quinta-feira, 24 de março de 2011

Aquela que eu amo é... Capitulo 12


Aquela Que Eu Amo É... 
Capítulo 12 - O Fim de Evangelion 
Escrito por Alain Gravel  
Traduzido por Francisco M Neto ayanami@fanfictionbr.net 
Revisado por Carlos Jacobs souryu@fanfictionbr.net 
Baseado em personagens criados pela GAINAX, protegidos por direitos autorais 
http://www.geocities.com/Tokyo/Teahouse/2236/ 
(*) Ver notas de tradução para detalhes 
(número) Ver as notas do autor para detalhes 
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Capítulo 12 - O Fim de Evangelion 
Parte 1: Invasão 
"Eu odeio este quarto." 
Essas eram as primeiras palavras que eu falava em... eu nem sabia quanto tempo. 
Eu olhei em volta. Uma grande sala que parecia ainda maior por causa da maneira como era iluminada pelas grandes janelas reforçadas e pelas luzes fluorescentes no teto. Uma sala que parecia muito vazia, apesar da presença da cama em que a garota ruiva estava deitada e todo o equipamento à sua volta. A segunda cama e outros móveis estranhos ao ambiente haviam sido removidos, supostamente para segurança dela. O único som ouvido no quarto era o "bipe" regular do monitor cardíaco ao qual ela estava conectada. 
"Você estaria bem melhor em casa." 
Mas eu não estava qualificado para cuidar dela. Eu levantei minha cabeça e abri meus olhos para olhar para a garota, rangendo meus dentes ao sentir uma onda de dor em todos os músculos do meu pescoço. Por quanto tempo eu estivera sentado daquele jeito, naquele pequeno banco? 
Ela ainda estava dormindo. Mas... ela não parecia estar em paz. Talvez ela estivesse lutando algum tipo de guerra dentro dela. Seu pulso direito estava perfurado com uma agulha de soro, o qual a mantinha viva fornecendo a ela os nutrientes de que precisava. Eu sabia que não era o suficiente, no entanto, ao ver o quanto pálida estava a sua pele e como ela parecia ter perdido peso. Mas não havia muito mais que os médicos pudessem fazer. Eu olhei para os curativos em seu pulso esquerdo. Eles já tinham salvo a vida dela. 
"Por quê você fez isso, Asuka?" 
De fato. Eu não conseguia entender. Asuka, de todas as pessoas... 
'Não se preocupe, eu nunca mais vou te incomodar. Nunca.' 
O que ela realmente quis dizer? 
"Droga, Asuka! Por quê?! Por minha causa?! Foi por minha causa?! Baka!!!" 
Como em vezes anteriores, eu me vi chorando, minhas lágrimas molhando alguns pontos do lençol branco que cobria seu peito. Então, depois de alguns minutos, as lágrimas pararam tão repentinamente como tinham começado. 
Mas a questão continuava: por que ela tinha agido dessa maneira? 
Talvez porque... ela pensasse que tinha perdido tudo que tinha. 
Eu conhecia o sentimento. Eu mesmo não tinha pensado isso depois da morte de Kaoru? 
Mas... Asuka não era uma covarde como eu... 
Eles a encontraram em um prédio abandonado, mais ou menos no mesmo momento em que eu saí do entry plug da Unidade-01. Ela estava deitada em uma banheira. Suas roupas caprichosamente dobradas em uma cadeira próxima, algo que ela nunca tinha feito antes, a água estava vermelha com o sangue que escorria lentamente do seu pulso cortado. A faca de cozinha que ela tinha usado havia sido encontrada no chão do outro lado da banheira. Os agentes de segurança que a encontraram agiram rápido o suficiente para que os médicos pudessem salvar a sua vida. Felizmente, a enfermaria mantinha grandes reservas de sangue dos tipos dos pilotos. 
Fisicamente, ela agora estava bem. Ela sofrera um pouco de subnutrição, mas nada grave. No entanto, ela não acordava. Os médicos haviam dito que agora tudo dependia dela. Ela não acordaria enquanto não quisesse. 
Então eu esperei ela voltar. 
A maior parte do tempo, eu simplesmente esperei em silêncio. Não foi fácil. De fato, era exaustivo. Lembrava muito minha experiência dentro do Décimo Segundo Anjo. Não havia mesmo muito que eu pudesse fazer a não ser ficar ali e esperar. Quanto eu ficava entediado, eu falava com ela, esperando que o som da minha voz pudesse alcançá-la de alguma forma... onde quer que ela estivesse. Eu falava do passado, do que eu pensei quando a vi pela primeira vez naquele porta-aviões, parecendo tão linda em seu vestido amarelo e quão impressionado eu fiquei pelo seu ar de confiança. Eu a admirei desde o começo. Ela era tudo que eu não era: forte, linda, talentosa e confiante. Eu falei de nossa primeira noite juntos a sós, o último dia do nosso treinamento de sincronização, como eu quase a havia beijado. Eu falei de como tinha sido bom viver com ela, mesmo que algumas vezes tivesse parecido uma tortura cruel, por causa da maneira como ela me provocava e insultava. Eu falei do Oitavo Anjo, e como eu fiquei com medo quando o Anjo a atacou, e como eu fiquei aliviado quando eu peguei o braço da Unidade-02 no último momento, salvando-a da morte iminente. Eu falei de nosso primeiro encontro, e como eu me diverti, apesar da minha decisão na época de ser namorado de Rei. Como, apesar de tudo, eu gostei de nosso primeiro beijo e ainda mais do segundo. Eu falei da primeira noite que passamos na mesma cama e de quão nervoso eu fiquei, tão nervoso que de fato nem dormi naquela noite. Eu falei sobre a viagem com Touji e Hikari, e como me senti magoado quando pensei que ela estivera apenas me usando, e como fiquei aliviado quando ela admitiu que ela havia agido daquela maneira porque me amava e temia me perder para Rei. Eu falei do ataque do Décimo Quinto Anjo, como me senti inútil, e como fiquei feliz quando eu vi que ela não havia sido machucada fisicamente, mas como eu me senti triste em ver como aquela coisa a havia machucado. Eu falei na noite em que fizemos amor, e como foi bom. Então eu falei da noite em que ela fugiu. Eu contei a ela tudo sobre Rei, como ela era um clone e como ela tinha se esquecido de mim. Finalmente, eu falei de Kaoru. Eu contei tudo, como ela tentou se aproximar de mim, como eu tentei rejeitá-la, como eu comecei a considerá-la uma amiga e como fui forçado a matá-la. 
"Algum progresso, Ikari-kun?" 
A voz me pegou desprevenido. Eu estivera tão perdido em meus pensamentos que não tinha ouvido ninguém entrar na sala. Eu reconheci uma enfermeira agora familiar. Seu nome era Tanaka Michiru, se eu não estava enganado. Ela estava naquela seção da enfermaria naquele dia. Era uma mulher que parecia bem normal, mas ela tinha um sorriso quente e era muito gentil. Ela tinha até mesmo me trazido um lanche no fim do dia anterior. 
Eu balancei minha cabeça. Ela parecia realmente sentir muito por mim. 
"Eu tenho certeza que ela vai melhorar." 
"Eu realmente espero que sim." 
"Você precisa ter fé. Além disso, com um rapaz tão gentil esperando por ela, não há dúvida de que ela vai voltar." 
Se não fosse minha culpa que ela estivesse naquela cama, pra começar. 
"Se você não se importa, você poderia sair do quarto? Eu tenho que cuidar da Piloto Souryu." 
"Ah... claro. Eu acho que vou comer alguma coisa." 
Eu realmente não queria sair, mas não podia discutir. O pessoal da enfermaria tinha sido tão gentil comigo. Quando eu cheguei lá pela primeira vez, eles foram um pouco relutantes em me deixar entrar, pois já havia passado do horário de visitas. Mas depois de um pouco de discussão, o médico encarregado de Asuka concordou em me deixar vê-la, me dizendo que, naquele momento, o que mais poderia ajudá-la seria a companhia de alguém que se importasse com ela. Desde então, eu só tinha deixado o quarto uma vez, quando eles precisaram fazer alguns testes e dar banho em Asuka, bem como trocar as suas roupas. Quando eu voltei, fiquei surpreso em ver que eles haviam colocado um pequeno futon em um canto do quarto para que eu não precisasse dormir numa cadeira como na primeira noite. 
"Você deveria. Não vai fazer bem a ela se acabar você mesmo numa das nossas camas por ter exaurido as suas forças." 
Eu sorri. 
"Obrigado pela preocupação." 
Levantei-me, me sentindo como se um raio tivesse acabado de passar pela minha coluna. Todos os meus músculos doíam muito. Definitivamente, me levantar e andar um pouco era uma boa idéia. Se a dor pudesse dar um tempo... 
E me abaixei (dolorosamente) para Asuka e dei um beijo leve em seus lábios; eles estavam secos, rachados, e sem absolutamente nenhuma resposta. 
"Ikari-kun... está tudo bem?" 
Eu olhei para cima e pisquei, vendo o olhar preocupado da enfermeira. Então eu percebi que meu rosto estava molhado por algumas lágrimas. 
"Vai ficar quando ela acordar." 
Eu dei uma última olhada para a garota adormecida e fui para a porta. 
"Por favor, tome conta dela. E, se for possível, você poderia colocar algo nos lábios dela? Eles estão secos. Vai doer quando ela acordar." 
"Não se preocupe. Eu vou deixar ela linda de novo." 
"Obrigado, Tanaka-san." 
* * * 
Eu não senti nenhum prazer real em comer o arroz com vegetais fritos que estavam diante de mim. O gosto era aceitável, mas eu tinha a minha mente voltada para outros assuntos. Eu não me sentia realmente confortável estando longe de Asuka por muito tempo. Eu sabia que era muito improvável, mas quando ela estava fora da minha vista, eu tinha medo que ela acordasse e pudesse ir embora. Ou talvez fazer algo ainda pior. Eu sempre temi entrar no quarto dela, parte de mim temendo encontrá-la em uma poça de sangue ou pendurada no teto, na ponta de uma corda ou do lençol. Parte de mim tentava me convencer que ela jamais faria algo assim, mas o fato era que... ela já tinha tentado uma vez. 
Então eu comi sem apetite. Teria comido mais rápido, mas sabia que a enfermeira Tanaka precisaria de algum tempo antes de terminar com Asuka. 
Levantei-me e estava preste a jogar o lixo fora quando, de repente, ouvi sons fracos de explosões, rapidamente seguidos por outros muito mais fortes. Então, a sirene de alerta se fez ouvir em toda a NERV. 
Eu fiquei ali, espantado. Um alerta? Poderia ser um Anjo? Mas Misato tinha dito que o Décimo Sétimo supostamente era o último... Eu não entendia. Eu realmente me arrependi de não estar com o celular por perto. 
Muito rapidamente, as poucas pessoas que também estavam na lanchonete saíram, obviamente apressados. Era isso que acontecia quando um Anjo atacava ou hoje era diferente? 
"Não fique aí como um idiota! Vá para o seu posto!" 
"Ahn?" 
Eu me virei e vi um homem de pé na entrada da cozinha. Pelo jeito que ele estava vestido, ela era obviamente um cozinheiro. Ele parecia estar já na casa dos 50. Sua cabeça estava coberta com cabelos pretos e prateados com exceção de um ponto careca, e seu rosto severo carregava um bigode. O homem era bem alto, e embora não fosse muito musculoso, tinha uma composição aparentemente grande e forte. Eu o achei bem intimidador. 
"Senhor, o que... o que está acontecendo?" 
Se fosse possível, o homem pareceu ainda mais ameaçador ao me lançar um olhar gélido. 
"Que tipo de idiota é você?! Nós estamos sendo atacados!" 
"Atacados? Por um Anjo?" 
"Anjo? Quem me dera..." 
Então, de repente, a luz pareceu iluminar o rosto do homem, para ser rapidamente substituída por uma expressão de preocupação. 
"Ah, merda! Você é um daqueles moleques que pilotam aqueles robôs gigantes, não é?" 
"Bem... sim..." 
A expressão do homem ficou mais séria. 
"Droga! Vem aqui! Agora!!" 
O homem me levou até a cozinha. Como outra explosão se fez ouvir, eu não hesitei. 
Apesar do fato de as comidas terem acabado de serem servidas, a cozinha parecia praticamente intocada. Eu não tive tempo de olhar em volta no entanto, pois o homem me arrastou para um escritório nos fundos. 
O escritório parecia como a cozinha; meticulosamente organizado. Aparentemente, era o escritório daquele homem, porque ele parecia à vontade ao pegar o telefone e discar uma longa série de números. 
"Esta linha é segura?" perguntou ele. "Sim, eu sei que tem uma maldita emergência! Eu ouvi o alarme! Olha... só fala praquela mina linda da Katsuragi que eu tenho o pequeno pilotinho dela aqui e gostaria de tira-lo daqui, então manda alguém pra vim pegar ele. É na cozinha da lanchonete." 
Sem outra palavra, o homem desligou o telefone. Eu achei que era um bom momento para tentar de novo fazer a pergunta que estava passando pela minha cabeça 
"O que... o que está acontecendo?" 
O homem olhou para mim. Eu fiquei surpreso ao ver sua expressão se suavizar. 
"Invasão." 
"Uma invasão? Alguém está invadindo a NERV?" 
"Sim. E pelo jeito, eu não acho que as coisas irão acabar muito bem pra nós." 
Uma invasão. Quem poderia estar nos invadindo? Com que propósito? 
"Toma." 
Meus pensamentos foram repentinamente desviados quando eu percebi que o homem estava me dando uma arma e um coldre. Eu engasguei. 
"O que... o que é isso?" 
"Uma arma." 
"Eu sei... mas... por quê?" 
"Para sua segurança. Você nunca usou uma arma antes?" 
Meu Deus! Isso era... demais. Minha mente ameaçava se sobrecarregar a qualquer minuto. 
"Eu... eu... eu... nunca usei uma arma de verdade. Eu usei armas com o EVA, mas..." 
"É a mesma coisa," disse o homem ao puxar uma segunda arma de uma gaveta antes de me mostrar. "Você aperta o botão de segurança aqui. Aponta contra o alvo. Aperta o gatilho. É simples assim. Tem só quinze balas, então não desperdice." 
"Mas... mas... os alvos... seriam pessoas..." 
O homem apenas me encarou descrente. 
"É você ou eles. Se eles atirarem em você e errarem, atire de volta." 
Isso era um pesadelo. Tinha que ser... 
Mas eu sabia que não era. Eu percebi que estava tremendo. Eu não era bom. Eu era como o EVA. Se eu ficasse com medo agora, haveria pessoas que iriam sofrer por minha causa. Eu peguei a arma, estudei a fria e negra peça de metal e morte. Então eu coloquei desajeitadamente o coldre e coloquei a arma dentro dele. Ela parecia pesar quase uma tonelada apoiada ali. 
Então eu me lembrei das palavras de Misato. 
"Uma pessoa tem que lutar pela sua própria sobrevivência." 
"É isso aí garoto." 
Eu olhei para o homem. Ao contrário de mim, ele não parecia ter medo. 
"Não é a primeira vez... pra você... digo... eu estou com medo... mas você parece calmo." 
O homem deu uma pequena risada e depois sorriu. 
"Ah, eu estou com medo, garoto. Eu apenas sei melhor como não deixá-lo tomar conta. Propriamente canalizado, o medo faz você agir mais cuidadosamente." 
"Ah..." 
"E sim, não é a primeira vez. Eu fui militar a muito tempo atrás. Nas guerras que se seguiram ao Segundo Impacto." 
Eu assenti, compreendendo. Aquilo explicava a sua atitude rígida. Mas agora, ele não parecia tão frio quando alguns minutos antes. 
"Você já... matou alguém... antes?" 
"Muitos. Não que eu tenha orgulho disso. Mas às vezes, você tem que fazer o que você tem que fazer... eu acho que você sabe como é." 
Assenti de novo. Kaoru... eu olhei para a arma novamente. Eu seria capaz de fazê-lo? Se alguém tentasse me matar, eu poderia matar novamente? 
Eu esperei que não precisasse descobrir a resposta. 
"Se abaixa!" 
Com uma mão forte, o homem me jogou no chão. Nós podíamos ouvir passos. Muitos e longos segundos se passaram e então, eu ouvi o homem suspirar ao me levantar. 
"Está tudo bem. Esses caras são da NERV." 
De fato, quando eu olhei pela janela do escritório, eu reconheci a roupa preta usual da segurança da NERV. Doze homens, todos vestidos de preto. Um deles entrou e olhou direto para mim. 
"Venha conosco." 
"Aonde vocês vão me levar?" 
Eu estava cansado de não saber o que estava acontecendo. Além disso... eu me sentia seguro ali com... eu percebi que nem sabia o nome daquele homem. 
"Evangelion Unidade-01." 
"Unidade-01?! Por quê?!" 
"São ordens da Major." 
Ordens de Misato? Por que ela me mandaria para a Unidade-01? Ela queria que eu... lutasse contra aquelas forças de invasão? 
"Você deveria seguir esses caras, garoto. Aquela mina Katsuragi tem bastante cérebro pra acompanhar aquele corpinho sensacional dela. Confie nela." 
Eu assenti. Misato nunca me deu razões para desconfiar dela. 
"E quanto a você?" 
"Acho que vou junto. Ficar aqui sozinho seria muito arriscado. E eu me sentiria mal deixando um garoto como você ir sozinho com um bando de macacos de preto." 
O homem sorriu para mim. O agente da segurança não demonstrou nenhuma expressão, aparentemente preferindo ignorar o insulto. 
"Obrigado." 
* * * 
Talvez a situação não fosse tão ruim como o cozinheiro tinha feito parecer. Nós tínhamos andado por talvez dez minutos e evitáramos as forças inimigas até então. Tinha havido alguns momentos perigosos; nós podíamos ainda ouvir o som de tiros e explosões, mas estava tudo bem. O homem que estava no comando do grupo parecia estar recebendo novas informações a cada minuto, provavelmente do Comando Central. Eu achei que provavelmente Misato estivesse observando o nosso progresso pelas câmeras de segurança e pelo MAGI. 
Eu estava começando a relaxar quando o inferno se abriu. Repentinamente, parecia haver balas por todos os lados. Os agentes que estavam na nossa retaguarda grunhiram e caíram, ficando logo em cima de poças de seu próprio sangue. Eu engasguei ao sentir o que parecia uma queimadura muito intensa na minha perna. Eu tinha sido arranhado por uma bala. Um centímetro para a esquerda e a bala teria penetrado na carne ao invés de apenas ferir a pele. Eu não tive tempo para reagir a isso ao sentir alguém me levantar e me dizer para correr o máximo que eu podia. Nós corremos sem realmente olhar para onde estávamos indo. Ao virarmos uma curva, eu vi dois agentes de segurança puxarem suas armas e atirarem, para apenas serem atingidos por dúzias de balas. Pelo menos eles pareciam ter atrasado os adversários. 
Eu não sei por quando tempo nós corremos, mas quando nós finalmente paramos, eu estava completamente exausto e prestes a cair sobre meus joelhos. Eu percebi com horror que dos doze homens que estavam me acompanhando, somente o cozinheiro sobreviveu. 
"Bem, isso não tá legal..." murmurou o cozinheiro para mim. "acho que você deveria se esconder ali, garoto," continuou, apontando para uma escada. 
"Mas..." 
"Vai logo. Eu vou tomar conta das coisas. E se eles te encontrarem... se lembre do que você disse. Uma pessoa deve lutar pela sua própria sobrevivência." 
Eu assenti. Mesmo assim, aquilo eram apenas palavras... 
Mesmo assim, fui para baixo da escada, tentando me camuflar nas sombras o melhor que podia, e saquei minha arma. 
O minuto seguinte pareceu durar anos. Eu ouvia a troca de tiros e gritos de dor. Tudo terminou com o som de uma metralhadora. 
Do meu esconderijo, eu vi três homens em roupas militares pretas chegarem em frente à escada. Eu ouvi o som de um rádio, então um dos homens falou. 
"Nós encontramos um dos pilotos. Procedendo com extermínio." 
Eles tinham me achado! 
Freneticamente, eu apertei o gatilho. Nada aconteceu. Alguém tirou a arma das minhas mãos antes que eu pudesse perceber que tinha esquecido de soltar o botão de segurança. Eu fui puxado do esconderijo, e um deles me forçou a me ajoelhar. Ele soltou o botão da minha arma e eu senti a sua ponta fria tocar a minha testa. 
"Não é nada pessoal, garoto." 
As pessoas dizem que um homem de verdade encara a morte de olhos abertos. Eu acho que não fui um homem, porque fechei meus olhos, na esperança de que isso pudesse evitar o inevitável. 
Não funcionou, pois no segundo seguinte, o som de um tiro se fez ouvir. 
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Primeiro Interlúdio: Terminal Dogma 
O olhar em sua face não tinha preço. 
Isso foi o que a Doutora Akagi Ritsuko pensou ao olhar Ikari Gendou das sombras. Ele estava na frente de uma pequena pilha de roupas jogadas, olhando em volta à procura da garota a quem elas pertenciam, a confusão claramente estampada em sua face. Era tão cômico que ela chegou a rir, algo que ela não tinha feito em um longo tempo. 
"Rei?" 
A face de Ritsuko escureceu. Aquele bastardo não podia nem mesmo reconhecer a sua voz... 
"Perdeu alguma coisa, Ikari?" 
"Akagi." 
Sua face agora não demonstrava emoções, mas por um breve momento, Ritsuko pensou ter visto surpresa. Tinha sido aquilo uma amostra real de emoção, ou somente um truque da sua imaginação, como aqueles breves momentos nos quais ela pensou ter visto amor seus olhos ao dividir a sua cama? 
Ela saiu das sombras e ficou ao lado de uma das muitas piscinas de LCL. As piscinas se ligavam, compondo a forma da Árvore de Sephiroth. 
"O que você está fazendo aqui?" 
Uma de suas mãos estava agora no bolso da jaqueta, sem dúvida agarrando a arma que ele tinha ali. 
"Apenas terminando o trabalho que comecei." 
Dessa vez, o choque na face dele foi real. Claramente, dizia respeito a Rei... 
"Você matou Rei?" ele perguntou, com um toque metálico na sua voz. 
Ritsuko sorriu gentilmente. 
"Isso iria arruinar os seus planos, não iria? Cortar os fios da boneca te deixaria sem nada, e todos os seus sacrifícios teriam sido em vão." 
Mesmo quando os olhos do Comandante se afilaram levemente, o pequeno e sereno sorriso da doutora não mudou. Nenhum dos dois falou por alguns momentos, o barulho suave do LCL preenchendo o vazio entre eles. 
"Não, eu não a matei. Por mais que eu quisesse eliminar a boneca que você escolheu no meu lugar. Eu matei todas as outras, mas... não, eu não tirei a vida dela." 
Então, o sorriso da doutora cresceu, mostrando de relance os dentes. 
"Pela segunda vez, eu lhe dei a vida." 
O Comandante Ikari não se moveu enquanto considerava todas as ramificações das palavras da doutora. 
"A limpeza de memória," ele finalmente disse, não como uma pergunta, mas uma simples afirmação de um fato. 
"Eu a libertei. Uma vingança mais apropriada e um modo de aliviar a dor que você causou ao seu filho. Usar hipnose e drogas para trancar as experiências de Rei com o seu filho tinha a vantagem de ganhar tempo, enquanto Rei pudesse manter a sua habilidade como piloto e ser programada para obedecer você. Uma limpeza de memória, em tão pouco tempo, poderia, afinal, deixá-la no estado de um bebê recém-nascido. Mas tinha uma falha. Toda tranca de uma chave..." 
Embora ela esperasse por algum sinal de raiva de Gendou, nenhum veio. Mesmo assim a doutora continuou com aquele pequeno sorriso. 
"Eu destranquei o bloqueio de memória! Bem fácil se foi você mesmo que o colocou para começar. Eu só tinha que dizer algumas palavras-chave. Como é para o manipulador perder a sua boneca?" 
Olhando para o teto escuro, a sua mente olhava em direção ao MAGI. "Eu dei a vida de volta a uma criança, mãe. Mãe... é isso que significa dar à luz?" 
"Onde está ela?" 
A Dra. Akagi resmungou. Eram tão pouco importantes, os pedidos dele. Ele provavelmente a mataria, mas ela estava protegida pelo seu casulo, nada poderia machucá-la... 
"Provavelmente procurando pelo seu filho. Não precisa ir atrás dela. Ela não obedecerá mais a você. Você perdeu." 
"Quem disse que eu precisava que ela agisse de vontade própria?" 
Sua voz atingiu Ritsuko com uma força tão grande que ela sentiu como se ele tivesse atirado nela com as palavras. Olhando para baixo ela olhou para ele com horror. 
"Ela se matou para proteger a Terceira Criança. Se a vida dele for ameaçada de novo, ela vai fazer o que eu mandar." 
Ritsuko simplesmente não podia acreditar no que ouvia. 
"Eu não posso acreditar que você seja tão sem coração." 
"Eu estou próximo demais do meu objetivo para ser impedido agora." 
A Doutora se arrepiou. Ele estava falando sério. 
Ele finalmente puxou a sua arma. 
"Sinto muito, você poderia interferir de novo." 
As suas palavras seguintes foram proferidas suavemente, somente para os seus ouvidos naquele lugar isolado. 
A tensão passou pelos ombros de Akagi Ritsuko, deixando para trás uma estranha sensação de paz. "Mentiroso." 
O som de um tiro estourou na sala escura e Akagi Ritsuko caiu em uma das piscinas de LCL. Ikari Gendou olhou o corpo por um momento, então saiu à procura da chave para seus planos. 
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Parte 2: Escapada 
Tudo aconteceu muito rápido. Tão rápido que de fato eu só entendi o que estava acontecendo quando tudo já tinha acabado. Meu cérebro recebeu os dados, mas congelou por um momento, antes de analisá-los. 
Eu ouvi o barulho de um tiro, mas não registrei imediatamente o fato de que se eu pude ouvi-lo, significava que eu não estava morto. Então, houve outros tiros. Eu mal tinha aberto meus olhos e vi um homem morto bem na minha frente e, então, eu olhei à direita para ver Misato segurando um soldado contra a parede e apontando a arma sob o seu queixo. O terceiro soldado estava da mesma maneira que o primeiro: morto, estirado no chão. 
"Também não é pessoal." 
Dito isso, Misato apertou o gatilho. Eu olhei horrorizado a parede atrás do homem ficar manchada de vermelho enquanto o seu corpo sem vida escorregava e caía no chão. Eu nunca tinha visto Misato ser tão fria antes. Era um lado dela... que me assustava. 
"Você está bem, Shinji?" 
Não havia preocupação em sua voz. Seus olhos eram gélidos. 
Eu olhei em volta. Havia corpos por todos os lados. Sangue na parede e no chão. Eu olhei para o homem de preto e para o cozinheiro que tinham dado suas vidas para me proteger. Repentinamente eu me senti enjoado e vomitei. Acho que eu não deveria ter almoçado afinal. 
"Você está bem?" 
Eu senti uma mão em meu ombro e olhei para cima para ver Misato olhando para mim, dessa vez obviamente preocupada. 
"Na verdade não... mas eu não estou machucado se é o que você quer saber..." 
Mesmo que ela parecesse com a Misato que eu conhecia, a imagem dela matando um homem a sangue frio tinha me chocado muito. 
"E a sua perna?" 
Agora que ela tinha mencionado, realmente doía e havia algum sangue nas minhas calças... 
"Levante as calças pra eu dar uma olhada." 
Ela tinha aquele olhar de novo. A guerra fazia isso com as pessoas? 
Ela me ajudou a me levantar e eu fiz o que ela falou. O ferimento era superficial e não estava sangrando muito. Ainda assim, Misato insistiu eu fazer um curativo. Eu quase vomitei de novo ao vê-la rasgar um pedaço da roupa de um dos corpos para fazer um curativo temporário. 
"Bem," disse Misato quando eu coloquei as calças no lugar, satisfeita com seu trabalho. "Vamos lá. Para a Unidade-01." 
Eu removi o coldre do meu ombro e segui a liderança de Misato, mais porque eu não pudesse agüentar ficar ali do que porque eu quisesse segui-la. 
* * * 
Por longos minutos, eu me deixei guiar por Misato. Eu segui cada uma das suas ordens cegamente, nem mesmo tentando ver se elas faziam sentido ou não. Eu acho que eu ainda estava sob o choque do que eu tinha acabado de passar. Francamente, eu acho que ver as pessoas matando umas às outras é bem mais horrível e perturbador do que enfrentar um monstro do tamanho de um prédio. Pelo menos, um monstro é um monstro, não um ser humano como você. O fato de que eu freqüentemente tinha que andar sobre corpos caídos enquanto seguia Misato provavelmente não ajudou a minha saúde mental de nenhuma maneira. 
Finalmente, nós chegamos a um dos estacionamentos do QG. Alguns corpos no chão atestavam que aquele lugar já havia sido "limpo". Por essa razão, estava praticamente deserto. Nós só vimos um guarda, que Misato matou assim que viu. Nós esperamos por um minuto e como o tiro não atraiu nenhum outro soldado, Misato me arrastou para perto do corpo fresco. Eu olhei enojado enquanto Misato revistava o corpo e pegava um rádio. Um pouco do sangue do homem estava nele. 
Arrastando-me entre dois carros, Misato me disse para sentar e então colocou os fones de ouvido do rádio. Ela ouviu por algum tempo, sua expressão ficando cada vez mais tensa, alguns xingamentos saindo de seus lábios de vez em quando. 
"Isso é mau," disse ela finalmente, ao remover os fones de ouvido. "Eles estão cortando todas as rotas de acesso entre você e a Unidade-01." 
Finalmente, em relativa calma, eu encontrei a força para fazer uma pergunta que estava me torturando. 
"Misato-san... por quê... por que você quer tanto me levar para a Unidade-01?" 
"Você estará seguro dentro dela. Nós já colocamos Asuka dentro da Unidade-02. Ela pode ficar ali por um longo tempo, você deve saber disso. E... a Unidade-01 é a nossa última esperança." 
"Você quer que eu lute, não é?" 
Misato considerou a pergunta por um momento e assentiu. 
"Eu não quero machucar mais ninguém..." 
"Eu sei, Shinji... mas se você não nos ajudar, vamos todos morrer. Eu não estou pedindo que você saia e mate todos eles. Apenas mantenha-os longe do QG. Bloqueie eles com o seu campo AT. Se você puder, inutilize os veículos deles. E se tivermos sorte, a visão da Unidade-01 por si só já será o suficiente para manter a JSDF longe." 
Bloqueá-los e espantá-los para longe. Não parecia tão ruim. E se eu pudesse fazer aquilo... as pessoas parariam de matar umas às outras." 
"Eu... eu acho que posso fazer isso..." 
"Se pudermos encontrar Rei, nós vamos tentar mandá-la para a Unidade-02. Então ela poderá assumir." 
"Sim..." 
Eu podia imaginar que Ayanami não hesitaria em lutar com nossos inimigos. 
Eu fiquei um pouco preocupado quando vi a face de Misato ficar ainda mais séria. 
"Há mais uma coisa, Shinji. Há... há uma chance de que eles usem os Mass Production Eva contra nós. Até onde eu sei, pode haver até nove deles. Você tem que tomar cuidado..." 
Eu engasguei. 
"Nove EVAs!" 
Nove EVAs. EVA... isso também significava... 
"Eu sei o que você está pensando. Não se preocupe, não tem como eles terem treinado nove pilotos tão rápido. Eles vão usar os dummy plugs. Lembre-se do que Ritsuko disse, as coisas nos dummy plugs são apenas bonecas. Eles não têm alma. Não hesite." 
Eu me lembrei. A sala do dummy plug. Todos aqueles clones de Ayanami... 
"Eu... eu entendi." 
"Vamos." 
Eu assenti. Eu não estava muito certo de que queria fazer aquilo, menos ainda se estava pronto para fazê-lo, mas eu não tinha escolha. 
"Mas que diabos?! Aqueles malditos filhos da puta!" 
Eu congelei quando Misato se perdeu num mar de insultos. Eu levei algum tempo para entender o porquê. 
Nós estávamos na frente dos restos queimados de um carro. Eu tentei ignorar o corpo fumegante que estava em cima dele. 
Uma placa que estava presa na parede atrás do carro dizia: "Major Katsuragi Misato" 
Obviamente, estava bem na frente do carro quando um soldado da JSDF tentou explodi-lo. O carro explodiu junto... se a situação não fosse tão ruim, eu teria tido uma explosão de risadas pela falta de sorte de Misato. 
Ainda xingando, Misato me arrastou para outro carro esporte azul. Ela então quebrou uma janela e nós o "emprestamos". 
* * * 
Misato estava descontroladamente (ou no caso dela, normalmente) dirigindo através do estacionamento, nem mesmo se esforçando para evitar os corpos que ela ocasionalmente atropelava, quando de repente eu pensei que era o fim do mundo. Mais precisamente, nós sentimos um grande terremoto, forte o suficiente para Misato perder o controle do volante e bater em um carro estacionado. Se eu não estivesse com o cinto de segurança, eu poderia ter me machucado bastante. 
"O que... o que foi isso?!" 
"Ah merda!" Misato respondeu antes de pegar o volante e voltar a dirigir, rápido como se sua vida dependesse daquilo. Os freios gritaram quando ela parou no que parecia um elevador de carros, a centímetros da parede. Eu acho que Misato disse alguma coisa, mas eu não prestei atenção... eu estava simplesmente feliz por não ter molhado as calças. Misato saiu correndo do carro, passou seu cartão num leitor à direita do elevador e, quando este começou a descer, ela voltou correndo para o carro. 
"Coloque a cabeça entre os joelhos e segure firme, essa vai ser uma viagem e tanto!" 
Eu fiz como ela mandou e fiquei feliz por isso ao sentir o QG inteiro ser chacoalhado por outro terremoto. Eu sabia melhor dessa vez, no entanto, pois eu podia claramente ouvir o barulho de uma explosão. Ou então de inúmeras explosões. 
"Meu Deus! O que está acontecendo?!" 
O carro estava chacoalhando tanto que eu comecei a me perguntar se o elevador não cederia e se nós não cairíamos no fundo do... onde quer que estivéssemos indo... 
Então tudo parou e nós continuamos a descer vagarosamente. 
"Eu acho que a primeira foi uma mina N2. Acho que os malditos explodiram o que sobrou de Tokyo-3. Nós realmente não tivemos tempo de consertar a blindagem depois da explosão da Unidade-00, então eles provavelmente conseguiram entrar." 
"Uma mina N2! Mas... deve ter matado milhares de pessoas!" 
"Eu espero que não. A cidade foi evacuada..." 
Ainda assim, o seu silêncio sugeria que havia provavelmente um grande número de mortes. 
"A segunda vez foi sem dúvida um ataque aéreo direto contra o próprio QG da NERV. Se este lugar não tivesse sido construído para resistir a ataques de Anjos, nós provavelmente estaríamos mortos agora." 
"Meu Deus... isso é tudo tão louco..." 
"É." 
Repentinamente, o elevador parou, indicando que nós tínhamos chegado ao nosso destino. Misato saiu do carro e passou o seu cartão para abrir duas portas de aço reforçado na nossa frente. Elas se abriram para revelar uma passagem pouco iluminada. Misato voltou para o carro e avançou. Quando entramos pela passagem, eu engasguei. Era enorme. 
"Este lugar é grande o suficiente para um Eva ficar em pé." 
Misato assentiu. 
"Esse túnel de acesso passa por toda a NERV. Foi construído para movimentar o EVA caso as catapultas parassem de funcionar. Se o Novo Anjo tivesse entrado no Geofront ao invés de tentar derreter o que estava no caminho, você teria usado essa passagem. Normalmente, eu não teria acesso a esta parte do QG, mas... alguém que eu amei me deixou um presente de despedida..." 
Misato manteve um olhar distante, mas eu sabia mencionar aquilo era difícil para ela. Alguém que ela amara... Kaji. 
"Vamos para a Unidade-01," eu disse a ela, tentando me espelhar na sua coragem. Ela assentiu e nós fomos em direção às profundezas da NERV. 
* * * 
"Por que eles estão nos atacando?" eu perguntei enquanto Misato dirigia. 
Eu estava tentando acertar o rádio do carro na freqüência de emergência da NERV. Eu sabia que tinha feito direito, mas ele simplesmente ficava em silêncio. Misato disse que provavelmente isso aconteceria porque a JSDF estaria escutando a todas as freqüências e o pessoal da Central de Comando não a usaria. 
"Eu acho que eles querem o EVA para eles próprios. Eles provavelmente são apenas marionetes, manipuladas sem nem mesmo perceberem." 
"Manipuladas? Por quem?" 
"As pessoas que criaram a NERV. O Comitê. SEELE. Nós derrotamos os Anjos, então agora eles precisam se livrar de nós, já que a NERV é o único obstáculo no caminho deles." 
"O que... o que eles querem?" 
"Eles querem o Terceiro Impacto. Não pelos Anjos, mas com a Série EVA. O Segundo Impacto quinze anos atrás foi causado por humanos, por eles, de propósito. O dano foi minimizado porque Adão se tornou um ovo, antes que os Anjos despertassem. Shinji, nós, humanos, assim como Adão, nascemos de uma forma de vida chamada Lilith, a fonte de todas as criaturas vivas. Você a viu quando lutou com Tabris. Nós somos o décimo oitavo Anjo. Os outros Anjos eram outras possibilidades do que os humanos poderiam ter se tornado. Escute, Shinji. Destrua todos os EVAs. Essa é a única maneira de manter você e os outros a salvo. Shinji, você precisa..." 
Misato foi interrompida repentinamente quando o rádio repentinamente tomou vida, graças à maravilhosa voz de Maya. Suas palavras eram ainda mais maravilhosas. 
"Meu Deus! A Unidade-02 foi reativada! Asuka... Asuka acordou! Ela está bem! Ela está pilotando o EVA!" 
Misato e eu engasgamos. Asuka! Asuka estava bem! E ela estava pilotando o EVA! 
Misato agora sorria enormemente. 
"Acho que as nossas chances melhoraram. Vamos nos apressar, eu tenho certeza que ela vai precisar da ajuda." 
Esquecendo o conceito de segurança, Misato levou o carro ao seu limite. Quase parou depois de um minuto. Ela dirigia vagarosamente, procurando alguma coisa, antes de finalmente apontar para um pequeno par de portas. 
"Vamos." 
Nós tínhamos acabado de sair do carro quando novamente ouvimos Maya através do rádio. 
"É... é impossível! Nove EVAs acabaram de ser lançados sobre o Geofront e estão descendo devagar, cercando a Unidade-02..." 
"Merda!" 
Misato pegou o telefone celular e apertou um telefone parecido com o que eu tinha visto o cozinheiro discar antes, no escritório da cozinha. 
"Makoto. Passe a minha ligação pra Unidade-02. Agora!" 
Com a sua mão livre, Misato passou o cartão num leitor e silenciosamente me levou a entrar pelas portas agora abertas. Ela me seguiu para dentro de um pequeno elevador. Logo, nós estávamos subindo e Misato estava falando com Asuka. 
"Asuka, você tem que destruir esse grupo de EVAs. Shinji vai chegar pra te ajudar em instantes. Se esforce." Ela então terminou a ligação e pressionou o botão de rediscagem. "Eu de novo. A Unidade-01 pode usar a saída 20? Excelente." 
Ela fechou o telefone e o colocou na jaqueta. Ela então olhou para mim e sorriu. 
"Você vai estar com ela logo." 
A idéia seria reconfortante se eu não soubesse que Asuka agora estava sendo forçada a lutar em uma batalha na qual ela estava em desvantagem de nove contra um. 
* * * 
"Aqui está." 
Nós estávamos em frente a uma porta aberta. Acima dela, eu podia ver a designação 'Elevador de Emergência R-10-20'. Mesmo embora nós corrêssemos, tinha levado um minuto inteiro para chegarmos ali. Um minuto. Considerando que Asuka estava arriscando a sua vida lá fora, era uma quantidade insuportável de tempo. 
Estávamos a ponto de entrar quando subitamente balas começaram a voar à nossa volta. Antes que eu pudesse reagir, Misato me agarrou e nós corremos para dentro da sala. Tão rápido quando possível, Misato pressionou um botão que fechou a porta atrás de nós. Bem a tempo de ouvirmos uma explosão. Então, Misato deixou-se cair contra a parede e escorregou até o chão. Nós não tínhamos corrido muito, mas ela parecia muito fraca. 
Será que ela tinha sido atingida? 
"Eu acho que vamos ficar bem por um momento... você está bem, Shinji-kun?" 
"Misato-san... você está ferida..." 
Ela tentou me dar um sorriso reconfortante. Não teve muito sucesso. 
"Não é nada sério... só um arranhão... não vai me matar." 
Lentamente, ela se esforçou para se levantar. Para um arranhão, parecia doer demais. Ela se curvou na direção de duas portas nomeadas como R-20 e pressionou um botão. Elas se abriram para revelar um elevador. 
"Ótimo. A força ainda está ligada. Vai funcionar." 
Ela então olhou para mim, seus olhos sérios, mas sua face limpa e tranqüila. 
"Ei, Shinji... a partir de agora, você está por sua própria conta. Você vai ter que tomar as decisões por si mesmo agora." 
Ela não estaria querendo dizer... 
"O que...? Eu não entendo... você não vem comigo?" 
Ela balançou a cabeça negativamente. 
"Mas você não pode ficar aqui..." 
"Eu... eu... eu tenho que ficar para ter certeza que ninguém te siga..." 
"Mas os soldados..." 
"Eles não vão me pegar." 
"Não." 
Seus olhos se arregalaram quando eu disse essa simples palavra. 
"Eu não vou se você ficar." 
Por alguns segundos, Misato pareceu pensar, então assentiu. 
"Tudo bem." 
Ela não me seguiu, no entanto. Em um movimento rápido, ela me empurrou para o elevador. Eu a vi, sorrindo para mim, antes que as portas do elevador se fechassem. Não demoraria muito para chegar ao fim da viagem. Nem mesmo um minuto. Quando o elevador parou e a porta se abriu, eu senti o chão tremer e ouvi o som de uma grande explosão. Uma explosão muito próxima. 
"Não... não... NÃO! Misato-san!!!!" 
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Segundo Interlúdio: Aquela que ficou para trás 
Katsuragi Misato remoia a dor enquanto se apoiava numa parede. Embora o seu ferimento não fosse letal, ela mentira para Shinji; ele a mataria. Essa era a razão pela qual ela ficara; se ela seguisse em frente, ele ficaria preocupado demais e esqueceria tudo sobre os EVAs só para tomar conta dela. Ela suspirou. Seu braço esquerdo estava inutilizado e o direito estava ocupado tentando diminuir a perda de sangue. E pior ainda, havia um número desconhecido de soldados da ONU, só a alguns metros dali, provavelmente prontos para atacar a qualquer momento. 
Ela estava quase morta. Seu corpo apenas não tinha percebido isso ainda. 
Ela sentiu as lágrimas descendo por sua face. 
Fechando seus olhos, ela se deixou escorregar lentamente até o chão. Ela não conseguia parar as lágrimas. Ela morreria, junto com o bebê de Kaji. 
Ela nunca seria uma mãe afinal... 
Pelo menos Shinji estava seguro... por enquanto. 
"Shinji..." 
Ela esperava que ele estivesse bem. E ela esperava que Asuka também estivesse bem. Nove contra um... as chances estavam contra ela, mesmo que ela fosse uma excelente piloto. 
"Eu espero que você chegue lá a tempo, Shinji..." 
De repente, ela ouviu o som de uma explosão. A ONU tinha provavelmente decidido explodi-la de uma vez. Era isso. 
Mas ela não morreu. 
Levou alguns segundos para que ela percebesse isso. Surpresa, ela abriu seus olhos, para ver uma forma familiar, hexagonal e amarela, na sua frente, protegendo-a como uma parede de fogo. 
Um Campo-AT! 
Olhando diretamente para ela, percebeu que Rei estava ali, completamente nua, um olhar de preocupação em sua face. Preocupação? Será... que... suas memórias tinham voltado? 
"Rei...? Como...?" 
"Você não parece bem, Major." 
"Rei... o que... o que você está fazendo aqui?" 
"Eu senti a presença de Shinji." 
'Shinji', ela disse. Então ela lembrava! 
"Ele foi para a gaiola da Unidade-01..." 
"Então o destino dele está nas mãos dela." 
Ela? Ela queria dizer... a mãe de Shinji... Yui? 
"Nós devemos ir," disse a garota ao indicar com a mão que as chamas tinham diminuído. 
"Não podemos." 
"Você precisa de cuidados médicos." 
Tristemente, Misato balançou a cabeça. 
"Eles vão atirar em nós assim que nos virem, Rei." 
"Não, eles não vão," retrucou a garota, com um sorriso confiante aparecendo em seu rosto. 
Nunca antes Katsuragi tinha visto tal expressão naquele rosto. Dolorosamente, ela se levantou, então sorriu para a garota. 
"Está bem, Rei, eu confio em você. Me mostre o que você pode fazer." 
Seu sorriso diminuiu, no entanto, quando Rei mostrou o duto de ar que usara para chegar àquela sala. Claramente, ela queria tomar a mesma rota para fora... do pouco que restara da sala. Misato gemeu. Essa seria uma escapada bem dolorosa... 
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Parte 3: Ódio 
Eu estava sentado, abraçando a mim mesmo como uma bola, num canto do elevador. Eu rezei para acordar daquele pesadelo. Tinha que ser um pesadelo. Tinha que ser... 
'Me chame de Misato. Prazer em conhecê-lo, Shinji-kun.' 
Misato-san. 
'Shinji-kun, este é o seu lar!' 
Ela me aceitou dentro do lar dela. Não. Dentro da vida dela. 
'Você fez algo admirável hoje. Você pode ter orgulho de si mesmo. 
Ela acreditou em mim quando outros não o fizeram, incluindo eu mesmo. Ela sempre esteve ao meu lado para me ajudar. 
'Eu não sou o tipo de pessoa que pode viver com um estranho só por simpatia, ou porque é meu trabalho.' (1) 
Juntos, tínhamos sido como uma família. Ela tinha sido mais que uma guardiã ou oficial comandante. Mais que uma amiga. Ela tinha sido como... uma mãe. E novamente, eu a... perdi... 
Eu perdera a única família que me restara. 
'De alguma forma... tudo vai ficar bem, Shinji... eu prometo...' 
Não estava bem... não estava. As coisas ficavam cada vez piores... e piores... 
'Você acha que você não tem mais esperança, mas você está errado. Nem tudo está perdido...' 
Mentirosa... mentirosa... MENTIROSA!!! Por quê?! Por quê?! Por que ela tinha que morrer?! POR QUÊ?! 
Eu estava chorando, as lágrimas finalmente abrindo caminho. Só meio minuto tinha passado, mas... tinham parecido anos. Anos cheios de dor e sofrimento. 
Eu devo ter ficado ali, ou chorando ou estático, por muito tempo, mas uma voz cortou a sombra da confusão e da tristeza como uma faca. 
"Droga! Baka-Shinji! Mexa esse seu traseiro roxo aqui pra cima pra eu poder te espancar!!! Scheiße!" (*) 
Por alguns segundos, todos os pensamentos sobre Misato foram esquecidos. Asuka? Por alguma razão, eu percebi que podia ouvir o que estava acontecendo pelos alto-falantes daquela sala. Então eu me lembrei do *quê* estava acontecendo. Da batalha que Asuka estava lutando lá fora. O porquê de Misato ter me mandado ali. 
Misato... 
'Mesmo que todos os Anjos tenham sido destruídos, eu sinto que esta guerra ainda não acabou. A Humanidade ainda pode depender de você, Shinji. Então nós precisamos que você seja forte e você precisa ser forte por si mesmo, bem como por aqueles que você ama.' 
Forte... 
'Escute, Shinji. Destrua todos os EVAs. Essa é a única maneira de manter você e os outros vivos.' 
Destruir os EVAs. Esse fora o desejo de Misato. Seu último desejo. Era a razão pela qual ela sacrificara a sua vida. Eu me levantei, com as mãos se fechando em punhos. As lágrimas ainda corriam, mas eu me esforcei para ficar de pé. 
Eu seria amaldiçoado se o sacrifício de Misato tivesse sido em vão. 
Eu pilotaria a Unidade-01 mais uma vez e acabaria com tudo aquilo. 
Toda a esperança que me restava morreu na minha frente. Baquelite. Por todo lado. Bloqueando o acesso ao entry plug. 
"Não... não... não! Não é justo! Não é justo!!!" 
Chegar até aqui, perder tudo que eu amava... por isso! Kaji morto... por nada! Rei se fora... por nada! Eu matara Kaoru... só para que isso pudesse acontecer! Misato se sacrificara... para que eu pudesse ficar sentado a menos de dez metros da Unidade-01 sem fazer nada!!! 
Eu estava pronto para desistir e então eu ouvi Asuka novamente. 
"Eu vou definitivamente vencer! Mamãe está me assistindo!" 
Mamãe. Mãe. 
"Mãe! Mãe! Por favor! Me ajude! Me ajude..." 
Meus pedidos não ficaram sem resposta. Nós nunca poderíamos descobrir exatamente o quanto minha mãe estava consciente do que estava acontecendo fora do EVA. Mas parecia que, quando dizia respeito a mim, minha mãe, ou a Unidade-01, parecia ter um certo grau de consciência. Isso no entanto não foi algo em que pensei muito. 
A baquelite e os limitadores se quebraram e um braço gigante, verde e púrpura, emergiu para bater na parece onde eu estava. Agindo por reflexo, eu fechei meus olhos. Eu tinha certeza de que ia morrer. Mas quando alguns segundos tinham se passado, eu cheguei à conclusão de que não estava morto, então abri meus olhos. A mão da Unidade-01 estava à minha volta. Então eu percebi o que ela tinha tentado fazer. Se eu subisse pelo braço, havia uma passagem que eu poderia alcançar. Eu não parei para pensar que se eu escorregasse e caísse, eu provavelmente morreria. Eu comecei a escalar com uma velocidade que somente um lunático teria. 
Eu tinha falhado com tanta gente, tanta gente tinha sido ferida ou até mesmo morrera por minha causa. 
Eu não deixaria aquilo acontecer com Asuka. 
* * * 
Seu grito. Eu o ouvi muito bem. Eu ainda o ouço algumas vezes nos meus pesadelos. Asuka tinha sido ferida. Muito. 
E eu não estava lá. 
Eu me concentrei ao máximo para não esquecer a tarefa que eu tinha que desempenhar. 
Entrando no entry plug, eu entrei com os comandos para ativação manual. Logo, o controle básico estava ativado e eu não perdi tempo ao fechar a escotilha e entrar com o comando para inserção do plug. Uma vez lá dentro, eu imediatamente senti a conexão. Nunca tinha sido assim antes. Parecia... como uma carga de energia. Quase me sobrecarregou. Mas eu também me senti incrivelmente bem. 
Com um urro grave e gutural, a Unidade-01 se ativou. Uma grande parte do QG explodiu. No centro da explosão estava a Unidade-01, flutuando, duas asas de luz dourada abertas. Para muitas testemunhas, parecia com um demônio que tinha acabado de escapar do inferno. 
Eu abri meus olhos e vi uma cena que provavelmente vai me assombrar para o resto da minha vida. Eu vi nove EVAs brancos, circulando o que havia sobrado do QG. E em suas mãos, ou ainda pior, suas bocas, os restos do que uma vez tinha sido a Unidade-02. 
"NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!!!!!!!!!" 
Eu acho que perdi parte de minha consciência naquele momento. Ainda assim, meus pensamentos estavam claros como cristal. 
Mãe. 
Pai, junto com minha mãe. 
Kaji. 
Rei. 
Kaoru. 
Misato. 
E agora Asuka. 
Asuka!!! 
Todos aqueles que tinham significado alguma coisa para mim, todos aqueles que eu amei... todos eles estavam mortos. Eu não tinha nada, nada mais. Nada para esperar. Nenhuma esperança. 
Não. Eu estava errado. Eu tinha alguma coisa sobrando, uma razão a mais para continuar vivo, mesmo que fosse apenas por alguns minutos. 
Vingança! 
"Morram... morram... morram... morram! Morram! Morram!! Seus monstros! Vocês mataram Asuka! Eu vou matar vocês! Matar vocês! EU VOU MATAR TODOS VOCÊS!" 
O EVA soltou um rosnado alto e furioso quando eu gritei essas palavras. Eu me abri totalmente para o EVA e nós nos tornamos um só. Dessa vez, no entanto, eu estava em absoluto controle e embora eu mal estivesse ciente disso, eu sabia que dessa vez o meu corpo não tinha sido consumido pela besta. Depois eu soube que eu tinha alcançado uma taxa de sincronia estável a 99,9999999%. (2) 
Nós nos deixamos flutuar para baixo até o chão e quando o alcançamos, levantamos nossa mão e a abaixamos furiosamente, como se estivéssemos tentando atingir o ar à nossa frente. Bem acima, as formas hexagonais de dois Campos-AT apareceram, e então pareceram explodir. Um dos EVAs inimigos explodiu numa erupção de sangue e caiu no chão bem à nossa frente. Um outro teve suas asas e partes de sua armadura arrancados fora, e também caiu. Dessa vez, nós soltamos um rugido de selvagem satisfação, porque dois de nossos alvos estavam agora jogados no chão, fora de ação. Nós lentamente nos aproximamos daquele que estava mais próximo. O dano havia sido grande mas o EVA ainda funcionava. No entanto, Asuka tinha aparentemente cortado esse EVA até a cintura, então tudo que ele podia fazer era esperar que suas asas se regenerassem o suficiente para que ele pudesse fugir voando. Nós não lhe demos a chance, pegando ambas as asas e arrancanmo-as fora. Nós então agarramos um braço e puxamos, arrancando-o fora também. Nós poderíamos ter brincado mais um pouco com ele se a voz de Makoto não se tivesse feito ouvir através do comunicador. 
"Shinji-kun! Tome cuidado! Esses EVAs não são como EVAs comuns. Eles podem se regenerar e se reativar mesmo que pareçam mortos." 
Eu tinha adivinhado isso. Asuka tinha causado a eles uma grande quantidade de dano. Mas eles ainda se moviam. Então essas coisas eram quase como Anjos. E havia somente uma maneira de destruir um Anjo... 
Não perdemos tempo arrancando o resto da armadura daquele EVA. Então vimos. Um globo vermelho escuro. O motor EVA S2. Nós o seguramos firme em silêncio. Com um som horrível de rasgo, o motor S2 saiu. Ele brilhou por um segundo, e então morreu, quase negro. A Unidade-01 ergueu uma mão cheia de sangue e rugiu. 
Nós provavelmente teríamos ido em direção ao próximo EVA se não tivéssemos notado um objeto caindo em direção ao chão. 
Unidade-02! Ou, pelo menos, o que tinha sobrado dela... 
Depois de uma decisão num décimo de segundo, nós corremos até o seu provável ponto de impacto e saltamos no ar. Nós pegamos o torso da Unidade-02 e sua cabeça e em um movimento rápido os jogamos no lago em frente ao QG. 
Eu não tinha esperança real de que Asuka ainda estivesse viva. Mas o mínimo que eu podia fazer era ter certeza que seu corpo permanecesse intacto. Nada restou das mortes de minha mãe e de Rei. Provavelmente não haveria nenhum resto de Misato também. Eu não queria que no túmulo de Asuka houvesse um caixão vazio. 
Quando esses pensamentos cruzaram a minha mente, meu ódio cresceu. 
Com um rugido poderoso, a Unidade-01 correu até o outro EVA caído que estava agora se esforçando para se levantar em sua única perna, a direita. Um punho púrpura atingiu a sua cabeça com toda a força. Ela explodiu, criando um chuveiro de sangue, e caiu no chão. Mas isso provavelmente não era suficiente. A Unidade-01 colocou seu pé nas costas do EVA e apertou com força. As placas de armadura cederam à pressão. Agora eu podia ter certeza de que ele não se levantaria. Isso era um EVA, então destruir sua fonte de força não era a única maneira de pará-lo. Destruir seu entry-plug serviria igualmente bem. 
Eu berrei quando de repente senti uma dor aguda em meu peito, diferente de tudo que eu já sentira na vida. Eu cospi algum sangue e quase desmaiei. 
'Cuidado.' 
Mãe? 
Eu ouvi essa palavra em minha mente e ergui minha cabeça para ver uma lança vindo em nossa direção. Nós mal desviamos dela. Eu então percebi que uma lança semelhante estava atravessada no peito da Unidade-01 e saía pela parte baixa das suas costas. Ela quase tinha nos prendido ao chão. Aparentemente, eles tinham decidido atacar de sua posição no ar. Pegando a lança com ambas as mãos, nós puxamos. Eu gritei e senti algum sangue em minha boca enquanto a lança era vagarosamente retirada do corpo da Unidade-01. Nós tivemos que interromper o processo doloroso, e evitamos por pouco outra lança. Rapidamente, nós agarramos a lança novamente e a puxamos em um último e doloroso movimento. Então, apesar da dor, nós a jogamos em direção a um dos EVAs que voavam. Ele foi atingido bem no centro e eu fiquei surpreso ao vê-lo explodir, atingindo outros três EVAs na explosão e jogando-os para o chão. Aparentemente, eu tinha sido sortudo o suficiente para atingi-lo exatamente onde estava seu motor S2. 
Nós pegamos uma das lanças que haviam sido jogadas em nós. Quando a pegamos, ela mudou de uma lança simples para uma lança familiar, de duas pontas. Rei usara uma lança similar contra o Décimo Quinto Anjo. 
Ignorando a dor, nós atacamos o Evangelion mais próximo. Asuka o havia danificado muito, e ele estava sem um braço e sua cabeça estava pendurada, seu pescoço aparentemente quebrado. Nós não lhe demos chance de se preparar para luta. Em um movimento, nós usamos a lança como uma espada e cortamos sua cabeça fora. Ele caiu violentamente no chão. Nós apoiamos nosso pé em seu peito e o esmagamos, até que eu tivesse certeza de que o entry plug nas suas costas tivesse sido destruído. 
Notando uma presença no limite extremo do meu campo de visão, eu vi um EVA nos atacando, tencionando nos atingir com sua lança. Nós bloqueamos o golpe, mas perdemos força no contato com a nossa arma. Aquele EVA mostrara grande força, considerando que ele tinha sido quase cortado ao meio abaixo dos ombros. Nós perdemos nossa arma, mas não importava. Com um rugido e toda a nossa força, nós o socamos abaixo do peito. Os dedos da Unidade-01, estendidos como garras, passaram reto por armadura e carne e a mão saiu do outro lado, segurando o motor S2. Nós deixamos o motor cair no chão e removemos nosso braço do EVA, deixando-o cair também. 
Eu então repentinamente percebi que os outros EVAs ou tinham aterrissado ou se levantado e estavam lentamente nos cercando. 
'Finalmente! Nós podemos tomar a ofensiva contra o Anjo!' 
'Que diferença isso faz?' 
'Baka! Todo mundo sabe que a melhor defesa é um bom ataque!' 
Asuka dissera isso durante o transporte até o Monte Asamayama, onde depois Asuka foi forçada a lutar com o Oitavo Anjo. 
'A melhor defesa é um bom ataque!' 
Puxando nossa faca progressiva, nós atacamos um dos cinco EVAs remanescentes. Sua cabeça era uma mistura de tecido semi-regenerado e ele tinha problemas em ficar de pé, o que sugeria que ele tinha levado dano nas costas também. Com um golpe, nós cortamos fora seu braço direito, que segurava uma lança. Ele tentou nos agarrar com seu braço remanescente e nós usamos essa proximidade para esfaqueá-lo nas costas, onde eu sabia que o entry plug estava inserido. O EVA parou e nós facilmente o jogamos no chão. Rapidamente nos abaixamos para pegar seu braço arrancado, que ainda segurava a lança, e tivemos que evitar uma série de ataques vindos de outros dois EVAs. 
Os outros estavam se aproximando rápido. 
Quatro contra um. Não eram boas chances... 
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Terceiro Interlúdio: Ajuda vinda das sombras 
"Começar operação." 
Parecia que ele tinha dito essas palavras anos atrás. Mas tinham-se passado apenas alguns minutos. Por um momento, pareceu que as coisas seriam fáceis. Asuka estivera indo muito bem contra as forças da JSSDF. 
Isto é, até que os nove EVAs da SEELE pousaram no Geofront. 
Mesmo então, por alguns momentos, parecia que Asuka conseguiria de fato destruir todos. Isso até que ela foi atingida por uma cópia da Lancea Longini. Sem força e presa ao chão, não havia nada que ela pudesse fazer para impedir os monstros brancos, enquanto eles se reativavam e lentamente se regeneravam. 
Kaji Ryouji tinha visto muitas coisas em sua vida, mas nada tinha parecido tão nauseante como a visão da Unidade-02 sendo devorada pelos EVAs brancos. Asuka não merecia um destino tão cruel. Lágrimas silenciosamente abriram caminho por seu rosto enquanto ele, impotente, assistia a luta do EVA sendo atingido pelas outras oito cópias da Lancea Longini, então destroçada pelas bocas famintas de seus adversários. Asuka era, afinal, quase como uma irmãzinha para ele. 
Ele então assistiu assombrado a aparição da Unidade-01 e a sua luta com os nove EVAs. O garoto estava lutando como um lunático, aparentemente não se importando nem minimamente com a sua própria vida. Apesar de tudo, Kaji sorriu. Shinji tinha percorrido um longo caminho... 
"Meu Deus! Isso é inacreditável!" 
"É claro," respondeu Kaji ao câmera ao seu lado, obviamente tanto excitado quanto temeroso pelo que estava filmando. "Eu te disse que você estaria filmando a História sendo feita." 
O homem já havia esquecido Kaji, tentando freneticamente filmar o máximo que podia. 
Kaji deu uma última olhada no EVA púrpura, então tentou se concentrar nos problemas que tinha a resolver. 
"Situação?" ele perguntou, tendo aberto seu telefone celular e discando um número agora familiar. 
"A invasão do MAGI está seguindo como previsto. Nova York estará logo sob nosso controle, e então o resto do mundo virá facilmente." 
Kaji sorriu. Aqueles tolos! Ao usar os outros cinco sistemas MAGI ao redor do mundo para assumir o controle do sistema da NERV, eles deixaram esses computadores virtualmente indefesos. Embora um sistema como o MAGI não tivesse nada a temer de um único hacker, Kaji gastara as últimas semanas juntando algumas das maiores, se não selvagens, mentes da ciência da computação. Usando todos os dados que ele tinha conseguido na NERV e na ONU, entrar nesses sistemas, em um estado tão fraco, era quase brincadeira de criança. 
Ritsuko poderia estar orgulhosa dele agora. 
"Nova York está sob nosso controle, bem como Moscow e China." 
"Ótimo. Proceda com os passos dois e três." 
O passo dois consistia em fazer o upload em escala mundial todos os dados que Kaji compilara sobre a NERV e a SEELE, bem como suas relações com a ONU, a JSSDF, os Anjos e o Segundo Impacto. O MAGI também assumiria o controle de todos os satélites de comunicação e transmitiria imagens em cada canal de TV possível. Logo, o mundo inteiro saberia do que acontecera e ainda acontecia em Tokyo-3. Ou no que tinha sobrado dela. 
O passo três consistia em rastrear os computadores da SEELE e buscar tantos dados quanto possível. Uma das esperanças de Kaji era que eles poderiam descobrir como a SEELE controlava a Série EVA Modelo 5 e encontrar uma maneira de pará-los. Mesmo que Shinji estivesse fazendo um bom trabalho por si só, ele ainda estava em desvantagem numérica. 
"Comunicação estabelecida com o sistema do alvo. Sistema do alvo atualmente em comunicação com o satélite em órbita." 
Kaji sorriu. Eles tinham uma chance! 
"Você pode confirmar que esse satélite seja usado para controlar remotamente os Evangelions do alvo?" 
"Confirmo." 
"Excelente. Envie códigos de ejeção." 
Havia apenas uma chance mínima que isso funcionasse. Se a SEELE tivesse mudado os códigos para os controles daquele modelo de EVA, esse plano falharia. Também era possível que a invasão do sistema da SEELE fosse detectada a qualquer segundo agora... 
Kaji quase gritou de alegria quando dois dos EVAs brancos pararam, seus entry plugs sendo ejetados. 
"Conexão com o alvo interrompida." 
Isso era esperado. Ainda assim, eles tinham conseguido parar dois dos EVAs remanescentes. E pelo que se ouvia num rádio que Kaji tinha "emprestado" de um soldado da JSSDF, aparentemente as ordens de invasão da NERV tinham sido anuladas. 
"Talvez eu tenha sido capaz de manter a minha promessa afinal de contas," pensou Kaji, ao lembrar de seu compromisso de proteger Misato e as Crianças a partir das sombras. 
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Parte 4: Escolha 
As coisas não estavam indo bem. Dois EVAs tinham conseguido nos segurar enquanto um terceiro estava prestes a enfiar sua lança bem no peito da Unidade-01. Por mais que lutássemos para nos libertar, os dois outros EVAs conseguiam sobrepujar a Unidade-01. 
Então, um milagre aconteceu. O EVA que estava prestes a nos matar parou de se mover por alguma razão e seu entry plug foi ejetado. Eu também senti o EVA que estava segurando meu braço direito perder força. Eu não tentei entender o que estava acontecendo; nós simplesmente agarramos o pescoço do outro EVA com a nossa mão livre e apertamos. Aquele EVA era uma visão bem feia, pois havia pontas de metal enfiadas na sua extremamente danificada cabeça. Asuka não tinha sido gentil com ele. E ele não ficou mais bonito quando seu pescoço de repente quebrou. Ele me largou e só precisou de um soco nas costas para ter certeza de que nunca mais incomodaria ninguém novamente. 
Agora, apenas um faltava. Ele estivera esperando a certa distância de nós. Se foi porque não era necessário ou simplesmente porque ele esperava ver o outro EVA nos matar, eu nunca soube. Não que eu me importasse. Ele só tinha sinais de dano moderado ao seu peito. Esse tinha sido provavelmente o último com quem Asuka lutara antes de ser finalmente vencida. 
Nós pegamos a lança que ameaçara nos matar alguns momentos antes e encaramos o Evangelion branco remanescente. Ele parecia olhar para nós. Nós levantamos a lança que estávamos segurando e a posicionamos firmemente à nossa frente. Nosso adversário levantou a sua assim como nós. A sua face, parecida com a de um réptil, parecia sorrir, zombando de nós. 
"Morra!" eu gritei enquanto a Unidade-01 rosnava. 
Nós fomos correndo em direção ao EVA branco. Ele correu contra nós. Lembrando agora, parece até clichê. A batalha final, dois inimigos atacando um ao outro, tentando matar um ao outro num golpe final. 
Os dois EVAs se cruzaram por uma fração de segundo, e pararam, alguns passos depois. Ambos ainda estavam de pé, não mais encarando um ao outro. 
O EVA branco então caiu para o lado, uma lança atravessada em seu peito, saindo pelas costas onde estava o entry plug. 
No cockpit da Unidade-01, minha mão foi até meu peito. Minha camisa estava vermelha de sangue. 
A mão da Unidade-01 fez o mesmo movimento. A lança do outro EVA tinha quebrado a armadura e ferido um pouco a carne. 
Nós tínhamos conseguido. Nós tínhamos destruído a Série EVA. Nós tínhamos vencido. 
Eu cospi um pouco de sangue. Agora que tinha acabado, eu podia sentir quão mal estava meu peito. Eu percebi quão difícil se tornara respirar. 
"Kaji... Rei... Misato... Asuka... acho que vamos nos encontrar logo..." 
Eu estava quase inconsciente quando senti o EVA sendo sacudido e uma dor aguda em um dos meus ombros. Meus olhos se arregalaram e eu vi... algo na minha frente. Era uma forma humanóide, feita de... luz branca? E estava crescendo lentamente, muito mais alta que um EVA. No centro de seu peito eu vi a forma familiar do núcleo de um Anjo. 
Chocado, eu reconheci as feições daquele ser de luz. Pai! 
O ser levantou uma mão e atirou um raio de luz com ela. Ele atingiu a Unidade-01 bem no meio do peito. Eu cuspi mais um pouco de sangue, antes que a dor finalmente me deixasse inconsciente. 
* * * 
Eu acordei lentamente sob um teto nada familiar. Um quarto de enfermaria. Eu lutei por um momento para manter meus olhos abertos, mas a luz machucava meus olhos e minhas pálpebras estavam muito pesadas. Eu me senti anestesiado novamente, e completamente desnorteado. Eu estava provavelmente sob o efeito de algum medicamento muito forte. Mas eu estava vivo. Como? 
Eu não pude realmente ponderar a esse respeito, pois o sono tomava conta de mim novamente. 
* * * 
Quando eu acordei novamente, eu me sentia um pouco melhor, embora não pudesse sentir todo o meu corpo. Suspeitei que ainda estava sob o efeito do sedativo. Isso não explicava, contudo, um leve desconforto que eu sentia toda vez que respirava. Parecia que... alguma coisa estava segurando meu peito muito forte, embora eu não pudesse ver nada que pudesse fazer isso. Eu me sentia limitado; eu podia respirar, mas não tanto quanto estava acostumado. Por um momento eu entrei em pânico, o que não ajudou em nada, mas acabei me acalmando quando percebi que as coisas não estavam tão ruins quanto eu imaginara. Só precisou de um pequeno esforço extra de minha parte. 
Eu olhei em volta. Eu estava obviamente num quarto de enfermaria, eu podia perceber isso pela aparência, se o monitor cardíaco e a agulha com uma intravenosa no meu braço não fossem evidência suficiente, mas ele não se parecia com nenhum dos quartos que eu visitara no QG antes. Era mais claro. Eu engasguei ao perceber que, ao olhar pela janela, eu podia ver o céu. 
Eu definitivamente não estava no QG. 
Havia um bom número de flores e plantas no quarto, o que dava um ar alegre ao ambiente. Em um buquê, eu podia ler as palavras "Melhore logo". Eu fechei meus olhos e respirei fundo. O cheiro era melhor do que o dos quartos em que eu estivera antes. Eu ainda estava olhando à minha volta quando ouvi alguém entrar no quarto. 
"Ah, então você finalmente acordou de vez." 
Eu engasguei, o monitor cardíaco disparando por um momento. 
Misato. 
Isso... isso tinha que ser um sonho... ou talvez fosse o paraíso. Eu tinha morrido e estava no paraíso. 
Mas se esse era o caso, porque ela carregava um dos braços numa tipóia? 
Se isso era o paraíso, eu fizera uma idéia errada do pós-vida. 
"Mi... Misato... Misato-san..." 
Eu podia sentir meus olhos ficando úmidos com as lágrimas. 
"Ah Shinji... tá tudo bem... tá tudo bem..." 
Ela correu para o meu lado e se curvou para me abraçar sem ficar no caminho de nenhuma das máquinas às quais eu estava ligado. 
"Não há motivo para chorar, Shinji. Tudo acabou agora. Graças a você, estamos bem." 
"Misato-san... eu pensei... eu pensei que você tivesse morrido..." 
Ela me encarou. Lágrimas molhavam seu rosto também. 
"Eu estou bem, Shinji. Eu te falei que aquele tiro não ia me matar." 
"Estou tão feliz..." 
Misato sorriu. 
"Me diga... o que aconteceu, Misato-san? Eu lembro de ter lutado com o último EVA. Então, apareceu aquela coisa... eu acho que ela me nocauteou..." 
"Você teve sorte que ele não tenha te matado. A explosão destruiu completamente a armadura do peito da Unidade-01." 
"O que era aquela coisa... eu... eu acho que vi meu pai..." 
"Aquela coisa era o Primeiro Anjo. Adão." 
"O quê?!" 
"Acho que é melhor te mostrar." 
Do bolso de sua jaqueta, Misato tirou um DVD. Ela foi até um canto do quarto onde havia uma televisão e um DVD-player e colocou o disco. (3) 
"Nós tivemos sorte de conseguir essas fotos de uma das poucas câmeras que restaram depois das duas minas N2 e do ataque aéreo da JSSDF." 
Na tela, eu vi meu pai. Um grupo de soldados da JSSDF o surpreenderam e atiraram nele assim que o viram. Eu odiava o homem. Ele fora uma fonte constante de dor, me machucando de novo e de novo. Ainda assim vê-lo morrer dessa maneira... sabendo que as minhas últimas palavras para ele haviam sido que ele era um maldito filho da puta sem coração... doeu. Lá no fundo, apesar de tudo, eu ainda tinha esperanças de que quando tudo estivesse acabado, nós teríamos uma última chance. Mas essa chance tinha sido negada. Eu me vi deixando uma lágrima abrir caminho pelo meu rosto. 
O corpo do meu pai estava vagarosamente se esvaziando de todo o seu sangue quando, de repente, sua cabeça se levantou e seus olhos se abriram. 
"Mas o que...?!" eu exclamei. 
"Olhe nos olhos dele," disse Misato. 
Luz branca. Eles estavam brilhando... 
O mesmo tipo de luz que eu vira no ser que me atacou. 
Meu pai, ou melhor, aquela coisa se levantou e foi embora, seu corpo vagarosamente começando a brilhar e a crescer. 
"Então... o que aconteceu lá?" eu perguntei, com dificuldade. Passado o choque inicial, era realmente difícil falar. 
"De acordo com o que conseguimos descobrir, seu pai queria causar o seu próprio Terceiro Impacto. A coisa é muito complicada, mas pra simplificar as coisas, esse efeito aconteceu porque seu pai tinha Adão, numa forma embrionária, implantado na mão direita dele. Aparentemente, quando seu pai foi morto, Adão despertou e começou a se regenerar, usando o corpo do seu pai." 
Eu assenti. Eu não entendia realmente, mas não importava. Meu pai tinha morrido e o Primeiro Anjo cresceu a partir de seu corpo. Era o suficiente. 
"E então ele me atacou?" 
"Sim." 
"Se ele era realmente o Primeiro Anjo, por quê nós ainda estamos vivos?" 
"Bem, depois que você foi nocauteado, a Unidade-01 entrou em berserk. Mas... ela não estava aleatória como sempre. Ela pegou uma das cópias da lança de Longinus e tentou destruir o núcleo do Anjo com ela, sem sucesso. Então, por alguma razão, a verdadeira lança de Longinus simplesmente... veio... e a Unidade-01 a usou para matar o Anjo. Agora, eu não sei se foi porque ele tinha acabado de despertar, ou porque ele tinha perdido a maior parte da energia dele quando ocorreu o Segundo Impacto, mas a explosão que aconteceu depois não foi nada comparada à explosão que destruiu a Antártica. No entanto, teria sido o suficiente para matar a todos se a Unidade-01 não tivesse absorvido a maior parte do impacto, logo depois de ejetar o seu plug." 
"A Unidade-01... absorveu o impacto? Ela me ejetou?" 
Teria sido... minha mãe? Teria sido ela que lutara com... meu pai? 
"Como... como está a Unidade-01?" 
"Seriamente danificada. Nós conseguimos colocá-la em criostase, bem como os dois EVAs Modelo 5 relativamente intactos e três outros que não estavam muito danificados, bem como algumas... peças de reposição. Eu não sei, no entanto, se o Projeto E vai continuar. Com tudo que aconteceu..." 
Eu só podia concordar. O EVA tinha ferido tantos. Mas... minha mãe ainda estava... dentro daquela coisa. 
"Entendo..." 
Misato me olhou preocupada. 
"Shinji... isso tudo... está tudo bem pra você?" 
"Por que não estaria?" 
"Eu sei que você esperava... com seu pai..." 
"Está tudo bem Misato... eu vou ficar bem. É triste, no entanto. Meu pai sacrificou tudo pela sua obsessão e, no fim, ela o destruiu." 
Ela sorriu. 
"Bem, pelo menos eu tenho algumas boa notícias. Bem mais ou menos. Depende do ponto de vista." 
"Boas notícias?" 
"Eu não sou a única pessoa que sobreviveu a esse inferno." 
Eu engasguei. Era... era possível? 
"A... A... Asuka? Ela está viva?" 
Eu prendi a respiração, esperando pela resposta. Misato simplesmente assentiu e sorriu. 
"Ela está viva... ela está viva..." 
"Parte graças a você. Jogar os restos da Unidade-02 no lago a protegeu da explosão de Adão. Você deu a ela a chance de que ela precisava. Mas..." 
Sua expressão passou de feliz para preocupada. 
"O que? O que tem de errado?" 
"Bem, ela está muito machucada. Aquelas lanças... você sentiu na pele. Elas quase te mataram, você sabe. Se os seus pulmões não estivessem cheios de LCL você provavelmente teria morrido. Mesmo agora, uma pequena parte do seu pulmão direito é uma massa de tecido morto." 
Então era por isso que a minha respiração parecia estranha... 
"Eu realmente não sei o que são aquelas coisas, mas os efeitos delas são assustadores. A Unidade-02 foi atingida por todas as nove. Levou dezesseis horas para estabilizar a condição dela. Felizmente parte da enfermaria do QG sobreviveu à explosão, então um dos médicos que sobreviveram conseguiu operá-la. Ela está no hospital agora. Eu acho que eles ainda estão cuidando dela. Vocês dois são considerados heróis por muita gente, e com todo o rolo da JSSDF, o governo a está usando pra livrar a cara. Acho que é sorte junto da má sorte." 
Asuka... estava ferida... Mas ela era forte... ela ficaria bem. Ela tinha que ficar bem. 
"Ela vai ficar bem," disse Misato, como se quisesse confirmar a minha crença. 
"Eu espero... mas... eu não entendo uma coisa... porque a JSSDF não matou todos nós?" 
"Bem, enquanto você estava lutando, alguém conseguiu liberar informações a respeito da SEELE, da NERV, da ONU e da JSSDF em toda a Internet. Imagens do ataque da JSSDF e da sua luta com a Série EVA foram levadas ao ar em canais do mundo todo. O público logo ficou revoltado pela visão daquele massacre. O governo rapidamente cancelou o ataque. Agora mesmo, há várias investigações sendo feitas em todo o mundo. A coisa toda está uma bagunça..." 
"Entendo..." 
Misato veio até mim e acariciou meu rosto com um dedo. 
"Você ainda parece muito cansado, Shinji. É melhor você descansar agora. Você pode pensar nisso tudo depois, com a mente mais clara. Eu vou te deixar sozinho por enquanto." 
"Misato-san... eu estou realmente aliviado que você esteja viva..." 
Ela sorriu novamente, e me surpreendeu, se abaixando e beijando a minha testa. Como... uma mãe faria com seu filho. 
"Durma bem, Shinji." 
Ela saiu sem mais nenhuma palavra. Meu pai estava morto. Mas Misato e Asuka estavam vivas. Eu tinha dificuldades em me sentir triste. Eu me sentia um pouco culpado por isso, mas rapidamente todo pensamento se misturou enquanto eu caía no sono. 
* * * 
Cinco dias depois, eu acordei e vi uma garota sentada em uma cadeira próxima a mim. Ela estava lendo um livro. Eu pisquei, imaginando quem seria ela. Ela tinha cabelo preto curto, cortado exatamente uma polegada abaixo das orelhas e, pelo que eu podia perceber, tinha olhos castanho-escuros, parcialmente escondidos por óculos. Ela usava uma camisa larga e calça jeans. Era um pouco pálida, mas tinha um rosto lindo. Era de alguma forma familiar, mas... 
Seria alguma garota da minha classe? 
"Com licença... quem é você? O que você está fazendo aqui?" 
Isso a surpreendeu. Ela aparentemente estivera tão absorvida na leitura que não tinha percebido que eu estivera olhando para ela. Ela olhou para mim por alguns segundos, seu olhar dentro do meu. Era muito familiar... 
"Ah! Me desculpe! Eu esqueci! Eu... eu... eu sinto muito..." 
Eu vi a garota se desculpar... por... alguma coisa a respeito dela... 
"Quem... quem é você?" 
"Shinji... sou... eu... você não me reconhece?" 
E então eu de repente a reconheci. Aquela voz. Aquele olhar. A cor não era a mesma, mas a intensidade... eu pisquei várias vezes. Não podia ser... 
"R... Rei? É... É você?" 
A garota assentiu. Lágrimas molharam seus olhos. 
"Mas... mas... você não se lembrava... e seu cabelo... seus olhos..." 
Eu não entendia. O que estava acontecendo ali? 
A garota tirou os óculos e eu a vi levar um dedo a um de seus olhos. Eu me espantei quando a vi remover uma lente de contato e olhar para mim, um olho castanho e outro vermelho. 
Rei... era Rei! E ela estava viva! 
"Você... você está viva! Rei!" 
Eu alcancei uma de suas mãos, e a peguei na minha, segurando firme. Eu tinha que saber se isso era um sonho ou não. Não era. 
"O que... o que está acontecendo? Por que esse disfarce?" 
"Ayanami Rei está morta," disse Rei num tom monótono. "Ela morreu na invasão do Quartel General da NERV." Ela então sorriu. "Esse é o relato oficial da Major Katsuragi." 
"Eu... eu não entendo..." 
Rei abaixou sua cabeça, envergonhada. 
"A SEELE sabe o que eu sou. Se Ayanami Rei estivesse viva, eles poderiam tentar usá-la para seus próprios propósitos. Então ela morreu." 
Eu de repente entendi. Se Rei fosse considerada morta, então os outros não tentariam atingi-la. 
"Mas o que eu não entendo... como... por que... por que você se lembra de mim agora?" 
"É graças à doutora Akagi." 
Ritsuko. Ela tinha feito isso. Eu tinha que agradecer a ela. 
"Entendo," eu disse, um sorriso aparecendo em minha face. "Mas você não respondeu à minha pergunta. Quem é você?" 
Rei sorriu de volta. 
"Mizuno Rei." (4) 
"Prazer em conhecê-la, Mizuno-san. Eu sou Ikari Shinji." 
"Eu sei." 
Rei. Rei estava viva. Os Anjos estavam mortos e os EVAs não eram mais, por agora, uma ameaça. Finalmente, nós poderíamos ter uma vida normal. As coisas voltariam a ser como eram antes do aparecimento do Décimo Quinto Anjo. 
Não. Elas não poderiam. Aquilo quase nos destruíra... 
'Shinji-kun, há muitas maneiras de amar. É possível amar duas pessoas de maneiras similares, mas diferentes ao mesmo tempo. Isso mesmo. Mas para você ser realmente feliz, você precisa encontrar o amor que você tem por mais precioso, que fará você se sentir completo. Não hesite.' 
Kaoru estava certa. Era hora de escolher. 
* * * 
412. Eu olhei para esse número por um longo tempo. Minha mão alcançou a fechadura. Ela estava tremendo um pouco. Quase um mês se passara desde que eu soubera que Rei estava de volta. Um mês e eu ainda não tinha conseguido me preparar para isso. Eu era patético. 
Eu não tinha a desculpa de que estivera ocupado de alguma forma. A primeira semana depois da visita de Rei tinha sido razoavelmente calma, pois os médicos decidiram me manter internado por mais uma semana, para ter certeza de que nenhum dos meus ferimentos, especialmente o dos pulmões, piorasse. Eu duvidei que isso fosse acontecer, essa realmente não era a maneira como o poder da Lança de Longinus parecia funcionar, mas eu não reclamei. Um pouco de paz e sossego era muito bem-vindo, mesmo se fosse monótono às vezes. Rapidamente, eu me acostumei à minha nova capacidade respiratória e usei o tempo que tinha para visitar a irmã de Touji, Suzuhara Mari, que por coincidência estava no mesmo hospital que eu. Eu fiquei surpreso ao ver que a pequena garota podia até mesmo andar alguns passos agora. Da primeira vez que eu a vira, ela estava quase completamente coberta por curativos. Agora... era apenas uma questão de tempo antes que ela pudesse andar normalmente de novo. Eu chorei aliviado vendo aquilo, a culpa que eu jamais tinha sido capaz de esquecer finalmente sendo liberada. Confusa, a garota simplesmente me abraçou. 
Eu tentei visitar Asuka, mas não foi possível, por causa de sua condição. 
Eu, no entanto recebi algumas visitas, como Touji, acompanhado por Hikari e Kensuke, bem como Rei, junto com Hotaru. 
Então, as coisas ficaram um pouco sérias. No dia seguinte de minha alta do hospital, fui chamado para fazer parte de um inquérito da ONU, com o propósito de entender os eventos que ocorreram naquele 11 de junho. Como eu tivera uma participação chave na resistência ao ataque liderado pela SEELE, me foram feitas muitas perguntas. Levou mais de uma semana e, quando acabou, Misato e eu participamos de uma coletiva de imprensa oficial da NERV, onde explicamos os acontecimentos para o público em geral, que tinha assistido na TV tudo aquilo e queria saber exatamente o que tinha ocorrido. Eu aparentemente me tornei uma figura popular; afinal, eu tinha basicamente salvo o mundo, ou pelo menos era isso que as pessoas pensavam, e eu gastei os dias seguintes viajando pelo mundo com Misato para aparecer em programas de TV e dar entrevistas. Aqueles foram dias bem exaustivos. Eu estava feliz em estar de volta a Tokyo-2 agora. 
Agora eu podia finalmente fazer alguma coisa que eu deveria ter feito muito tempo antes. 
"Está na hora de acabar com isso." 
Eu abri a porta e entrei no quarto de Asuka no hospital. 
Como a sala em que eu acordara depois da batalha, esse era um quarto bem agradável. As paredes tinham um tom claro de azul, que era melhor do que o branco puro. As cortinas estavam completamente abertas, deixando a luz da manhã entrar livremente no ambiente. Eu fui até uma mesa, tirei as rosas murchas de um vazo e as substituí com uma dúzia fresca de rosas vermelhas. Então eu fui para o lado da cama e sentei em uma cadeira, como tinha feito muitas vezes antes. 
Asuka estava deitada na cama. Ela estava muito pálida e perdera ainda mais peso nas últimas semanas. Os médicos estavam impressionados que ela conseguira sobreviver a tantas cirurgias por que tinha passado. Mesmo agora, ao olhar para ela, eu via o seu olho e braço esquerdos com curativos, depois que algum especialista americano tentara um novo tratamento de regeneração neural experimental com ela. Ele tinha grandes esperanças para o braço, mas não para o olho. O dano ao seu nervo óptico e à sua retina tinha sido grande demais. Ela nunca mais veria com aquele olho novamente. Isto é, se ela algum dia abrisse os olhos. 
Era quase irônico. O ataque contra a NERV a tirara de um estado catatônico só para deixá-la em coma depois. 
Os médicos tinham perdido a esperança de que ela acordasse há muito tempo. Ainda assim, eles a operavam, reparando ou substituindo órgãos danificados um depois do outro. Parecia um desperdício, mas era uma boa propaganda. Essa garota era, afinal, uma heroína do mundo. Ela com certeza estaria orgulhosa de si mesma, se estivesse acordada. 
Delicadamente, eu tomei a sua mão cheia de curativos na minha. 
"Asuka... eu tenho algo para te contar." 
Eu olhei para a garota. Eu quisera que ela estivesse acordada para contar isso, mas eu não podia mais postergar a minha decisão. 
"Eu sinto muito Asuka. Eu devia ter feito isso há muito tempo atrás. Mas eu tinha medo. Com Rei e você... eu não me sentia mais sozinho. Eu pensei que se eu fizesse uma escolha, eu perderia uma de vocês. Eu não queria perder nenhuma de vocês. Então eu fiz vocês esperarem. Eu fui tão egoísta..." 
Eu levei um momento para organizar meus pensamentos. De alguma forma, as palavras nas quais eu tinha pensado antes de vir aqui estavam escorregando da minha mente. 
"Houve um momento em que eu pensei que tudo seria simples. Rei não se lembrava de mim, então eu não tinha que escolher. Não era justo, mas era tão simples... mas... ela se lembra de mim agora. Ela está de volta a como ela era antes. Eu não vou cometer o mesmo erro de novo. Eu não vou esperar uma de vocês duas me deixar. Eu... eu levei muito tempo para pensar. Para escolher..." 
Deus, isso era difícil. 
"Asuka... quando eu estou com Rei... eu me sinto... como direi... seguro. Eu me sinto bem. Confortável. Não há nada que eu precise fazer. Eu sei que ela é o tipo de garota... que vai me amar, não importa o que aconteça. Ela nunca faria nada para me magoar. Ela nunca me xingaria ou me provocaria. Ela faria tudo que eu pedisse com um sorriso... Asuka... eu... eu..." 
Eu parei por um instante. Vamos, Shinji, diga! 
"Eu... eu não quero uma vida confortável! Eu não quero alguém que fará de mim o único propósito de sua existência. Eu só estaria me escondendo da realidade de novo. E não seria justo com Rei. Asuka... o que eu estou tentando dizer... eu escolhi você, Asuka." 
De alguma forma, eu esperava que ao dizer essas palavras provocasse alguma reação dela. Mas isso não aconteceu. Mesmo assim, eu tinha que continuar. 
"Eu acho que é algo que eu sempre soube, mas nunca tentei enxergar. Mas quando eu vi você naquela cama na enfermaria da NERV... quando eu vi aqueles EVAs brancos devorando os restos da sua Unidade-02... quando eu pensei que você tinha morrido... doeu mais do que perder Rei. Quando eu dormi nos braços de Kaoru naquela noite, antes de matá-la, eu pensei em você. Quando eu fiz amor com você, eu senti algo... por um momento eu senti que aquele era meu lugar, em seus braços. Eu não vou mentir. Eu amo Rei. Ela significa muito para mim. Mas... não é a mesma coisa. Eu acho que ela é como... uma mãe. Não... talvez uma irmã. Ou talvez ainda mais. Eu não tenho certeza. Mas o que eu sei é que... por mais que eu ame Rei... eu te amo mais. Eu te amo, Souryu Asuka Langley." 
Eu me levantei, e beijei seus lábios de leve. Então, puxei uma pequena caixa de veludo do meu bolso. Eu a abri para pegar um anel de noivado, uma cópia perfeita do anel que eu comprara semanas antes, por impulso, enquanto fazia compras com elas. O anel original tinha sido destruído pelo bombardeio no Geofront. Lentamente, eu coloquei o anel no dedo da mão esquerda de Asuka. 
"A não ser que você acorde agora para dizer 'não', você será minha noiva de agora em diante..." 
A garota não reagiu. Embora parte de mim temesse que ela de repente acordasse e me rejeitasse, eu me senti bem desapontado por ela não ter despertado. Talvez os médicos estivessem certos... 
Mas eu não desistiria. 
"Eu vou esperar por você, Asuka. Mesmo que signifique esperar por toda a minha vida..." 
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Notas do Autor: 
(1) Essa citação foi tirada (embora levemente modificada, baseado na tradução francesa) do segundo volume do mangá de Evangelion. Naquela história, Misato teve um papel mais importante na decisão de Shinji em permanecer em Tokyo-3 ao invés de voltar para a sua vida anterior. Eu a achei mais apropriada. 
(2) Em vários fanfictions, uma taxa de sincronia acima de 100% é considerada uma taxa superior, tornando a Unidade-01 mais forte, etc. A absorção pela Unidade-01 presumidamente só ocorreria quando se alcançasse 400%. Pessoalmente, eu não acho que funcione assim. Se alguém for ver o episódio 19, o processo aconteceu muito rapidamente. A Unidade-01 reiniciou e Shinji alcançou os 400% em questão de segundos. Ele se fora. A taxa dele não progrediu aos poucos até 400%. De fato, eu creio que 400% nem mesmo seja um número preciso, mas uma especulação feita pelo MAGI depois da absorção de Shinji, algo que era mais provavelmente fora dos parâmetros pré-definidos. Levando tudo isso em conta, eu considerei 99,9999999% uma taxa de sincronização extremamente alta, no limite da absorção do piloto pelo EVA. 
(3) Eu sei que no futuro haverão provavelmente equipamentos mais avançados que o DVD, mas eu realmente não estava inspirado para pensar em alguma coisa... 
(4) Uma tradução de Mizuno seria "da água", o que parece caber bem para Rei. Foi inspirada em Mizuno Ami, de Sailor Moon, que por acaso também é uma linda garota de cabelos azuis ^_^ 
Algumas pessoas mencionaram que esse capítulo pareceu apressado. Ele foi intencionalmente escrito dessa maneira. Com a exceção do começo e do fim, Shinji está ou correndo para salvar a vida e/ou contra o relógio. Tais momentos não são os mais apropriados para introspecção, eles são para ação. Para a escolha de Shinji, também foi de propósito que eu não mostrei o processo introspectivo que levou a isso (além disso, eu acho que as explicações que ele dá são claras o suficiente). Dessa forma, eu poderia deixar a parte em que Shinji declara sua escolha tão perto do final quanto eu quisesse. 
Há, é claro, algumas questões não resolvidas aqui. Algumas delas são respondidas em uma side-story escrita por Darren Demaine: "Deixe o Mundo Queimar / Um Sonho de Cada Vez". Outras serão respondidas no epílogo. 
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Notas de tradução: 
Scheisse (or Scheiß) : Merda 
Alain Gravel 
rakna@globetrotter.qc.ca 
January 18th 2000 
Iniciado em 2 de Setembro de 1999 
Primeira versão do pre-reader em 18 de Janeiro de 2000 
Segunda versão do pre-reader em 8 de Fevereiro de 2000 
Versão final terminada em 24 de Fevereiro de 2000 
Revisão final em 21 de Março de 2000 
Tradução para o português terminada em 13 de Fevereiro de 2003 
Revisão para o português terminada em 14 de Fevereiro de 2003 

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