segunda-feira, 12 de julho de 2010

Aquela que eu amo é... Capitulo: 08


Continuando a história! Capitulo 8, Hajime!!!

Aquela Que Eu Amo É... 
Capitulo 8 - Lagrimas / Aquelas três palavras que eu devia ter dito
Escrito por Alain Gravel
Traduzido por Souryu-san souryu@fanfictionbr.cjb.net
Revisado por Ayanami-san ayanami@fanfictionbr.cjb.net 
Baseado em personagens criados e de copyright da GAINAX

http://www.geocities.com/Tokyo/Teahouse/2236/

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Capitulo 8 - Lagrimas / Aquelas três palavras que eu devia ter dito 

    Quando ele ouviu os passos se aproximando, Kaji Ryouji sabia que a hora tinha chegado. Ele tinha se tornado uma ameaça grande demais para a SEELE e a NERV para poder viver muito. A vontade de tentar e simplesmente escapar era muito grande, mas isso não ia resolver nada. Apenas com a sua morte ele poderia proteger aqueles que ele amava e com quem se importava.
    Ele abriu seus olhos e levantou a sua cabeça, então ele poderia ver os olhos da pessoa que ia mata-lo.
    "Oi. Você esta atrasado."
    O som de um tiro ecoou na sala.
    Kaji Ryouji desabou no chão. Seu assassino saiu sem dizer uma palavra...

                                - - -

    pela terceira vez, eu tentei resolver aquele estúpido problema de matemática... e falhei. Eu olhei para as duas garotas sentadas em frente a TV, 
tendo uma espécie de disputa de vídeo game. Uma disputa bastante barulhenta. Especialmente, já que Rei estava ganhando de Asuka quase todas às vezes.
    "Tome isso! Isso! E isso! Você esta morta Garota Maravilha!!!! YES!!! 
VICTORIA!!!"
    Mas, novamente, eu achei que foi uma benção, que Rei ganhasse de 
Asuka a maioria das vezes, já que a ruiva tendia a berrar mais alto quando ela ganhava.
    Eu murmurei algo. Infelizmente, isso não passou despercebido por uma certa 
Sohryu Asuka Langley.
    "Sobre o que você esta reclamando? Ainda preso naquele estúpido problema de matemática?"
    "Eu não posso me concentrar com todo o barulhos que vocês duas fazem! Podiam ao menos abaixar o volume da TV...?"
    "Não!"
    Eu suspirei.
    "De qualquer forma, porque vocês estão jogando aqui? Vocês não tem o seu próprio apartamento?"
    "Nos não temos uma TV."
    "Comprem uma!"
    "Nos não podemos pagar."
    "Mas vocês acabaram de gastar deus sabe quanto nestes novos vestidos que compraram a dois dias atrás!"
    "Yeah, e agora estamos quebradas..."
    eu suspirei, me deixando cair na mesa, vencido. Eu tentei olhar para Rei em busca de ajuda... sem chance, ela ainda estava grudada na TV. Eu realmente desejava que Asuka não tivesse mostrado pra ela aquele jogo...
    "Bem, se você não pode estudar, ao menos tente ser útil! Eu estou morrendo de sede! Você podia ao menos tratar melhor os seus convidados, baka!"
    Convidados!?
    "Hai, hai..."
    Porque eu vivia agüentando isso? Porque eu queria que Rei se divertisse. E também porque eu realmente não  ousava aborrecer Asuka. Então, eu fiz exatamente o que me foi dito e fui pra cozinha pegar algumas bebidas. Eu acho que estava tudo bem já que eu mesmo estava com sede. Ignorando toda a cerveja do lado do refrigerador da Misato, eu optei por um suco de laranja. Eu não me sentia a fim de fazer chá e nos estávamos sem refrigerante (Asuka e Rei tinham tomado tudo dois dias atrás, então a ruiva tinha achado mais fácil devastar a nossa geladeira do que ir comprar mais).
    Quando eu voltei par a sala com uma bandeja com três copos de suco, eu notei pela expressão de Asuka que ela obviamente tinha perdido *novamente* para Rei. Eu sorri; ao menos havia alguma justiça.
    "Aqui."
    Rei pegou o copo, finalmente se dando conta da minha presenca em uma hora ao me agradecer (o que deu a Asuka a oportunidade de nocautear o personagem de Rei no jogo). Então eu passei o copo pra Asuka 
Que felizmente bebeu tudo, agora que ela tinha ganhado. Logo logo, as duas garotas voltaram para o jogo. Eu suspirei e tentei voltar para meu trabalho. 
Foi quando Misato chegou. Quando Misato entrou no apartamento, eu imediatamente senti que havia alguma coisa errada.
    "Estou de volta."
    A maneira que ela disse estas palavras... Misato geralmente tentava ser alegre, mesmo que seu dia de trabalho fosse uma droga. Mas hoje... ela parecia cansada, quase a beira de um colapso. Mas o pior de tudo... seus olhos pareciam... sem vida.
    Nem Rei ou Asuka notaram isso, estando muito ocupadas com seu jogo. Elas provavelmente nem se deram conta de que Misato tinha chegado. E o volume da TV estava tão alto que eu mal ouvia a mim mesmo.
    A Major caminhou pra geladeira, mas quando as suas mãos iam abri-la, ela parou.
    Eu estava ficando preocupado. Não importa o que havia acontecido, ela sempre engolia uma cerveja depois do trabalho.
    Então, ela olhou para o telefone e notou que o indicador de mensagem estava piscando. Eu não havia visto ate agora. Pela primeira vez desde que ela entrou, apareceu uma expressão em sua face. Mas eu não gostei do que eu vi.
    Quase desastradamente, ela foi ao telefone e apertou o botão.
    Eu acho que nem Rei ou Asuka ouviram a mensagem. Elas teriam reagido. Mas eu ouvi.
    'Katsuragi, sou eu. Eu estou certo de que você esta ouvindo esta mensagem, 
depois de eu causar tantos problemas. Desculpe. Por favor, diga a Ritchan "eu sinto muito." E tem mais uma coisa pra você se preocupar: eu tenho estado plantando... flores. Eu apreciaria se você pudesse aguá-las. Shinji-
kun sabe aonde é. Katsuragi, a verdade esta com você. Não hesite. Vá em frente! Se eu puder ver você de novo, eu vou dizer aquelas palavras que eu nao pude dizer a oito anos atrás. Tchau.'
    Eu realmente não reagi a aquelas palavras de inicio. Eu entendo o significado que havia atrás delas, mas parte de mim nem mesmo considerava a possibilidade. Mas as lagrimas caíram na mesa de madeira, 
Como os soluços que escaparam dos lábios de minha guardiã antes de seus joelhos falharem e ela cair em cima da mesa... era impossível ignorar aquilo. Ela estava... chorando de uma maneira que eu não imaginava possível para ela.  Algo havia acontecido... certamente, alguma coisa havia acontecido... 
a Kaji...
    "Misato-san..."
    Eu corri para o seu lado, Rei e Asuka finalmente se dando conta do que estava acontecendo a sua volta.
    "Mein Gott! Misato, qual o problema?"
    Asuka estava provavelmente muito surpresa para fazer algo. Rei tinha um olhar espantado na sua cara, como se ela estivesse tendo dificuldade em entender e não sabia como reagir. Afinal de contas, Ela apenas conhecia o lado confiante e despreocupado da Major, Ela não conhecia a mulher sensível que Misato podia também ser. Estranhamente, eu toquei o ombro da Major com um dedo.
    "Misato-san..."
    "Shinji! Porque? PORQUE?"
    A sua reação me pegou de surpresa. Ela agarrou a minha camisa, me puxando para o chão, antes dela mesmo cair, então se encolheu em uma posição fetal, como uma criança teria feito.
    Eu já tinha visto muitas coisas na minha vida. Eu já havia estado no calor da batalha. 
Eu tinha visto pessoas se machucarem. Eu vi pessoas morrerem. Mas a coisa que mais me doía era ver uma mulher chorando.
    Eu odiava aquilo. E cada vez mais eu me odiava por me sentir incapaz.
    Eu olhei para esta mulher adulta no chão, chorando diante de mim, e eu não sabia o que fazer. Então eu simplesmente me ajoelhei e tomei ela em meus braços,
Esperando que isso ao menos desse algum conforto.
    "Esta bem Misato-san... esta bem..."
    Eu me sentia idiota dizendo isso, por que eu não sabia exatamente o que estava errado, mas eram apenas estas as palavras que vinham a minha mente. Mas estas palavras devem ter trazido algum conforto, já que Misato começou a se acalmar um pouco.
    Era estranho segurar ela desta forma. Misato era minha guardiã, a pessoa que sempre estava aqui quando eu tinha um problema, pelo menos quando ela estava sóbria. Geralmente, era ela quem tentava confortar os outros. E também, eu nunca tinha tido nenhuma mulher adulta em meus braços, apenas adolescentes. 
Pela primeira vez, eu me dei conta, por mais bonitas que elas pudessem ser, Rei e Asuka ainda tinham muito que crescer em comparação com Misato. Como eu tinha feito.
    Eu olhei para as duas garotas, que pareciam completamente perdidas, sem saber o que fazer nesta situação. Asuka tentou se aproximar,
Mas deu um passo atrás depois de dar um adiante. Ela nos olhou, então para uma confusa Rei, então para a porta, então para seus pés, então para nos de novo.
    "Shinji, você acha que você vai..."
    "Eu vou cuidar das coisas."
    Ela parecia um pouco culpada, mesmo que aliviada.
    "Eu... Eu... eu sinto muito ser tão inútil... eu apenas..."
    "Esta bem..."
    Asuka olhou para Rei e com um gesto silencioso, indicou a porta. Com um aceno da garota de cabelos azuis, ambas estavam fora do apartamento em um segundo.
    Bem, parecia que a tarefa de tomar conta de Misato era toda minha
Agora que as garotas tinham me deixado por minha própria conta. Eu não poderia realmente culpa-la. 
Eu me sentia perdido. Eu... eu era apenas uma criança... eu não sabia o que fazer.
    "Idiota... que idiota..."
    "Misato-san..."
    Nos ficamos lá por um tempo, talvez uns poucos minutos, talvez uma hora, eu não sabia. Toda vez que eu achava que ela ia parar de chorar, as lagrimas voltavam, com força total. Quando isso acontecia, eu apenas a segurava com mais força. Quando ela se acalmou, eu deixei meus dedos gentilmente fluir ao longo daquele cabelo púrpura escuro, esperado que isso tivesse algum efeito. Ele parecia suave sob a minha mão, quase como seda. Nem o cabelo de Rei ou Asuka era assim tão macio. Talvez fosse um efeito colateral de todo aquele LCL que estávamos sempre imersos. Ou talvez Misato tivesse apenas um cabelo mais suave.
    "Misato-san... talvez você deva deitar no seu quarto..." eu tentei sugerir, uma vez que ela pareceu se acalmar.
    "Sim..." ela mal suspirou.
    Eu a ajudei a se levantar e praticamente a carreguei para lá. Ela parecia incapaz de se manter em pe com suas próprias forcas. Não havia sido fácil. Enquanto que do tamanho de uma mulher media, Misato era ainda bem maior que eu, e ela era definitivamente mais pesada que Asuka. Mas era muito pra meu pequeno corpo carregar. Mas nos conseguimos. Com um pé, minhas mãos estavam muito ocupadas segurando ela, eu abri a porta corrediça. Eu nunca tinha entrado no quarto dela, era considerado fora dos limites, e eu não pude deixar de me engasgar ao ver a bagunça que estava lá. Eu tinha dado uma olhada antes, na época que eu tinha chegado em Tokyo-3. Nesta época, era quase uma bagunca. Mas agora... eu olhei com desgosto para as latas de cerveja, lixo e roupas caídos pelos cantos. Eu imaginei, era eu que era anormal por querer dormir em um quarto arrumado?
    Naturalmente, com a minha sorte, alguma coisa ia acontecer.
    O melhor que eu pude, eu tentei carregar Misato para a sua cama sem tropeçar em alguma de suas coisas. Contudo eu não tinha planejado que Misato pisasse numa lata de cerveja, com o seu já instável balanço, e caísse na dita cama, me arrastando com ela. Para completar isso... eu tinha caído em cima de uma mulher... *novamente*! Certamente, era uma maldição! Bem, ao menos desta vez, minhas mãos estavam na cama e não... em outro lugar.
    Eu conhecia algumas pessoas que não iam classificar isso como "má sorte".
    Ambos abrimos nossos olhos. Eu olhei para aqueles olhos castanhos escuros, vermelhos e inchados de tanto chorar. Ela me olhou. Então, eu senti um braço nas minhas costas, empurrando nosso corpos para junto, e lábios tocando os meus...

                                * * *

    Eu acordei de repente, quando eu senti alguma coisa acertar o meu estomago. Meus olhos se arregalaram de ver um pe ali. Eu olhei para o dono do pé. 
Misato estava ferrada no sono. Ela agora parecia em paz. Eu quase ri quando me dei conta que ela estava babando no travesseiro.
    Cuidando pra não acordar ela, eu levantei e sai do quarto. Felizmente, 
Ela tinha soltado a mão que prendia meu braço, me segurando junto a ela.
    Quando eu olhei para o relógio para ver as horas, eu me dei conta que era cedo da manha, mas não cedo o suficiente para voltar para a cama e tentar pegar no sono. Eu logo teria que ir para a escola. Eu bocejei. Eu provavelmente mal tinha conseguido dormir uma hora, talvez duas, noite passada. Eu podia sentir isso, e o dia seria bem longo... preguiçosamente, eu caminhei em direção ao banheiro. Talvez eu me sentisse melhor depois de um bom banho. Eu tinha bastante tempo para tomar um.

                                * * *

    Eu sai do banheiro e me vi cara-a-cara com Misato. Seu cabelo estava uma bagunça e ela vestia seu robe, claramente pensando em tomar um banho. Eu me senti bastante consciente enquanto a olhava, vestindo apenas uma toalha em volta da minha cintura. Estava clara para ambos, isso era uma situação embaraçosa. Nos olhamos um para o outro. Eu não pude deixar de me lembrar no que tinha acontecido a algumas horas atrás. Ela deve ter notado o vermelho na minha face, e ela mesma corou.
    Ao menos, ela parecia se sentir um pouco melhor, parte de mim notou.
    "Eu... eu... eu vou preparar o café. Você... você pode usar o banheiro agora," eu disse, numa tentativa de por um fim nesta situação constrangedora. 
então, eu corri para o meu quarto, o mais rápido que alguém segurando uma toalha em volta da cintura poderia.

                                * * *

    Quando Misato finalmente se juntou a mim no café da manhã, ela já estava completamente vestida no seu uniforme da NERV, como toda manha. Como sempre, sua mão procurou a geladeira, para sem duvida tomar a sua cerveja, mas eu a parei colocando a minha própria mão sobre a porta.
    "Eu acho que isso aqui vai ser mais útil," eu disse quando passei pra ela uma xícara de café. Eu já tinha bebido duas, mesmo detestando o gosto.
    Ela me deu um olhar estranho, mas pegou a xícara. Embora ela parecesse melhor que na noite anterior, ela parecia um pouco incomodada. Ela provavelmente não tinha força suficiente para protestar.
    Café numa mão, ela sentou e tomou alguns goles do liquido marrom. Sem muito mais que uma palavra da minha parte, eu coloquei um prato de torradas na frente dela e peguei um pouco de geléia da geladeira.
    "Isso é tudo o que nos temos para o café da manhã?"
    "Eu não estava a fim de cozinhar."
    Misato acenou concordando. Quando eu me sentei, ela me olhou, nervosamente.
    "Shinji... sobre a noite passada... bem... eu... eu não estava pensando direito..."
    "Tudo bem, Misato-san."
    Eu sorri para ela, um sorriso amistoso. Ela pareceu um pouco surpresa pela minha reação.
    "Nenhum problema, certo?"
    Eu fiz uma pausa por alguns segundos. Eu deveria mesmo dizer isso?
    "Alem do mais... aquilo foi... agradável..."
    Eu sabia que eu estava super corado, agora. Misato me encarou, olhos arregalados, então ela mesma corou, antes de sorrir de leve. Era bom ver ela desta maneira.
    "Contanto que nos não contemos a Asuka e Rei, nos vamos poder continuar vivos," eu acrescentei, antes de eu mesmo rir um pouco.
    Nos realmente não falamos muito depois disso. Nos ainda estávamos provavelmente um pouco desconfortáveis. E eu podia dizer que Misato estava perturbada por algo mais. Quando eu notei que ela parecia olhar para o telefone, eu me preocupei que ela desabasse em mais um mar de lagrimas. Isso pelo menos,
Ate ouvirmos um "quack" vindo do lado dela.
    "Pen-Pen!"
    O cheiro da torrada deve ter acordado o agora faminto pingüim. 
Antes que eu pudesse me levantar e encontrar alguma coisa para ele comer, Misato 
Pegou ele e o segurou forte em seus braços, da mesma forma que uma garotinha seguraria um ursinho de pelúcia. Ela parecia tão triste... isso não poderia continuar assim. Alguma coisa a estava machucando e eu sentia... que ela precisava partilhar esta dor.
    Eu estava relutante em fazer a pergunta que estava na minha mente. Eu tinha uma idéia do que a estava despedaçando. Mas... eu não me atrevia a perguntar. Ignorância é uma benção. O que você não sabe não pode machuca-lo. E... e eu não queria me machucar...
    "O que... que aconteceu... Misato-san? Foi ... foi... foi Kaji?"
    Droga! Eu tinha perguntado!
    Ela estremeceu ao ouvir o nome de Kaji, o segurou o pássaro de águas mornas mais apertado. Lagrimas silenciosamente abriram caminho pelo seu rosto e caíram sobre as penas do animal.
    As próximas palavras foram muito difíceis de dizer. Bem, nao havia volta agora...
    "Então... é realmente sobre Kaji. Eu... eu ouvi a mensagem noite passada. 
Ele esta... esta... morto?"
    O choque apareceu na sua face. Ela quase derrubou Pen-Pen. Ela o colocou de volta no chão, provavelmente para evitar o risco disso acontecer novamente.
    "Shinji-kun... você... você não precisa saber..."
    Ela olhou para mim, seus olhos quase implorando.
    "Eu... eu não posso... eu não posso fugir da verdade... não para sempre".
Alem disso, eu já sei. Mas... mas se você não me contar... eu sei que parte de mim vai... apenas... tentar... evitar a verdade..."
    Ela olhou para mim, sua expressão mudando de surpresa para orgulho. 
Apesar das lagrimas que continuavam caindo, ela me deu um tímido mais caloroso sorriso, antes de se tornar mais seria. Seus lábios se entreabriram, ela tentou falar, mas falhou. Apenas da segunda vez eu ouvi um fraco, "sim. Ele esta morto."
    Ate agora, eu tinha feito um bom trabalho evitando a verdade. Era tão fácil. Kaji era um homem tão extraordinário. Ele sempre parecia calmo, no controle. Ele sempre parecia ter uma solução para cada problema. Kaji, morto? Isso não parecia fazer sentido. Ate agora, eu tinha evitado a verdade. Mas agora que Misato tinha dito estas palavras...
    "Eu entendo."
    Estas eram as únicas palavras que eu consegui dizer. Enquanto eu falava, eu me dei conta do quanto seca estava a minha garganta.
    Primeiramente, o que eu senti não era como eu esperava. Eu conhecia tristeza. Eu sabia como parecia. Mas eu não me sentia assim. Eu me sentia mais... vazio. Isso era perturbador.
    "Você esta certa?"
    Parte de mim ainda não queria acreditar. Talvez fosse por isso que eu estava me sentindo desta maneira.
    Misato balançou a cabeça. Calmamente, eu levantei a minha xícara para tomar um gole.
    "Misato... e de Kaji que nos estamos falando... ele não pode... ele não pode estar morto..."
    "Shinji. Ele esta morto. Eu sei."
    O tom da sua voz. A  inconfundível dor em sua face.
    Isso, eu não podia ignorar.
    Primeiro Mãe.
    Junto com ela, Pai.
    E agora Kaji...
    Minha xícara de café caiu na mesa, parte do liquido morno espirrando na minha camisa. Eu sentia uma dor familiar no meu peito, e lagrimas familiares correndo dos meus olhos embaçados.
    "Shinji!"
    Que estranho... agora, era ela que se levantava e me tomava em seus braços, apesar de suas próprias palavras.
    "Shinji..."
    Era uma coisa boa que Asuka estava agora vivendo com Rei. Ela provavelmente se sentiria enojada de me ver chorando assim. Ela provavelmente teria alguma coisa pra dizer tipo, "você é um homem ou o que?"
    Não, eu estava errado. Eu sabia o quanto ela gostava de Kaji. Ele tinha sido a sua primeira paixão ele também tinha sido a coisa mais próxima de um pai que ela tinha tido. Ele tinha sido a coisa mais próxima que eu tinha tido de um pai, então eu podia saber como ela se sentiria. Se ela estivesse aqui... ela ainda estaria mais machucada que eu.
    "Não vamos... não vamos contar para Asuka..." eu consegui dizer depois de uns instantes.
    "Você esta certo," concordou Misato, ainda me segurando. "Vamos apenas inventar alguma historia a respeito dele me deixar e voltar para a Alemanha. Isso vai servir... por enquanto."
    "Sim... nos podemos contar a ela... quando tudo isso estiver acabado. Com o tempo... ela não vai pensar tanto nele..."
    Misato me soltou. Ambos tentamos limpar nossas lagrimas. Ela logo teria de trabalhar e eu teria de ir para a escola. A dor e o súbito vazio em nossas vidas ainda existia, mas de alguma forma, eu acho que ambos nos sentimos um pouco melhor. Apenas um pouco.
    "Você esta bem, Misato-san?"
    "Não... mas... um dia eu estarei..."
    Houve uma longa pausa. Nenhum de nos sabia o que dizer.
    "Ele disse que se nos encontrássemos novamente, ele iria dizer aquelas palavras que ele devia ter dito a oito anos atrás. Eu me arrependo de não ter eu mesma dito elas. Shinji... se você ainda não disse... diga a Asuka e a Rei que você ama elas. Você nunca sabe... quando aqueles que você ama... não mais estarão aqui..."
    Eu concordei. Aquelas três palavras. 'Eu Te Amo'. Eu nunca tinha dito elas corretamente a nenhuma das duas.
    Eu me levantei e estava indo me trocar e pegar a minha bolsa escolar quando uma questão me ocorreu. Uma questão simples, mas de muito impacto.
    "Porque?"
    Misato olhou para mim por um tempo. Ela parecia hesitante em dizer. 
Eu penso que ela estava pensando nas palavras certas.
    "Ele era um risco de segurança."
    Ouvindo estas palavras, apenas uma conclusão veio a minha mente. Minhas mãos se fecharam em punhos.
    "Foi ELE que deu a ordem para mata-lo?"
    "A ordem veio de seu gabinete."
    "Eu entendo."
    Eu olhei para os meus punhos, quando eu comecei a notar que meus dedos estavam ficando machucados. Minhas juntas estavam brancas. Eu abri minhas mãos, assim eu não me machucava. Mas a raiva ainda estava aqui.
    "Eu não sei como, eu não sei quando, mas ele vai pagar..." eu disse em uma voz baixa que provavelmente preocupou Misato, julgando pela expressão que ela tinha.
    Ela veio ate mim e colocou uma mão em meu ombro, e a outra afagou meu cabelo. Isso teve um efeito calmante. Repentinamente, eu me dei conta de que nunca estivemos tão próximos como estávamos agora.
    "Não faca nada apressado, Shinji. Eu vou cuidar do trabalho do Kaji. Eu vou procurar a verdade. E uma vez que eu a encontre, nos veremos o que podemos fazer com ela."
    "Misato-san..."
    Eu olhei para ela. A dor tinha deixado seus olhos, sendo substituída por um propósito e resolução.
    "Prometa-me que você."
    Novamente, ela me envolveu em um abraço, um mais alegre.
    "Eu irei, Shinji-kun. Eu irei..."
                                * * *     

    "Então, qual era o problema de Misato?"
    Havia preocupação e também curiosidade na voz de Asuka. Eu não estava surpresa de que ela perguntaria. Mas eu não esperava isso tão cedo. Nos mal tínhamos deixado o complexo dos apartamentos para ir para a escola.
    "Kaji deixou ela," eu disse secamente. Rapidamente, meu cérebro começou a trabalhar em uma desculpa.
    Asuka parou mortificada em seus passos.
    "O que?!"
    "Eu acredito que ele disse que Kaji-san rompeu seu relacionamento com a Major Katsuragi."
    Asuka olhou para Rei.
    "Eu sei o que ele disse! Eu... eu apenas não consigo acreditar..."
    "Acredite. Eles não estão mais juntos. E provavelmente nunca estarão."
    Isso não era completamente verdade, mas tampouco era completamente mentira.
    "Mas... mas... eles se amam tanto! Porque?" Perguntou Asuka.
    "Parece que ele não a amava o tanto quanto nos achávamos. Assim que ele conseguiu o que ele queria... ele apenas a descartou."
    O choque apareceu no rosto de ambas as garotas quando elas registraram estas palavras. Eu me senti mal dizendo estas coisas sobre Kaji. Mas era pro bem da Asuka. Estranho. Era tão fácil mentir quando a mentira causava menos dor que a verdade.
    "Ele conseguiu... o que ele queria...?"
    Aparentemente, minha mentira não era tão convincente assim. Asuka teve problemas aceitando ela.
    "Eu acredito que ele quis dizer que Kaji-san não sente mais nada pela  
Major Katsuragi já que ele fez sexo com ela, " Rei convenientemente explicou.
    Certamente Asuka tinha entendido o que eu tinha dito. Afinal de contas, supostamente ela era mais inteligente que eu. Contudo, entender algo era uma coisa, aceitar era outra completamente diferente. Felizmente, Rei's 
As palavras de Rei tiveram muito impacto, o que fez este  "fato" mais fácil para 
Asuka aceitar.
    "Isso não pode ser..."
    Qualquer um que conhecesse Asuka saberia que suas emoções era bem intensas. Então, não foi nenhuma surpresa quando a sua expressão mudou de choque e descrédito para ódio crescente em apenas uns segundo.
    "O bastardo! Quando eu vir ele, eu vou... eu vou... eu vou despedaça-lo!
E pensar que eu achava e;le tão legal...!"
    "você não vai ver ele de novo."
    "Uh?"
    Rei olhou para mim, um olhar suspeito em sua face. Eu acho que deixa escapar coisa demais com estas ultimas palavras. Ela agora conseguia ver entre as mentiras. Mas Asuka não pareceu entender. E isso era o que importava.
    "Ele foi para a Alemanha," eu menti novamente.
    "Que covarde! Humpf!"
    Dito isso, Asuka correu em direção a escola. Eu acho que ela precisava lidar com aquela raiva.
    "Não conte a ela," eu simplesmente disse a Rei.
    Ela simplesmente acentiu concordando.
    A verdade e algo precioso. Mas também pode machucar. Às vezes é melhor sentir raiva que dor. Nem sempre, mas às vezes, é. Poucos dias depois, eu me dei conta que tinha sido uma sabia decisão esconder isso dela...

                                * * *

    Quando eu me deixei cair na cama, eu suspirei de alivio. Que dia... 
a escola tinha sido legal, e não tinham havido tantos testes na NERV hoje, mas mesmo assim, eu estava morto de cansado. Eu tinha me preocupado quando Misato pulou o jantar, mas eu me senti melhor quando ela chamou, para dizer que ela estaria trabalhando ate tarde. Ela provavelmente estava tentando se ocupar. Eu não podia culpa-la. Eu não conhecia Kaji tão bem quanto ela e a dor ainda estava aqui. eu me encontrei inconscientemente chorando algumas vezes hoje.
    Misato... ela era meu oficial superior, meu guardião. Mas ela sempre estava lá quando eu precisava dela. Eu pensei em todas as vezes que ela me deu conselhos. Todas as vezes que ela tentou me ajudar, mesmo que eu não quisesse ninguém a minha volta. Ela era como... uma mãe.
    Então eu pensei na noite anterior. O quanto vulnerável ela tinha estado. Como tinha sido segurar ela em meus braços, tão perto. Como ela tinha parecido perdida, agarrando meu pulso, implorando para não deixa-la sozinha no quarto.
    Um monte de caras provavelmente ia ficar com inveja. Ela era linda afinal de contas. Mesmo que ela fosse descuidada com a casa.
    Não apenas ela era meu superior, e a coisa mais próxima do que eu tinha de uma mãe agora, mas ela também era uma mulher, eu compreendi.
    Eu me lembrei do momento em que nos dois caímos na sua cama. 
Como ela tinha nos mantido juntos. Como nossos lábios tinham se tocado e como tinha sentido, quando eu me derreti naquele beijo...
    Eu fechei os meus olhos e tentei tirar aqueles pensamentos fora da minha cabeça. Droga! Eu já amava Rei e Asuka! Eu não podia pensar em Misato desta forma!
    Foi apenas um simples beijo, droga!!!
    Eu tentei me concentrar na figura materna que Misato era pra mim. 
Isso era tudo que eu queria, tudo que eu ansiava. Alguém que se importasse comigo... mas não da mesma forma que Rei ou Asuka.
    Mantendo esse pensamento em mente, eu lentamente emergi num sono, mostrando um sorriso de contentamento.

                                - - -

    Kaji Ryouji gemeu enquanto lutava pra se levantar. A dor em seu peito era quase insuportável. Quase. Ele enfiou o dedo no buraco da sua camisa e pode sentir a bala presa na placa de metal que ele tinha colocado ali. Isso tinha parado a bala, mas o impacto tinha provavelmente quebrado algumas costelas. Ao menos, ele estava grato de que a bala tinha sido endereçada ao seu peito e não a sua cabeça. Mesmo assim, ele lamentava não ter usado alguma coisa mais sofisticada como uma vestimenta a prova de balas.
    Dolorosamente, ele levantou. Ele não sabia quanto tempo tinha estado inconsciente, então ele tinha de agir antes que a equipe de limpeza chegasse.
    De dentro de um lugar oculto perto dali, Kaji pegou um saco de lixo meio cheio bem como o corpo de um agente de segurança da NERV que tinha previamente tentando atirar nele. O homem também era um agente infiltrado da SEELE. Era irônico que mesmo "morto" ele ainda faria um trabalho em favor de Ikari.
    Cuidadosamente, Kaji pegou a carteira do homem e trocou com a sua. 
Ele também removeu a roupa preta e os óculos escuros que a figura usava. O homem tinha uma complexão física e cabelo similar ao dele. Mas um problema continuava. Do saco de lixo, Kaji pegou uma arma equipada com silenciador. Descarregar um pente inteiro na cabeça do corpo foi o suficiente para torna-la identificável. E a bagunça que ele fez apenas ia apressar a turma de limpeza a dar um fim no corpo o quanto antes. Ele quase riu, pensando em todas as vezes que as pessoas quiseram tirar o sorriso de Kaji Ryouji da sua cara. Ele achou que eles teriam aprovado. 
    Do seu saco, Kaji tirou uma roupa preta, similar a que o homem usava. Ele colocou, bem como os óculos escuros do homem. Ele colocou a roupa suja de sangue do homem no saco, para se livrar dela na próxima lixeira. Sorrindo, o homem antes conhecido como Kaji Ryouji caminhou para longe do corpo, sabendo que agora ele poderia facilmente deixar o quartel general da NERV. Contudo, o sorriso na sua face era falso.
    "Eu sinto muito impor isso a você Katsuragi," ele pensou, "mas esta é a única forma que eu posso proteger você..."
    Ainda havia muito que fazer. Agora que ele estava morto, ele poderia tentar localizar a SEELE. Apenas uma sombra seria capaz de encontrar uma organização que reinava nas sombras. E se ele encontrasse uma maneira de eliminar a SEELE,
então Katsuragi e as crianças estaria salvas.
    "Tome cuidado, Katsuragi. Proteja esta cidade e as crianças o melhor que puder. Se eu for bem sucedido, talvez nos encontremos novamente..."



[Continua...]



Na próxima vez:
Capitulo 9 - Mente despedaçada / eu estou aqui por você.


Omake:

    "Você esta um pouco atrasado, não é?" Kaji perguntou enquanto sorria maliciosamente. Misato detestava aquele sorriso. Então ela atirou no peito dele e foi embora.
    "Isso foi por me usar." Ela disse seriamente.
    Depois que ela saiu, Kaji se levantou e tirou a roupa de Kevlar que ele estava usando. Ele cuidou do assunto, (i.e. - trocando o seu corpo com o de um agente morto, e depois ele usou o banheiro; Misato podia ser realmente assustadora) e caminhou em direção a porta mais próxima.
    "Oh, hey Hyuuga." Kaji sorriu.
    "Você nunca vai machucar a Major novamente!" Hyuuga gritou.
    *BLAM!*
    Kaji caiu no chão. Satisfeito com o seu trabalho, Hyuuga voltou para o comando da NERV. Depois que ele saiu, Kaji levantou-se, tirou seu protetor de estomago de kevlar, e saiu pela porta.
    Quando ele entrou no elevador, ele trombou com Asuka.
    "Asuka-chan! Como você esta?"
    "Isso é por me seduzir!!!"
    *BLAM!*
    Kaji se contorceu antes de cair no chão. Satisfeita como seu trabalho, Asuka saiu do elevador e foi em direção a sua casa, para a comida de Shin-chan. Vendo que ela tinha ido, Kaji levantou-se e removei seu suporte atlético de Kevlar. Ele duvidava que ele teria filhos alguma vez, depois disso.
    Depois de se esgueirar pra fora do Geofront, Kaji decidiu que uma bebidinha seria uma boa idéia. Então ele foi pro bar mais próximo.
    E ficou confortável e pediu uma cerveja. Então ele notou a companhia ao seu lado.
    "Pen-Pen?"
    "Wark!"
    *BLAM!*
    Kaji caiu no chão mais uma vez. Satisfeito, Pen-Pen acabou a sua cerveja, então a de Kaji, e saiu. Depois dele sair, Kaji se levantou e tirou as suas meias de Kevlar. Agora, Kaji não estava feliz. então ele rapidamente rumou para o aeroporto, parando apenas numa 7-11 para pegar um ho-ho e uma revista pornô.
    "Kaji-san!" Shinji exclamou.
    *BLAM!*
    Shinji desabou no chão. Melhor prevenir que remediar, Kaji pensou enquanto saia pro aeroporto.

(Meu obrigado novamente a Godsend777 por este pequeno pedaço)


Notas do autor:

Eu assustei alguns de vocês, não? Eu estou certo de alguns de vocês imaginaram se Shinji e Misato... Pervertidos! ^_^

Agora, a grande questão, quem atirou em Kaji? Tendo Misato feito o trabalho traria muito drama a este capitulo, e podia muito bem explicar a reação dela quando ele ouvia a mensagem (sem Shinji, ela provavelmente ficaria no chão da cozinha ate a manha). mas... por mais que eu tentasse explorar esta possibilidade... eu tinha problemas em arranjar uma justificativa razoável para ela fazer isso. Então, como na serie, eu deixei a questão aberta. Naturalmente, alguns de vocês podem se perguntar o que Misato 
Exatamente quis dizer por "Shinji. Ele esta morto. Eu sei."... (eu sou mau ou o que?)

Sobre o destino de Kaji... bem, eu tenho de admitir, eu peguei a idéia de uma serie de fanfics que eu realmente amo e admiro. Eu não vou dizer qual, pra não dizer um spoiler a algumas pessoas. Eu acho que é uma grande historia e a ironia de tudo se encaixava perfeitamente. E também, me deu algumas possibilidades para o caso de eu encontrar alguns problemas com o fim.



Alain Gravel
rakna@globetrotter.qc.ca
16 de Setembro de 1999

Iniciado em 20 de fevereiro de 1999
Primeira versão do pre-reader finalizada em 7 de setembro de 1999
Segunda versão do pre-reader finalizada em 16 de setembro de 1999
Versão final feita em 10 de outubro de 1999
Revisão final em 14 de marco de 2000


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