quinta-feira, 24 de março de 2011

Aquela que eu amo é... Epilogo


Aquela Que Eu Amo é... 
Epílogo - E eles viveram felizes para sempre... ou ao menos tentaram 
Escrito por Alain Gravel  
Estória baseada em personagens criados e de copyright da GAINAX 
Traduzido para o português por Carlos Jacobs souryu@fanfictionbr.net 
Revisado por Francisco M. Neto ayanami@fanfictionbr.net 
http://www.geocities.com/Tokyo/Teahouse/2236/ 
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Epílogo - E eles viveram felizes para sempre... ou ao menos tentaram 
"Eu não posso fugir... eu não posso fugir..." 
"Cara, você realmente parece patético, sabia disso?" 
Eu quase pulei da minha cadeira. Virei-me, meu coração batendo como se fosse explodir, para ver Touji se encostando à moldura da porta, um sorriso sarcástico estampado no rosto. 
"O que você esta tentando fazer, me matar?!" 
Touji suspirou e caminhou em minha direção, dando um tapinha nas minhas costas. 
"Você está tão tenso que o ar à sua volta chega a parecer rígido. Tente relaxar, cara..." 
Eu não sei se foram as suas palavras ou a sua presença, mas eu me senti menos nervoso. Apenas um pouquinho menos. 
"Sabe, você quase fica bem nisso", eu provoquei Touji, falando sobre o smoking que ele estava usando. 
Na verdade, ele parecia muito bem naquilo. Isso era radicalmente diferente das tradicionais calças e jaqueta que ele usava quase sempre nos tempos de escola. Provavelmente influência de Hikari. Eu notei que ele também usava luvas pretas. Eu estava grato por aquilo. Mesmo que os avanços da bio-robótica tivessem sido espantosos nos últimos anos, eles ainda não tinham feito membros artificiais que se parecessem como os humanos. Touji sabia que a visão do seu braço artificial me fazia me sentir muito mal. Eu tinha superado a culpa... apenas não podia olhar para aquilo... 
"Bem, naturalmente! Contudo, este maldito colarinho é tão apertado..." respondeu meu amigo enquanto puxava o dito colarinho. "Você mesmo me parece bem." 
"Espero que sim... se eu fizer alguma coisa estúpida hoje, ela provavelmente vai me matar." 
"É... cara, eu não acredito que você esta casando com ela! Você é realmente masoquista, sabia? De qualquer maneira, como você conseguiu isso? Eu pensei que ela nem mesmo queria ouvir a palavra 'casamento'? Ela se cansou de dizer 'não' depois de ouvir você implorar por isso por quase quatro anos?" 
"Bem... coisas aconteceram..." 
Touji começou a sorrir. Eu sabia que estava corando. Nunca consegui me livrar deste hábito estúpido. 
"Coisas aconteceram... como o que? Vamos lá, me conte toda a sujeira!" 
"Bem... você sabe... Asuka está... Asuka está grávida." 
O sorriso de Touji foi substituído pelo choque. 
"O quê?! A demônio esta grávida?" 
Eu concordei. Embora fosse algo com o que eu e Asuka estivéssemos felizes agora, isso era de alguma forma embaraçoso. Suficiente para me fazer esquecer de pedir para Touji não chamar Asuka de 'Demônio'. 
Touji então começou a rir. 
"Oh cara... é assim que se faz seu cachorro sortudo! Você é o cara! Não pensei que você fosse safado a ponto de engravidá-la para que ela se casasse com você!" 
"Ei! Isso não foi de propósito!" 
"Vamos lá Shinji... um de vocês deve ter 'esquecido' sobre... você sabe... proteção." 
"Nós nunca usamos nada." 
"Uh? E como você disse que não foi de propósito?" 
"Nós nunca pensamos que precisaria de alguma." 
Touji notou o quão sério eu tinha ficado e me olhou de forma atordoada. 
"Depois daquele dia... os doutores... eles disseram que ela nunca mais poderia ter filhos." 
"Oh..." 
Por ter no hospital de Tokyo-2 conosco, Touji era provavelmente o melhor informado da seriedade dos ferimentos de Asuka, exceto por Misato, a própria Asuka e eu. 
"Inicialmente Asuka se sentiu aliviada, mas... era tudo uma mentira. Era apenas mais um ataque contra sua feminilidade. Ela pensou que nunca iria querer ter filhos, mas quando os médicos contaram a ela... eu acho que eles esqueceram o quanto cabeça dura Asuka pode ser..." 
"É, quando o assunto é orgulho, ninguém ganha de Sohryu Asuka Langley. Ou melhor Ikari Asuka Langley." 
"Atualmente, é mais ou menos Ikari Sohryu Asuka Langley." Notando a expressão confusa de Touji, achei que era melhor explicar um pouco mais. 
"Ela não quis perder o nome Sohryu e eu não quis mudar o Ikari para isso, daí nós meio que fizemos um acordo." 
"Eu hein... você não tem culhões." 
"Ei! Ao menos eu escolhi o nome do meu filho!" 
"Oh? Já até escolheu os nomes?" 
"Bom, Akiko se for uma garota. Ainda não escolhi o nome se for garoto..." 
"Touji seria um bom nome." 
Eu sorri. Bom. Acho que esta hora era tão boa quanto qualquer outra para perguntar. 
"Ela arrancaria a minha pele se eu colocasse este nome no nosso filho. Além do mais, seria estranho dar a uma criança o nome do seu padrinho... isso se você quiser este papel, é claro." 
Choque apareceu na cara de Touji, seguido por um sorriso que parecia ir de uma orelha a outra. 
"Seria uma honra, Shinji!" 
Eu mesmo sorri. 
"Assim sendo, tio Touji, Hikari vai ser capaz de mimá-lo também. Espero que ela não leve a mal, mas eu pedi a Rei para ser a madrinha." 
"Bem, ela entenderá. Quer dizer... Rei é da família... de certa forma. Além do mais, Hikari já esta feliz o suficiente sendo a madrinha de casamento." 
Para conseguir alguma ajuda para manter a identidade de Rei secreta, nós explicamos um pouco sobre as origens de Rei a Touji, Kensuke, Hikari e Hotaru. Não tudo, naturalmente. De fato, nós mentimos um pouco. Ou, mais precisamente, 
distorcemos a verdade. Uma destas 'mentiras' consistia em Rei sendo minha meia-irmã. O que não era totalmente falso do ponto de vista biológico, se você considerar que boa parte do DNA dela veio de minha mãe. Eu acho que era uma coisa boa eu nunca ter contado a eles o quanto Rei e eu fomos longe em nosso relacionamento... 
"Asuka grávida... parece surreal. Eu digo, conhecendo Asuka, ela provavelmente ficaria histérica sabendo que ficaria redonda como uma bola..." 
Touji parou por um momento enquanto algo subitamente surgiu em sua mente. 
"Eu entendi agora! É por isso que vocês dois estão apressando este casamento! E é por isso que ela vai vestir um kimono, mesmo que este seja um casamento ocidental! Ela não quer que saibam que ela está ficando gorda!" 
Touji estava agora rindo como um louco. Eu suspirei. 
"Você sabe que, se Asuka te ouvir, você está morto. E eu nem quero ao menos pensar no que Hikari, Rei ou Hotaru fariam com você." 
Touji engoliu em seco e ficou subitamente muito pálido. Qualquer um em sã consciência sabia que não era sábio atrair a ira de Sohryu Asuka Langley. Era bem sabido que eu era o único que tinha sido capaz de sair bem de uma dessas. 
Contudo, eu suspeitei que Touji estava realmente com mais medo de Hikari. 
"Umm... me diga..." Obviamente, Touji estava mais interessado em mudar de assunto. "Falando de Rei... eu a vi... quando entrei. Ela parecia... Bem, como têm sido as coisas para ela ultimamente? A última vez que eu a vi... eu sei que você disse que ela está melhor, mas... ela parece diferente agora." 
Sim, Touji não a tinha visto em quase quatro anos, não depois que ela deixou Tokyo-2 para retornar à reconstruída Tokyo-3. Não era surpresa que ele notasse alguma diferença. 
"É como eu te disse. Como você sabe, ela não lidou bem com isso. Ela partiu, encontrou um trabalho como garçonete e praticamente retornou à vida que ela tinha antes de nós começarmos a sair. Ela viveu desta forma por quase um ano, evitando todas as pessoas que havia conhecido, especialmente eu. Então, um dia, Asuka ficou cansada de me ouvir o quanto eu estava preocupado com Rei, ou pelo menos é o que Asuka diz, e ela aparentemente foi ter uma conversa com ela. Asuka voltou bem tarde aquela noite, com um olho roxo e uma bochecha vermelha, arrastando uma Rei envergonhada e um saco de lixo com todas as coisas pessoais dela. Ela simplesmente disse que Rei ficaria alguns dias até que ela pudesse encontrar um apartamento e desabou na cama, exausta. Daquele momento, Rei e eu começamos nossa relação do zero. Alguns dias depois ela encontrou um novo apartamento, um novo trabalho e desde aquele dia ela tem vivido como se quisesse compensar os últimos quinze anos, o que eu acho que é o que ela vem tentando fazer. Ela já é graduada em ciência da computação e biologia e ultimamente tem estudado psicologia e física. Um monte de coisas que eu nem consigo entender. Ela teve um bom número de trabalhos de meio período nestes anos: web designer, enfermeira assistente, cozinheira num restaurante, garçonete e cantora num karaoke bar, bem como um monte de outros que eu não consigo lembrar. Quando eu pedi para ela ser a madrinha de meu filho ela largou um emprego bem pago de secretária numa firma de advocacia pra pegar um trabalho numa creche. Ela quer se acostumar com crianças." 
"Meu, ela não tem tempo pra relaxar?" 
"Na verdade sim. Ela passa maior parte do tempo livre fazendo trabalho comunitário. Ela tirou um mês inteiro ano passado e foi a uma praia em Okinawa." 
"Mas você está preocupado com ela, certo? Eu posso ver na sua cara." 
"Bem, não preocupado. Eu apenas... eu apenas espero que um dia ela, encontre alguém... você sabe... como a gente encontrou. Ela saiu algumas vezes, mas nunca passou do primeiro encontro." 
"Ainda se sentindo culpado por não ter escolhido ela, não é?" 
"Sim e não. Eu sabia que era inevitável, mas... mas às vezes eu não posso deixar de pensar que eu poderia ter evitado muita dor se eu tivesse escolhido antes." 
Touji levantou sua mão esquerda e colocou no meu ombro. 
"Você não pode mudar o passado, Shinji. Você deve aceitá-lo e continuar a vida." Touji então removeu a mão de meu ombro e fechou em um punho. "E se você realmente trabalhar duro, as coisas darão certo. Olhe para esta mão. Eu poderia te dar uma surra com ela se eu quisesse." 
Eu sabia que Touji estava certo, mas... 
"Asuka fez a mesma coisa depois que ela saiu do coma. Ela apenas cerrou os dentes e seguiu em frente. Por causa disso, ela será mãe de seu filho. Você deveria seguir o exemplo dela." 
"Estou tentando. Não é fácil... mas eu conseguirei..." 
"Bom." 
Então, Touji me surpreendeu dando um abraço. 
"Você é um amigo, Shinji. Então eu quero vê-lo sorrindo." 
"Estou feliz que você tenha vindo, Touji." 
"Não perderia por nada neste mundo. Hikari tampouco. Além do mais, o restaurante pode funcionar sozinho por alguns dias, mesmo que a comida não seja tão boa já que Hikari não está na cozinha. E já era hora de nós tirarmos algum tempo de folga. Pra ser honesto, entre o centro de reabilitação e o restaurante, Hikari e eu nunca tivemos muito tempo juntos. Talvez eu deva deixar o meu trabalho e passar mais tempo com ela." 
Quando Hikari acabou o colégio, ela e Touji abriram um pequeno restaurante em Tokyo-2, usando uma parte do dinheiro que Touji recebeu da UN em compensação por seu acidente como piloto de Evangelion. Hikari sempre teve um talento para cozinha, e assim foi para ela como um sonho tornando-se realidade. De sua parte, Touji desenvolveu um interesse em reabilitação e conseguiu um trabalho no mesmo centro de reabilitação que ele esteve após receber seus primeiros membros artificiais. 
"Você não ama trabalhar no centro de reabilitação?" 
"Bem, você sabe como funciona. Afinal de contas, você recusou um trabalho na 
Tokyo-2 Philharmonic Orchestra apenas para estar perto de Asuka..." 
Naquela época, tinha sido uma decisão difícil, mas agora que eu olhava para ela... eu não poderia ter sido mais feliz. 
"Yeah, eu acho. Mas eu simplesmente prefiro ser um professor de cello aqui. Os garotos são tão legais e é tão gratificante saber que você pode partilhar algo com alguém. Além do mais, se as pessoas quiserem me ouvir, eles podem sempre comprar o CD. E... e existe o problema que eu não posso ficar muito longe da Unidade-01." 
"Então você ainda faz aqueles testes mensais?" 
"Yeah. Tenho de ter certeza que eu posso sincronizar." 
Tinha sido uma decisão controversa, mas dois anos após a quase aniquilação da NERV, a organização foi reformada, financiada tanto pela ONU como pelos fundos privados. Com a ameaça dos anjos superada, sua principal função era pesquisar e saber mais sobre os anjos e desenvolver nova tecnologia. Houve muito interesse pelo desenvolvimento de um computador de oitava geração, e bem como o desenvolvimento de nanotecnologia e novos tratamentos médicos. Também, cinco dos Evangelions Type-5 foram completamente restaurados, além da Unidade-01. Embora os Evas Type-5 tivessem sido usados em situações de combate, era duvidoso que a Unidade-01 fosse utilizada novamente. Mas ainda havia a possibilidade hipotética de mais um ataque de anjo, bem como a ameaça de que um continente hostil construa seu próprio EVA, por isso foi julgado razoável reparar a Unidade-01 
Em vez de desmantelá-la. Naturalmente, já que eu era o único que podia pilotá-la, o pessoal da NERV insistiu que eu ficasse em Tokyo-3. E agora que Asuka tinha alcançado a patente de tenente da NERV, Tokyo-3 era o único lugar onde eu gostaria de estar. Além do mais, eu conseguia um pagamento incrível por poucas horas de sincronização anual alem de ocasionais palestras sobre o EVA e lições de pilotagem. 
"Não consigo acreditar que você ainda pilota aquela coisa depois de tudo o que aconteceu." 
"Eu sou o único que pode fazê-lo. E... eu devo ao EVA muito, apesar de tudo que aconteceu. Alem de tudo, é pouco provável que a Unidade-01 seja usada novamente." 
Touji concordou. Verdade seja dita, muito tinha sido perdido durante a guerra dos Anjos, mas muito tinha sido ganho também, apesar dos sacrifícios. Nós dois estávamos pensando em memórias do passado, quando a porta do quarto se abriu levemente, revelando uma cabeça. 
"Vocês garotos já estão vestidos?" perguntou Hotaru, olhos fechados para o caso da resposta ser negativa. 
"Qual o problema, Hotaru-chan, não quer ver um homem de verdade pra variar?" provocou Touji. 
Hotaru abriu seus olhos e deu um sorriso atravessado. A garota tinha realmente mudado ao longo dos anos. Não. Não mudado, mas sim desabrochado. Muitas pessoas não acreditariam que esta aparentemente tímida e introvertida garota era capaz das coisas que Rei e Kensuke tinham me dito... 
"Oh, pelo que eu ouvi de sua namorada, Touji-kun, Ken-chan é muito mais homem que você. Por quase duas polegadas ao menos." 
Ah meu... Touji estava sem saber o que fazer. Bem, culpa dele por ter provocado primeiro. 
"O que?! O meu é muito maior que o do Kensuke!" 
Eu suspirei. Eu realmente esperava que Touji não tirasse as calças só pra provar seu ponto de vista. 
Infelizmente, ele fez. 
O sorriso de Hotaru aumentou. Cresceu uma grande gota de suor na minha testa. 
"Bom. Mas eu aposto que Ken-chan pode usar melhor o dele." 
Touji estava a ponto de responder quando Hotaru gritou. 
"EEK! HENTAI!" 
Não levou mais de um minuto para Rei e Hikari aparecerem atrás de Hotaru. 
Rei sorria levemente. Hikari estava vermelha de raiva. 
"TOUJI NO BAKA!" 
Touji desmaiou. E ele se atrevia a me chamar de covarde. 
Rei puxou Hikari, que parecia pronta pra chutar o corpo desfalecido de seu namorado. Eu olhei para Hotaru que mal podia evitar cair na gargalhada. 
"Você é má", eu disse a ela. 
Ela apenas me mostrou a língua. Eu suspirei. 
"Se você puder acordá-lo, está na hora. Boa sorte, Shinji-kun. E tente não desmaiar como Touji-kun fez", Hotaru disse antes de sair. 
Eu suspirei novamente, e então comecei a esbofetear algum senso na cara de Touji. 
* * * 
Por muitas razões, Asuka e eu concordamos com um casamento civil. Nós nunca fomos do tipo religioso para começo de conversa e, para ser honesto, religião era algo que tentávamos evitar. Enquanto muitos nos consideravam heróis, havia um grupo que nos considerava malignos por termos destruído os emissários de Deus e assim tomando a única esperança humana de salvação. Ao longo dos anos, um grande número de cultos apareceu, e alguns deles nos queriam mortos. Por essa razão, nós escolhemos ter o casamento e a recepção em uma pousada numa pequena vila, não muito longe de Hokkaido. Isso também explicava a presença de um substancial número de agentes de segurança da NERV vestidos em roupas civis em todos os cantos da pequena construção. 
"Hikari vai me matar..." 
Eu suspirei mais uma vez. Touji tinha ficado murmurando aquilo desde que eu o acordei. 
"Nah, ela provavelmente vai usar aquele chicote que Asuka deu pra ela quando nós voltamos de nossa ultima viagem à Alemanha..." 
"Hikari vai me matar..." 
Eu parei e sacudi Touji, atraindo atenção de todas as pessoas na sala para o casal-prestes-a-casar 
"Ei! Sou eu que supostamente tenho de ficar assustado aqui! Por isso se recomponha!" Então eu me inclinei e sussurrei algumas palavras a mais. "Não se preocupe, você vai ter bastante sakê na recepção, apenas se esconda por uma hora ou duas depois do casamento que nós vamos deixá-la bêbada. Aí você pode se desculpar, ou usar o velho 'Touji-charm' nela..." 
Isso pareceu tranqüilizar Touji, e nós fomos para o centro da sala onde Takahashi Kyoko, Suprema Comandante da NERV estava esperando para casar noivo e noiva. Como Asuka e eu trabalhávamos para a NERV, pareceu apropriado que ela fosse a pessoa que nos casasse. Diferente de meu pai, a Comandante Takahashi era uma pessoa gentil e carinhosa, mesmo que pudesse ser fria como o aço em momentos de crise. Aos quarenta, ela ainda era uma mulher muito bonita, com olhos castanhos e cabelo escuro na altura dos ombros, e embora o uniforme preto com bordados dourados desse ao meu pai um aspecto sinistro, a Comandante Takahashi o preenchia bem o suficiente para atrair o olhar de um homem. Vê-la assim de repente me lembrou do que estava acontecendo, e agora que eu não tinha que me preocupar com Touji, eu podia sentir que estava ficando nervoso. A comandante me deu um sorriso caloroso, o que aliviou em parte a minha ansiedade. 
Enquanto esperava que minha amada se juntasse a mim, eu olhei as pessoas reunidas ao meu redor. Não havia muitas pessoas e a maioria delas era empregado da NERV ou tinha sido empregado da NERV alguma vez. Para Asuka e eu, não havia problema; nós não precisávamos de muita gente, apenas amigos e família. 
À direita estava Ritsuko. Como ela realmente não podia escolher onde sentar, estando presa a numa cadeira de rodas, nós deixamos para ela um bom espaço no meio do corredor frontal. Eu tinha de admitir, apesar do fato dela não poder caminhar, ela parecia muito bem, muito melhor que naqueles tempos da Guerra dos Anjos. Havia mais vida nela; ela parecia mais viva que nunca. O fato dela ter deixado seu cabelo castanho agora, como era nos seus tempos de adolescente, provavelmente ajudou. Também, o desafio de criar um sistema de computadores superior ao de sua mãe a divertia. Mas eu sabia de outros dois fatores que tinham um papel importante na sua felicidade. A primeira estava sentada à sua esquerda e gentilmente segurava a sua mão. Não havia sido realmente uma surpresa quando Maya admitiu os seus sentimentos por sua senpai. Tinha sido mais surpreendente ver Ritsuko se abrindo a eles. Mas depois de amar alguém como o meu pai por tanto tempo, nos apenas podíamos estar felizes por elas. Naturalmente, já que Maya estava atualmente encarregada do departamento de pesquisa da NERV, ambas agiam como se nada estivesse acontecendo. Mas nós sabíamos. Eu sorri. Era irônico que agora a estudante estivesse supervisionando a professora. Mas tínhamos que concordar que Ritsuko era mais eficiente se tivesse que cuidar apenas de um único projeto. Ela era um gênio em seu campo e era errado distraí-la com problemas administrativos. 
Rei estava à direita de Ritsuko, embora uns bons dois metros separados delas, já que era necessário deixar algum espaço para a noiva e o noivo passarem. Se alguém não a tivesse conhecido como eu, provavelmente não teria reconhecido. Embora ainda tivesse um peito um pouco modesto, especialmente comparado a Misato ou mesmo Asuka, Rei tinha crescido para ser uma jovem e bela mulher. Tinha deixado o cabelo crescer quase até a cintura, e o tempo que ela passou na praia deu a ela um leve bronzeado, o que não foi sem algum esforço, já que aparentemente sua pele tendia a queimar. Ela não usava seus óculos hoje, assim todos podiam ver seus olhos negros claramente. Ela usava um vestido de seda branca justo que contrastava com seu cabelo negro. Ela estava magnífica. Mas às vezes, eu pensava em como ela se pareceria se não tivesse tingido o cabelo e não usasse as lentes de contato coloridas. A ultima vez que eu tinha visto a cor real de seus olhos foi quase há três anos atrás, quando Asuka a arrastou para casa. Eu me senti ruborizar ao me lembrar do embaraçoso encontro no banheiro... 
Se Maya era a amante de Ritsuko, Rei se tornou uma espécie de filha. Quando Rei tentou contatar novamente as pessoas de quem tinha se distanciado, uma espécie de ligação se formou entre as duas mulheres. Ambas tinham mudado profundamente e ambas precisavam de algo que acabaram encontrando uma na outra. De volta aos primeiros anos de Rei na NERV, Ritsuko sempre foi aquela que tomou conta da sua saúde física; quem ensinou a ela as bases da vida. A relação tinha, contudo, sido sempre reprimida pelo ódio que Ritsuko tinha pelo que Rei representava. Agora que este ódio tinha desaparecido, ele abrira caminho para uma relação mais profunda. O nascimento desta relação ocorreu provavelmente no dia em que Ritsuko decidiu libertar Rei da influência de meu pai. Rei sempre sentiu que devia a Ritsuko muito por essa chance de vida. 
Hotaru estava sentada a direita de Rei. Eu sorri quando notei a forma como Kensuke segurava a sua mão, os sentimentos por ela visíveis na maneira como ele o fazia. Eu estava feliz por Kensuke ter sido capaz de vir ao casamento. Desgostoso com tudo que era militar por causa do massacre que acontecera em Tokyo-3 e que levou à morte de seu pai, Kensuke tinha escolhido seguir outros de seus interesses: a reunião de informações. Aos dezenove anos, ele já era um dos maiores jornalistas do país. Por causa disso, ele tendia a viajar muito. Foi pura sorte o fato de ele ter sido mandado a investigar alguma coisa perto da região de Hokkaido. Olhando para ele e a sua namorada, não havia duvida que Asuka e eu não seríamos os únicos a nos divertir esta noite. Afinal de contas, com Hotaru morando em Tokyo-3, e tendo assumido recentemente a antiga posição de Maya na NERV, os dois não se viam o quanto gostariam. Mas de alguma forma, eles pareciam não ter problemas com aquele tipo de vida. Pelo que Rei me contou, Hotaru gostava de passar a maior parte do seu tempo sozinha, mesmo que ver seu Ken-chan geralmente alegrasse seus dias. De sua parte, Kensuke adorava correr por ai, procurando por alguma suculenta sujeira para expor. Talvez os dois se acomodassem em alguns anos... 
Na época, tinha sido uma chocante surpresa descobrir que o correspondente secreto da internet de Hotaru não era outro senão Kensuke. Ninguém tinha suspeitado ao menos que Kensuke poderia ser do tipo romântico. De fato, ninguém podia ao menos imaginar que Kensuke ao menos consideraria sair com uma garota. Acho que a gente não o conhecia tanto assim. Agora que tinha ficado mais alto e forte, e trocado seus óculos por lentes de contato, um bom número de nossas antigas colegas de classe considerava Hotaru uma garota tremendamente sortuda. Sem mencionar que, financeiramente falando, Kensuke era um bom partido. 
Sentado à direita de Kensuke estava Kouzou. Eu às vezes tinha dificuldades em chamá-lo assim. Eu não podia esquecer completamente a imagem do subcomandante da NERV na minha mente. Fuyutsuki saiu da NERV um dia depois do ataque da JSSDF. Com a SEELE derrotada, pelo menos por enquanto, já que nem todos os membros da SEELE foram encontrados ainda, e com Gendou morto, ele não viu nenhuma razão para continuar na NERV. Então agora ele vive uma boa e confortável aposentadoria, graças a uma mais que adequada aposentadoria provida pela ONU. O preço pelo seu silêncio, ele gostava de dizer. Tendo trabalhado com o meu pai, Fuyutsuki sabia um monte de segredos sujos de muitas organizações. Assim, seu silêncio era provavelmente a única razão dele estar ainda vivo. 
Foi surpreendente receber a sua visita no hospital um dia antes de eu receber alta. Suas palavras foram breves, mas significaram muito para mim. "Sua mãe ficaria orgulhosa de você." 
Desde aquele tempo, nós mantivemos contato. Eu tentava visitá-lo ao menos uma vez por mês. Ele era um bom homem, uma vez que você o conhecesse, e eu aprendi muito sobre meus pais através dele. 
Do outro lado, Misato estava sentada à esquerda de Maya, ou ao menos tentava ficar sentada já que ela estava tempo muita dificuldade em controlar aquela avalanche de energia de quatro anos que respondia pelo nome de Katsuragi Ryouji. 
Finalmente precisou da ajuda de Makoto, bem como uma promessa de levar o garoto à Disneyland de Tokyo-2, para acalmar o menino. Misato suspirou e se deixou desabar na cadeira, tentando apreciar o breve momento de calma. 
Uma vez que havia se tornado claro que eu e Asuka estaríamos bem e poderíamos cuidar de nós mesmos, a NERV perdeu os serviços de sua antiga Major. Se não tivesse se aposentado, Misato estaria provavelmente vestindo o uniforme da Comandante Takahashi, embora ela estivesse estonteante naquele vestido preto. Asuka e eu não ficamos muito surpresos quando ela nos contou sua intenção de abrir um karaoke bar em Tokyo-3, durante metade da construção. Provou ter sido uma boa escolha de negócio. Com todos os Anjos derrotados, a pessoas tendiam a festejar mais e tendo aberto o primeiro bar em Tokyo-3 Misato teve a oportunidade de estabelecer uma clientela firme. O fato de a dona ser bem entendida em drinques, mesmo que ela não bebesse mais, bem como sendo muito atraente, deu a ela uma ajuda adicional. Misato parecia bastante feliz com sua escolha. Tinha sido muito trabalho, especialmente criando uma criança pequena sozinha, mas também foi muito divertido. E ela não estava sozinha. Rei deu a ela uma mão trabalhando um tempo no bar. Asuka e eu seguidamente cuidávamos da criança para ela, bem como Makoto, que também cuidava da parte burocrática e trabalhava no bar dois dias por semana. Sem mencionar que ele era um cliente muito bom, pelo menos quando ele não estava fazendo seu trabalho de investigador particular. 
A profundidade atual do relacionamento de Misato com Makoto era um pouco incerta. Os sentimentos de Makoto eram bem conhecidos. O homem a admirava e provavelmente a amava de verdade. Pelo que se podia lembrar, desde o primeiro dia que ele começou a trabalhar para Misato antes do ataque do terceiro Anjo, ele nunca tentou sair com nenhuma outra mulher ou mesmo mostrou interesse por alguém que não fosse Misato. Ele era provavelmente um amigo tão próximo de Misato quanto Ritsuko, talvez até mais. Eles trabalhavam juntos e passavam muito de seu tempo livre juntos. O filho de Misato gostava muito de Makoto, e até mesmo o chamava de tio Makoto. Mas a verdadeira questão era: Misato amava Makoto? Ela gostava muito dele. Isso era certo. Ela dificilmente encontraria alguém mais carinhoso e atencioso que Makoto. E mesmo que eu não fosse um bom juiz, Asuka disse que ele não era feio. 
Mas Makoto não era Kaji Ryouji. E enquanto Misato não deixasse isso para trás, Makoto não poderia conquistar seu coração. 
Eu sorri ao ver que Penpen estava sentado perto de Makoto. O pingüim de águas quentes parecia velho agora com suas sobrancelhas grisalhas e suas penas pareciam um pouco pálidas. Eu também ouvi que ele não podia mais digerir a comida de Misato. Não que isso fosse uma surpresa. Quando ele notou que eu estava olhando para ele, levantou uma asa. Às vezes era surpreendente o quanto inteligente aquele pingüim era. 
Havia mais umas pessoas sentadas, mas eu não as conhecia muito bem. Algum deles eram colegas de Asuka. Outros eram agentes de segurança se passando por convidados. 
No final das contas, estava faltando apenas uma pessoa, Aoba Shigeru. Nós nunca conseguimos encontrá-lo. A última vez que ele foi visto, estava carregando uma guitarra num ombro, uma sacola no outro e caminhava para longe de nossas vidas, a estrada aberta à sua frente. Eu realmente não me importava muito. Diferente dos outros, eu nunca tive a chance de conhecê-lo. Ainda assim, ele tinha participado da Guerra dos Anjos e Asuka e eu gostaríamos de partilhar nossa felicidade com ele. 
Meus pensamentos foram subitamente interrompidos quando soou a marcha nupcial. Eu olhei para a parte de trás do salão e me engasguei. Ela estava linda! Bem, para mim, ela sempre pareceu linda, mas... naquele momento... ela parecia radiante. Por um tempo, ela imaginou se ficaria bem num kimono tradicional de casamento, mas quando eu olhei para ela, eu me dei conta que roupas eram irrelevantes. Nada poderia tê-la feito mais bonita que estava agora. Quando eu me dei conta de que o momento pelo qual eu havia esperado todos estes anos tinha chegado, eu senti meus joelhos ameaçando desistir. Eu podia ter caído se não fossem as mãos de Touji em meus ombros. Eu olhei para ele e notei que ele estava tão impressionado quanto eu. E ele tinha boas razões para isso. Hikari também estava magnífica em seu kimono. 
"Sem arrependimentos sobre a proposta de um casamento duplo?" Eu sussurrei para Touji. 
Touji não disse nada, mas eu notei que ele estava considerando seriamente a idéia. 
Por momentos que pareceram durar para sempre, as duas mulheres caminharam para o altar, onde tomaram seus lugares. Eu sorri nervosamente para minha noiva, de alguma forma mais tranqüilo por notar que ela estava tão nervosa quanto eu. 
Então eu notei um detalhe que eu não havia notado ainda. O olho esquerdo de Asuka's não estava coberto com o tapa olho que ela usava geralmente em publico. O olho cinza morto contrastava com o azul, brilhante de vida. Eu notei o significado deste detalhe. Asuka queria que este dia fosse perfeito para mim, então ela deixou todas as mascaras e artifícios para trás. Eu sorri novamente, e eu sabia que neste momento não era um sorriso nervoso; era um sorriso que levava todo o amor que eu tinha por ela. Este momento de paz não durou para sempre, contudo, já que a Comandante Takahashi começou a falar. 
"Estamos reunidos aqui neste dia para unir este homem e esta mulher. Se há alguém entre os presentes que sabe alguma razão para estas pessoas não se casarem, fale agora ou cale-se para sempre." 
Asuka e eu decidimos fazer isso da forma curta. Sem grandes discursos e coisas assim. Nós teríamos um casamento rápido, então uma grande recepção, e sem nenhuma duvida, uma lua de mel ainda maior! 
Eu estava a ponto de dar um olhar preocupado a Rei, se alguém tinha alguma coisa a dizer, somente poderia ser ela, quando subitamente notei uma coisa estranha. Um ponto vermelho no peito de Asuka se movendo lentamente para a sua cabeça. Tipo uma... mira laser. 
Eu posso não ter tido treinamento militar, mas todos aqueles treinamentos e todos aqueles exercícios pilotando um EVA em batalha voltaram em um segundo. Sem ao menos pensar, eu pulei em direção a Asuka. No mesmo instante, eu ouvi uma voz familiar, chamando-me. 
"Shinji! Se abaixe!" 
Eu acho que eu e Asuka estávamos caindo no chão quando os primeiro tiros foram ouvidos. Então eu ouvi uma rápida e violenta resposta. Eu reconheci o som das armas de fogo utilizadas pela segurança da NERV, mas os sons da metralhadora não eram tão familiares assim. Logo, tudo estava silencioso. 
Quando eu abri os meus olhos, notei que todos na sala pareciam bastante abalados com o que tinha acontecido. Mesmo o pessoal da segurança parecia ter sido pego de surpresa. A maioria deles tinha suas armas à mão, uns poucos deles estavam machucados ou mortos. Eu também notei que uma parede tinha um buraco nela e que um homem todo vestido de preto estava lá, seu corpo crivado com balas demais para se contar. Eu não era nenhum especialista, mas minha opinião era de que ele tinha de alguma forma se escondido em outra sala e feito um buraco na parede para que pudesse atirar em nós. 
Mais de uma centena de balas disparada por uma dúzia de agentes tinha alargado o buraco. 
De que maneira aquele homem tinha ludibriado a segurança e feito um buraco naquela parede sem ser notado, eu não podia imaginar. 
Eu estava a ponto de olhar para Asuka, para ver se estava tudo bem, quanto eu notei alguma coisa estranha. Apesar de todo o caos, havia um homem que parecia completamente calmo e em controle. Eu me engasguei quando eu reconheci a face daquele homem. 
Kaji Ryouji. 
A voz que eu tinha ouvido... tinha me soado tão familiar... tinha sido ele! 
Ele estava vivo!!! 
Ao notar que eu estava olhando para ele, o homem sorriu, acenou para mim, e então saiu. 
Eu poderia tê-lo chamado ou corrido atrás dele se não tivesse ouvido Asuka gemer de dor. Eu olhei para ela. Felizmente, não parecia machucada, apenas um pouco abalada. 
"Ei! Baka! Por que você..." as palavras morreram na boca dela quando ela levantou a cabeça e notou o que tinha acontecido. "Mein Gott..." 
Eu olhei na direção em que estava Kaji. Ele não podia ser visto. Então eu olhei à minha volta. O filho de Misato estava chorando, enquanto Makoto tentava acalmá-lo e a sua mãe. Misato ainda estava apertando seu filho como se sua vida dependesse disso. Ela tinha provavelmente protegido-o com seu corpo quando os primeiros tiros foram disparados. Ritsuko não parecia muito perturbada com o que tinha acontecido. De fato, ela parecia dar à cena uma visão mais cientifica. Ela estava, contudo, tentando acalmar Maya. Isto tinha provavelmente tinha relembrado memórias que ela gostaria de ter esquecido, o ataque ao quartel general da NERV. Eu tinha ouvido que aquele evento a tinha abalado bastante. Para ser sincero, eu podia entender o porquê. 
Kensuke parecia tenso, mas alerta. Eu imagino que ele ainda não tinha esquecido completamente suas fantasias militares. Ele estava segurando Hotaru contra seu corpo, pronto para protegê-la com sua vida se preciso. 
Perto de nós, Hikari estava soluçando contra o peito de Touji. A pobre garota devia estar realmente assustada. Eu então notei com um pouco de horror que havia um buraco de bala no braço esquerdo de Touji. Se a bala tivesse chegado mais perto... 
"Shinji, você está bem?" 
Eu olhei para Rei, que estava de pé na minha frente, um olhar preocupado em seus olhos. 
"Sim. Estamos bem." 
Bem, isso era parcialmente verdade. Eu mesmo me sentia bastante abalado. Eu descobri que não conseguia levantar. Eu não estava machucado, somente estava assustado como nunca. 
Então, notamos o gemido. Olhamos para baixo e vimos que havia um homem caído aos nossos pés. Eu o reconheci como sendo um dos seguranças da NERV. Ele estava respirando, mas sangrando muito. Pelo que eu podia facilmente notar, seu braço esquerdo e ombro haviam sido atingidos seriamente. Ele era bastante jovem, talvez um ou dois anos mais velho que eu. 
"Você está bem?" perguntou Rei. Parecia uma pergunta estúpida, mas eu mesmo não podia encontrar alguma melhor. 
"Na verdade não. Eu já sofri mais antes, mas não sangrei tanto assim. Isso é horrível. Se meu velho me visse, ia reclamar sem parar." 
Rei piscou, e eu quase engasguei. Aquele cara tinha levado perto de dez tiros e estava preocupado com o que diria seu pai? 
"Você fala muito para alguém que acabou de ser baleado", disse diretamente Rei, embora sorrindo. 
"Bem, você não quer que eu entre em choque, quer, senhorita?" 
"Verdade" concordou Rei. 
Eu notei o diálogo, um olhar espantado na minha face. O que estava acontecendo com Rei? 
"Posso pegar o seu cinto, Shinji?" 
"Ahn... claro." 
Eu rapidamente tirei o cinto e o dei a Rei, que utilizou para fazer um torniquete no braço do homem. 
Olhei a minha volta para ver que Asuka estava falando com a Comandante 
Takahashi. Ela não parecia nem um pouco feliz. 
"Isso vai estancar o fluxo de sangue", disse Rei. Então rasgou a parte de baixo do vestido e usou para comprimir o ferimento no ombro do homem. "Você deve ficar bem até que o socorro médico apareça." 
"Obrigado, senhorita." 
"Você salvou a vida de Shinji." 
Eu finalmente me dei conta que este homem tinha levado algumas das balas que provavelmente estavam destinadas a mim e a Asuka. 
"Bem, este é o meu trabalho..." disse o homem, coçando a sua cabeça com a mão boa. 
"E você fez um belo trabalho, meu jovem", disse a Comandante Takahashi, 
que tinha se aproximado de nós. "À primeira vista, este assassino provavelmente trabalhava para o culto Holy Flaming Cross. Se não os tivesse protegido, ele poderia ter matado dois dos nossos mais preciosos amigos." 
"Ao menos há alguém na segurança que faz seu trabalho direito", murmurou Asuka. 
"Sim..." concordou a Comandante. "Eu não gosto disso. Talvez tenhamos traidores em nossas fileiras. Eu terei de dar a este assunto prioridade máxima quando voltarmos a Tokyo-3." A Comandante então olhou para o jovem rapaz, ainda sendo amparado por Rei. "Me diga, meu jovem, qual seu nome? Seu rosto não me é familiar. Novo na Segurança?" 
"O meu nome é Saotome Yuu," respondeu o jovem, um pouco orgulhoso. "E sim, eu sou novo na NERV, Comandante. Eu queria me juntar ao departamento de ciência; como pode ver, a minha verdadeira vocação são computadores e eu gostaria de conhecer a famosa Doutora Akagi, mas não haviam vagas, então me juntei à segurança em vez disso, assim eu poderia manter um olho em futuras vagas no departamento de ciências." 
A Comandante sorriu. 
"Interessante. Bem, melhore e talvez você consiga uma entrevista com a doutora Akagi. O que você acha, Ritsuko-san?" 
"Eu não sei sobre a habilidade dele, mas eu gosto do rapaz", respondeu 
Ritsuko, para a alegria de Yuu. 
"Bem então... transportes devem estar chegando aqui logo, então agüente apenas mais um pouco. Falando nisso... alguém pode me dizer porque está demorando tanto para aqueles estúpidos VTOLs chegarem aqui?! Nós temos pessoas feridas, bem como a tenente Sohryu e o senhor Ikari para evacuarmos! Quem organizou estas medidas de segurança?!" 
"Ei!" disse Asuka em um tom de voz não muito apropriado para quem está falando com seu oficial superior. "Você não pode nos evacuar! Nos não estamos casados ainda!" 
Surpreendentemente, a expressão no rosto da Comandante amoleceu. 
"Asuka, eu entendo seus sentimentos, mas alguém acabou de tentar matá-los. Eu não posso deixar a minha futura segunda em comando morrer agora, antes mesmo de ser promovida..." 
Eu acho que Asuka perdeu completamente parte daquilo que a Comandante tentava dizer, já que começou novamente a protestar contra nosso casamento ser cancelado. 
"Não podemos fazê-lo rápido?! Eu digo, não há muito que fazer!" 
Gentilmente, eu coloquei a minha no ombro dela para conseguir a sua atenção. 
"Asuka... eu não sei se é apropriado. Quer dizer... tem pessoas baleadas aqui." 
"Eu sei!" explodiu Asuka. "E eles estão cuidando disso!" Provavelmente ao ver minha expressão, Asuka tentou se acalmar, sua face mostrando uma expressão mais suave. "Olhe... Shinji... depois de tudo que nós fizemos pelo bem de todos... toda a dor... todos os sacrifícios... não podemos ao menos ser egoístas por alguns minutos?" 
"Eu acho... eu acho que podemos." 
"Então?" Perguntou minha noiva a Comandante. 
A Comandante levou um momento para pensar. 
"Eu acho que nós podemos fazer. Afinal de contas, os transportes não chegaram ainda. Mas teremos de ser rápidos." 
"Bom," disse Asuka, enquanto que eu concordava com um aceno de cabeça. 
Depois de alguns segundos, a noiva, noivo, madrinha, padrinho e Comandante estavam prontos para começar de onde tinham parado. 
"Ikari Shinji, você aceita esta mulher, Sohryu Asuka Langley, para ser sua esposa; para todo o sempre, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, até que a morte os separe?" 
Eu tomei o anel que Touji segurava e nervosamente coloquei no dedo de Asuka. Que estranho o quanto uma situação podia mudar. Numa questão de segundos, eu simplesmente esquecera que alguém tinha quase nos matado. 
"Aceito." 
"Sohryu Asuka Langley, você aceita este homem, Ikari Shinji, para ser seu esposo; pra todo o sempre, na riqueza e na pobreza, na saúde e na tristeza, ate que a morte o separe?" 
Asuka colocou o anel em meu dedo. Feito seu trabalho, Touji e Hikari 
Saíram para ir aos transportes que tinham acabado de chegar. 
"Eu aceito." 
"Você pode agora beijar a noiva." 
E eu fiz. Com prazer. 
"Vocês são agora, marido e mulher. Agora que isto está feito, vamos dar o fora daqui!" 
Asuka e eu fomos durante trazidos de volta a Terra, depois de um dos mais memoráveis beijos que partilhamos em nossa vida, e fomos arrastados ate um VTOL, 
E logo deixávamos Hokkaido atrás de nós. 
Enquanto voávamos, eu pensei em Kaji. Ele estava vivo. Todo este tempo, ele estivera. E obviamente se importava, já que tinha vindo ao casamento. Então, porque não nos contar? 
Ele provavelmente tinha suas razões. Kaji era um homem honrado. Certamente, era algo importante. Importante o suficiente para nos manter acreditando que ele estava morto. Então eu decidi não contar a ninguém. Isso provavelmente só machucaria Misato mais que qualquer coisa. 
Eu deixei aquele pensamento desaparecer e sorri. Eu era um homem casado agora... 
* * * 
"Eu aposto que você nunca esperou que a sua lua de mel começaria em um avião de carga, huh?" 
Depois de nos evacuar, a Comandante Takahashi tinha transferido-nos para um avião de carga da NERV partindo em direção a nova filial em construção da NERV, 
a Divisão Francesa. Asuka começou a discutir, que passar nossa lua de mel na França não estava em nossos planos, mas as palavras 'Todas as despesas pagas' a acalmaram. Os outros já haviam sido mandados para suas respectivas casas, com uma escolta de agentes da NERV. Eu me sentia um pouco mal pelo que tinha acontecido, então prometi a eles que haveria uma grande festa quando voltássemos. A única exceção era Rei. Ela tinha voado para Hokkaido com Yuu. Eu tinha de admitir, estava um pouco intrigado pelo comportamento dela. Havia alguma coisa em seus olhos... uma coisa que eu não via há muito tempo. Ou talvez eu queria tanto que ela se apaixonasse que estava imaginando coisas. Mas ela tinha uma certa tendência a gostar de esquisitos. 
"Eu nem mesmo pensei que eu me casaria. Ponto. Você deve ser um homem muito especial, Senhor Ikari." 
"Não tão especial quanto minha esposa..." 
Eu a segurei o mais junto possível e a beijei com toda a paixão que eu sentia por ela. Foi um beijo bastante longo. 
"Acha que nossas vidas sempre serão tão estranhas assim?" perguntou Asuka. 
"Pilotando Robôs Gigantes, enfrentando monstros gigantes, evitando tentativas de assassinato como esta?" 
"Talvez. Mas para ser sincero, eu não me importo. Enquanto você me quiser em sua vida, não há nada que eu queira mais." 
"Você é um idiota!" disse repentinamente Asuka, me surpreendendo pelo tom de sua voz. "Mas você é o meu idiota", disse num sussurro. "Baka-Shinji", ela ronronou, mordendo a minha orelha. "Eu te quero." 
"Asuka! Alguém pode nos ver!" 
"Eu não me importo! Eu me sinto um pouco safada... deixe que venham, daremos a eles um show para que se lembrem. Você não se sente um pouco safado, Baka-Shinji?" 
Eu me sentia. 
Medo. Dor. Angustia. Isso sempre vai existir. Contudo, eu sabia que se estivéssemos juntos, nós sempre poderíamos superar estes obstáculos, ou ao menos falhar tentando. Se nós estivéssemos juntos, eu saberia que, enquanto que o sol, a lua e a terra existissem, então nós teríamos uma chance de alcançar a felicidade. 
Eu te amo, Asuka. 
FIM 
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Notas do Autor: 
Para aqueles interessados, meu jovem agente da NERV, Saotome Yuu, foi inspirado em dois fics: um NGE/Ranma crossover over chamado "Past/Future" por Long Ngo 
E um fic de Ranma 1/2, "Magic", Richard Lawson. O nome Yuu foi tirado de uma série chamada "Marmalade Boy". 
Antes que alguém diga alguma coisa, eu quero deixar claro que Rei e Yuu não vão automaticamente se apaixonar. Eu coloquei isso como uma possibilidade, um sinal de esperança. Se eles vão apensa sair em um encontro ou virar um casal eu deixo com vocês, meus Leitores. Uma coisa que eu não quero acreditar é que Shinji é a única esperança amorosa de Rei. Deve ter um bastardo sortudo em algum lugar por ai que mereça seu amor. Eles têm apenas que se cruzarem. 
Talvez eles já tenham, talvez ainda não... 
O epílogo inteiro é somente a cobertura do bolo. O verdadeiro final veio com o Capitulo 12. Eu não queria, contudo, deixá-los com tantas questões pendentes, como "Asuka acordará?", "Ritsuko morreu?", etc. do final do Capitulo 12, vários cenários poderiam acontecer. 
Este epílogo é o meu final oficial de TOILI. Ele veio depois de meses de planejamento e pensamento em como poderia ser o futuro das Crianças. Eu o escrevi principalmente para me divertir. Se algum de vocês não gostou deste final, se sinta feliz para imaginar o seu, contanto que você não comece a escrever e "publique" sem minha autorização. 
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palavras finais do autor: 
Bem, é isso. 
Está acabado. 
Talvez haja algumas side-stories para expandir um pouco o universo de TOILI, mas ele em si está finalizado. 
Finalmente. 
Um ano. E levou um ano INTEIRO para ir do começo ao fim deste projeto. Contando o prelúdio, prólogo e epílogo, quinze capítulos. Mais de 300 páginas de texto. Uma quantidade incalculável de tempo gasto pensando, escrevendo, revisando, procurando na web por milhares de fotos, assistindo a série de TV várias vezes, lendo o mangá de NGE e centenas de outros fanfics, respondendo todo o meu mail relacionado a TOILI e tendo discussões no ICQ. Tanto tempo... foi literalmente parte de minha vida. Quase uma obsessão. Quase. Ao menos, eu podia dizer que eu não era Ikari Shinji... ^_^ 
Foi uma jornada difícil. Primeiro, eu tive de lidar com o obstáculo de outro idioma. Desde o dia 14 de fevereiro de 1999, eu acredito que o meu inglês melhorou dramaticamente (mas eu ainda preciso usar uma equipe de pre-readers... acho que ainda não melhorei o suficiente). Então, eu tinha de escrever a estória. Não uma tarefa fácil, se você considerar que foi toda escrita em primeira pessoa e que eu tinha de criar um triangulo amoroso real, usando três personagens conhecidos por sua falta de capacidade social. Felizmente, a estória foi mais bem recebida que eu esperava. Seus comprimentos e encorajamento me deram a força necessária para terminar esta estória. 
Obrigado a todos... 
Foi divertido. Bastante. Suficiente para eu escrever outros fanfics antes de tentar outra coisa. Mas eu acho que é seguro dizer que esta vai ser a minha primeira e única serie longa de fanfics. É bastante divertido, mas muito cansativo também. E para ser sincero, eu não acho que eu tenha nenhuma outra estória longa para contar... 
Agora que esta estória acabou, eu posso seguramente admitir. Originalmente, eu queria que Asuka vencesse sempre. Estava claro na minha mente. Asuka era meu personagem favorito de NGE. Eu não me importava se ela geralmente ficava com Shinji em quase todas as estórias. Esta era a MINHA estória afinal de contas. Ela quase falhou. Alguma coisa aconteceu. Algo inesperado. Capitulo 3. Ayanami Rei. Eu comecei a gostar de Ayanami Rei. Não... eu comecei a amar Ayanami Rei tanto quanto eu amava Sohryu Asuka Langley. Por um tempo, eu fiquei confuso. Eu queria que Asuka vencesse, mas... Rei era tão melhor. Ela era tão boa, se dava tão bem com Shinji. Tããão. E isso provou ser a sua ruína no final. 
Ela se dava bem demais com Shinji. Era muito perfeito. Muito bom. Muito calmo. Eu podia imaginá-los sentados num sofá, se abraçando, não dizendo nada, apenas felizes de estar ali, quente, seguro, não mais solitários. Eu podia imaginá-los assim... toda a vida. Por isso não funcionava. Não podia. Não era NGE suficiente. Era muito calmo. Era chato. Ambos... mereciam mais. Eles poderiam amadurecer melhor se seguissem caminhos separados. Asuka ofereceu a Shinji o que ele precisava. Alguém que o amasse, mas também disposto a colocar um pouco de coragem nele. Alguém a quem ele poderia devotar sua vida, mas que não seria dependente dele e não toleraria que ele dependesse dela. Era a química perfeita. Caos em vida se opondo a ordem absoluta na morte. Asuka podia trazer a quantidade certa de caos que Shinji precisava em sua vida, mas também a quantidade certa de amor. 
Bem, esta é a minha visão da dinâmica amorosa de NGE... 
Eu espero que tenham gostado desta estória. De minha parte, eu gostei de escrever. 
Eu dedico esta estória a uma jovem maravilhosa, Tam Ka-Wing. 
Que você aproveite este dia dos namorados, KW-chan ^_^ 
Alain 
rakna@globetrotter.qc.ca 
February 14th 2000 
Iniciado em 14 de janeiro de 2000 
Primeira versão de pre-reader finalizada em 14 de fevereiro 2000 
Versão final 14 de maio de 2000 
Revisada em 21 de maio de 2000 

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