuka Langley." 
"Atualmente, é mais ou menos Ikari Sohryu Asuka Langley." Notando a expressão confusa de Touji, achei que era melhor explicar um pouco mais. 
"Ela não quis perder o nome Sohryu e eu não quis mudar o Ikari para isso, daí nós meio que fizemos um acordo." 
"Eu hein... você não tem culhões." 
"Ei! Ao menos eu escolhi o nome do meu filho!" 
"Oh? Já até escolheu os nomes?" 
"Bom, Akiko se for uma garota. Ainda não escolhi o nome se for garoto..." 
"Touji seria um bom nome." 
Eu sorri. Bom. Acho que esta hora era tão boa quanto qualquer outra para perguntar. 
"Ela arrancaria a minha pele se eu colocasse este nome no nosso filho. Além do mais, seria estranho dar a uma criança o nome do seu padrinho... isso se você quiser este papel, é claro." 
Choque apareceu na cara de Touji, seguido por um sorriso que parecia ir de uma orelha a outra. 
"Seria uma honra, Shinji!" 
Eu mesmo sorri. 
"Assim sendo, tio Touji, Hikari vai ser capaz de mimá-lo também. Espero que ela não leve a mal, mas eu pedi a Rei para ser a madrinha." 
"Bem, ela entenderá. Quer dizer... Rei é da família... de certa forma. Além do mais, Hikari já esta feliz o suficiente sendo a madrinha de casamento." 
Para conseguir alguma ajuda para manter a identidade de Rei secreta, nós explicamos um pouco sobre as origens de Rei a Touji, Kensuke, Hikari e Hotaru. Não tudo, naturalmente. De fato, nós mentimos um pouco. Ou, mais precisamente, 
distorcemos a verdade. Uma destas 'mentiras' consistia em Rei sendo minha meia-irmã. O que não era totalmente falso do ponto de vista biológico, se você considerar que boa parte do DNA dela veio de minha mãe. Eu acho que era uma coisa boa eu nunca ter contado a eles o quanto Rei e eu fomos longe em nosso relacionamento... 
"Asuka grávida... parece surreal. Eu digo, conhecendo Asuka, ela provavelmente ficaria histérica sabendo que ficaria redonda como uma bola..." 
Touji parou por um momento enquanto algo subitamente surgiu em sua mente. 
"Eu entendi agora! É por isso que vocês dois estão apressando este casamento! E é por isso que ela vai vestir um kimono, mesmo que este seja um casamento ocidental! Ela não quer que saibam que ela está ficando gorda!" 
Touji estava agora rindo como um louco. Eu suspirei. 
"Você sabe que, se Asuka te ouvir, você está morto. E eu nem quero ao menos pensar no que Hikari, Rei ou Hotaru fariam com você." 
Touji engoliu em seco e ficou subitamente muito pálido. Qualquer um em sã consciência sabia que não era sábio atrair a ira de Sohryu Asuka Langley. Era bem sabido que eu era o único que tinha sido capaz de sair bem de uma dessas. 
Contudo, eu suspeitei que Touji estava realmente com mais medo de Hikari. 
"Umm... me diga..." Obviamente, Touji estava mais interessado em mudar de assunto. "Falando de Rei... eu a vi... quando entrei. Ela parecia... Bem, como têm sido as coisas para ela ultimamente? A última vez que eu a vi... eu sei que você disse que ela está melhor, mas... ela parece diferente agora." 
Sim, Touji não a tinha visto em quase quatro anos, não depois que ela deixou Tokyo-2 para retornar à reconstruída Tokyo-3. Não era surpresa que ele notasse alguma diferença. 
"É como eu te disse. Como você sabe, ela não lidou bem com isso. Ela partiu, encontrou um trabalho como garçonete e praticamente retornou à vida que ela tinha antes de nós começarmos a sair. Ela viveu desta forma por quase um ano, evitando todas as pessoas que havia conhecido, especialmente eu. Então, um dia, Asuka ficou cansada de me ouvir o quanto eu estava preocupado com Rei, ou pelo menos é o que Asuka diz, e ela aparentemente foi ter uma conversa com ela. Asuka voltou bem tarde aquela noite, com um olho roxo e uma bochecha vermelha, arrastando uma Rei envergonhada e um saco de lixo com todas as coisas pessoais dela. Ela simplesmente disse que Rei ficaria alguns dias até que ela pudesse encontrar um apartamento e desabou na cama, exausta. Daquele momento, Rei e eu começamos nossa relação do zero. Alguns dias depois ela encontrou um novo apartamento, um novo trabalho e desde aquele dia ela tem vivido como se quisesse compensar os últimos quinze anos, o que eu acho que é o que ela vem tentando fazer. Ela já é graduada em ciência da computação e biologia e ultimamente tem estudado psicologia e física. Um monte de coisas que eu nem consigo entender. Ela teve um bom número de trabalhos de meio período nestes anos: web designer, enfermeira assistente, cozinheira num restaurante, garçonete e cantora num karaoke bar, bem como um monte de outros que eu não consigo lembrar. Quando eu pedi para ela ser a madrinha de meu filho ela largou um emprego bem pago de secretária numa firma de advocacia pra pegar um trabalho numa creche. Ela quer se acostumar com crianças." 
"Meu, ela não tem tempo pra relaxar?" 
"Na verdade sim. Ela passa maior parte do tempo livre fazendo trabalho comunitário. Ela tirou um mês inteiro ano passado e foi a uma praia em Okinawa." 
"Mas você está preocupado com ela, certo? Eu posso ver na sua cara." 
"Bem, não preocupado. Eu apenas... eu apenas espero que um dia ela, encontre alguém... você sabe... como a gente encontrou. Ela saiu algumas vezes, mas nunca passou do primeiro encontro." 
"Ainda se sentindo culpado por não ter escolhido ela, não é?" 
"Sim e não. Eu sabia que era inevitável, mas... mas às vezes eu não posso deixar de pensar que eu poderia ter evitado muita dor se eu tivesse escolhido antes." 
Touji levantou sua mão esquerda e colocou no meu ombro. 
"Você não pode mudar o passado, Shinji. Você deve aceitá-lo e continuar a vida." Touji então removeu a mão de meu ombro e fechou em um punho. "E se você realmente trabalhar duro, as coisas darão certo. Olhe para esta mão. Eu poderia te dar uma surra com ela se eu quisesse." 
Eu sabia que Touji estava certo, mas... 
"Asuka fez a mesma coisa depois que ela saiu do coma. Ela apenas cerrou os dentes e seguiu em frente. Por causa disso, ela será mãe de seu filho. Você deveria seguir o exemplo dela." 
"Estou tentando. Não é fácil... mas eu conseguirei..." 
"Bom." 
Então, Touji me surpreendeu dando um abraço. 
"Você é um amigo, Shinji. Então eu quero vê-lo sorrindo." 
"Estou feliz que você tenha vindo, Touji." 
"Não perderia por nada neste mundo. Hikari tampouco. Além do mais, o restaurante pode funcionar sozinho por alguns dias, mesmo que a comida não seja tão boa já que Hikari não está na cozinha. E já era hora de nós tirarmos algum tempo de folga. Pra ser honesto, entre o centro de reabilitação e o restaurante, Hikari e eu nunca tivemos muito tempo juntos. Talvez eu deva deixar o meu trabalho e passar mais tempo com ela." 
Quando Hikari acabou o colégio, ela e Touji abriram um pequeno restaurante em Tokyo-2, usando uma parte do dinheiro que Touji recebeu da UN em compensação por seu acidente como piloto de Evangelion. Hikari sempre teve um talento para cozinha, e assim foi para ela como um sonho tornando-se realidade. De sua parte, Touji desenvolveu um interesse em reabilitação e conseguiu um trabalho no mesmo centro de reabilitação que ele esteve após receber seus primeiros membros artificiais. 
"Você não ama trabalhar no centro de reabilitação?" 
"Bem, você sabe como funciona. Afinal de contas, você recusou um trabalho na 
Tokyo-2 Philharmonic Orchestra apenas para estar perto de Asuka..." 
Naquela época, tinha sido uma decisão difícil, mas agora que eu olhava para ela... eu não poderia ter sido mais feliz. 
"Yeah, eu acho. Mas eu simplesmente prefiro ser um professor de cello aqui. Os garotos são tão legais e é tão gratificante saber que você pode partilhar algo com alguém. Além do mais, se as pessoas quiserem me ouvir, eles podem sempre comprar o CD. E... e existe o problema que eu não posso ficar muito longe da Unidade-01." 
"Então você ainda faz aqueles testes mensais?" 
"Yeah. Tenho de ter certeza que eu posso sincronizar." 
Tinha sido uma decisão controversa, mas dois anos após a quase aniquilação da NERV, a organização foi reformada, financiada tanto pela ONU como pelos fundos privados. Com a ameaça dos anjos superada, sua principal função era pesquisar e saber mais sobre os anjos e desenvolver nova tecnologia. Houve muito interesse pelo desenvolvimento de um computador de oitava geração, e bem como o desenvolvimento de nanotecnologia e novos tratamentos médicos. Também, cinco dos Evangelions Type-5 foram completamente restaurados, além da Unidade-01. Embora os Evas Type-5 tivessem sido usados em situações de combate, era duvidoso que a Unidade-01 fosse utilizada novamente. Mas ainda havia a possibilidade hipotética de mais um ataque de anjo, bem como a ameaça de que um continente hostil construa seu próprio EVA, por isso foi julgado razoável reparar a Unidade-01 
Em vez de desmantelá-la. Naturalmente, já que eu era o único que podia pilotá-la, o pessoal da NERV insistiu que eu ficasse em Tokyo-3. E agora que Asuka tinha alcançado a patente de tenente da NERV, Tokyo-3 era o único lugar onde eu gostaria de estar. Além do mais, eu conseguia um pagamento incrível por poucas horas de sincronização anual alem de ocasionais palestras sobre o EVA e lições de pilotagem. 
"Não consigo acreditar que você ainda pilota aquela coisa depois de tudo o que aconteceu." 
"Eu sou o único que pode fazê-lo. E... eu devo ao EVA muito, apesar de tudo que aconteceu. Alem de tudo, é pouco provável que a Unidade-01 seja usada novamente." 
Touji concordou. Verdade seja dita, muito tinha sido perdido durante a guerra dos Anjos, mas muito tinha sido ganho também, apesar dos sacrifícios. Nós dois estávamos pensando em memórias do passado, quando a porta do quarto se abriu levemente, revelando uma cabeça. 
"Vocês garotos já estão vestidos?" perguntou Hotaru, olhos fechados para o caso da resposta ser negativa. 
"Qual o problema, Hotaru-chan, não quer ver um homem de verdade pra variar?" provocou Touji. 
Hotaru abriu seus olhos e deu um sorriso atravessado. A garota tinha realmente mudado ao longo dos anos. Não. Não mudado, mas sim desabrochado. Muitas pessoas não acreditariam que esta aparentemente tímida e introvertida garota era capaz das coisas que Rei e Kensuke tinham me dito... 
"Oh, pelo que eu ouvi de sua namorada, Touji-kun, Ken-chan é muito mais homem que você. Por quase duas polegadas ao menos." 
Ah meu... Touji estava sem saber o que fazer. Bem, culpa dele por ter provocado primeiro. 
"O que?! O meu é muito maior que o do Kensuke!" 
Eu suspirei. Eu realmente esperava que Touji não tirasse as calças só pra provar seu ponto de vista. 
Infelizmente, ele fez. 
O sorriso de Hotaru aumentou. Cresceu uma grande gota de suor na minha testa. 
"Bom. Mas eu aposto que Ken-chan pode usar melhor o dele." 
Touji estava a ponto de responder quando Hotaru gritou. 
"EEK! HENTAI!" 
Não levou mais de um minuto para Rei e Hikari aparecerem atrás de Hotaru. 
Rei sorria levemente. Hikari estava vermelha de raiva. 
"TOUJI NO BAKA!" 
Touji desmaiou. E ele se atrevia a me chamar de covarde. 
Rei puxou Hikari, que parecia pronta pra chutar o corpo desfalecido de seu namorado. Eu olhei para Hotaru que mal podia evitar cair na gargalhada. 
"Você é má", eu disse a ela. 
Ela apenas me mostrou a língua. Eu suspirei. 
"Se você puder acordá-lo, está na hora. Boa sorte, Shinji-kun. E tente não desmaiar como Touji-kun fez", Hotaru disse antes de sair. 
Eu suspirei novamente, e então comecei a esbofetear algum senso na cara de Touji. 
* * * 
Por muitas razões, Asuka e eu concordamos com um casamento civil. Nós nunca fomos do tipo religioso para começo de conversa e, para ser honesto, religião era algo que tentávamos evitar. Enquanto muitos nos consideravam heróis, havia um grupo que nos considerava malignos por termos destruído os emissários de Deus e assim tomando a única esperança humana de salvação. Ao longo dos anos, um grande número de cultos apareceu, e alguns deles nos queriam mortos. Por essa razão, nós escolhemos ter o casamento e a recepção em uma pousada numa pequena vila, não muito longe de Hokkaido. Isso também explicava a presença de um substancial número de agentes de segurança da NERV vestidos em roupas civis em todos os cantos da pequena construção. 
"Hikari vai me matar..." 
Eu suspirei mais uma vez. Touji tinha ficado murmurando aquilo desde que eu o acordei. 
"Nah, ela provavelmente vai usar aquele chicote que Asuka deu pra ela quando nós voltamos de nossa ultima viagem à Alemanha..." 
"Hikari vai me matar..." 
Eu parei e sacudi Touji, atraindo atenção de todas as pessoas na sala para o casal-prestes-a-casar 
"Ei! Sou eu que supostamente tenho de ficar assustado aqui! Por isso se recomponha!" Então eu me inclinei e sussurrei algumas palavras a mais. "Não se preocupe, você vai ter bastante sakê na recepção, apenas se esconda por uma hora ou duas depois do casamento que nós vamos deixá-la bêbada. Aí você pode se desculpar, ou usar o velho 'Touji-charm' nela..." 
Isso pareceu tranqüilizar Touji, e nós fomos para o centro da sala onde Takahashi Kyoko, Suprema Comandante da NERV estava esperando para casar noivo e noiva. Como Asuka e eu trabalhávamos para a NERV, pareceu apropriado que ela fosse a pessoa que nos casasse. Diferente de meu pai, a Comandante Takahashi era uma pessoa gentil e carinhosa, mesmo que pudesse ser fria como o aço em momentos de crise. Aos quarenta, ela ainda era uma mulher muito bonita, com olhos castanhos e cabelo escuro na altura dos ombros, e embora o uniforme preto com bordados dourados desse ao meu pai um aspecto sinistro, a Comandante Takahashi o preenchia bem o suficiente para atrair o olhar de um homem. Vê-la assim de repente me lembrou do que estava acontecendo, e agora que eu não tinha que me preocupar com Touji, eu podia sentir que estava ficando nervoso. A comandante me deu um sorriso caloroso, o que aliviou em parte a minha ansiedade. 
Enquanto esperava que minha amada se juntasse a mim, eu olhei as pessoas reunidas ao meu redor. Não havia muitas pessoas e a maioria delas era empregado da NERV ou tinha sido empregado da NERV alguma vez. Para Asuka e eu, não havia problema; nós não precisávamos de muita gente, apenas amigos e família. 
À direita estava Ritsuko. Como ela realmente não podia escolher onde sentar, estando presa a numa cadeira de rodas, nós deixamos para ela um bom espaço no meio do corredor frontal. Eu tinha de admitir, apesar do fato dela não poder caminhar, ela parecia muito bem, muito melhor que naqueles tempos da Guerra dos Anjos. Havia mais vida nela; ela parecia mais viva que nunca. O fato dela ter deixado seu cabelo castanho agora, como era nos seus tempos de adolescente, provavelmente ajudou. Também, o desafio de criar um sistema de computadores superior ao de sua mãe a divertia. Mas eu sabia de outros dois fatores que tinham um papel importante na sua felicidade. A primeira estava sentada à sua esquerda e gentilmente segurava a sua mão. Não havia sido realmente uma surpresa quando Maya admitiu os seus sentimentos por sua senpai. Tinha sido mais surpreendente ver Ritsuko se abrindo a eles. Mas depois de amar alguém como o meu pai por tanto tempo, nos apenas podíamos estar felizes por elas. Naturalmente, já que Maya estava atualmente encarregada do departamento de pesquisa da NERV, ambas agiam como se nada estivesse acontecendo. Mas nós sabíamos. Eu sorri. Era irônico que agora a estudante estivesse supervisionando a professora. Mas tínhamos que concordar que Ritsuko era mais eficiente se tivesse que cuidar apenas de um único projeto. Ela era um gênio em seu campo e era errado distraí-la com problemas administrativos. 
Rei estava à direita de Ritsuko, embora uns bons dois metros separados delas, já que era necessário deixar algum espaço para a noiva e o noivo passarem. Se alguém não a tivesse conhecido como eu, provavelmente não teria reconhecido. Embora ainda tivesse um peito um pouco modesto, especialmente comparado a Misato ou mesmo Asuka, Rei tinha crescido para ser uma jovem e bela mulher. Tinha deixado o cabelo crescer quase até a cintura, e o tempo que ela passou na praia deu a ela um leve bronzeado, o que não foi sem algum esforço, já que aparentemente sua pele tendia a queimar. Ela não usava seus óculos hoje, assim todos podiam ver seus olhos negros claramente. Ela usava um vestido de seda branca justo que contrastava com seu cabelo negro. Ela estava magnífica. Mas às vezes, eu pensava em como ela se pareceria se não tivesse tingido o cabelo e não usasse as lentes de contato coloridas. A ultima vez que eu tinha visto a cor real de seus olhos foi quase há três anos atrás, quando Asuka a arrastou para casa. Eu me senti ruborizar ao me lembrar do embaraçoso encontro no banheiro... 
Se Maya era a amante de Ritsuko, Rei se tornou uma espécie de filha. Quando Rei tentou contatar novamente as pessoas de quem tinha se distanciado, uma espécie de ligação se formou entre as duas mulheres. Ambas tinham mudado profundamente e ambas precisavam de algo que acabaram encontrando uma na outra. De volta aos primeiros anos de Rei na NERV, Ritsuko sempre foi aquela que tomou conta da sua saúde física; quem ensinou a ela as bases da vida. A relação tinha, contudo, sido sempre reprimida pelo ódio que Ritsuko tinha pelo que Rei representava. Agora que este ódio tinha desaparecido, ele abrira caminho para uma relação mais profunda. O nascimento desta relação ocorreu provavelmente no dia em que Ritsuko decidiu libertar Rei da influência de meu pai. Rei sempre sentiu que devia a Ritsuko muito por essa chance de vida. 
Hotaru estava sentada a direita de Rei. Eu sorri quando notei a forma como Kensuke segurava a sua mão, os sentimentos por ela visíveis na maneira como ele o fazia. Eu estava feliz por Kensuke ter sido capaz de vir ao casamento. Desgostoso com tudo que era militar por causa do massacre que acontecera em Tokyo-3 e que levou à morte de seu pai, Kensuke tinha escolhido seguir outros de seus interesses: a reunião de informações. Aos dezenove anos, ele já era um dos maiores jornalistas do país. Por causa disso, ele tendia a viajar muito. Foi pura sorte o fato de ele ter sido mandado a investigar alguma coisa perto da região de Hokkaido. Olhando para ele e a sua namorada, não havia duvida que Asuka e eu não seríamos os únicos a nos divertir esta noite. Afinal de contas, com Hotaru morando em Tokyo-3, e tendo assumido recentemente a antiga posição de Maya na NERV, os dois não se viam o quanto gostariam. Mas de alguma forma, eles pareciam não ter problemas com aquele tipo de vida. Pelo que Rei me contou, Hotaru gostava de passar a maior parte do seu tempo sozinha, mesmo que ver seu Ken-chan geralmente alegrasse seus dias. De sua parte, Kensuke adorava correr por ai, procurando por alguma suculenta sujeira para expor. Talvez os dois se acomodassem em alguns anos... 
Na época, tinha sido uma chocante surpresa descobrir que o correspondente secreto da internet de Hotaru não era outro senão Kensuke. Ninguém tinha suspeitado ao menos que Kensuke poderia ser do tipo romântico. De fato, ninguém podia ao menos imaginar que Kensuke ao menos consideraria sair com uma garota. Acho que a gente não o conhecia tanto assim. Agora que tinha ficado mais alto e forte, e trocado seus óculos por lentes de contato, um bom número de nossas antigas colegas de classe considerava Hotaru uma garota tremendamente sortuda. Sem mencionar que, financeiramente falando, Kensuke era um bom partido. 
Sentado à direita de Kensuke estava Kouzou. Eu às vezes tinha dificuldades em chamá-lo assim. Eu não podia esquecer completamente a imagem do subcomandante da NERV na minha mente. Fuyutsuki saiu da NERV um dia depois do ataque da JSSDF. Com a SEELE derrotada, pelo menos por enquanto, já que nem todos os membros da SEELE foram encontrados ainda, e com Gendou morto, ele não viu nenhuma razão para continuar na NERV. Então agora ele vive uma boa e confortável aposentadoria, graças a uma mais que adequada aposentadoria provida pela ONU. O preço pelo seu silêncio, ele gostava de dizer. Tendo trabalhado com o meu pai, Fuyutsuki sabia um monte de segredos sujos de muitas organizações. Assim, seu silêncio era provavelmente a única razão dele estar ainda vivo. 
Foi surpreendente receber a sua visita no hospital um dia antes de eu receber alta. Suas palavras foram breves, mas significaram muito para mim. "Sua mãe ficaria orgulhosa de você." 
Desde aquele tempo, nós mantivemos contato. Eu tentava visitá-lo ao menos uma vez por mês. Ele era um bom homem, uma vez que você o conhecesse, e eu aprendi muito sobre meus pais através dele. 
Do outro lado, Misato estava sentada à esquerda de Maya, ou ao menos tentava ficar sentada já que ela estava tempo muita dificuldade em controlar aquela avalanche de energia de quatro anos que respondia pelo nome de Katsuragi Ryouji. 
Finalmente precisou da ajuda de Makoto, bem como uma promessa de levar o garoto à Disneyland de Tokyo-2, para acalmar o menino. Misato suspirou e se deixou desabar na cadeira, tentando apreciar o breve momento de calma. 
Uma vez que havia se tornado claro que eu e Asuka estaríamos bem e poderíamos cuidar de nós mesmos, a NERV perdeu os serviços de sua antiga Major. Se não tivesse se aposentado, Misato estaria provavelmente vestindo o uniforme da Comandante Takahashi, embora ela estivesse estonteante naquele vestido preto. Asuka e eu não ficamos muito surpresos quando ela nos contou sua intenção de abrir um karaoke bar em Tokyo-3, durante metade da construção. Provou ter sido uma boa escolha de negócio. Com todos os Anjos derrotados, a pessoas tendiam a festejar mais e tendo aberto o primeiro bar em Tokyo-3 Misato teve a oportunidade de estabelecer uma clientela firme. O fato de a dona ser bem entendida em drinques, mesmo que ela não bebesse mais, bem como sendo muito atraente, deu a ela uma ajuda adicional. Misato parecia bastante feliz com sua escolha. Tinha sido muito trabalho, especialmente criando uma criança pequena sozinha, mas também foi muito divertido. E ela não estava sozinha. Rei deu a ela uma mão trabalhando um tempo no bar. Asuka e eu seguidamente cuidávamos da criança para ela, bem como Makoto, que também cuidava da parte burocrática e trabalhava no bar dois dias por semana. Sem mencionar que ele era um cliente muito bom, pelo menos quando ele não estava fazendo seu trabalho de investigador particular. 
A profundidade atual do relacionamento de Misato com Makoto era um pouco incerta. Os sentimentos de Makoto eram bem conhecidos. O homem a admirava e provavelmente a amava de verdade. Pelo que se podia lembrar, desde o primeiro dia que ele começou a trabalhar para Misato antes do ataque do terceiro Anjo, ele nunca tentou sair com nenhuma outra mulher ou mesmo mostrou interesse por alguém que não fosse Misato. Ele era provavelmente um amigo tão próximo de Misato quanto Ritsuko, talvez até mais. Eles trabalhavam juntos e passavam muito de seu tempo livre juntos. O filho de Misato gostava muito de Makoto, e até mesmo o chamava de tio Makoto. Mas a verdadeira questão era: Misato amava Makoto? Ela gostava muito dele. Isso era certo. Ela dificilmente encontraria alguém mais carinhoso e atencioso que Makoto. E mesmo que eu não fosse um bom juiz, Asuka disse que ele não era feio. 
Mas Makoto não era Kaji Ryouji. E enquanto Misato não deixasse isso para trás, Makoto não poderia conquistar seu coração. 
Eu sorri ao ver que Penpen estava sentado perto de Makoto. O pingüim de águas quentes parecia velho agora com suas sobrancelhas grisalhas e suas penas pareciam um pouco pálidas. Eu também ouvi que ele não podia mais digerir a comida de Misato. Não que isso fosse uma surpresa. Quando ele notou que eu estava olhando para ele, levantou uma asa. Às vezes era surpreendente o quanto inteligente aquele pingüim era. 
Havia mais umas pessoas sentadas, mas eu não as conhecia muito bem. Algum deles eram colegas de Asuka. Outros eram agentes de segurança se passando por convidados. 
No final das contas, estava faltando apenas uma pessoa, Aoba Shigeru. Nós nunca conseguimos encontrá-lo. A última vez que ele foi visto, estava carregando uma guitarra num ombro, uma sacola no outro e caminhava para longe de nossas vidas, a estrada aberta à sua frente. Eu realmente não me importava muito. Diferente dos outros, eu nunca tive a chance de conhecê-lo. Ainda assim, ele tinha participado da Guerra dos Anjos e Asuka e eu gostaríamos de partilhar nossa felicidade com ele. 
Meus pensamentos foram subitamente interrompidos quando soou a marcha nupcial. Eu olhei para a parte de trás do salão e me engasguei. Ela estava linda! Bem, para mim, ela sempre pareceu linda, mas... naquele momento... ela parecia radiante. Por um tempo, ela imaginou se ficaria bem num kimono tradicional de casamento, mas quando eu olhei para ela, eu me dei conta que roupas eram irrelevantes. Nada poderia tê-la feito mais bonita que estava agora. Quando eu me dei conta de que o momento pelo qual eu havia esperado todos estes anos tinha chegado, eu senti meus joelhos ameaçando desistir. Eu podia ter caído se não fossem as mãos de Touji em meus ombros. Eu olhei para ele e notei que ele estava tão impressionado quanto eu. E ele tinha boas razões para isso. Hikari também estava magnífica em seu kimono. 
"Sem arrependimentos sobre a proposta de um casamento duplo?" Eu sussurrei para Touji. 
Touji não disse nada, mas eu notei que ele estava considerando seriamente a idéia. 
Por momentos que pareceram durar para sempre, as duas mulheres caminharam para o altar, onde tomaram seus lugares. Eu sorri nervosamente para minha noiva, de alguma forma mais tranqüilo por notar que ela estava tão nervosa quanto eu. 
Então eu notei um detalhe que eu não havia notado ainda. O olho esquerdo de Asuka's não estava coberto com o tapa olho que ela usava geralmente em publico. O olho cinza morto contrastava com o azul, brilhante de vida. Eu notei o significado deste detalhe. Asuka queria que este dia fosse perfeito para mim, então ela deixou todas as mascaras e artifícios para trás. Eu sorri novamente, e eu sabia que neste momento não era um sorriso nervoso; era um sorriso que levava todo o amor que eu tinha por ela. Este momento de paz não durou para sempre, contudo, já que a Comandante Takahashi começou a falar. 
"Estamos reunidos aqui neste dia para unir este homem e esta mulher. Se há alguém entre os presentes que sabe alguma razão para estas pessoas não se casarem, fale agora ou cale-se para sempre." 
Asuka e eu decidimos fazer isso da forma curta. Sem grandes discursos e coisas assim. Nós teríamos um casamento rápido, então uma grande recepção, e sem nenhuma duvida, uma lua de mel ainda maior! 
Eu estava a ponto de dar um olhar preocupado a Rei, se alguém tinha alguma coisa a dizer, somente poderia ser ela, quando subitamente notei uma coisa estranha. Um ponto vermelho no peito de Asuka se movendo lentamente para a sua cabeça. Tipo uma... mira laser. 
Eu posso não ter tido treinamento militar, mas todos aqueles treinamentos e todos aqueles exercícios pilotando um EVA em batalha voltaram em um segundo. Sem ao menos pensar, eu pulei em direção a Asuka. No mesmo instante, eu ouvi uma voz familiar, chamando-me. 
"Shinji! Se abaixe!" 
Eu acho que eu e Asuka estávamos caindo no chão quando os primeiro tiros foram ouvidos. Então eu ouvi uma rápida e violenta resposta. Eu reconheci o som das armas de fogo utilizadas pela segurança da NERV, mas os sons da metralhadora não eram tão familiares assim. Logo, tudo estava silencioso. 
Quando eu abri os meus olhos, notei que todos na sala pareciam bastante abalados com o que tinha acontecido. Mesmo o pessoal da segurança parecia ter sido pego de surpresa. A maioria deles tinha suas armas à mão, uns poucos deles estavam machucados ou mortos. Eu também notei que uma parede tinha um buraco nela e que um homem todo vestido de preto estava lá, seu corpo crivado com balas demais para se contar. Eu não era nenhum especialista, mas minha opinião era de que ele tinha de alguma forma se escondido em outra sala e feito um buraco na parede para que pudesse atirar em nós. 
Mais de uma centena de balas disparada por uma dúzia de agentes tinha alargado o buraco. 
De que maneira aquele homem tinha ludibriado a segurança e feito um buraco naquela parede sem ser notado, eu não podia imaginar. 
Eu estava a ponto de olhar para Asuka, para ver se estava tudo bem, quanto eu notei alguma coisa estranha. Apesar de todo o caos, havia um homem que parecia completamente calmo e em controle. Eu me engasguei quando eu reconheci a face daquele homem. 
Kaji Ryouji. 
A voz que eu tinha ouvido... tinha me soado tão familiar... tinha sido ele! 
Ele estava vivo!!! 
Ao notar que eu estava olhando para ele, o homem sorriu, acenou para mim, e então saiu. 
Eu poderia tê-lo chamado ou corrido atrás dele se não tivesse ouvido Asuka gemer de dor. Eu olhei para ela. Felizmente, não parecia machucada, apenas um pouco abalada. 
"Ei! Baka! Por que você..." as palavras morreram na boca dela quando ela levantou a cabeça e notou o que tinha acontecido. "Mein Gott..." 
Eu olhei na direção em que estava Kaji. Ele não podia ser visto. Então eu olhei à minha volta. O filho de Misato estava chorando, enquanto Makoto tentava acalmá-lo e a sua mãe. Misato ainda estava apertando seu filho como se sua vida dependesse disso. Ela tinha provavelmente protegido-o com seu corpo quando os primeiros tiros foram disparados. Ritsuko não parecia muito perturbada com o que tinha acontecido. De fato, ela parecia dar à cena uma visão mais cientifica. Ela estava, contudo, tentando acalmar Maya. Isto tinha provavelmente tinha relembrado memórias que ela gostaria de ter esquecido, o ataque ao quartel general da NERV. Eu tinha ouvido que aquele evento a tinha abalado bastante. Para ser sincero, eu podia entender o porquê. 
Kensuke parecia tenso, mas alerta. Eu imagino que ele ainda não tinha esquecido completamente suas fantasias militares. Ele estava segurando Hotaru contra seu corpo, pronto para protegê-la com sua vida se preciso. 
Perto de nós, Hikari estava soluçando contra o peito de Touji. A pobre garota devia estar realmente assustada. Eu então notei com um pouco de horror que havia um buraco de bala no braço esquerdo de Touji. Se a bala tivesse chegado mais perto... 
"Shinji, você está bem?" 
Eu olhei para Rei, que estava de pé na minha frente, um olhar preocupado em seus olhos. 
"Sim. Estamos bem." 
Bem, isso era parcialmente verdade. Eu mesmo me sentia bastante abalado. Eu descobri que não conseguia levantar. Eu não estava machucado, somente estava assustado como nunca. 
Então, notamos o gemido. Olhamos para baixo e vimos que havia um homem caído aos nossos pés. Eu o reconheci como sendo um dos seguranças da NERV. Ele estava respirando, mas sangrando muito. Pelo que eu podia facilmente notar, seu braço esquerdo e ombro haviam sido atingidos seriamente. Ele era bastante jovem, talvez um ou dois anos mais velho que eu. 
"Você está bem?" perguntou Rei. Parecia uma pergunta estúpida, mas eu mesmo não podia encontrar alguma melhor. 
"Na verdade não. Eu já sofri mais antes, mas não sangrei tanto assim. Isso é horrível. Se meu velho me visse, ia reclamar sem parar." 
Rei piscou, e eu quase engasguei. Aquele cara tinha levado perto de dez tiros e estava preocupado com o que diria seu pai? 
"Você fala muito para alguém que acabou de ser baleado", disse diretamente Rei, embora sorrindo. 
"Bem, você não quer que eu entre em choque, quer, senhorita?" 
"Verdade" concordou Rei. 
Eu notei o diálogo, um olhar espantado na minha face. O que estava acontecendo com Rei? 
"Posso pegar o seu cinto, Shinji?" 
"Ahn... claro." 
Eu rapidamente tirei o cinto e o dei a Rei, que utilizou para fazer um torniquete no braço do homem. 
Olhei a minha volta para ver que Asuka estava falando com a Comandante 
Takahashi. Ela não parecia nem um pouco feliz. 
"Isso vai estancar o fluxo de sangue", disse Rei. Então rasgou a parte de baixo do vestido e usou para comprimir o ferimento no ombro do homem. "Você deve ficar bem até que o socorro médico apareça." 
"Obrigado, senhorita." 
"Você salvou a vida de Shinji." 
Eu finalmente me dei conta que este homem tinha levado algumas das balas que provavelmente estavam destinadas a mim e a Asuka. 
"Bem, este é o meu trabalho..." disse o homem, coçando a sua cabeça com a mão boa. 
"E você fez um belo trabalho, meu jovem", disse a Comandante Takahashi, 
que tinha se aproximado de nós. "À primeira vista, este assassino provavelmente trabalhava para o culto Holy Flaming Cross. Se não os tivesse protegido, ele poderia ter matado dois dos nossos mais preciosos amigos." 
"Ao menos há alguém na segurança que faz seu trabalho direito", murmurou Asuka. 
"Sim..." concordou a Comandante. "Eu não gosto disso. Talvez tenhamos traidores em nossas fileiras. Eu terei de dar a este assunto prioridade máxima quando voltarmos a Tokyo-3." A Comandante então olhou para o jovem rapaz, ainda sendo amparado por Rei. "Me diga, meu jovem, qual seu nome? Seu rosto não me é familiar. Novo na Segurança?" 
"O meu nome é Saotome Yuu," respondeu o jovem, um pouco orgulhoso. "E sim, eu sou novo na NERV, Comandante. Eu queria me juntar ao departamento de ciência; como pode ver, a minha verdadeira vocação são computadores e eu gostaria de conhecer a famosa Doutora Akagi, mas não haviam vagas, então me juntei à segurança em vez disso, assim eu poderia manter um olho em futuras vagas no departamento de ciências." 
A Comandante sorriu. 
"Interessante. Bem, melhore e talvez você consiga uma entrevista com a doutora Akagi. O que você acha, Ritsuko-san?" 
"Eu não sei sobre a habilidade dele, mas eu gosto do rapaz", respondeu 
Ritsuko, para a alegria de Yuu. 
"Bem então... transportes devem estar chegando aqui logo, então agüente apenas mais um pouco. Falando nisso... alguém pode me dizer porque está demorando tanto para aqueles estúpidos VTOLs chegarem aqui?! Nós temos pessoas feridas, bem como a tenente Sohryu e o senhor Ikari para evacuarmos! Quem organizou estas medidas de segurança?!" 
"Ei!" disse Asuka em um tom de voz não muito apropriado para quem está falando com seu oficial superior. "Você não pode nos evacuar! Nos não estamos casados ainda!" 
Surpreendentemente, a expressão no rosto da Comandante amoleceu. 
"Asuka, eu entendo seus sentimentos, mas alguém acabou de tentar matá-los. Eu não posso deixar a minha futura segunda em comando morrer agora, antes mesmo de ser promovida..." 
Eu acho que Asuka perdeu completamente parte daquilo que a Comandante tentava dizer, já que começou novamente a protestar contra nosso casamento ser cancelado. 
"Não podemos fazê-lo rápido?! Eu digo, não há muito que fazer!" 
Gentilmente, eu coloquei a minha no ombro dela para conseguir a sua atenção. 
"Asuka... eu não sei se é apropriado. Quer dizer... tem pessoas baleadas aqui." 
"Eu sei!" explodiu Asuka. "E eles estão cuidando disso!" Provavelmente ao ver minha expressão, Asuka tentou se acalmar, sua face mostrando uma expressão mais suave. "Olhe... Shinji... depois de tudo que nós fizemos pelo bem de todos... toda a dor... todos os sacrifícios... não podemos ao menos ser egoístas por alguns minutos?" 
"Eu acho... eu acho que podemos." 
"Então?" Perguntou minha noiva a Comandante. 
A Comandante levou um momento para pensar. 
"Eu acho que nós podemos fazer. Afinal de contas, os transportes não chegaram ainda. Mas teremos de ser rápidos." 
"Bom," disse Asuka, enquanto que eu concordava com um aceno de cabeça. 
Depois de alguns segundos, a noiva, noivo, madrinha, padrinho e Comandante estavam prontos para começar de onde tinham parado. 
"Ikari Shinji, você aceita esta mulher, Sohryu Asuka Langley, para ser sua esposa; para todo o sempre, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, até que a morte os separe?" 
Eu tomei o anel que Touji segurava e nervosamente coloquei no dedo de Asuka. Que estranho o quanto uma situação podia mudar. Numa questão de segundos, eu simplesmente esquecera que alguém tinha quase nos matado. 
"Aceito." 
"Sohryu Asuka Langley, você aceita este homem, Ikari Shinji, para ser seu esposo; pra todo o sempre, na riqueza e na pobreza, na saúde e na tristeza, ate que a morte o separe?" 
Asuka colocou o anel em meu dedo. Feito seu trabalho, Touji e Hikari 
Saíram para ir aos transportes que tinham acabado de chegar. 
"Eu aceito." 
"Você pode agora beijar a noiva." 
E eu fiz. Com prazer. 
"Vocês são agora, marido e mulher. Agora que isto está feito, vamos dar o fora daqui!" 
Asuka e eu fomos durante trazidos de volta a Terra, depois de um dos mais memoráveis beijos que partilhamos em nossa vida, e fomos arrastados ate um VTOL, 
E logo deixávamos Hokkaido atrás de nós. 
Enquanto voávamos, eu pensei em Kaji. Ele estava vivo. Todo este tempo, ele estivera. E obviamente se importava, já que tinha vindo ao casamento. Então, porque não nos contar? 
Ele provavelmente tinha suas razões. Kaji era um homem honrado. Certamente, era algo importante. Importante o suficiente para nos manter acreditando que ele estava morto. Então eu decidi não contar a ninguém. Isso provavelmente só machucaria Misato mais que qualquer coisa. 
Eu deixei aquele pensamento desaparecer e sorri. Eu era um homem casado agora... 
* * * 
"Eu aposto que você nunca esperou que a sua lua de mel começaria em um avião de carga, huh?" 
Depois de nos evacuar, a Comandante Takahashi tinha transferido-nos para um avião de carga da NERV partindo em direção a nova filial em construção da NERV, 
a Divisão Francesa. Asuka começou a discutir, que passar nossa lua de mel na França não estava em nossos planos, mas as palavras 'Todas as despesas pagas' a acalmaram. Os outros já haviam sido mandados para suas respectivas casas, com uma escolta de agentes da NERV. Eu me sentia um pouco mal pelo que tinha acontecido, então prometi a eles que haveria uma grande festa quando voltássemos. A única exceção era Rei. Ela tinha voado para Hokkaido com Yuu. Eu tinha de admitir, estava um pouco intrigado pelo comportamento dela. Havia alguma coisa em seus olhos... uma coisa que eu não via há muito tempo. Ou talvez eu queria tanto que ela se apaixonasse que estava imaginando coisas. Mas ela tinha uma certa tendência a gostar de esquisitos. 
"Eu nem mesmo pensei que eu me casaria. Ponto. Você deve ser um homem muito especial, Senhor Ikari." 
"Não tão especial quanto minha esposa..." 
Eu a segurei o mais junto possível e a beijei com toda a paixão que eu sentia por ela. Foi um beijo bastante longo. 
"Acha que nossas vidas sempre serão tão estranhas assim?" perguntou Asuka. 
"Pilotando Robôs Gigantes, enfrentando monstros gigantes, evitando tentativas de assassinato como esta?" 
"Talvez. Mas para ser sincero, eu não me importo. Enquanto você me quiser em sua vida, não há nada que eu queira mais." 
"Você é um idiota!" disse repentinamente Asuka, me surpreendendo pelo tom de sua voz. "Mas você é o meu idiota", disse num sussurro. "Baka-Shinji", ela ronronou, mordendo a minha orelha. "Eu te quero." 
"Asuka! Alguém pode nos ver!" 
"Eu não me importo! Eu me sinto um pouco safada... deixe que venham, daremos a eles um show para que se lembrem. Você não se sente um pouco safado, Baka-Shinji?" 
Eu me sentia. 
Medo. Dor. Angustia. Isso sempre vai existir. Contudo, eu sabia que se estivéssemos juntos, nós sempre poderíamos superar estes obstáculos, ou ao menos falhar tentando. Se nós estivéssemos juntos, eu saberia que, enquanto que o sol, a lua e a terra existissem, então nós teríamos uma chance de alcançar a felicidade. 
Eu te amo, Asuka. 
FIM 
--- 
Notas do Autor: 
Para aqueles interessados, meu jovem agente da NERV, Saotome Yuu, foi inspirado em dois fics: um NGE/Ranma crossover over chamado "Past/Future" por Long Ngo 
E um fic de Ranma 1/2, "Magic", Richard Lawson. O nome Yuu foi tirado de uma série chamada "Marmalade Boy". 
Antes que alguém diga alguma coisa, eu quero deixar claro que Rei e Yuu não vão automaticamente se apaixonar. Eu coloquei isso como uma possibilidade, um sinal de esperança. Se eles vão apensa sair em um encontro ou virar um casal eu deixo com vocês, meus Leitores. Uma coisa que eu não quero acreditar é que Shinji é a única esperança amorosa de Rei. Deve ter um bastardo sortudo em algum lugar por ai que mereça seu amor. Eles têm apenas que se cruzarem. 
Talvez eles já tenham, talvez ainda não... 
O epílogo inteiro é somente a cobertura do bolo. O verdadeiro final veio com o Capitulo 12. Eu não queria, contudo, deixá-los com tantas questões pendentes, como "Asuka acordará?", "Ritsuko morreu?", etc. do final do Capitulo 12, vários cenários poderiam acontecer. 
Este epílogo é o meu final oficial de TOILI. Ele veio depois de meses de planejamento e pensamento em como poderia ser o futuro das Crianças. Eu o escrevi principalmente para me divertir. Se algum de vocês não gostou deste final, se sinta feliz para imaginar o seu, contanto que você não comece a escrever e "publique" sem minha autorização. 
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palavras finais do autor: 
Bem, é isso. 
Está acabado. 
Talvez haja algumas side-stories para expandir um pouco o universo de TOILI, mas ele em si está finalizado. 
Finalmente. 
Um ano. E levou um ano INTEIRO para ir do começo ao fim deste projeto. Contando o prelúdio, prólogo e epílogo, quinze capítulos. Mais de 300 páginas de texto. Uma quantidade incalculável de tempo gasto pensando, escrevendo, revisando, procurando na web por milhares de fotos, assistindo a série de TV várias vezes, lendo o mangá de NGE e centenas de outros fanfics, respondendo todo o meu mail relacionado a TOILI e tendo discussões no ICQ. Tanto tempo... foi literalmente parte de minha vida. Quase uma obsessão. Quase. Ao menos, eu podia dizer que eu não era Ikari Shinji... ^_^ 
Foi uma jornada difícil. Primeiro, eu tive de lidar com o obstáculo de outro idioma. Desde o dia 14 de fevereiro de 1999, eu acredito que o meu inglês melhorou dramaticamente (mas eu ainda preciso usar uma equipe de pre-readers... acho que ainda não melhorei o suficiente). Então, eu tinha de escrever a estória. Não uma tarefa fácil, se você considerar que foi toda escrita em primeira pessoa e que eu tinha de criar um triangulo amoroso real, usando três personagens conhecidos por sua falta de capacidade social. Felizmente, a estória foi mais bem recebida que eu esperava. Seus comprimentos e encorajamento me deram a força necessária para terminar esta estória. 
Obrigado a todos... 
Foi divertido. Bastante. Suficiente para eu escrever outros fanfics antes de tentar outra coisa. Mas eu acho que é seguro dizer que esta vai ser a minha primeira e única serie longa de fanfics. É bastante divertido, mas muito cansativo também. E para ser sincero, eu não acho que eu tenha nenhuma outra estória longa para contar... 
Agora que esta estória acabou, eu posso seguramente admitir. Originalmente, eu queria que Asuka vencesse sempre. Estava claro na minha mente. Asuka era meu personagem favorito de NGE. Eu não me importava se ela geralmente ficava com Shinji em quase todas as estórias. Esta era a MINHA estória afinal de contas. Ela quase falhou. Alguma coisa aconteceu. Algo inesperado. Capitulo 3. Ayanami Rei. Eu comecei a gostar de Ayanami Rei. Não... eu comecei a amar Ayanami Rei tanto quanto eu amava Sohryu Asuka Langley. Por um tempo, eu fiquei confuso. Eu queria que Asuka vencesse, mas... Rei era tão melhor. Ela era tão boa, se dava tão bem com Shinji. Tããão. E isso provou ser a sua ruína no final. 
Ela se dava bem demais com Shinji. Era muito perfeito. Muito bom. Muito calmo. Eu podia imaginá-los sentados num sofá, se abraçando, não dizendo nada, apenas felizes de estar ali, quente, seguro, não mais solitários. Eu podia imaginá-los assim... toda a vida. Por isso não funcionava. Não podia. Não era NGE suficiente. Era muito calmo. Era chato. Ambos... mereciam mais. Eles poderiam amadurecer melhor se seguissem caminhos separados. Asuka ofereceu a Shinji o que ele precisava. Alguém que o amasse, mas também disposto a colocar um pouco de coragem nele. Alguém a quem ele poderia devotar sua vida, mas que não seria dependente dele e não toleraria que ele dependesse dela. Era a química perfeita. Caos em vida se opondo a ordem absoluta na morte. Asuka podia trazer a quantidade certa de caos que Shinji precisava em sua vida, mas também a quantidade certa de amor. 
Bem, esta é a minha visão da dinâmica amorosa de NGE... 
Eu espero que tenham gostado desta estória. De minha parte, eu gostei de escrever. 
Eu dedico esta estória a uma jovem maravilhosa, Tam Ka-Wing. 
Que você aproveite este dia dos namorados, KW-chan ^_^ 
Alain 
rakna@globetrotter.qc.ca 
February 14th 2000 
Iniciado em 14 de janeiro de 2000 
Primeira versão de pre-reader finalizada em 14 de fevereiro 2000 
Versão final 14 de maio de 2000 
Revisada em 21 de maio de 2000 

Aquela que eu amo é... Capitulo 12


Aquela Que Eu Amo É... 
Capítulo 12 - O Fim de Evangelion 
Escrito por Alain Gravel  
Traduzido por Francisco M Neto ayanami@fanfictionbr.net 
Revisado por Carlos Jacobs souryu@fanfictionbr.net 
Baseado em personagens criados pela GAINAX, protegidos por direitos autorais 
http://www.geocities.com/Tokyo/Teahouse/2236/ 
(*) Ver notas de tradução para detalhes 
(número) Ver as notas do autor para detalhes 
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Capítulo 12 - O Fim de Evangelion 
Parte 1: Invasão 
"Eu odeio este quarto." 
Essas eram as primeiras palavras que eu falava em... eu nem sabia quanto tempo. 
Eu olhei em volta. Uma grande sala que parecia ainda maior por causa da maneira como era iluminada pelas grandes janelas reforçadas e pelas luzes fluorescentes no teto. Uma sala que parecia muito vazia, apesar da presença da cama em que a garota ruiva estava deitada e todo o equipamento à sua volta. A segunda cama e outros móveis estranhos ao ambiente haviam sido removidos, supostamente para segurança dela. O único som ouvido no quarto era o "bipe" regular do monitor cardíaco ao qual ela estava conectada. 
"Você estaria bem melhor em casa." 
Mas eu não estava qualificado para cuidar dela. Eu levantei minha cabeça e abri meus olhos para olhar para a garota, rangendo meus dentes ao sentir uma onda de dor em todos os músculos do meu pescoço. Por quanto tempo eu estivera sentado daquele jeito, naquele pequeno banco? 
Ela ainda estava dormindo. Mas... ela não parecia estar em paz. Talvez ela estivesse lutando algum tipo de guerra dentro dela. Seu pulso direito estava perfurado com uma agulha de soro, o qual a mantinha viva fornecendo a ela os nutrientes de que precisava. Eu sabia que não era o suficiente, no entanto, ao ver o quanto pálida estava a sua pele e como ela parecia ter perdido peso. Mas não havia muito mais que os médicos pudessem fazer. Eu olhei para os curativos em seu pulso esquerdo. Eles já tinham salvo a vida dela. 
"Por quê você fez isso, Asuka?" 
De fato. Eu não conseguia entender. Asuka, de todas as pessoas... 
'Não se preocupe, eu nunca mais vou te incomodar. Nunca.' 
O que ela realmente quis dizer? 
"Droga, Asuka! Por quê?! Por minha causa?! Foi por minha causa?! Baka!!!" 
Como em vezes anteriores, eu me vi chorando, minhas lágrimas molhando alguns pontos do lençol branco que cobria seu peito. Então, depois de alguns minutos, as lágrimas pararam tão repentinamente como tinham começado. 
Mas a questão continuava: por que ela tinha agido dessa maneira? 
Talvez porque... ela pensasse que tinha perdido tudo que tinha. 
Eu conhecia o sentimento. Eu mesmo não tinha pensado isso depois da morte de Kaoru? 
Mas... Asuka não era uma covarde como eu... 
Eles a encontraram em um prédio abandonado, mais ou menos no mesmo momento em que eu saí do entry plug da Unidade-01. Ela estava deitada em uma banheira. Suas roupas caprichosamente dobradas em uma cadeira próxima, algo que ela nunca tinha feito antes, a água estava vermelha com o sangue que escorria lentamente do seu pulso cortado. A faca de cozinha que ela tinha usado havia sido encontrada no chão do outro lado da banheira. Os agentes de segurança que a encontraram agiram rápido o suficiente para que os médicos pudessem salvar a sua vida. Felizmente, a enfermaria mantinha grandes reservas de sangue dos tipos dos pilotos. 
Fisicamente, ela agora estava bem. Ela sofrera um pouco de subnutrição, mas nada grave. No entanto, ela não acordava. Os médicos haviam dito que agora tudo dependia dela. Ela não acordaria enquanto não quisesse. 
Então eu esperei ela voltar. 
A maior parte do tempo, eu simplesmente esperei em silêncio. Não foi fácil. De fato, era exaustivo. Lembrava muito minha experiência dentro do Décimo Segundo Anjo. Não havia mesmo muito que eu pudesse fazer a não ser ficar ali e esperar. Quanto eu ficava entediado, eu falava com ela, esperando que o som da minha voz pudesse alcançá-la de alguma forma... onde quer que ela estivesse. Eu falava do passado, do que eu pensei quando a vi pela primeira vez naquele porta-aviões, parecendo tão linda em seu vestido amarelo e quão impressionado eu fiquei pelo seu ar de confiança. Eu a admirei desde o começo. Ela era tudo que eu não era: forte, linda, talentosa e confiante. Eu falei de nossa primeira noite juntos a sós, o último dia do nosso treinamento de sincronização, como eu quase a havia beijado. Eu falei de como tinha sido bom viver com ela, mesmo que algumas vezes tivesse parecido uma tortura cruel, por causa da maneira como ela me provocava e insultava. Eu falei do Oitavo Anjo, e como eu fiquei com medo quando o Anjo a atacou, e como eu fiquei aliviado quando eu peguei o braço da Unidade-02 no último momento, salvando-a da morte iminente. Eu falei de nosso primeiro encontro, e como eu me diverti, apesar da minha decisão na época de ser namorado de Rei. Como, apesar de tudo, eu gostei de nosso primeiro beijo e ainda mais do segundo. Eu falei da primeira noite que passamos na mesma cama e de quão nervoso eu fiquei, tão nervoso que de fato nem dormi naquela noite. Eu falei sobre a viagem com Touji e Hikari, e como me senti magoado quando pensei que ela estivera apenas me usando, e como fiquei aliviado quando ela admitiu que ela havia agido daquela maneira porque me amava e temia me perder para Rei. Eu falei do ataque do Décimo Quinto Anjo, como me senti inútil, e como fiquei feliz quando eu vi que ela não havia sido machucada fisicamente, mas como eu me senti triste em ver como aquela coisa a havia machucado. Eu falei na noite em que fizemos amor, e como foi bom. Então eu falei da noite em que ela fugiu. Eu contei a ela tudo sobre Rei, como ela era um clone e como ela tinha se esquecido de mim. Finalmente, eu falei de Kaoru. Eu contei tudo, como ela tentou se aproximar de mim, como eu tentei rejeitá-la, como eu comecei a considerá-la uma amiga e como fui forçado a matá-la. 
"Algum progresso, Ikari-kun?" 
A voz me pegou desprevenido. Eu estivera tão perdido em meus pensamentos que não tinha ouvido ninguém entrar na sala. Eu reconheci uma enfermeira agora familiar. Seu nome era Tanaka Michiru, se eu não estava enganado. Ela estava naquela seção da enfermaria naquele dia. Era uma mulher que parecia bem normal, mas ela tinha um sorriso quente e era muito gentil. Ela tinha até mesmo me trazido um lanche no fim do dia anterior. 
Eu balancei minha cabeça. Ela parecia realmente sentir muito por mim. 
"Eu tenho certeza que ela vai melhorar." 
"Eu realmente espero que sim." 
"Você precisa ter fé. Além disso, com um rapaz tão gentil esperando por ela, não há dúvida de que ela vai voltar." 
Se não fosse minha culpa que ela estivesse naquela cama, pra começar. 
"Se você não se importa, você poderia sair do quarto? Eu tenho que cuidar da Piloto Souryu." 
"Ah... claro. Eu acho que vou comer alguma coisa." 
Eu realmente não queria sair, mas não podia discutir. O pessoal da enfermaria tinha sido tão gentil comigo. Quando eu cheguei lá pela primeira vez, eles foram um pouco relutantes em me deixar entrar, pois já havia passado do horário de visitas. Mas depois de um pouco de discussão, o médico encarregado de Asuka concordou em me deixar vê-la, me dizendo que, naquele momento, o que mais poderia ajudá-la seria a companhia de alguém que se importasse com ela. Desde então, eu só tinha deixado o quarto uma vez, quando eles precisaram fazer alguns testes e dar banho em Asuka, bem como trocar as suas roupas. Quando eu voltei, fiquei surpreso em ver que eles haviam colocado um pequeno futon em um canto do quarto para que eu não precisasse dormir numa cadeira como na primeira noite. 
"Você deveria. Não vai fazer bem a ela se acabar você mesmo numa das nossas camas por ter exaurido as suas forças." 
Eu sorri. 
"Obrigado pela preocupação." 
Levantei-me, me sentindo como se um raio tivesse acabado de passar pela minha coluna. Todos os meus músculos doíam muito. Definitivamente, me levantar e andar um pouco era uma boa idéia. Se a dor pudesse dar um tempo... 
E me abaixei (dolorosamente) para Asuka e dei um beijo leve em seus lábios; eles estavam secos, rachados, e sem absolutamente nenhuma resposta. 
"Ikari-kun... está tudo bem?" 
Eu olhei para cima e pisquei, vendo o olhar preocupado da enfermeira. Então eu percebi que meu rosto estava molhado por algumas lágrimas. 
"Vai ficar quando ela acordar." 
Eu dei uma última olhada para a garota adormecida e fui para a porta. 
"Por favor, tome conta dela. E, se for possível, você poderia colocar algo nos lábios dela? Eles estão secos. Vai doer quando ela acordar." 
"Não se preocupe. Eu vou deixar ela linda de novo." 
"Obrigado, Tanaka-san." 
* * * 
Eu não senti nenhum prazer real em comer o arroz com vegetais fritos que estavam diante de mim. O gosto era aceitável, mas eu tinha a minha mente voltada para outros assuntos. Eu não me sentia realmente confortável estando longe de Asuka por muito tempo. Eu sabia que era muito improvável, mas quando ela estava fora da minha vista, eu tinha medo que ela acordasse e pudesse ir embora. Ou talvez fazer algo ainda pior. Eu sempre temi entrar no quarto dela, parte de mim temendo encontrá-la em uma poça de sangue ou pendurada no teto, na ponta de uma corda ou do lençol. Parte de mim tentava me convencer que ela jamais faria algo assim, mas o fato era que... ela já tinha tentado uma vez. 
Então eu comi sem apetite. Teria comido mais rápido, mas sabia que a enfermeira Tanaka precisaria de algum tempo antes de terminar com Asuka. 
Levantei-me e estava preste a jogar o lixo fora quando, de repente, ouvi sons fracos de explosões, rapidamente seguidos por outros muito mais fortes. Então, a sirene de alerta se fez ouvir em toda a NERV. 
Eu fiquei ali, espantado. Um alerta? Poderia ser um Anjo? Mas Misato tinha dito que o Décimo Sétimo supostamente era o último... Eu não entendia. Eu realmente me arrependi de não estar com o celular por perto. 
Muito rapidamente, as poucas pessoas que também estavam na lanchonete saíram, obviamente apressados. Era isso que acontecia quando um Anjo atacava ou hoje era diferente? 
"Não fique aí como um idiota! Vá para o seu posto!" 
"Ahn?" 
Eu me virei e vi um homem de pé na entrada da cozinha. Pelo jeito que ele estava vestido, ela era obviamente um cozinheiro. Ele parecia estar já na casa dos 50. Sua cabeça estava coberta com cabelos pretos e prateados com exceção de um ponto careca, e seu rosto severo carregava um bigode. O homem era bem alto, e embora não fosse muito musculoso, tinha uma composição aparentemente grande e forte. Eu o achei bem intimidador. 
"Senhor, o que... o que está acontecendo?" 
Se fosse possível, o homem pareceu ainda mais ameaçador ao me lançar um olhar gélido. 
"Que tipo de idiota é você?! Nós estamos sendo atacados!" 
"Atacados? Por um Anjo?" 
"Anjo? Quem me dera..." 
Então, de repente, a luz pareceu iluminar o rosto do homem, para ser rapidamente substituída por uma expressão de preocupação. 
"Ah, merda! Você é um daqueles moleques que pilotam aqueles robôs gigantes, não é?" 
"Bem... sim..." 
A expressão do homem ficou mais séria. 
"Droga! Vem aqui! Agora!!" 
O homem me levou até a cozinha. Como outra explosão se fez ouvir, eu não hesitei. 
Apesar do fato de as comidas terem acabado de serem servidas, a cozinha parecia praticamente intocada. Eu não tive tempo de olhar em volta no entanto, pois o homem me arrastou para um escritório nos fundos. 
O escritório parecia como a cozinha; meticulosamente organizado. Aparentemente, era o escritório daquele homem, porque ele parecia à vontade ao pegar o telefone e discar uma longa série de números. 
"Esta linha é segura?" perguntou ele. "Sim, eu sei que tem uma maldita emergência! Eu ouvi o alarme! Olha... só fala praquela mina linda da Katsuragi que eu tenho o pequeno pilotinho dela aqui e gostaria de tira-lo daqui, então manda alguém pra vim pegar ele. É na cozinha da lanchonete." 
Sem outra palavra, o homem desligou o telefone. Eu achei que era um bom momento para tentar de novo fazer a pergunta que estava passando pela minha cabeça 
"O que... o que está acontecendo?" 
O homem olhou para mim. Eu fiquei surpreso ao ver sua expressão se suavizar. 
"Invasão." 
"Uma invasão? Alguém está invadindo a NERV?" 
"Sim. E pelo jeito, eu não acho que as coisas irão acabar muito bem pra nós." 
Uma invasão. Quem poderia estar nos invadindo? Com que propósito? 
"Toma." 
Meus pensamentos foram repentinamente desviados quando eu percebi que o homem estava me dando uma arma e um coldre. Eu engasguei. 
"O que... o que é isso?" 
"Uma arma." 
"Eu sei... mas... por quê?" 
"Para sua segurança. Você nunca usou uma arma antes?" 
Meu Deus! Isso era... demais. Minha mente ameaçava se sobrecarregar a qualquer minuto. 
"Eu... eu... eu... nunca usei uma arma de verdade. Eu usei armas com o EVA, mas..." 
"É a mesma coisa," disse o homem ao puxar uma segunda arma de uma gaveta antes de me mostrar. "Você aperta o botão de segurança aqui. Aponta contra o alvo. Aperta o gatilho. É simples assim. Tem só quinze balas, então não desperdice." 
"Mas... mas... os alvos... seriam pessoas..." 
O homem apenas me encarou descrente. 
"É você ou eles. Se eles atirarem em você e errarem, atire de volta." 
Isso era um pesadelo. Tinha que ser... 
Mas eu sabia que não era. Eu percebi que estava tremendo. Eu não era bom. Eu era como o EVA. Se eu ficasse com medo agora, haveria pessoas que iriam sofrer por minha causa. Eu peguei a arma, estudei a fria e negra peça de metal e morte. Então eu coloquei desajeitadamente o coldre e coloquei a arma dentro dele. Ela parecia pesar quase uma tonelada apoiada ali. 
Então eu me lembrei das palavras de Misato. 
"Uma pessoa tem que lutar pela sua própria sobrevivência." 
"É isso aí garoto." 
Eu olhei para o homem. Ao contrário de mim, ele não parecia ter medo. 
"Não é a primeira vez... pra você... digo... eu estou com medo... mas você parece calmo." 
O homem deu uma pequena risada e depois sorriu. 
"Ah, eu estou com medo, garoto. Eu apenas sei melhor como não deixá-lo tomar conta. Propriamente canalizado, o medo faz você agir mais cuidadosamente." 
"Ah..." 
"E sim, não é a primeira vez. Eu fui militar a muito tempo atrás. Nas guerras que se seguiram ao Segundo Impacto." 
Eu assenti, compreendendo. Aquilo explicava a sua atitude rígida. Mas agora, ele não parecia tão frio quando alguns minutos antes. 
"Você já... matou alguém... antes?" 
"Muitos. Não que eu tenha orgulho disso. Mas às vezes, você tem que fazer o que você tem que fazer... eu acho que você sabe como é." 
Assenti de novo. Kaoru... eu olhei para a arma novamente. Eu seria capaz de fazê-lo? Se alguém tentasse me matar, eu poderia matar novamente? 
Eu esperei que não precisasse descobrir a resposta. 
"Se abaixa!" 
Com uma mão forte, o homem me jogou no chão. Nós podíamos ouvir passos. Muitos e longos segundos se passaram e então, eu ouvi o homem suspirar ao me levantar. 
"Está tudo bem. Esses caras são da NERV." 
De fato, quando eu olhei pela janela do escritório, eu reconheci a roupa preta usual da segurança da NERV. Doze homens, todos vestidos de preto. Um deles entrou e olhou direto para mim. 
"Venha conosco." 
"Aonde vocês vão me levar?" 
Eu estava cansado de não saber o que estava acontecendo. Além disso... eu me sentia seguro ali com... eu percebi que nem sabia o nome daquele homem. 
"Evangelion Unidade-01." 
"Unidade-01?! Por quê?!" 
"São ordens da Major." 
Ordens de Misato? Por que ela me mandaria para a Unidade-01? Ela queria que eu... lutasse contra aquelas forças de invasão? 
"Você deveria seguir esses caras, garoto. Aquela mina Katsuragi tem bastante cérebro pra acompanhar aquele corpinho sensacional dela. Confie nela." 
Eu assenti. Misato nunca me deu razões para desconfiar dela. 
"E quanto a você?" 
"Acho que vou junto. Ficar aqui sozinho seria muito arriscado. E eu me sentiria mal deixando um garoto como você ir sozinho com um bando de macacos de preto." 
O homem sorriu para mim. O agente da segurança não demonstrou nenhuma expressão, aparentemente preferindo ignorar o insulto. 
"Obrigado." 
* * * 
Talvez a situação não fosse tão ruim como o cozinheiro tinha feito parecer. Nós tínhamos andado por talvez dez minutos e evitáramos as forças inimigas até então. Tinha havido alguns momentos perigosos; nós podíamos ainda ouvir o som de tiros e explosões, mas estava tudo bem. O homem que estava no comando do grupo parecia estar recebendo novas informações a cada minuto, provavelmente do Comando Central. Eu achei que provavelmente Misato estivesse observando o nosso progresso pelas câmeras de segurança e pelo MAGI. 
Eu estava começando a relaxar quando o inferno se abriu. Repentinamente, parecia haver balas por todos os lados. Os agentes que estavam na nossa retaguarda grunhiram e caíram, ficando logo em cima de poças de seu próprio sangue. Eu engasguei ao sentir o que parecia uma queimadura muito intensa na minha perna. Eu tinha sido arranhado por uma bala. Um centímetro para a esquerda e a bala teria penetrado na carne ao invés de apenas ferir a pele. Eu não tive tempo para reagir a isso ao sentir alguém me levantar e me dizer para correr o máximo que eu podia. Nós corremos sem realmente olhar para onde estávamos indo. Ao virarmos uma curva, eu vi dois agentes de segurança puxarem suas armas e atirarem, para apenas serem atingidos por dúzias de balas. Pelo menos eles pareciam ter atrasado os adversários. 
Eu não sei por quando tempo nós corremos, mas quando nós finalmente paramos, eu estava completamente exausto e prestes a cair sobre meus joelhos. Eu percebi com horror que dos doze homens que estavam me acompanhando, somente o cozinheiro sobreviveu. 
"Bem, isso não tá legal..." murmurou o cozinheiro para mim. "acho que você deveria se esconder ali, garoto," continuou, apontando para uma escada. 
"Mas..." 
"Vai logo. Eu vou tomar conta das coisas. E se eles te encontrarem... se lembre do que você disse. Uma pessoa deve lutar pela sua própria sobrevivência." 
Eu assenti. Mesmo assim, aquilo eram apenas palavras... 
Mesmo assim, fui para baixo da escada, tentando me camuflar nas sombras o melhor que podia, e saquei minha arma. 
O minuto seguinte pareceu durar anos. Eu ouvia a troca de tiros e gritos de dor. Tudo terminou com o som de uma metralhadora. 
Do meu esconderijo, eu vi três homens em roupas militares pretas chegarem em frente à escada. Eu ouvi o som de um rádio, então um dos homens falou. 
"Nós encontramos um dos pilotos. Procedendo com extermínio." 
Eles tinham me achado! 
Freneticamente, eu apertei o gatilho. Nada aconteceu. Alguém tirou a arma das minhas mãos antes que eu pudesse perceber que tinha esquecido de soltar o botão de segurança. Eu fui puxado do esconderijo, e um deles me forçou a me ajoelhar. Ele soltou o botão da minha arma e eu senti a sua ponta fria tocar a minha testa. 
"Não é nada pessoal, garoto." 
As pessoas dizem que um homem de verdade encara a morte de olhos abertos. Eu acho que não fui um homem, porque fechei meus olhos, na esperança de que isso pudesse evitar o inevitável. 
Não funcionou, pois no segundo seguinte, o som de um tiro se fez ouvir. 
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Primeiro Interlúdio: Terminal Dogma 
O olhar em sua face não tinha preço. 
Isso foi o que a Doutora Akagi Ritsuko pensou ao olhar Ikari Gendou das sombras. Ele estava na frente de uma pequena pilha de roupas jogadas, olhando em volta à procura da garota a quem elas pertenciam, a confusão claramente estampada em sua face. Era tão cômico que ela chegou a rir, algo que ela não tinha feito em um longo tempo. 
"Rei?" 
A face de Ritsuko escureceu. Aquele bastardo não podia nem mesmo reconhecer a sua voz... 
"Perdeu alguma coisa, Ikari?" 
"Akagi." 
Sua face agora não demonstrava emoções, mas por um breve momento, Ritsuko pensou ter visto surpresa. Tinha sido aquilo uma amostra real de emoção, ou somente um truque da sua imaginação, como aqueles breves momentos nos quais ela pensou ter visto amor seus olhos ao dividir a sua cama? 
Ela saiu das sombras e ficou ao lado de uma das muitas piscinas de LCL. As piscinas se ligavam, compondo a forma da Árvore de Sephiroth. 
"O que você está fazendo aqui?" 
Uma de suas mãos estava agora no bolso da jaqueta, sem dúvida agarrando a arma que ele tinha ali. 
"Apenas terminando o trabalho que comecei." 
Dessa vez, o choque na face dele foi real. Claramente, dizia respeito a Rei... 
"Você matou Rei?" ele perguntou, com um toque metálico na sua voz. 
Ritsuko sorriu gentilmente. 
"Isso iria arruinar os seus planos, não iria? Cortar os fios da boneca te deixaria sem nada, e todos os seus sacrifícios teriam sido em vão." 
Mesmo quando os olhos do Comandante se afilaram levemente, o pequeno e sereno sorriso da doutora não mudou. Nenhum dos dois falou por alguns momentos, o barulho suave do LCL preenchendo o vazio entre eles. 
"Não, eu não a matei. Por mais que eu quisesse eliminar a boneca que você escolheu no meu lugar. Eu matei todas as outras, mas... não, eu não tirei a vida dela." 
Então, o sorriso da doutora cresceu, mostrando de relance os dentes. 
"Pela segunda vez, eu lhe dei a vida." 
O Comandante Ikari não se moveu enquanto considerava todas as ramificações das palavras da doutora. 
"A limpeza de memória," ele finalmente disse, não como uma pergunta, mas uma simples afirmação de um fato. 
"Eu a libertei. Uma vingança mais apropriada e um modo de aliviar a dor que você causou ao seu filho. Usar hipnose e drogas para trancar as experiências de Rei com o seu filho tinha a vantagem de ganhar tempo, enquanto Rei pudesse manter a sua habilidade como piloto e ser programada para obedecer você. Uma limpeza de memória, em tão pouco tempo, poderia, afinal, deixá-la no estado de um bebê recém-nascido. Mas tinha uma falha. Toda tranca de uma chave..." 
Embora ela esperasse por algum sinal de raiva de Gendou, nenhum veio. Mesmo assim a doutora continuou com aquele pequeno sorriso. 
"Eu destranquei o bloqueio de memória! Bem fácil se foi você mesmo que o colocou para começar. Eu só tinha que dizer algumas palavras-chave. Como é para o manipulador perder a sua boneca?" 
Olhando para o teto escuro, a sua mente olhava em direção ao MAGI. "Eu dei a vida de volta a uma criança, mãe. Mãe... é isso que significa dar à luz?" 
"Onde está ela?" 
A Dra. Akagi resmungou. Eram tão pouco importantes, os pedidos dele. Ele provavelmente a mataria, mas ela estava protegida pelo seu casulo, nada poderia machucá-la... 
"Provavelmente procurando pelo seu filho. Não precisa ir atrás dela. Ela não obedecerá mais a você. Você perdeu." 
"Quem disse que eu precisava que ela agisse de vontade própria?" 
Sua voz atingiu Ritsuko com uma força tão grande que ela sentiu como se ele tivesse atirado nela com as palavras. Olhando para baixo ela olhou para ele com horror. 
"Ela se matou para proteger a Terceira Criança. Se a vida dele for ameaçada de novo, ela vai fazer o que eu mandar." 
Ritsuko simplesmente não podia acreditar no que ouvia. 
"Eu não posso acreditar que você seja tão sem coração." 
"Eu estou próximo demais do meu objetivo para ser impedido agora." 
A Doutora se arrepiou. Ele estava falando sério. 
Ele finalmente puxou a sua arma. 
"Sinto muito, você poderia interferir de novo." 
As suas palavras seguintes foram proferidas suavemente, somente para os seus ouvidos naquele lugar isolado. 
A tensão passou pelos ombros de Akagi Ritsuko, deixando para trás uma estranha sensação de paz. "Mentiroso." 
O som de um tiro estourou na sala escura e Akagi Ritsuko caiu em uma das piscinas de LCL. Ikari Gendou olhou o corpo por um momento, então saiu à procura da chave para seus planos. 
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Parte 2: Escapada 
Tudo aconteceu muito rápido. Tão rápido que de fato eu só entendi o que estava acontecendo quando tudo já tinha acabado. Meu cérebro recebeu os dados, mas congelou por um momento, antes de analisá-los. 
Eu ouvi o barulho de um tiro, mas não registrei imediatamente o fato de que se eu pude ouvi-lo, significava que eu não estava morto. Então, houve outros tiros. Eu mal tinha aberto meus olhos e vi um homem morto bem na minha frente e, então, eu olhei à direita para ver Misato segurando um soldado contra a parede e apontando a arma sob o seu queixo. O terceiro soldado estava da mesma maneira que o primeiro: morto, estirado no chão. 
"Também não é pessoal." 
Dito isso, Misato apertou o gatilho. Eu olhei horrorizado a parede atrás do homem ficar manchada de vermelho enquanto o seu corpo sem vida escorregava e caía no chão. Eu nunca tinha visto Misato ser tão fria antes. Era um lado dela... que me assustava. 
"Você está bem, Shinji?" 
Não havia preocupação em sua voz. Seus olhos eram gélidos. 
Eu olhei em volta. Havia corpos por todos os lados. Sangue na parede e no chão. Eu olhei para o homem de preto e para o cozinheiro que tinham dado suas vidas para me proteger. Repentinamente eu me senti enjoado e vomitei. Acho que eu não deveria ter almoçado afinal. 
"Você está bem?" 
Eu senti uma mão em meu ombro e olhei para cima para ver Misato olhando para mim, dessa vez obviamente preocupada. 
"Na verdade não... mas eu não estou machucado se é o que você quer saber..." 
Mesmo que ela parecesse com a Misato que eu conhecia, a imagem dela matando um homem a sangue frio tinha me chocado muito. 
"E a sua perna?" 
Agora que ela tinha mencionado, realmente doía e havia algum sangue nas minhas calças... 
"Levante as calças pra eu dar uma olhada." 
Ela tinha aquele olhar de novo. A guerra fazia isso com as pessoas? 
Ela me ajudou a me levantar e eu fiz o que ela falou. O ferimento era superficial e não estava sangrando muito. Ainda assim, Misato insistiu eu fazer um curativo. Eu quase vomitei de novo ao vê-la rasgar um pedaço da roupa de um dos corpos para fazer um curativo temporário. 
"Bem," disse Misato quando eu coloquei as calças no lugar, satisfeita com seu trabalho. "Vamos lá. Para a Unidade-01." 
Eu removi o coldre do meu ombro e segui a liderança de Misato, mais porque eu não pudesse agüentar ficar ali do que porque eu quisesse segui-la. 
* * * 
Por longos minutos, eu me deixei guiar por Misato. Eu segui cada uma das suas ordens cegamente, nem mesmo tentando ver se elas faziam sentido ou não. Eu acho que eu ainda estava sob o choque do que eu tinha acabado de passar. Francamente, eu acho que ver as pessoas matando umas às outras é bem mais horrível e perturbador do que enfrentar um monstro do tamanho de um prédio. Pelo menos, um monstro é um monstro, não um ser humano como você. O fato de que eu freqüentemente tinha que andar sobre corpos caídos enquanto seguia Misato provavelmente não ajudou a minha saúde mental de nenhuma maneira. 
Finalmente, nós chegamos a um dos estacionamentos do QG. Alguns corpos no chão atestavam que aquele lugar já havia sido "limpo". Por essa razão, estava praticamente deserto. Nós só vimos um guarda, que Misato matou assim que viu. Nós esperamos por um minuto e como o tiro não atraiu nenhum outro soldado, Misato me arrastou para perto do corpo fresco. Eu olhei enojado enquanto Misato revistava o corpo e pegava um rádio. Um pouco do sangue do homem estava nele. 
Arrastando-me entre dois carros, Misato me disse para sentar e então colocou os fones de ouvido do rádio. Ela ouviu por algum tempo, sua expressão ficando cada vez mais tensa, alguns xingamentos saindo de seus lábios de vez em quando. 
"Isso é mau," disse ela finalmente, ao remover os fones de ouvido. "Eles estão cortando todas as rotas de acesso entre você e a Unidade-01." 
Finalmente, em relativa calma, eu encontrei a força para fazer uma pergunta que estava me torturando. 
"Misato-san... por quê... por que você quer tanto me levar para a Unidade-01?" 
"Você estará seguro dentro dela. Nós já colocamos Asuka dentro da Unidade-02. Ela pode ficar ali por um longo tempo, você deve saber disso. E... a Unidade-01 é a nossa última esperança." 
"Você quer que eu lute, não é?" 
Misato considerou a pergunta por um momento e assentiu. 
"Eu não quero machucar mais ninguém..." 
"Eu sei, Shinji... mas se você não nos ajudar, vamos todos morrer. Eu não estou pedindo que você saia e mate todos eles. Apenas mantenha-os longe do QG. Bloqueie eles com o seu campo AT. Se você puder, inutilize os veículos deles. E se tivermos sorte, a visão da Unidade-01 por si só já será o suficiente para manter a JSDF longe." 
Bloqueá-los e espantá-los para longe. Não parecia tão ruim. E se eu pudesse fazer aquilo... as pessoas parariam de matar umas às outras." 
"Eu... eu acho que posso fazer isso..." 
"Se pudermos encontrar Rei, nós vamos tentar mandá-la para a Unidade-02. Então ela poderá assumir." 
"Sim..." 
Eu podia imaginar que Ayanami não hesitaria em lutar com nossos inimigos. 
Eu fiquei um pouco preocupado quando vi a face de Misato ficar ainda mais séria. 
"Há mais uma coisa, Shinji. Há... há uma chance de que eles usem os Mass Production Eva contra nós. Até onde eu sei, pode haver até nove deles. Você tem que tomar cuidado..." 
Eu engasguei. 
"Nove EVAs!" 
Nove EVAs. EVA... isso também significava... 
"Eu sei o que você está pensando. Não se preocupe, não tem como eles terem treinado nove pilotos tão rápido. Eles vão usar os dummy plugs. Lembre-se do que Ritsuko disse, as coisas nos dummy plugs são apenas bonecas. Eles não têm alma. Não hesite." 
Eu me lembrei. A sala do dummy plug. Todos aqueles clones de Ayanami... 
"Eu... eu entendi." 
"Vamos." 
Eu assenti. Eu não estava muito certo de que queria fazer aquilo, menos ainda se estava pronto para fazê-lo, mas eu não tinha escolha. 
"Mas que diabos?! Aqueles malditos filhos da puta!" 
Eu congelei quando Misato se perdeu num mar de insultos. Eu levei algum tempo para entender o porquê. 
Nós estávamos na frente dos restos queimados de um carro. Eu tentei ignorar o corpo fumegante que estava em cima dele. 
Uma placa que estava presa na parede atrás do carro dizia: "Major Katsuragi Misato" 
Obviamente, estava bem na frente do carro quando um soldado da JSDF tentou explodi-lo. O carro explodiu junto... se a situação não fosse tão ruim, eu teria tido uma explosão de risadas pela falta de sorte de Misato. 
Ainda xingando, Misato me arrastou para outro carro esporte azul. Ela então quebrou uma janela e nós o "emprestamos". 
* * * 
Misato estava descontroladamente (ou no caso dela, normalmente) dirigindo através do estacionamento, nem mesmo se esforçando para evitar os corpos que ela ocasionalmente atropelava, quando de repente eu pensei que era o fim do mundo. Mais precisamente, nós sentimos um grande terremoto, forte o suficiente para Misato perder o controle do volante e bater em um carro estacionado. Se eu não estivesse com o cinto de segurança, eu poderia ter me machucado bastante. 
"O que... o que foi isso?!" 
"Ah merda!" Misato respondeu antes de pegar o volante e voltar a dirigir, rápido como se sua vida dependesse daquilo. Os freios gritaram quando ela parou no que parecia um elevador de carros, a centímetros da parede. Eu acho que Misato disse alguma coisa, mas eu não prestei atenção... eu estava simplesmente feliz por não ter molhado as calças. Misato saiu correndo do carro, passou seu cartão num leitor à direita do elevador e, quando este começou a descer, ela voltou correndo para o carro. 
"Coloque a cabeça entre os joelhos e segure firme, essa vai ser uma viagem e tanto!" 
Eu fiz como ela mandou e fiquei feliz por isso ao sentir o QG inteiro ser chacoalhado por outro terremoto. Eu sabia melhor dessa vez, no entanto, pois eu podia claramente ouvir o barulho de uma explosão. Ou então de inúmeras explosões. 
"Meu Deus! O que está acontecendo?!" 
O carro estava chacoalhando tanto que eu comecei a me perguntar se o elevador não cederia e se nós não cairíamos no fundo do... onde quer que estivéssemos indo... 
Então tudo parou e nós continuamos a descer vagarosamente. 
"Eu acho que a primeira foi uma mina N2. Acho que os malditos explodiram o que sobrou de Tokyo-3. Nós realmente não tivemos tempo de consertar a blindagem depois da explosão da Unidade-00, então eles provavelmente conseguiram entrar." 
"Uma mina N2! Mas... deve ter matado milhares de pessoas!" 
"Eu espero que não. A cidade foi evacuada..." 
Ainda assim, o seu silêncio sugeria que havia provavelmente um grande número de mortes. 
"A segunda vez foi sem dúvida um ataque aéreo direto contra o próprio QG da NERV. Se este lugar não tivesse sido construído para resistir a ataques de Anjos, nós provavelmente estaríamos mortos agora." 
"Meu Deus... isso é tudo tão louco..." 
"É." 
Repentinamente, o elevador parou, indicando que nós tínhamos chegado ao nosso destino. Misato saiu do carro e passou o seu cartão para abrir duas portas de aço reforçado na nossa frente. Elas se abriram para revelar uma passagem pouco iluminada. Misato voltou para o carro e avançou. Quando entramos pela passagem, eu engasguei. Era enorme. 
"Este lugar é grande o suficiente para um Eva ficar em pé." 
Misato assentiu. 
"Esse túnel de acesso passa por toda a NERV. Foi construído para movimentar o EVA caso as catapultas parassem de funcionar. Se o Novo Anjo tivesse entrado no Geofront ao invés de tentar derreter o que estava no caminho, você teria usado essa passagem. Normalmente, eu não teria acesso a esta parte do QG, mas... alguém que eu amei me deixou um presente de despedida..." 
Misato manteve um olhar distante, mas eu sabia mencionar aquilo era difícil para ela. Alguém que ela amara... Kaji. 
"Vamos para a Unidade-01," eu disse a ela, tentando me espelhar na sua coragem. Ela assentiu e nós fomos em direção às profundezas da NERV. 
* * * 
"Por que eles estão nos atacando?" eu perguntei enquanto Misato dirigia. 
Eu estava tentando acertar o rádio do carro na freqüência de emergência da NERV. Eu sabia que tinha feito direito, mas ele simplesmente ficava em silêncio. Misato disse que provavelmente isso aconteceria porque a JSDF estaria escutando a todas as freqüências e o pessoal da Central de Comando não a usaria. 
"Eu acho que eles querem o EVA para eles próprios. Eles provavelmente são apenas marionetes, manipuladas sem nem mesmo perceberem." 
"Manipuladas? Por quem?" 
"As pessoas que criaram a NERV. O Comitê. SEELE. Nós derrotamos os Anjos, então agora eles precisam se livrar de nós, já que a NERV é o único obstáculo no caminho deles." 
"O que... o que eles querem?" 
"Eles querem o Terceiro Impacto. Não pelos Anjos, mas com a Série EVA. O Segundo Impacto quinze anos atrás foi causado por humanos, por eles, de propósito. O dano foi minimizado porque Adão se tornou um ovo, antes que os Anjos despertassem. Shinji, nós, humanos, assim como Adão, nascemos de uma forma de vida chamada Lilith, a fonte de todas as criaturas vivas. Você a viu quando lutou com Tabris. Nós somos o décimo oitavo Anjo. Os outros Anjos eram outras possibilidades do que os humanos poderiam ter se tornado. Escute, Shinji. Destrua todos os EVAs. Essa é a única maneira de manter você e os outros a salvo. Shinji, você precisa..." 
Misato foi interrompida repentinamente quando o rádio repentinamente tomou vida, graças à maravilhosa voz de Maya. Suas palavras eram ainda mais maravilhosas. 
"Meu Deus! A Unidade-02 foi reativada! Asuka... Asuka acordou! Ela está bem! Ela está pilotando o EVA!" 
Misato e eu engasgamos. Asuka! Asuka estava bem! E ela estava pilotando o EVA! 
Misato agora sorria enormemente. 
"Acho que as nossas chances melhoraram. Vamos nos apressar, eu tenho certeza que ela vai precisar da ajuda." 
Esquecendo o conceito de segurança, Misato levou o carro ao seu limite. Quase parou depois de um minuto. Ela dirigia vagarosamente, procurando alguma coisa, antes de finalmente apontar para um pequeno par de portas. 
"Vamos." 
Nós tínhamos acabado de sair do carro quando novamente ouvimos Maya através do rádio. 
"É... é impossível! Nove EVAs acabaram de ser lançados sobre o Geofront e estão descendo devagar, cercando a Unidade-02..." 
"Merda!" 
Misato pegou o telefone celular e apertou um telefone parecido com o que eu tinha visto o cozinheiro discar antes, no escritório da cozinha. 
"Makoto. Passe a minha ligação pra Unidade-02. Agora!" 
Com a sua mão livre, Misato passou o cartão num leitor e silenciosamente me levou a entrar pelas portas agora abertas. Ela me seguiu para dentro de um pequeno elevador. Logo, nós estávamos subindo e Misato estava falando com Asuka. 
"Asuka, você tem que destruir esse grupo de EVAs. Shinji vai chegar pra te ajudar em instantes. Se esforce." Ela então terminou a ligação e pressionou o botão de rediscagem. "Eu de novo. A Unidade-01 pode usar a saída 20? Excelente." 
Ela fechou o telefone e o colocou na jaqueta. Ela então olhou para mim e sorriu. 
"Você vai estar com ela logo." 
A idéia seria reconfortante se eu não soubesse que Asuka agora estava sendo forçada a lutar em uma batalha na qual ela estava em desvantagem de nove contra um. 
* * * 
"Aqui está." 
Nós estávamos em frente a uma porta aberta. Acima dela, eu podia ver a designação 'Elevador de Emergência R-10-20'. Mesmo embora nós corrêssemos, tinha levado um minuto inteiro para chegarmos ali. Um minuto. Considerando que Asuka estava arriscando a sua vida lá fora, era uma quantidade insuportável de tempo. 
Estávamos a ponto de entrar quando subitamente balas começaram a voar à nossa volta. Antes que eu pudesse reagir, Misato me agarrou e nós corremos para dentro da sala. Tão rápido quando possível, Misato pressionou um botão que fechou a porta atrás de nós. Bem a tempo de ouvirmos uma explosão. Então, Misato deixou-se cair contra a parede e escorregou até o chão. Nós não tínhamos corrido muito, mas ela parecia muito fraca. 
Será que ela tinha sido atingida? 
"Eu acho que vamos ficar bem por um momento... você está bem, Shinji-kun?" 
"Misato-san... você está ferida..." 
Ela tentou me dar um sorriso reconfortante. Não teve muito sucesso. 
"Não é nada sério... só um arranhão... não vai me matar." 
Lentamente, ela se esforçou para se levantar. Para um arranhão, parecia doer demais. Ela se curvou na direção de duas portas nomeadas como R-20 e pressionou um botão. Elas se abriram para revelar um elevador. 
"Ótimo. A força ainda está ligada. Vai funcionar." 
Ela então olhou para mim, seus olhos sérios, mas sua face limpa e tranqüila. 
"Ei, Shinji... a partir de agora, você está por sua própria conta. Você vai ter que tomar as decisões por si mesmo agora." 
Ela não estaria querendo dizer... 
"O que...? Eu não entendo... você não vem comigo?" 
Ela balançou a cabeça negativamente. 
"Mas você não pode ficar aqui..." 
"Eu... eu... eu tenho que ficar para ter certeza que ninguém te siga..." 
"Mas os soldados..." 
"Eles não vão me pegar." 
"Não." 
Seus olhos se arregalaram quando eu disse essa simples palavra. 
"Eu não vou se você ficar." 
Por alguns segundos, Misato pareceu pensar, então assentiu. 
"Tudo bem." 
Ela não me seguiu, no entanto. Em um movimento rápido, ela me empurrou para o elevador. Eu a vi, sorrindo para mim, antes que as portas do elevador se fechassem. Não demoraria muito para chegar ao fim da viagem. Nem mesmo um minuto. Quando o elevador parou e a porta se abriu, eu senti o chão tremer e ouvi o som de uma grande explosão. Uma explosão muito próxima. 
"Não... não... NÃO! Misato-san!!!!" 
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Segundo Interlúdio: Aquela que ficou para trás 
Katsuragi Misato remoia a dor enquanto se apoiava numa parede. Embora o seu ferimento não fosse letal, ela mentira para Shinji; ele a mataria. Essa era a razão pela qual ela ficara; se ela seguisse em frente, ele ficaria preocupado demais e esqueceria tudo sobre os EVAs só para tomar conta dela. Ela suspirou. Seu braço esquerdo estava inutilizado e o direito estava ocupado tentando diminuir a perda de sangue. E pior ainda, havia um número desconhecido de soldados da ONU, só a alguns metros dali, provavelmente prontos para atacar a qualquer momento. 
Ela estava quase morta. Seu corpo apenas não tinha percebido isso ainda. 
Ela sentiu as lágrimas descendo por sua face. 
Fechando seus olhos, ela se deixou escorregar lentamente até o chão. Ela não conseguia parar as lágrimas. Ela morreria, junto com o bebê de Kaji. 
Ela nunca seria uma mãe afinal... 
Pelo menos Shinji estava seguro... por enquanto. 
"Shinji..." 
Ela esperava que ele estivesse bem. E ela esperava que Asuka também estivesse bem. Nove contra um... as chances estavam contra ela, mesmo que ela fosse uma excelente piloto. 
"Eu espero que você chegue lá a tempo, Shinji..." 
De repente, ela ouviu o som de uma explosão. A ONU tinha provavelmente decidido explodi-la de uma vez. Era isso. 
Mas ela não morreu. 
Levou alguns segundos para que ela percebesse isso. Surpresa, ela abriu seus olhos, para ver uma forma familiar, hexagonal e amarela, na sua frente, protegendo-a como uma parede de fogo. 
Um Campo-AT! 
Olhando diretamente para ela, percebeu que Rei estava ali, completamente nua, um olhar de preocupação em sua face. Preocupação? Será... que... suas memórias tinham voltado? 
"Rei...? Como...?" 
"Você não parece bem, Major." 
"Rei... o que... o que você está fazendo aqui?" 
"Eu senti a presença de Shinji." 
'Shinji', ela disse. Então ela lembrava! 
"Ele foi para a gaiola da Unidade-01..." 
"Então o destino dele está nas mãos dela." 
Ela? Ela queria dizer... a mãe de Shinji... Yui? 
"Nós devemos ir," disse a garota ao indicar com a mão que as chamas tinham diminuído. 
"Não podemos." 
"Você precisa de cuidados médicos." 
Tristemente, Misato balançou a cabeça. 
"Eles vão atirar em nós assim que nos virem, Rei." 
"Não, eles não vão," retrucou a garota, com um sorriso confiante aparecendo em seu rosto. 
Nunca antes Katsuragi tinha visto tal expressão naquele rosto. Dolorosamente, ela se levantou, então sorriu para a garota. 
"Está bem, Rei, eu confio em você. Me mostre o que você pode fazer." 
Seu sorriso diminuiu, no entanto, quando Rei mostrou o duto de ar que usara para chegar àquela sala. Claramente, ela queria tomar a mesma rota para fora... do pouco que restara da sala. Misato gemeu. Essa seria uma escapada bem dolorosa... 
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Parte 3: Ódio 
Eu estava sentado, abraçando a mim mesmo como uma bola, num canto do elevador. Eu rezei para acordar daquele pesadelo. Tinha que ser um pesadelo. Tinha que ser... 
'Me chame de Misato. Prazer em conhecê-lo, Shinji-kun.' 
Misato-san. 
'Shinji-kun, este é o seu lar!' 
Ela me aceitou dentro do lar dela. Não. Dentro da vida dela. 
'Você fez algo admirável hoje. Você pode ter orgulho de si mesmo. 
Ela acreditou em mim quando outros não o fizeram, incluindo eu mesmo. Ela sempre esteve ao meu lado para me ajudar. 
'Eu não sou o tipo de pessoa que pode viver com um estranho só por simpatia, ou porque é meu trabalho.' (1) 
Juntos, tínhamos sido como uma família. Ela tinha sido mais que uma guardiã ou oficial comandante. Mais que uma amiga. Ela tinha sido como... uma mãe. E novamente, eu a... perdi... 
Eu perdera a única família que me restara. 
'De alguma forma... tudo vai ficar bem, Shinji... eu prometo...' 
Não estava bem... não estava. As coisas ficavam cada vez piores... e piores... 
'Você acha que você não tem mais esperança, mas você está errado. Nem tudo está perdido...' 
Mentirosa... mentirosa... MENTIROSA!!! Por quê?! Por quê?! Por que ela tinha que morrer?! POR QUÊ?! 
Eu estava chorando, as lágrimas finalmente abrindo caminho. Só meio minuto tinha passado, mas... tinham parecido anos. Anos cheios de dor e sofrimento. 
Eu devo ter ficado ali, ou chorando ou estático, por muito tempo, mas uma voz cortou a sombra da confusão e da tristeza como uma faca. 
"Droga! Baka-Shinji! Mexa esse seu traseiro roxo aqui pra cima pra eu poder te espancar!!! Scheiße!" (*) 
Por alguns segundos, todos os pensamentos sobre Misato foram esquecidos. Asuka? Por alguma razão, eu percebi que podia ouvir o que estava acontecendo pelos alto-falantes daquela sala. Então eu me lembrei do *quê* estava acontecendo. Da batalha que Asuka estava lutando lá fora. O porquê de Misato ter me mandado ali. 
Misato... 
'Mesmo que todos os Anjos tenham sido destruídos, eu sinto que esta guerra ainda não acabou. A Humanidade ainda pode depender de você, Shinji. Então nós precisamos que você seja forte e você precisa ser forte por si mesmo, bem como por aqueles que você ama.' 
Forte... 
'Escute, Shinji. Destrua todos os EVAs. Essa é a única maneira de manter você e os outros vivos.' 
Destruir os EVAs. Esse fora o desejo de Misato. Seu último desejo. Era a razão pela qual ela sacrificara a sua vida. Eu me levantei, com as mãos se fechando em punhos. As lágrimas ainda corriam, mas eu me esforcei para ficar de pé. 
Eu seria amaldiçoado se o sacrifício de Misato tivesse sido em vão. 
Eu pilotaria a Unidade-01 mais uma vez e acabaria com tudo aquilo. 
Toda a esperança que me restava morreu na minha frente. Baquelite. Por todo lado. Bloqueando o acesso ao entry plug. 
"Não... não... não! Não é justo! Não é justo!!!" 
Chegar até aqui, perder tudo que eu amava... por isso! Kaji morto... por nada! Rei se fora... por nada! Eu matara Kaoru... só para que isso pudesse acontecer! Misato se sacrificara... para que eu pudesse ficar sentado a menos de dez metros da Unidade-01 sem fazer nada!!! 
Eu estava pronto para desistir e então eu ouvi Asuka novamente. 
"Eu vou definitivamente vencer! Mamãe está me assistindo!" 
Mamãe. Mãe. 
"Mãe! Mãe! Por favor! Me ajude! Me ajude..." 
Meus pedidos não ficaram sem resposta. Nós nunca poderíamos descobrir exatamente o quanto minha mãe estava consciente do que estava acontecendo fora do EVA. Mas parecia que, quando dizia respeito a mim, minha mãe, ou a Unidade-01, parecia ter um certo grau de consciência. Isso no entanto não foi algo em que pensei muito. 
A baquelite e os limitadores se quebraram e um braço gigante, verde e púrpura, emergiu para bater na parece onde eu estava. Agindo por reflexo, eu fechei meus olhos. Eu tinha certeza de que ia morrer. Mas quando alguns segundos tinham se passado, eu cheguei à conclusão de que não estava morto, então abri meus olhos. A mão da Unidade-01 estava à minha volta. Então eu percebi o que ela tinha tentado fazer. Se eu subisse pelo braço, havia uma passagem que eu poderia alcançar. Eu não parei para pensar que se eu escorregasse e caísse, eu provavelmente morreria. Eu comecei a escalar com uma velocidade que somente um lunático teria. 
Eu tinha falhado com tanta gente, tanta gente tinha sido ferida ou até mesmo morrera por minha causa. 
Eu não deixaria aquilo acontecer com Asuka. 
* * * 
Seu grito. Eu o ouvi muito bem. Eu ainda o ouço algumas vezes nos meus pesadelos. Asuka tinha sido ferida. Muito. 
E eu não estava lá. 
Eu me concentrei ao máximo para não esquecer a tarefa que eu tinha que desempenhar. 
Entrando no entry plug, eu entrei com os comandos para ativação manual. Logo, o controle básico estava ativado e eu não perdi tempo ao fechar a escotilha e entrar com o comando para inserção do plug. Uma vez lá dentro, eu imediatamente senti a conexão. Nunca tinha sido assim antes. Parecia... como uma carga de energia. Quase me sobrecarregou. Mas eu também me senti incrivelmente bem. 
Com um urro grave e gutural, a Unidade-01 se ativou. Uma grande parte do QG explodiu. No centro da explosão estava a Unidade-01, flutuando, duas asas de luz dourada abertas. Para muitas testemunhas, parecia com um demônio que tinha acabado de escapar do inferno. 
Eu abri meus olhos e vi uma cena que provavelmente vai me assombrar para o resto da minha vida. Eu vi nove EVAs brancos, circulando o que havia sobrado do QG. E em suas mãos, ou ainda pior, suas bocas, os restos do que uma vez tinha sido a Unidade-02. 
"NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!!!!!!!!!" 
Eu acho que perdi parte de minha consciência naquele momento. Ainda assim, meus pensamentos estavam claros como cristal. 
Mãe. 
Pai, junto com minha mãe. 
Kaji. 
Rei. 
Kaoru. 
Misato. 
E agora Asuka. 
Asuka!!! 
Todos aqueles que tinham significado alguma coisa para mim, todos aqueles que eu amei... todos eles estavam mortos. Eu não tinha nada, nada mais. Nada para esperar. Nenhuma esperança. 
Não. Eu estava errado. Eu tinha alguma coisa sobrando, uma razão a mais para continuar vivo, mesmo que fosse apenas por alguns minutos. 
Vingança! 
"Morram... morram... morram... morram! Morram! Morram!! Seus monstros! Vocês mataram Asuka! Eu vou matar vocês! Matar vocês! EU VOU MATAR TODOS VOCÊS!" 
O EVA soltou um rosnado alto e furioso quando eu gritei essas palavras. Eu me abri totalmente para o EVA e nós nos tornamos um só. Dessa vez, no entanto, eu estava em absoluto controle e embora eu mal estivesse ciente disso, eu sabia que dessa vez o meu corpo não tinha sido consumido pela besta. Depois eu soube que eu tinha alcançado uma taxa de sincronia estável a 99,9999999%. (2) 
Nós nos deixamos flutuar para baixo até o chão e quando o alcançamos, levantamos nossa mão e a abaixamos furiosamente, como se estivéssemos tentando atingir o ar à nossa frente. Bem acima, as formas hexagonais de dois Campos-AT apareceram, e então pareceram explodir. Um dos EVAs inimigos explodiu numa erupção de sangue e caiu no chão bem à nossa frente. Um outro teve suas asas e partes de sua armadura arrancados fora, e também caiu. Dessa vez, nós soltamos um rugido de selvagem satisfação, porque dois de nossos alvos estavam agora jogados no chão, fora de ação. Nós lentamente nos aproximamos daquele que estava mais próximo. O dano havia sido grande mas o EVA ainda funcionava. No entanto, Asuka tinha aparentemente cortado esse EVA até a cintura, então tudo que ele podia fazer era esperar que suas asas se regenerassem o suficiente para que ele pudesse fugir voando. Nós não lhe demos a chance, pegando ambas as asas e arrancanmo-as fora. Nós então agarramos um braço e puxamos, arrancando-o fora também. Nós poderíamos ter brincado mais um pouco com ele se a voz de Makoto não se tivesse feito ouvir através do comunicador. 
"Shinji-kun! Tome cuidado! Esses EVAs não são como EVAs comuns. Eles podem se regenerar e se reativar mesmo que pareçam mortos." 
Eu tinha adivinhado isso. Asuka tinha causado a eles uma grande quantidade de dano. Mas eles ainda se moviam. Então essas coisas eram quase como Anjos. E havia somente uma maneira de destruir um Anjo... 
Não perdemos tempo arrancando o resto da armadura daquele EVA. Então vimos. Um globo vermelho escuro. O motor EVA S2. Nós o seguramos firme em silêncio. Com um som horrível de rasgo, o motor S2 saiu. Ele brilhou por um segundo, e então morreu, quase negro. A Unidade-01 ergueu uma mão cheia de sangue e rugiu. 
Nós provavelmente teríamos ido em direção ao próximo EVA se não tivéssemos notado um objeto caindo em direção ao chão. 
Unidade-02! Ou, pelo menos, o que tinha sobrado dela... 
Depois de uma decisão num décimo de segundo, nós corremos até o seu provável ponto de impacto e saltamos no ar. Nós pegamos o torso da Unidade-02 e sua cabeça e em um movimento rápido os jogamos no lago em frente ao QG. 
Eu não tinha esperança real de que Asuka ainda estivesse viva. Mas o mínimo que eu podia fazer era ter certeza que seu corpo permanecesse intacto. Nada restou das mortes de minha mãe e de Rei. Provavelmente não haveria nenhum resto de Misato também. Eu não queria que no túmulo de Asuka houvesse um caixão vazio. 
Quando esses pensamentos cruzaram a minha mente, meu ódio cresceu. 
Com um rugido poderoso, a Unidade-01 correu até o outro EVA caído que estava agora se esforçando para se levantar em sua única perna, a direita. Um punho púrpura atingiu a sua cabeça com toda a força. Ela explodiu, criando um chuveiro de sangue, e caiu no chão. Mas isso provavelmente não era suficiente. A Unidade-01 colocou seu pé nas costas do EVA e apertou com força. As placas de armadura cederam à pressão. Agora eu podia ter certeza de que ele não se levantaria. Isso era um EVA, então destruir sua fonte de força não era a única maneira de pará-lo. Destruir seu entry-plug serviria igualmente bem. 
Eu berrei quando de repente senti uma dor aguda em meu peito, diferente de tudo que eu já sentira na vida. Eu cospi algum sangue e quase desmaiei. 
'Cuidado.' 
Mãe? 
Eu ouvi essa palavra em minha mente e ergui minha cabeça para ver uma lança vindo em nossa direção. Nós mal desviamos dela. Eu então percebi que uma lança semelhante estava atravessada no peito da Unidade-01 e saía pela parte baixa das suas costas. Ela quase tinha nos prendido ao chão. Aparentemente, eles tinham decidido atacar de sua posição no ar. Pegando a lança com ambas as mãos, nós puxamos. Eu gritei e senti algum sangue em minha boca enquanto a lança era vagarosamente retirada do corpo da Unidade-01. Nós tivemos que interromper o processo doloroso, e evitamos por pouco outra lança. Rapidamente, nós agarramos a lança novamente e a puxamos em um último e doloroso movimento. Então, apesar da dor, nós a jogamos em direção a um dos EVAs que voavam. Ele foi atingido bem no centro e eu fiquei surpreso ao vê-lo explodir, atingindo outros três EVAs na explosão e jogando-os para o chão. Aparentemente, eu tinha sido sortudo o suficiente para atingi-lo exatamente onde estava seu motor S2. 
Nós pegamos uma das lanças que haviam sido jogadas em nós. Quando a pegamos, ela mudou de uma lança simples para uma lança familiar, de duas pontas. Rei usara uma lança similar contra o Décimo Quinto Anjo. 
Ignorando a dor, nós atacamos o Evangelion mais próximo. Asuka o havia danificado muito, e ele estava sem um braço e sua cabeça estava pendurada, seu pescoço aparentemente quebrado. Nós não lhe demos chance de se preparar para luta. Em um movimento, nós usamos a lança como uma espada e cortamos sua cabeça fora. Ele caiu violentamente no chão. Nós apoiamos nosso pé em seu peito e o esmagamos, até que eu tivesse certeza de que o entry plug nas suas costas tivesse sido destruído. 
Notando uma presença no limite extremo do meu campo de visão, eu vi um EVA nos atacando, tencionando nos atingir com sua lança. Nós bloqueamos o golpe, mas perdemos força no contato com a nossa arma. Aquele EVA mostrara grande força, considerando que ele tinha sido quase cortado ao meio abaixo dos ombros. Nós perdemos nossa arma, mas não importava. Com um rugido e toda a nossa força, nós o socamos abaixo do peito. Os dedos da Unidade-01, estendidos como garras, passaram reto por armadura e carne e a mão saiu do outro lado, segurando o motor S2. Nós deixamos o motor cair no chão e removemos nosso braço do EVA, deixando-o cair também. 
Eu então repentinamente percebi que os outros EVAs ou tinham aterrissado ou se levantado e estavam lentamente nos cercando. 
'Finalmente! Nós podemos tomar a ofensiva contra o Anjo!' 
'Que diferença isso faz?' 
'Baka! Todo mundo sabe que a melhor defesa é um bom ataque!' 
Asuka dissera isso durante o transporte até o Monte Asamayama, onde depois Asuka foi forçada a lutar com o Oitavo Anjo. 
'A melhor defesa é um bom ataque!' 
Puxando nossa faca progressiva, nós atacamos um dos cinco EVAs remanescentes. Sua cabeça era uma mistura de tecido semi-regenerado e ele tinha problemas em ficar de pé, o que sugeria que ele tinha levado dano nas costas também. Com um golpe, nós cortamos fora seu braço direito, que segurava uma lança. Ele tentou nos agarrar com seu braço remanescente e nós usamos essa proximidade para esfaqueá-lo nas costas, onde eu sabia que o entry plug estava inserido. O EVA parou e nós facilmente o jogamos no chão. Rapidamente nos abaixamos para pegar seu braço arrancado, que ainda segurava a lança, e tivemos que evitar uma série de ataques vindos de outros dois EVAs. 
Os outros estavam se aproximando rápido. 
Quatro contra um. Não eram boas chances... 
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Terceiro Interlúdio: Ajuda vinda das sombras 
"Começar operação." 
Parecia que ele tinha dito essas palavras anos atrás. Mas tinham-se passado apenas alguns minutos. Por um momento, pareceu que as coisas seriam fáceis. Asuka estivera indo muito bem contra as forças da JSSDF. 
Isto é, até que os nove EVAs da SEELE pousaram no Geofront. 
Mesmo então, por alguns momentos, parecia que Asuka conseguiria de fato destruir todos. Isso até que ela foi atingida por uma cópia da Lancea Longini. Sem força e presa ao chão, não havia nada que ela pudesse fazer para impedir os monstros brancos, enquanto eles se reativavam e lentamente se regeneravam. 
Kaji Ryouji tinha visto muitas coisas em sua vida, mas nada tinha parecido tão nauseante como a visão da Unidade-02 sendo devorada pelos EVAs brancos. Asuka não merecia um destino tão cruel. Lágrimas silenciosamente abriram caminho por seu rosto enquanto ele, impotente, assistia a luta do EVA sendo atingido pelas outras oito cópias da Lancea Longini, então destroçada pelas bocas famintas de seus adversários. Asuka era, afinal, quase como uma irmãzinha para ele. 
Ele então assistiu assombrado a aparição da Unidade-01 e a sua luta com os nove EVAs. O garoto estava lutando como um lunático, aparentemente não se importando nem minimamente com a sua própria vida. Apesar de tudo, Kaji sorriu. Shinji tinha percorrido um longo caminho... 
"Meu Deus! Isso é inacreditável!" 
"É claro," respondeu Kaji ao câmera ao seu lado, obviamente tanto excitado quanto temeroso pelo que estava filmando. "Eu te disse que você estaria filmando a História sendo feita." 
O homem já havia esquecido Kaji, tentando freneticamente filmar o máximo que podia. 
Kaji deu uma última olhada no EVA púrpura, então tentou se concentrar nos problemas que tinha a resolver. 
"Situação?" ele perguntou, tendo aberto seu telefone celular e discando um número agora familiar. 
"A invasão do MAGI está seguindo como previsto. Nova York estará logo sob nosso controle, e então o resto do mundo virá facilmente." 
Kaji sorriu. Aqueles tolos! Ao usar os outros cinco sistemas MAGI ao redor do mundo para assumir o controle do sistema da NERV, eles deixaram esses computadores virtualmente indefesos. Embora um sistema como o MAGI não tivesse nada a temer de um único hacker, Kaji gastara as últimas semanas juntando algumas das maiores, se não selvagens, mentes da ciência da computação. Usando todos os dados que ele tinha conseguido na NERV e na ONU, entrar nesses sistemas, em um estado tão fraco, era quase brincadeira de criança. 
Ritsuko poderia estar orgulhosa dele agora. 
"Nova York está sob nosso controle, bem como Moscow e China." 
"Ótimo. Proceda com os passos dois e três." 
O passo dois consistia em fazer o upload em escala mundial todos os dados que Kaji compilara sobre a NERV e a SEELE, bem como suas relações com a ONU, a JSSDF, os Anjos e o Segundo Impacto. O MAGI também assumiria o controle de todos os satélites de comunicação e transmitiria imagens em cada canal de TV possível. Logo, o mundo inteiro saberia do que acontecera e ainda acontecia em Tokyo-3. Ou no que tinha sobrado dela. 
O passo três consistia em rastrear os computadores da SEELE e buscar tantos dados quanto possível. Uma das esperanças de Kaji era que eles poderiam descobrir como a SEELE controlava a Série EVA Modelo 5 e encontrar uma maneira de pará-los. Mesmo que Shinji estivesse fazendo um bom trabalho por si só, ele ainda estava em desvantagem numérica. 
"Comunicação estabelecida com o sistema do alvo. Sistema do alvo atualmente em comunicação com o satélite em órbita." 
Kaji sorriu. Eles tinham uma chance! 
"Você pode confirmar que esse satélite seja usado para controlar remotamente os Evangelions do alvo?" 
"Confirmo." 
"Excelente. Envie códigos de ejeção." 
Havia apenas uma chance mínima que isso funcionasse. Se a SEELE tivesse mudado os códigos para os controles daquele modelo de EVA, esse plano falharia. Também era possível que a invasão do sistema da SEELE fosse detectada a qualquer segundo agora... 
Kaji quase gritou de alegria quando dois dos EVAs brancos pararam, seus entry plugs sendo ejetados. 
"Conexão com o alvo interrompida." 
Isso era esperado. Ainda assim, eles tinham conseguido parar dois dos EVAs remanescentes. E pelo que se ouvia num rádio que Kaji tinha "emprestado" de um soldado da JSSDF, aparentemente as ordens de invasão da NERV tinham sido anuladas. 
"Talvez eu tenha sido capaz de manter a minha promessa afinal de contas," pensou Kaji, ao lembrar de seu compromisso de proteger Misato e as Crianças a partir das sombras. 
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Parte 4: Escolha 
As coisas não estavam indo bem. Dois EVAs tinham conseguido nos segurar enquanto um terceiro estava prestes a enfiar sua lança bem no peito da Unidade-01. Por mais que lutássemos para nos libertar, os dois outros EVAs conseguiam sobrepujar a Unidade-01. 
Então, um milagre aconteceu. O EVA que estava prestes a nos matar parou de se mover por alguma razão e seu entry plug foi ejetado. Eu também senti o EVA que estava segurando meu braço direito perder força. Eu não tentei entender o que estava acontecendo; nós simplesmente agarramos o pescoço do outro EVA com a nossa mão livre e apertamos. Aquele EVA era uma visão bem feia, pois havia pontas de metal enfiadas na sua extremamente danificada cabeça. Asuka não tinha sido gentil com ele. E ele não ficou mais bonito quando seu pescoço de repente quebrou. Ele me largou e só precisou de um soco nas costas para ter certeza de que nunca mais incomodaria ninguém novamente. 
Agora, apenas um faltava. Ele estivera esperando a certa distância de nós. Se foi porque não era necessário ou simplesmente porque ele esperava ver o outro EVA nos matar, eu nunca soube. Não que eu me importasse. Ele só tinha sinais de dano moderado ao seu peito. Esse tinha sido provavelmente o último com quem Asuka lutara antes de ser finalmente vencida. 
Nós pegamos a lança que ameaçara nos matar alguns momentos antes e encaramos o Evangelion branco remanescente. Ele parecia olhar para nós. Nós levantamos a lança que estávamos segurando e a posicionamos firmemente à nossa frente. Nosso adversário levantou a sua assim como nós. A sua face, parecida com a de um réptil, parecia sorrir, zombando de nós. 
"Morra!" eu gritei enquanto a Unidade-01 rosnava. 
Nós fomos correndo em direção ao EVA branco. Ele correu contra nós. Lembrando agora, parece até clichê. A batalha final, dois inimigos atacando um ao outro, tentando matar um ao outro num golpe final. 
Os dois EVAs se cruzaram por uma fração de segundo, e pararam, alguns passos depois. Ambos ainda estavam de pé, não mais encarando um ao outro. 
O EVA branco então caiu para o lado, uma lança atravessada em seu peito, saindo pelas costas onde estava o entry plug. 
No cockpit da Unidade-01, minha mão foi até meu peito. Minha camisa estava vermelha de sangue. 
A mão da Unidade-01 fez o mesmo movimento. A lança do outro EVA tinha quebrado a armadura e ferido um pouco a carne. 
Nós tínhamos conseguido. Nós tínhamos destruído a Série EVA. Nós tínhamos vencido. 
Eu cospi um pouco de sangue. Agora que tinha acabado, eu podia sentir quão mal estava meu peito. Eu percebi quão difícil se tornara respirar. 
"Kaji... Rei... Misato... Asuka... acho que vamos nos encontrar logo..." 
Eu estava quase inconsciente quando senti o EVA sendo sacudido e uma dor aguda em um dos meus ombros. Meus olhos se arregalaram e eu vi... algo na minha frente. Era uma forma humanóide, feita de... luz branca? E estava crescendo lentamente, muito mais alta que um EVA. No centro de seu peito eu vi a forma familiar do núcleo de um Anjo. 
Chocado, eu reconheci as feições daquele ser de luz. Pai! 
O ser levantou uma mão e atirou um raio de luz com ela. Ele atingiu a Unidade-01 bem no meio do peito. Eu cuspi mais um pouco de sangue, antes que a dor finalmente me deixasse inconsciente. 
* * * 
Eu acordei lentamente sob um teto nada familiar. Um quarto de enfermaria. Eu lutei por um momento para manter meus olhos abertos, mas a luz machucava meus olhos e minhas pálpebras estavam muito pesadas. Eu me senti anestesiado novamente, e completamente desnorteado. Eu estava provavelmente sob o efeito de algum medicamento muito forte. Mas eu estava vivo. Como? 
Eu não pude realmente ponderar a esse respeito, pois o sono tomava conta de mim novamente. 
* * * 
Quando eu acordei novamente, eu me sentia um pouco melhor, embora não pudesse sentir todo o meu corpo. Suspeitei que ainda estava sob o efeito do sedativo. Isso não explicava, contudo, um leve desconforto que eu sentia toda vez que respirava. Parecia que... alguma coisa estava segurando meu peito muito forte, embora eu não pudesse ver nada que pudesse fazer isso. Eu me sentia limitado; eu podia respirar, mas não tanto quanto estava acostumado. Por um momento eu entrei em pânico, o que não ajudou em nada, mas acabei me acalmando quando percebi que as coisas não estavam tão ruins quanto eu imaginara. Só precisou de um pequeno esforço extra de minha parte. 
Eu olhei em volta. Eu estava obviamente num quarto de enfermaria, eu podia perceber isso pela aparência, se o monitor cardíaco e a agulha com uma intravenosa no meu braço não fossem evidência suficiente, mas ele não se parecia com nenhum dos quartos que eu visitara no QG antes. Era mais claro. Eu engasguei ao perceber que, ao olhar pela janela, eu podia ver o céu. 
Eu definitivamente não estava no QG. 
Havia um bom número de flores e plantas no quarto, o que dava um ar alegre ao ambiente. Em um buquê, eu podia ler as palavras "Melhore logo". Eu fechei meus olhos e respirei fundo. O cheiro era melhor do que o dos quartos em que eu estivera antes. Eu ainda estava olhando à minha volta quando ouvi alguém entrar no quarto. 
"Ah, então você finalmente acordou de vez." 
Eu engasguei, o monitor cardíaco disparando por um momento. 
Misato. 
Isso... isso tinha que ser um sonho... ou talvez fosse o paraíso. Eu tinha morrido e estava no paraíso. 
Mas se esse era o caso, porque ela carregava um dos braços numa tipóia? 
Se isso era o paraíso, eu fizera uma idéia errada do pós-vida. 
"Mi... Misato... Misato-san..." 
Eu podia sentir meus olhos ficando úmidos com as lágrimas. 
"Ah Shinji... tá tudo bem... tá tudo bem..." 
Ela correu para o meu lado e se curvou para me abraçar sem ficar no caminho de nenhuma das máquinas às quais eu estava ligado. 
"Não há motivo para chorar, Shinji. Tudo acabou agora. Graças a você, estamos bem." 
"Misato-san... eu pensei... eu pensei que você tivesse morrido..." 
Ela me encarou. Lágrimas molhavam seu rosto também. 
"Eu estou bem, Shinji. Eu te falei que aquele tiro não ia me matar." 
"Estou tão feliz..." 
Misato sorriu. 
"Me diga... o que aconteceu, Misato-san? Eu lembro de ter lutado com o último EVA. Então, apareceu aquela coisa... eu acho que ela me nocauteou..." 
"Você teve sorte que ele não tenha te matado. A explosão destruiu completamente a armadura do peito da Unidade-01." 
"O que era aquela coisa... eu... eu acho que vi meu pai..." 
"Aquela coisa era o Primeiro Anjo. Adão." 
"O quê?!" 
"Acho que é melhor te mostrar." 
Do bolso de sua jaqueta, Misato tirou um DVD. Ela foi até um canto do quarto onde havia uma televisão e um DVD-player e colocou o disco. (3) 
"Nós tivemos sorte de conseguir essas fotos de uma das poucas câmeras que restaram depois das duas minas N2 e do ataque aéreo da JSSDF." 
Na tela, eu vi meu pai. Um grupo de soldados da JSSDF o surpreenderam e atiraram nele assim que o viram. Eu odiava o homem. Ele fora uma fonte constante de dor, me machucando de novo e de novo. Ainda assim vê-lo morrer dessa maneira... sabendo que as minhas últimas palavras para ele haviam sido que ele era um maldito filho da puta sem coração... doeu. Lá no fundo, apesar de tudo, eu ainda tinha esperanças de que quando tudo estivesse acabado, nós teríamos uma última chance. Mas essa chance tinha sido negada. Eu me vi deixando uma lágrima abrir caminho pelo meu rosto. 
O corpo do meu pai estava vagarosamente se esvaziando de todo o seu sangue quando, de repente, sua cabeça se levantou e seus olhos se abriram. 
"Mas o que...?!" eu exclamei. 
"Olhe nos olhos dele," disse Misato. 
Luz branca. Eles estavam brilhando... 
O mesmo tipo de luz que eu vira no ser que me atacou. 
Meu pai, ou melhor, aquela coisa se levantou e foi embora, seu corpo vagarosamente começando a brilhar e a crescer. 
"Então... o que aconteceu lá?" eu perguntei, com dificuldade. Passado o choque inicial, era realmente difícil falar. 
"De acordo com o que conseguimos descobrir, seu pai queria causar o seu próprio Terceiro Impacto. A coisa é muito complicada, mas pra simplificar as coisas, esse efeito aconteceu porque seu pai tinha Adão, numa forma embrionária, implantado na mão direita dele. Aparentemente, quando seu pai foi morto, Adão despertou e começou a se regenerar, usando o corpo do seu pai." 
Eu assenti. Eu não entendia realmente, mas não importava. Meu pai tinha morrido e o Primeiro Anjo cresceu a partir de seu corpo. Era o suficiente. 
"E então ele me atacou?" 
"Sim." 
"Se ele era realmente o Primeiro Anjo, por quê nós ainda estamos vivos?" 
"Bem, depois que você foi nocauteado, a Unidade-01 entrou em berserk. Mas... ela não estava aleatória como sempre. Ela pegou uma das cópias da lança de Longinus e tentou destruir o núcleo do Anjo com ela, sem sucesso. Então, por alguma razão, a verdadeira lança de Longinus simplesmente... veio... e a Unidade-01 a usou para matar o Anjo. Agora, eu não sei se foi porque ele tinha acabado de despertar, ou porque ele tinha perdido a maior parte da energia dele quando ocorreu o Segundo Impacto, mas a explosão que aconteceu depois não foi nada comparada à explosão que destruiu a Antártica. No entanto, teria sido o suficiente para matar a todos se a Unidade-01 não tivesse absorvido a maior parte do impacto, logo depois de ejetar o seu plug." 
"A Unidade-01... absorveu o impacto? Ela me ejetou?" 
Teria sido... minha mãe? Teria sido ela que lutara com... meu pai? 
"Como... como está a Unidade-01?" 
"Seriamente danificada. Nós conseguimos colocá-la em criostase, bem como os dois EVAs Modelo 5 relativamente intactos e três outros que não estavam muito danificados, bem como algumas... peças de reposição. Eu não sei, no entanto, se o Projeto E vai continuar. Com tudo que aconteceu..." 
Eu só podia concordar. O EVA tinha ferido tantos. Mas... minha mãe ainda estava... dentro daquela coisa. 
"Entendo..." 
Misato me olhou preocupada. 
"Shinji... isso tudo... está tudo bem pra você?" 
"Por que não estaria?" 
"Eu sei que você esperava... com seu pai..." 
"Está tudo bem Misato... eu vou ficar bem. É triste, no entanto. Meu pai sacrificou tudo pela sua obsessão e, no fim, ela o destruiu." 
Ela sorriu. 
"Bem, pelo menos eu tenho algumas boa notícias. Bem mais ou menos. Depende do ponto de vista." 
"Boas notícias?" 
"Eu não sou a única pessoa que sobreviveu a esse inferno." 
Eu engasguei. Era... era possível? 
"A... A... Asuka? Ela está viva?" 
Eu prendi a respiração, esperando pela resposta. Misato simplesmente assentiu e sorriu. 
"Ela está viva... ela está viva..." 
"Parte graças a você. Jogar os restos da Unidade-02 no lago a protegeu da explosão de Adão. Você deu a ela a chance de que ela precisava. Mas..." 
Sua expressão passou de feliz para preocupada. 
"O que? O que tem de errado?" 
"Bem, ela está muito machucada. Aquelas lanças... você sentiu na pele. Elas quase te mataram, você sabe. Se os seus pulmões não estivessem cheios de LCL você provavelmente teria morrido. Mesmo agora, uma pequena parte do seu pulmão direito é uma massa de tecido morto." 
Então era por isso que a minha respiração parecia estranha... 
"Eu realmente não sei o que são aquelas coisas, mas os efeitos delas são assustadores. A Unidade-02 foi atingida por todas as nove. Levou dezesseis horas para estabilizar a condição dela. Felizmente parte da enfermaria do QG sobreviveu à explosão, então um dos médicos que sobreviveram conseguiu operá-la. Ela está no hospital agora. Eu acho que eles ainda estão cuidando dela. Vocês dois são considerados heróis por muita gente, e com todo o rolo da JSSDF, o governo a está usando pra livrar a cara. Acho que é sorte junto da má sorte." 
Asuka... estava ferida... Mas ela era forte... ela ficaria bem. Ela tinha que ficar bem. 
"Ela vai ficar bem," disse Misato, como se quisesse confirmar a minha crença. 
"Eu espero... mas... eu não entendo uma coisa... porque a JSSDF não matou todos nós?" 
"Bem, enquanto você estava lutando, alguém conseguiu liberar informações a respeito da SEELE, da NERV, da ONU e da JSSDF em toda a Internet. Imagens do ataque da JSSDF e da sua luta com a Série EVA foram levadas ao ar em canais do mundo todo. O público logo ficou revoltado pela visão daquele massacre. O governo rapidamente cancelou o ataque. Agora mesmo, há várias investigações sendo feitas em todo o mundo. A coisa toda está uma bagunça..." 
"Entendo..." 
Misato veio até mim e acariciou meu rosto com um dedo. 
"Você ainda parece muito cansado, Shinji. É melhor você descansar agora. Você pode pensar nisso tudo depois, com a mente mais clara. Eu vou te deixar sozinho por enquanto." 
"Misato-san... eu estou realmente aliviado que você esteja viva..." 
Ela sorriu novamente, e me surpreendeu, se abaixando e beijando a minha testa. Como... uma mãe faria com seu filho. 
"Durma bem, Shinji." 
Ela saiu sem mais nenhuma palavra. Meu pai estava morto. Mas Misato e Asuka estavam vivas. Eu tinha dificuldades em me sentir triste. Eu me sentia um pouco culpado por isso, mas rapidamente todo pensamento se misturou enquanto eu caía no sono. 
* * * 
Cinco dias depois, eu acordei e vi uma garota sentada em uma cadeira próxima a mim. Ela estava lendo um livro. Eu pisquei, imaginando quem seria ela. Ela tinha cabelo preto curto, cortado exatamente uma polegada abaixo das orelhas e, pelo que eu podia perceber, tinha olhos castanho-escuros, parcialmente escondidos por óculos. Ela usava uma camisa larga e calça jeans. Era um pouco pálida, mas tinha um rosto lindo. Era de alguma forma familiar, mas... 
Seria alguma garota da minha classe? 
"Com licença... quem é você? O que você está fazendo aqui?" 
Isso a surpreendeu. Ela aparentemente estivera tão absorvida na leitura que não tinha percebido que eu estivera olhando para ela. Ela olhou para mim por alguns segundos, seu olhar dentro do meu. Era muito familiar... 
"Ah! Me desculpe! Eu esqueci! Eu... eu... eu sinto muito..." 
Eu vi a garota se desculpar... por... alguma coisa a respeito dela... 
"Quem... quem é você?" 
"Shinji... sou... eu... você não me reconhece?" 
E então eu de repente a reconheci. Aquela voz. Aquele olhar. A cor não era a mesma, mas a intensidade... eu pisquei várias vezes. Não podia ser... 
"R... Rei? É... É você?" 
A garota assentiu. Lágrimas molharam seus olhos. 
"Mas... mas... você não se lembrava... e seu cabelo... seus olhos..." 
Eu não entendia. O que estava acontecendo ali? 
A garota tirou os óculos e eu a vi levar um dedo a um de seus olhos. Eu me espantei quando a vi remover uma lente de contato e olhar para mim, um olho castanho e outro vermelho. 
Rei... era Rei! E ela estava viva! 
"Você... você está viva! Rei!" 
Eu alcancei uma de suas mãos, e a peguei na minha, segurando firme. Eu tinha que saber se isso era um sonho ou não. Não era. 
"O que... o que está acontecendo? Por que esse disfarce?" 
"Ayanami Rei está morta," disse Rei num tom monótono. "Ela morreu na invasão do Quartel General da NERV." Ela então sorriu. "Esse é o relato oficial da Major Katsuragi." 
"Eu... eu não entendo..." 
Rei abaixou sua cabeça, envergonhada. 
"A SEELE sabe o que eu sou. Se Ayanami Rei estivesse viva, eles poderiam tentar usá-la para seus próprios propósitos. Então ela morreu." 
Eu de repente entendi. Se Rei fosse considerada morta, então os outros não tentariam atingi-la. 
"Mas o que eu não entendo... como... por que... por que você se lembra de mim agora?" 
"É graças à doutora Akagi." 
Ritsuko. Ela tinha feito isso. Eu tinha que agradecer a ela. 
"Entendo," eu disse, um sorriso aparecendo em minha face. "Mas você não respondeu à minha pergunta. Quem é você?" 
Rei sorriu de volta. 
"Mizuno Rei." (4) 
"Prazer em conhecê-la, Mizuno-san. Eu sou Ikari Shinji." 
"Eu sei." 
Rei. Rei estava viva. Os Anjos estavam mortos e os EVAs não eram mais, por agora, uma ameaça. Finalmente, nós poderíamos ter uma vida normal. As coisas voltariam a ser como eram antes do aparecimento do Décimo Quinto Anjo. 
Não. Elas não poderiam. Aquilo quase nos destruíra... 
'Shinji-kun, há muitas maneiras de amar. É possível amar duas pessoas de maneiras similares, mas diferentes ao mesmo tempo. Isso mesmo. Mas para você ser realmente feliz, você precisa encontrar o amor que você tem por mais precioso, que fará você se sentir completo. Não hesite.' 
Kaoru estava certa. Era hora de escolher. 
* * * 
412. Eu olhei para esse número por um longo tempo. Minha mão alcançou a fechadura. Ela estava tremendo um pouco. Quase um mês se passara desde que eu soubera que Rei estava de volta. Um mês e eu ainda não tinha conseguido me preparar para isso. Eu era patético. 
Eu não tinha a desculpa de que estivera ocupado de alguma forma. A primeira semana depois da visita de Rei tinha sido razoavelmente calma, pois os médicos decidiram me manter internado por mais uma semana, para ter certeza de que nenhum dos meus ferimentos, especialmente o dos pulmões, piorasse. Eu duvidei que isso fosse acontecer, essa realmente não era a maneira como o poder da Lança de Longinus parecia funcionar, mas eu não reclamei. Um pouco de paz e sossego era muito bem-vindo, mesmo se fosse monótono às vezes. Rapidamente, eu me acostumei à minha nova capacidade respiratória e usei o tempo que tinha para visitar a irmã de Touji, Suzuhara Mari, que por coincidência estava no mesmo hospital que eu. Eu fiquei surpreso ao ver que a pequena garota podia até mesmo andar alguns passos agora. Da primeira vez que eu a vira, ela estava quase completamente coberta por curativos. Agora... era apenas uma questão de tempo antes que ela pudesse andar normalmente de novo. Eu chorei aliviado vendo aquilo, a culpa que eu jamais tinha sido capaz de esquecer finalmente sendo liberada. Confusa, a garota simplesmente me abraçou. 
Eu tentei visitar Asuka, mas não foi possível, por causa de sua condição. 
Eu, no entanto recebi algumas visitas, como Touji, acompanhado por Hikari e Kensuke, bem como Rei, junto com Hotaru. 
Então, as coisas ficaram um pouco sérias. No dia seguinte de minha alta do hospital, fui chamado para fazer parte de um inquérito da ONU, com o propósito de entender os eventos que ocorreram naquele 11 de junho. Como eu tivera uma participação chave na resistência ao ataque liderado pela SEELE, me foram feitas muitas perguntas. Levou mais de uma semana e, quando acabou, Misato e eu participamos de uma coletiva de imprensa oficial da NERV, onde explicamos os acontecimentos para o público em geral, que tinha assistido na TV tudo aquilo e queria saber exatamente o que tinha ocorrido. Eu aparentemente me tornei uma figura popular; afinal, eu tinha basicamente salvo o mundo, ou pelo menos era isso que as pessoas pensavam, e eu gastei os dias seguintes viajando pelo mundo com Misato para aparecer em programas de TV e dar entrevistas. Aqueles foram dias bem exaustivos. Eu estava feliz em estar de volta a Tokyo-2 agora. 
Agora eu podia finalmente fazer alguma coisa que eu deveria ter feito muito tempo antes. 
"Está na hora de acabar com isso." 
Eu abri a porta e entrei no quarto de Asuka no hospital. 
Como a sala em que eu acordara depois da batalha, esse era um quarto bem agradável. As paredes tinham um tom claro de azul, que era melhor do que o branco puro. As cortinas estavam completamente abertas, deixando a luz da manhã entrar livremente no ambiente. Eu fui até uma mesa, tirei as rosas murchas de um vazo e as substituí com uma dúzia fresca de rosas vermelhas. Então eu fui para o lado da cama e sentei em uma cadeira, como tinha feito muitas vezes antes. 
Asuka estava deitada na cama. Ela estava muito pálida e perdera ainda mais peso nas últimas semanas. Os médicos estavam impressionados que ela conseguira sobreviver a tantas cirurgias por que tinha passado. Mesmo agora, ao olhar para ela, eu via o seu olho e braço esquerdos com curativos, depois que algum especialista americano tentara um novo tratamento de regeneração neural experimental com ela. Ele tinha grandes esperanças para o braço, mas não para o olho. O dano ao seu nervo óptico e à sua retina tinha sido grande demais. Ela nunca mais veria com aquele olho novamente. Isto é, se ela algum dia abrisse os olhos. 
Era quase irônico. O ataque contra a NERV a tirara de um estado catatônico só para deixá-la em coma depois. 
Os médicos tinham perdido a esperança de que ela acordasse há muito tempo. Ainda assim, eles a operavam, reparando ou substituindo órgãos danificados um depois do outro. Parecia um desperdício, mas era uma boa propaganda. Essa garota era, afinal, uma heroína do mundo. Ela com certeza estaria orgulhosa de si mesma, se estivesse acordada. 
Delicadamente, eu tomei a sua mão cheia de curativos na minha. 
"Asuka... eu tenho algo para te contar." 
Eu olhei para a garota. Eu quisera que ela estivesse acordada para contar isso, mas eu não podia mais postergar a minha decisão. 
"Eu sinto muito Asuka. Eu devia ter feito isso há muito tempo atrás. Mas eu tinha medo. Com Rei e você... eu não me sentia mais sozinho. Eu pensei que se eu fizesse uma escolha, eu perderia uma de vocês. Eu não queria perder nenhuma de vocês. Então eu fiz vocês esperarem. Eu fui tão egoísta..." 
Eu levei um momento para organizar meus pensamentos. De alguma forma, as palavras nas quais eu tinha pensado antes de vir aqui estavam escorregando da minha mente. 
"Houve um momento em que eu pensei que tudo seria simples. Rei não se lembrava de mim, então eu não tinha que escolher. Não era justo, mas era tão simples... mas... ela se lembra de mim agora. Ela está de volta a como ela era antes. Eu não vou cometer o mesmo erro de novo. Eu não vou esperar uma de vocês duas me deixar. Eu... eu levei muito tempo para pensar. Para escolher..." 
Deus, isso era difícil. 
"Asuka... quando eu estou com Rei... eu me sinto... como direi... seguro. Eu me sinto bem. Confortável. Não há nada que eu precise fazer. Eu sei que ela é o tipo de garota... que vai me amar, não importa o que aconteça. Ela nunca faria nada para me magoar. Ela nunca me xingaria ou me provocaria. Ela faria tudo que eu pedisse com um sorriso... Asuka... eu... eu..." 
Eu parei por um instante. Vamos, Shinji, diga! 
"Eu... eu não quero uma vida confortável! Eu não quero alguém que fará de mim o único propósito de sua existência. Eu só estaria me escondendo da realidade de novo. E não seria justo com Rei. Asuka... o que eu estou tentando dizer... eu escolhi você, Asuka." 
De alguma forma, eu esperava que ao dizer essas palavras provocasse alguma reação dela. Mas isso não aconteceu. Mesmo assim, eu tinha que continuar. 
"Eu acho que é algo que eu sempre soube, mas nunca tentei enxergar. Mas quando eu vi você naquela cama na enfermaria da NERV... quando eu vi aqueles EVAs brancos devorando os restos da sua Unidade-02... quando eu pensei que você tinha morrido... doeu mais do que perder Rei. Quando eu dormi nos braços de Kaoru naquela noite, antes de matá-la, eu pensei em você. Quando eu fiz amor com você, eu senti algo... por um momento eu senti que aquele era meu lugar, em seus braços. Eu não vou mentir. Eu amo Rei. Ela significa muito para mim. Mas... não é a mesma coisa. Eu acho que ela é como... uma mãe. Não... talvez uma irmã. Ou talvez ainda mais. Eu não tenho certeza. Mas o que eu sei é que... por mais que eu ame Rei... eu te amo mais. Eu te amo, Souryu Asuka Langley." 
Eu me levantei, e beijei seus lábios de leve. Então, puxei uma pequena caixa de veludo do meu bolso. Eu a abri para pegar um anel de noivado, uma cópia perfeita do anel que eu comprara semanas antes, por impulso, enquanto fazia compras com elas. O anel original tinha sido destruído pelo bombardeio no Geofront. Lentamente, eu coloquei o anel no dedo da mão esquerda de Asuka. 
"A não ser que você acorde agora para dizer 'não', você será minha noiva de agora em diante..." 
A garota não reagiu. Embora parte de mim temesse que ela de repente acordasse e me rejeitasse, eu me senti bem desapontado por ela não ter despertado. Talvez os médicos estivessem certos... 
Mas eu não desistiria. 
"Eu vou esperar por você, Asuka. Mesmo que signifique esperar por toda a minha vida..." 
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Notas do Autor: 
(1) Essa citação foi tirada (embora levemente modificada, baseado na tradução francesa) do segundo volume do mangá de Evangelion. Naquela história, Misato teve um papel mais importante na decisão de Shinji em permanecer em Tokyo-3 ao invés de voltar para a sua vida anterior. Eu a achei mais apropriada. 
(2) Em vários fanfictions, uma taxa de sincronia acima de 100% é considerada uma taxa superior, tornando a Unidade-01 mais forte, etc. A absorção pela Unidade-01 presumidamente só ocorreria quando se alcançasse 400%. Pessoalmente, eu não acho que funcione assim. Se alguém for ver o episódio 19, o processo aconteceu muito rapidamente. A Unidade-01 reiniciou e Shinji alcançou os 400% em questão de segundos. Ele se fora. A taxa dele não progrediu aos poucos até 400%. De fato, eu creio que 400% nem mesmo seja um número preciso, mas uma especulação feita pelo MAGI depois da absorção de Shinji, algo que era mais provavelmente fora dos parâmetros pré-definidos. Levando tudo isso em conta, eu considerei 99,9999999% uma taxa de sincronização extremamente alta, no limite da absorção do piloto pelo EVA. 
(3) Eu sei que no futuro haverão provavelmente equipamentos mais avançados que o DVD, mas eu realmente não estava inspirado para pensar em alguma coisa... 
(4) Uma tradução de Mizuno seria "da água", o que parece caber bem para Rei. Foi inspirada em Mizuno Ami, de Sailor Moon, que por acaso também é uma linda garota de cabelos azuis ^_^ 
Algumas pessoas mencionaram que esse capítulo pareceu apressado. Ele foi intencionalmente escrito dessa maneira. Com a exceção do começo e do fim, Shinji está ou correndo para salvar a vida e/ou contra o relógio. Tais momentos não são os mais apropriados para introspecção, eles são para ação. Para a escolha de Shinji, também foi de propósito que eu não mostrei o processo introspectivo que levou a isso (além disso, eu acho que as explicações que ele dá são claras o suficiente). Dessa forma, eu poderia deixar a parte em que Shinji declara sua escolha tão perto do final quanto eu quisesse. 
Há, é claro, algumas questões não resolvidas aqui. Algumas delas são respondidas em uma side-story escrita por Darren Demaine: "Deixe o Mundo Queimar / Um Sonho de Cada Vez". Outras serão respondidas no epílogo. 
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Notas de tradução: 
Scheisse (or Scheiß) : Merda 
Alain Gravel 
rakna@globetrotter.qc.ca 
January 18th 2000 
Iniciado em 2 de Setembro de 1999 
Primeira versão do pre-reader em 18 de Janeiro de 2000 
Segunda versão do pre-reader em 8 de Fevereiro de 2000 
Versão final terminada em 24 de Fevereiro de 2000 
Revisão final em 21 de Março de 2000 
Tradução para o português terminada em 13 de Fevereiro de 2003 
Revisão para o português terminada em 14 de Fevereiro de 2003